A CULTURA E O PROBLEMA HUMANO
(6ª Parte)

 

 

 

Rodolfo Domenico Pizzinga

 

 

 

Informação Preliminar

 

 

 

Este estudo se constitui da 6ª e última parte de um conjunto de fragmentos garimpados na obra A Cultura e o Problema Humano (título do original: This Matter of Culture), de autoria de Jiddu Krishnamurti. Tomando por tema básico a educação, a cultura e o conceito de verdadeira vida, Krishnamurti aborda neste livro problemas palpitantes, que dizem respeito a algumas das preocupações fundamentais do homem moderno. Entre outros: Qual o papel da disciplina em nossa vida? Como pode a mente ultrapassar os obstáculos em si própria existentes? Que é o autoconhecimento, e como alcançá-lo? Que é o destino? Como poderemos nos livrar das nossas preocupações de espírito, se não podemos evitar as situações que as causam? Poderá uma pessoa se abster de fazer o que lhe apraz, e, ao mesmo tempo, encontrar o caminho da liberdade?

 

 

 

Breve Biografia

 

 

 

Jiddu Krishnamurti

Jiddu Krishnamurti

 

 

 

Jiddu Krishnamurti (Madanapalle, 11 de maio de 1895 – Ojai, 17 de fevereiro de 1986) foi um filósofo, escritor, orador e educador indiano. Proferiu discursos que envolveram temas como revolução psicológica, meditação, conhecimento, liberdade, relações humanas, a natureza da mente, a origem do pensamento e a realização de mudanças positivas na sociedade global. Constantemente, ressaltou a necessidade de uma revolução na psique de cada ser humano, e enfatizou que tal revolução não poderia ser levada a cabo por nenhuma entidade externa seja religiosa, seja política, seja social. Uma revolução que só poderia ocorrer através do autoconhecimento, bem como da prática correta da meditação do ser-humano-aí-no-mundo liberto de toda e qualquer forma de autoridade psicológica.

 

O cerne dos seus ensinamentos consiste na afirmação de que a necessária e urgente mudança fundamental da sociedade só poderá acontecer através da transformação da consciência individual. A necessidade do autoconhecimento e da compreensão das influências restritivas e separativas das religiões organizadas, dos nacionalismos e de outros condicionamentos foram por ele constantemente realçadas.

 

 

 

Fragmentos Krishnamurtianos

 

 

 

Preste muita atenção nisto: Quando é operada uma divisão no pensamento, nascem o observador e a coisa observada, o percipiente e o objeto da percepção ou a coisa percebida. Todavia, quando a mente está muito quieta, perfeitamente serena, quando não há nenhum movimento de pensamento e, por conseguinte, nenhum experimentador, nenhum observador, descobre-se que esta mesma serenidade tem sua própria compreensão criadora. Nesta serenidade, a mente se transforma em outra coisa. Mas, a mente não pode encontrar esta serenidade por nenhum meio, por nenhuma disciplina, por nenhuma prática; ela não se verificará se nos sentarmos em um canto para nos concentrarmos. Esta serenidade só virá quando compreendermos os movimentos mentais. Foi a mente que criou a imagem de pedra que os homens adoram. Foi a mente que criou o Gita, as religiões organizadas, as incontáveis crenças. E, para descobrirmos o Real, deveremos ultrapassar as criações agrilhoantes da mente.

 

Se meramente crermos [por medo] e admitirmos e aceitarmos [por veneração] o que disseram Sankara, Buddha, Jesus, o Profeta Muhammad ou outro, não estaremos, então, de fato, investigando, não estaremos procurando descobrir o que efetivamente é Verdadeiro. Como uma mente limitada poderá perceber o Ilimitado? Só a mente inocente, a mente que muito experimentou, mas, que já está livre do conhecimento adquirido e da experiência acumulada poderá descobrir Aquilo que é mais do que a própria mente. Do contrário, tudo o que descobrirmos terá o colorido do que antes já foi experimentado, e nossas experiências serão o resultado dos nossos condicionamentos, [das nossas dependências, das nossas prisões e dos nossos medos.]

 

 

Condicionamentos

 

 

Por causa da avidez, da ambição, do apego, do apetite, da cobiça, da cupidez, do desejo, do egoísmo, da ganância, da inveja, da sofreguidão, a mente se serve dos objetos de necessidade como meios de promoção própria [autopromoção].

 

A mente não quer olhar com muita atenção para as coisas; é como se ela tivesse "direitos adquiridos”, e, assim, se recusa a admitir que a ambição, a avidez, o apego, o apetite, a cobiça, a cupidez, o desejo, o egoísmo, a ganância, a inveja, a sofreguidão, a inveja, a luxúria etc. sejam coisas corruptoras, venenosas e destrutivas.

 

 

Dinheiro

 

 

Precisamos ser uma coisa ou outra, quentes ou frios.

 

Em todos nós, há o constante desejo de nos divertirmos, de nos entretermos, de fugirmos de nós mesmos, [de nos anestesiarmos]. Temos medo de estar sós, desacompanhados, privados de distrações. De fato, vivemos tolhidos por uma estúpida rotina. No fundo, temos medo de estar sós nós conosco. Eis a razão da existência desta enorme estrutura de diversão comercializada, de distração automatizada, que se tornou parte tão relevante desta coisa que chamamos civilização. Tudo isto porque, interiormente, somos vazios, embotados, medíocres, e nos servimos das nossas relações e das reformas sociais como meios de fugir de nós mesmos. E, para fugirmos à solidão, corremos para os templos, para as igrejas, para as mesquitas, [para os smartphones], vestimo-nos a rigor para assistir a solenidades sociais, vemos televisão, ouvimos rádio, lemos etc. E a nossa vida acaba se tornando uma interminável busca de distrações [anestesiadoras]. Mas, é preciso transcender o medo da solidão, porque é além que se encontra o Verdadeiro Tesouro. Então, há uma enorme diferença entre solidão e "estar só". "Estar só" é um estado de liberdade, de não depender psicologicamente de ninguém [nem de nada], que surgirá depois de termos passado pela solidão e de a termos compreendido. Apenas a mente que está completamente só é criadora. Enfim, se fugirmos da solidão, jamais a compreenderemos, e ela estará sempre à nossa espera, em cada curva do caminho. Mas, os que estão interiormente sós, aqueles cuja mente e cujo Coração estão livres da dor da solidão, é que são os indivíduos reais, porque são capazes de descobrir, por si próprios, o que é a Realidade e de conhecer o Atemporal.

 

 

Roda-gigante

 

 

Ensinar, em qualquer nível que seja, não é profissão, não é mero emprego; é um ato de dedicação. [O mesmo vale para curar e para o médico que cura.] Dedicar-se a uma coisa é se votar para ela, de corpo e alma, sem exigir retribuição. [Portanto, por exemplo, todas essas páginas da Internet que tentam ensinar alguma coisa e cobram seja lá quanto for, mesmo que seja só um cocozinho, estão transformando ajuda em comércio, e quem faz isto, no mínimo, não tem vergonha na cara.] Ensinar é o mais importante mister da vida, é a mais sublime e a mais nobre das vocações.

 

Uma sociedade baseada na avidez e na aquisição traz sempre em seu seio o espectro da guerra, do conflito e do sofrimento.

 

Não importa que os outros se riam abertamente ou à socapa; devemos manter nossa seriedade.

 

Sejamos revolucionários! Mas, revolucionários não são os que lançam bombas, não são os terroristas, não são os homicidas. Estes não são revolucionários; são assassinos. O Verdadeiro Revolucionário é aquele que está livre de toda e qualquer influência, livre das ideologias e das complicações da sociedade que são expressões da vontade coletiva da maioria.

 

Devemos e podemos fazer uso das comodidades da vida contemporânea, não para nos absorvermos nelas, mas, sim, para termos um pouco mais de tempo disponível e a mente livre para tarefas totalmente diferentes.

 

Nossa mente é moldada de acordo com o padrão da cultura na qual estamos inseridos, e, desta maneira, sua energia, a pouco e pouco, acaba sendo dissipada. A mente humana, que é capaz de gerar tão espantosa energia, mas, que não está em busca da Realidade ou de Deus [o nosso Deus Interior, o Deus de nossos Corações] transforma todas as expressões desta energia em meios de destruição e de aflição.

 

Na busca da Realidade, de Deus ou da Verdade, a energia cria sua disciplina própria. O ser-humano-aí-no-mundo que, espontaneamente, busca a Realidade ou Deus ou a Verdade [ainda que relativa] se torna um cidadão idôneo [auto-iluminado], o que não significa se ajustar ao padrão de uma dada sociedade, de uma dada cultura, de uma dada religião, de um dado Governo ou de o que quer que seja.

 

O que ainda não foi percebido-compreendido de maneira geral pela Humanidade é que o ser-humano-aí-no-mundo existe com a finalidade única e insubstituível de descobrir a Realidade, seu Deus Interior e a Verdade, [que são uma coisa só e a mesma coisa.]

 

 

 

 

Lamentavelmente, as pessoas estão a morrer lentamente, mesmo que seus corpos ainda não estejam envelhecidos. E por quê? Porque foram disciplinadas pela sociedade para a submissão. Se não compreendemos a fundamental finalidade dessa coisa que se chama "a mente”, que é achar a Realidade ou Deus ou a Verdade, sua energia se tornará destrutiva. Assim como o rio, que cria as margens que o contêm, assim também a energia que busca a Realidade, Deus ou a Verdade cria sua disciplina própria, sem imposição de espécie alguma. E, assim como o rio se encontra com o mar, assim também essa energia encontrará sua própria Liberdade.

 

O ser-humano-aí-no-mundo que busca a Realidade ou Deus ou a Verdade é livre de todas as sociedades, de todas as culturas e de todas as religiões.

 

Meditação é o processo de compreensão da própria mente. Se não compreendermos o nosso próprio pensar e isto é autoconhecimento tudo o que pensarmos será muito pouco significativo.

 

Quando examinamos atentamente cada pensamento e verdadeiramente percebemos o seu conteúdo, nossos pensamentos se tornam mais lentos, o que permite que os podemos observar. Este processo de tornar mais lento o pensar e de examinar cada pensamento é meditação.

 

A felicidade não se tornará existente apenas pelo fato de a buscarmos; ela é um derivado, um acessório, que vem à existência quando existe a bondade, quando existe o amor, quando não há ambição, quando o espírito, tranqüilo, busca o Verdadeiro.

 

O Ser de uma coisa é a Bondade desta coisa.

 

Enquanto a mente não compreender a si própria, sua ação será, invariavelmente, destrutiva. Enquanto a mente não tiver autoconhecimento, fomentará a inimizade, a guerra, a separatividade, a crítica, o domínio, a dor.

 

Quando a mente se vê no espelho das relações, deste percebimento resulta autoconhecimento. Só pelo autoconhecimento teremos a possibilidade de acabar com a imensa confusão e com a terrível angústia que criamos no mundo.

 

 

Espelho das Relações

 

 

Por que tantos de nós, ao alcançarmos a chamada maturidade, nos tornamos embotados, insensíveis à alegria, à beleza, ao céu sereno e às maravilhas da Terra? Se observarmos as pessoas idosas, de maneira geral, veremos rostos tristes que são, em maioria, devido a seres humanos gastos, adoentados, reservados, alheados, não raro neuróticos, sem um sorriso.1

 

O importante não é o objeto da luta na qual estamos empenhados, porém, sim, compreender a própria luta.

 

Aprender não é, de fato, um mero processo de acumular conhecimentos, porém, de descobrimento de extraordinárias riquezas existentes além do alcance da mente.2

 

A mente desperta está cheia de alegria.

 

O descontentamento é a luta pela consecução de mais, e o contentamento é a cessação desta luta. Mas, não se chegará ao contentamento, se não compreendermos todo o processo relativo ao mais (tão encarecido pela sociedade respeitável), e o porquê da razão de a mente o exigir.

 

Estamos sempre lutando por alguma coisa, e nunca nos detivemos para investigar se esta coisa é digna de lutarmos por ela. Nunca perguntamos a nós mesmos se ela merece nossos esforços. Só quando tivermos compreendido concertada e inteiramente o significado do mais [e do menos] deixaremos de pensar em termos de êxito e de fracasso.

 

 

Luta

 

 

Se amarmos uma coisa e a fizermos com todo o nosso ser, então, não nos importará o êxito nem o fracasso. Nenhum homem inteligente se importa com isso. Enfim, só quando não amamos o que fazemos, pensamos em termos de êxito e de fracasso.

 

Amei... Amei... Amei...
Fracassei... Fracassei... Fracassei...
Amei... Amei... Amei...
Perseverei... Perseverei... Perseverei...
Amei... Amei... Amei...
Conquistei... Conquistei... Conquistei...
Amei... Amo... Amarei...

 

Devemos nos esforçar para ficar livres do hábito de associar certos sentimentos a certas palavras. As palavras sempre provocam uma reação nervosa ou emocional. Se pudermos olhar os fatos sem sentimentos de condenação ou de aprovação, veremos que neste próprio processo de observar ocorrerá a dissolução de todas as barreiras que a mente havia erguido entre si e os fatos.

 

Enquanto a mente procurar se preencher permanecerá sempre vazia. Quando a mente já não se preocupa em preencher seu próprio vazio, só então este vazio deixa de existir.

 

 

 

 

Onde quer que vivamos, somos entes humanos, e, como seres-humanos-aí-no-mundo, criamos nossos próprios problemas humanos. Muito importa compreender que, quando pensamos em nós mesmos como hindus, americanos ou ingleses, como brancos, morenos, negros ou amarelos, estamos levantando desnecessárias barreiras entre nós próprios.

 

 

Barreiras de Pedra

 

 

Um dos óbices mais sérios é que a moderna educação, em todo o mundo, está principalmente interessada em nos tornar meros técnicos, não levando em conta que, acima de tudo, somos entes humanos, de tal sorte que nossas vidas estão se tornando cada vez mais vazias, feias e pouco significativas. E o mundo está se tornando medonho. Só há beleza e significação na vida quando o Coração está purificado das coisas da mente.

 

Um país poderá se tornar muito rico, mas, sua riqueza será um veneno, enquanto houver outro país a padecer fome. Somos uma só Humanidade. A Terra é de todos nós.

 

A Realidade, Deus e a Verdade se encontram em todas as coisas; não podemos achá-los nas igrejas, nos templos, nas mesquitas e em nenhum ritual. [De fato, a Realidade, Deus e a Verdade sempre estiveram, continuam a estar e sempre estarão em nós, em nosso Coração.]

 

Pesquisei a Realidade lá,
porém, não A encontrei.
Busquei a Divindade lá,
porém, não A encontrei.
Investiguei a Verdade lá,
porém, não A encontrei.
Limpei a poeira milenar,
mergulhei em meu Coração,
e achei o que sempre procurei.

 

A Verdadeira Educação deve começar pela Religião. Mas Religião nada tem que ver com sacerdotes, igrejas, dogmas, crenças organizadas, rituais e conveniências sociais. Religião é amar sem motivo, ser generoso, ser bom, porque, só assim seremos entes humanos reais. Mas, a Bondade, a Generosidade e o Amor só podem se tornar existentes na busca da Realidade-Deus-Verdade. A Verdadeira Educação-Religião deve ser investigada-amada-compreendida-vivida.

 

Religião Religar (Religare)

 

O descobrimento-em-si é algo original, insólito, que "explode” de súbito na mente, independentemente do conhecimento, da tradição e da opinião.

 

 

 

 

O simples conhecimento é destrutivo, como os acontecimentos mundiais estão mostrando. O simples conhecimento produz guerras, destruição, angústia, doenças, fome, morte e pandemias. Poderemos possuir uma grande acumulação de conhecimentos, mas, se faltar aquela "Outra Coisa”, que faz o ser-humano-aí-no-mundo Viver e lhe dá Alegria, Bem-aventurança e Êxtase, estaremos caminhando para a autodestruição.

 

Todos nós somos sufocados pela educação, pela tradição, pela religião, pela cultura [e por sei lá quantas coisas mais.]

 

 

 

 

Quando abandonamos uma religião organizada para seguir outra, isto significa apenas que estamos nos mudando de uma prisão para outra prisão, pois, estamos trocando um sistema de dogmas por outro.

 

A compreensão não virá jamais da comparação. Só poderá vir quando examinarmos a coisa em si mesma.

 

A mais novinha das religiões é o Comunismo.

 

Só o ser-humano-aí-no-mundo livre de qualquer crença poderá descobrir Aquilo que excede todas as crenças, Aquilo que é imensurável.

 

Matar é sempre mau, quer se mate para comer, quer se mate por ódio, quer se mate por patriotismo. [Assassinato, seja lá do que for, é sinônimo de suicídio. Quem mata uma pulga está se suicidando. Quem deixa uma pulga viver deixa a Humanidade inteira viver. Mais: deixa o Universo inteiro viver.]

 

Inocente é a mente capaz de experimentar sem acumular o resíduo da experiência. A mente deve ser capaz de "responder” sem ficar na dependência da experiência. Sem inocência, não importa se temos seis anos ou sessenta anos, não encontraremos Deus.

 

Os seres-humanos-aí-no-mundo estão aprisionados em um vicioso círculo de reformas, que tornam sempre necessárias outras reformas, e, se este círculo não for quebrado, nossos problemas continuarão sem solução. [Mas, não é exatamente isto o que todos nós estamos assistindo, hoje, acontecer no nosso Brasil? Só que há algo de muito tenebroso nisto: delirando, querem reformar de marcha a ré, com a reencarnação da ditadura, da censura e do AI-5, e com o fechamento do Congresso e do STF! Mas, eu não me canso de dizer, pois, água pura em cabeça dura tanto limpa até que desgrimpa: a Primeira de todas as Categorias é a LIBERDADE. Sem LIBERDADE, nada; com LIBERDADE, tudo.]

 

 

Protestos

 

 

 

 

 

Só a busca do Verdadeiro transformará a sociedade. Só na busca do Imensurável é que está a correta ação social, e não na chamada reforma de uma dada sociedade. Só o descobrimento do Verdadeiro, de momento a momento, é que criará uma nova cultura. Todas as reformas sociais consistem meramente em decorar os muros da mesma prisão. [Pior é quando esses muros já estiveram manchados de sangue e fedem a sangue!]

 

Eu quis reformar
meus amigos;
só piorei as coisas,
e não adiantou nada.
Eu quis reformar
minha cidade;
só piorei as coisas,
e não adiantou nada.
Eu quis reformar
meu país;
só piorei as coisas,
e não adiantou nada.
Eu quis reformar
o mundo;
só piorei as coisas,
e não adiantou nada.
Tratei de reformar
a mim mesmo;
aí, melhorei as coisas,
e adiantou tudo!

 

Se, de fato, somos entes Verdadeiramente Religiosos, se já não somos ambiciosos, se já não aspiramos ao êxito e se a nossa virtude não nos estiver conduzindo à respeitabilidade, então, nossa própria vida concorrerá para a total transformação da sociedade.

 

Poderemos dar todo o nosso dinheiro ou persuadir outros a contribuírem com o seu, e promover maravilhosas reformas, porém, enquanto tivermos o Coração vazio e a mente cheia de teorias, nossa vida será monótona, cansativa e sem alegria. Em primeiro lugar, pois, devemos tratar de compreender a nós mesmos, porque deste autoconhecimento virá a ação correta.

 

Autoconhecimento  —›  Ação Correta

 

Tudo, absolutamente tudo, sem exceção, é destruído quando temos medo. E pior: o medo nos torna insensíveis.

 

Ideais de pureza, de castidade, de não-desejo, de fraternidade, de não-violência etc. nada significam. Todos os ideais são absurdos filosóficos, uma vez que são meros adiamentos, e, por isto, não têm nenhuma validade. O importante, pois, não é sufocar ou estrangular os desejos, as cobiças e as paixões, porém, compreender a energia [mecanismo] que os geram, e utilizá-la na direção correta.

 

 

 

A Energia que Destrói é a Mesma que Reconstrói

 

 

Precisamos compreender e nos libertar o mais cedo possível e não aos sessenta anos. Nesta idade, não poderemos descobrir quase mais nada, porque a maioria de nós já está "gasta”, liquidada, meio gagá [e mais pra lá do que pra cá].

 

Aos 20 anos,
eu nem pensava em mudar.
Aos 30 anos,
eu comecei a pensar em mudar.
Aos 40 anos,
eu me abstive de mudar.
Aos 50 anos,
eu voltei a pensar em mudar.
Aos 60 anos,
eu tentei, mas, não consegui mudar.
Aos 70 anos,
eu desisti de mudar.
Aos 80 anos,
eu morri sem mudar,
e me arrependi de não ter mudado.

 

 

 

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Notas:

1. Aqui, me lembrei do filme O Nome da Rosa, de 1986, dirigido por Jean-Jacques Annaud, e baseado no romance homônimo Il Nome Della Rosa do escritor, filósofo, semiólogo, lingüista e bibliófilo italiano Umberto Eco (Alexandria, 5 de janeiro de 1932 – Milão, 19 de fevereiro de 2016), que, entre outras coisas, mostra como a ignorância e o fanatismo religioso não deixam o ser-humano-aí-no-mundo ver a pureza da vida, a beleza de um sorriso e o poder que a Verdade tem sobre qualquer dogma.

2. Aqui, me lembrei do físico teórico alemão Albert Einstein (Ulm, 14 de março de 1879 – Princeton, 18 de abril de 1955), que disse: A imaginação é mais importante do que o conhecimento, porque o conhecimento é limitado. O verdadeiro sinal de inteligência não é o conhecimento, e sim a imaginação. Mas, não devemos confundir imaginação com devaneio, utopia, sonho, quimera, falta de tino, desvario ou delírio.

 

Música de fundo:

Symphony Nº 6 (Pastorale), em Fá Maior, opus 68
Compositor: Ludwig van Beethoven

Fonte:

http://www.kunstderfuge.com/beethoven/variae.htm#Symphonies

Observação:

A Sinfonia nº 6 em Fá Maior, opus 68, de Ludwig van Beethoven, também chamada Sinfonia Pastoral, é uma obra musical precursora da música programática. Esta Sinfonia foi completada em 1808, e teve a sua primeira apresentação no Theater an der Wien, em 22 de dezembro de 18081. Dividida em cinco andamentos, tem por propósito descrever a sensação experimentada nos ambientes rurais. Beethoven insistia que essas obras não deveriam ser interpretadas como um quadro sonoro, mas, como uma expressão de sentimentos. É uma das mais conhecidas obras da fase romântica de Beethoven.

 

Páginas da Internet consultadas:

https://gifer.com/en/EeKH

https://dribbble.com/

https://tenor.com/

https://pixabay.com/

https://socialanxietyinstitute.org/

http://www.folhadooeste.com.br/

https://platofootnote.wordpress.com/

https://www.freepik.com/

https://i.chzbgr.com/full/7895156992/hFDB8D40C/

https://pt.wikipedia.org/wiki/Albert_Einstein

https://www.recantodasletras.com.br/
resenhasdefilmes/4701936

https://revistagalileu.globo.com/

https://www.vecteezy.com/

https://creativemarket.com/

https://stock.adobe.com/br/

https://blog.bluelinesims.com/

https://www.animestudiotutor.com/

http://jornaldeontemhojeesempre.blogspot.com/

http://intothefirejewelry.com/

https://www.ciadopedal.com.br/

https://krishnamurtibox.wordpress.com/downloads/livros/

 

Direitos autorais:

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