Este
estudo se constitui da 1ª parte de um conjunto de fragmentos garimpados
na obra A Cultura e o Problema Humano (título do original:
This Matter of
Culture), de autoria de Jiddu Krishnamurti. Tomando por tema
básico a educação, a cultura e o conceito de verdadeira
vida, Krishnamurti aborda neste livro problemas palpitantes, que dizem
respeito a algumas das preocupações fundamentais do homem
moderno. Entre outros: Qual o papel da disciplina em nossa vida? Como
pode a mente ultrapassar os obstáculos em si própria existentes?
Que é o autoconhecimento, e como alcançá-lo? Que
é o destino? Como poderemos nos livrar das nossas preocupações
de espírito, se não podemos evitar as situações
que as causam? Poderá uma pessoa se abster de fazer o que lhe apraz,
e, ao mesmo tempo, encontrar o caminho da liberdade?
Breve
Biografia
Jiddu
Krishnamurti
Jiddu
Krishnamurti (Madanapalle, 11 de maio de 1895 – Ojai, 17 de fevereiro
de 1986) foi um filósofo, escritor, orador e educador indiano.
Proferiu discursos que envolveram temas como revolução psicológica,
meditação, conhecimento, liberdade, relações
humanas, a natureza da mente, a origem do pensamento e a realização
de mudanças positivas na sociedade global. Constantemente, ressaltou
a necessidade de uma revolução na psique de cada ser humano,
e enfatizou que tal revolução não poderia ser levada
a cabo por nenhuma entidade externa seja religiosa, seja política,
seja social. Uma revolução que só poderia ocorrer
através do autoconhecimento, bem como da prática correta
da meditação do ser-humano-aí-no-mundo liberto
de toda e qualquer forma de autoridade psicológica.
O
cerne dos seus ensinamentos consiste na afirmação de que
a necessária e urgente mudança fundamental da sociedade
só poderá acontecer através da transformação
da consciência individual. A necessidade do autoconhecimento e da
compreensão das influências restritivas e separativas das
religiões organizadas, dos nacionalismos e de outros condicionamentos
foram por ele constantemente realçadas.
Fragmentos
Krishnamurtianos
Se,
meramente, nos prepararmos para ganhar o sustento, perderemos o significado
essencial da vida; e compreender a vida importa muito mais do que simplesmente
nos prepararmos para exames e nos tornarmos bons e proficientes em Matemática,
Física etc.
O
que significa viver? Não é uma coisa extraordinária
a vida? Os pássaros, as flores, as árvores floridas, o céu,
a estrelas, os rios e seus peixes... Tudo isto é vida.
A vida é o pobre e é o rico, é a constante batalha
entre grupos, raças e nações, é meditação,
é o que chamamos religião. E a vida também inclui
as coisas sutis e ocultas da mente –
as invejas, as ambições, os desejos, as cobiças,
as paixões, os temores, os preenchimentos e as ansiedades. Tudo
isto, e muito mais ainda, é a vida. Mas, em geral, nos preparamos
só para compreender um cantinho dela. Passamos em certos exames,
achamos um emprego, nos casamos, geramos filhos e vamos nos tornando cada
vez mais semelhantes a máquinas. Permanecemos medrosos, ansiosos
e assustados diante da vida.
Charlie
Chaplin
(O Grande Ditador – The Great Dictator)
Discurso
Final do Filme O Grande Ditador (1940)
(Este
filme, o primeiro filme falado de Charlie Chaplin, foi lançado
em 15 de outubro de 1940, e satiriza o Nazismo, o Fascismo
e seus maiores propagadores, Adolf Hitler e Benito Mussolini.)
Charlie
Chaplin
(O Grande Ditador – The Great Dictator)
Sinto
muito, mas, não pretendo ser um imperador. Não
é esse o meu ofício. Não pretendo governar
ou conquistar quem quer que seja. Gostaria de ajudar –
se possível – os judeus, o gentio, os negros, os
brancos...
Todos
nós desejamos ajudar uns aos outros. Os seres humanos
são assim. Desejamos viver para a felicidade do próximo
– não para o seu infortúnio. Por
que haveremos de odiar e de desprezar uns aos outros? Neste
mundo, há espaço para todos. A Terra, que é
boa e rica, pode prover todas as nossas necessidades.
O
caminho da vida pode ser o da liberdade e da beleza, porém,
nos extraviamos. A cobiça envenenou a alma dos homens...
Levantou no mundo as muralhas do ódio... E tem nos feito
marchar a passo de ganso para a miséria e para os morticínios.
Criamos a época da velocidade, mas, nos sentimos enclausurados
dentro dela. A máquina, que produz abundância,
tem nos deixado em penúria. Nossos conhecimentos nos
fizeram céticos; nossa inteligência, empedernidos
e cruéis. Pensamos em demasia e sentimos bem pouco. Mais
do que de máquinas, precisamos de humanidade. Mais do
que de inteligência, precisamos de afeição
e doçura. Sem essas virtudes, a vida será de violência
e tudo será perdido.
A
aviação e o rádio nos aproximaram muito
mais. A própria natureza dessas coisas é um apelo
eloqüente à bondade do homem... Um apelo à
fraternidade universal... À união de todos nós.
Neste mesmo instante, a minha voz chega a milhares de pessoas
pelo mundo afora... Milhões de desesperados, homens,
mulheres, criancinhas... Vítimas de um sistema que tortura
seres humanos e encarcera inocentes. Aos que me podem ouvir,
eu digo: Não desespereis! A desgraça que tem caído
sobre nós não é mais do que o produto da
cobiça em agonia... Da amargura de homens que temem o
avanço do progresso humano. Os homens que odeiam desaparecerão,
os ditadores sucumbirão e o poder, que do povo arrebataram,
haverá de retornar ao povo. E assim, enquanto morrem
homens, a liberdade nunca perecerá.
Soldados!
Não vos entregueis a esses brutais... Que vos desprezam...
Que vos escravizam... Que arregimentam as vossas vidas... Que
ditam os vossos atos, as vossas idéias e os vossos sentimentos!
Que vos fazem marchar no mesmo passo, que vos submetem a uma
alimentação regrada, que vos tratam como gado
humano e que vos utilizam como bucha de canhão! Não
sois máquina! Homens é que sois! E com o amor
da Humanidade em vossas almas! Não odieis! Só
odeiam os que não se fazem amar... Os que não
se fazem amar e os inumanos!
Soldados!
Não batalheis pela escravidão! Lutai pela liberdade!
No décimo sétimo capítulo de São
Lucas está escrito que o Reino de Deus está dentro
do homem – não de um só homem ou
de grupo de homens, mas, dos homens todos! Está em vós!
Vós, o povo, tendes o poder – o poder
de criar máquinas. O poder de criar felicidade! Vós,
o povo, tendes o poder de tornar esta vida livre e bela... De
fazê-la uma aventura maravilhosa. Portanto –
em nome da Democracia – usemos esse poder, unamo-nos
todos nós. Lutemos por um mundo novo... Um mundo bom
que a todos assegure o ensejo de trabalho, que dê futuro
à mocidade e segurança à velhice.
É
pela promessa de tais coisas que desalmados têm subido
ao poder. Mas, só mistificam! Não cumprem o que
prometem. Jamais o cumprirão! Os ditadores se liberam,
porém, escravizam o povo. Lutemos agora para libertar
o mundo, abater as fronteiras nacionais, dar fim à ganância,
ao ódio e à prepotência. Lutemos por um
mundo de razão, um mundo em que a ciência e o progresso
conduzam à ventura de todos nós. Soldados, em
nome da Democracia, unamo-nos!
Hannah,
estás me ouvindo? Onde te encontrares, levanta os olhos!
Vês, Hannah? O Sol vai rompendo as nuvens que se dispersam!
Estamos saindo da treva para a luz! Vamos entrando em um mundo
novo – um mundo melhor, em que os homens estarão
acima da cobiça, do ódio e da brutalidade. Ergue
os olhos, Hannah! A [personalidade-]alma do homem ganhou
asas e, afinal, começa a voar. Voa para o arco-íris,
para a luz da esperança. Ergue os olhos, Hannah! Ergue
os olhos!
|
A
função da educação é ajudar a compreender
o inteiro processo da vida.
Inteligência
é a capacidade de pensar livremente, sem medo, sem nenhuma fórmula,
de modo que, por nós mesmos, comecemos a compreender o que é
real, o que é verdadeiro.
Nada
poderá ser mais importante para um jovem do que viver em um ambiente
onde não exista temor.
Medo
de viver, medo de perder um emprego, medo da tradição, medo
do que digam os vizinhos, do que diga a nossa esposa ou o nosso marido,
medo da morte, [medo da
própria vida]. Quase todos nós sentimos medo,
numa ou noutra forma, e onde houver medo não poderá haver
inteligência.
—
Eu tinha medo de tudo.
Medo do chavelhudo,
medo do inferno,
medo do eviterno,
medo do apocalipse,
medo do eclipse,
medo de excomunhão,
medo de tentação,
medo do solstício,
medo do precipício,
medo do equinócio,
medo do sacerdócio,
medo de comício-relâmpago,
medo de guerra-relâmpago,
medo do saci-pererê,
medo do miserê,
medo da vida,
medo da ferida,
medo de não ir pro céu,
medo de quem é acréu,
medo até de ângulo agudo,
medo mesmo de tudo!
É
importantíssima uma atmosfera de liberdade, não simplesmente
para fazermos o que quisermos, porém, para compreendermos o integral
processo do viver.
—
Nós todos poderemos fazer
o que quisermos,
mas, compensaremos
os malfeitos que fizermos.
Só
fruiremos a riqueza, a profundeza e o inefável encanto da vida,
se e quando nos afastarmos de tudo –
particularmente, da religião organizada, da tradição
e da corrupção da sociedade. Só assim, então,
como entes humanos, descobriremos, por nós mesmos, o que é
verdadeiro. [Mas, constantemente,
deveremos ter em mente que este verdadeiro
será sempre relativo. Sempre haverá um verdadeiro
mais verdadeiro.
A Escada é ilimitada; não teve começo e não
terá fim.]
Regra
básica: nunca imitar, sempre descobrir. Se houver medo, haverá
declínio e morte [±
prematuros].
Viver
é descobrir, por nós mesmos, o que é verdadeiro;
e isto só será possível se e quando houver liberdade,
quando houver, em nós, uma contínua revolução
interior.
Não
nos estimulam, não nos ensinam a duvidar, não nos ensinam
a descobrir por nós mesmos o que é Deus, porque, se nos
rebelássemos, nos tornaríamos um perigo para tudo o que
é falso.
Viver
em segurança significa, geralmente, viver imitando, e, por conseguinte,
com medo.
Vivemos
em um mundo insano, completamente confuso, com o comunista combatendo
o capitalista, o socialista resistindo a ambos, e cada um lutando por
um lugar seguro, uma posição de poder e de conforto. Um
mundo dividido por crenças antagônicas, por distinções
de classe, por nacionalidades separadas, por toda espécie de estupidez
e de crueldade. Um mundo empenhado em guerras intermináveis, dirigido
por políticos ambiciosos, sequiosos de poder. Um mundo de advogados,
de policiais e de soldados, de homens e de mulheres cobiçosos,
ávidos de posição e em luta uns com os outros. [Um
mundo de preconceituosos cruéis, como esse tal de Derek Chauvin!
Um mundo de boçais, que sem ser médicos, querem empurrar
a cloroquina na nossa goela! Um mundo de delirantes, que saem em passeata
a pedir a volta da ditadura e um novo AI-5! Um mundo de antidemocratas,
que rosnam pelo fechamento do Congresso e do Supremo! Um mundo de...]
E há, também, os chamados "santos”,
os gurus religiosos, com seus seguidores. [Um
mundo de Joãos de Deus, que se dizem médiuns, mas, não
valem sequer os feijões-fradinhos que comem!] Também
estes querem poder e posição, nesta vida ou em uma vida
futura. E todos nós somos incentivados a nos ajustar à estrutura
desta desastrosa sociedade. Definitivamente, só com liberdade completa
poderemos crescer e criar uma sociedade diferente, um novo mundo. [Vou
repetir: a Mãe de todas as categorias é a LIBERDADE.]
Precisamos
enfrentar o mundo e compreendê-lo, em vez de a ele nos ajustarmos.
[Ajustamento (aceitação)
é uma mistura de covardia + neutralidade, o que é uma desgraça.]
Só
aqueles que se acham em constante revolta (contra a ambição,
a avidez etc.) descobrem o verdadeiro, e não o os que se ajustam,
que seguem uma certa tradição. Só quando estivermos
investigando constantemente, observando constantemente e aprendendo constantemente
poderemos achar a Verdade, Deus ou o Amor. Mas, não poderemos investigar,
observar, aprender e estar profundamente lúcidos, se tivermos medo.
Assim, a função da educação, sem dúvida
nenhuma, é erradicar, tanto interior como exteriormente, esse medo
que destrói o pensamento humano, as relações humanas
e o amor.
Revoltar-se,
aprender e amar não são três processos separados;
é um processo unitário. E aprender por esforço pessoal,
de e com todas as coisas, e, por conseguinte, sem necessitar de nenhum
guia, de nenhum filósofo, de nenhum guru. [Este
APRE(E)NDER a que se refere Krishnamurti significa ouvir
a Voz do Silêncio, a Voz do nosso Deus Interior, mas, isto só
será possível quando o fiat
voluntas mea for substituído pelo FIAT
VOLUNTAS TUA.]
Um
novo mundo só poderá ser criado quando cada um de nós
estiver interiormente, psicologicamente e espiritualmente em completa
revolta. Então, daremos nosso Coração, nossa mente
e nosso corpo em prol da criação de uma escola onde não
exista o medo e tudo o que ele implica. Descobrir o verdadeiro requer
que estejamos libertos da tradição, [libertos
do que é velho], e, portanto, libertos de todos os temores.
Para
podermos dar toda atenção a algo que é belo, a nossa
mente deverá estar livre de preocupações. A mente
não deverá estar ocupada com problemas, com tribulações,
com especulações. É só com a mente muito tranqüila
que se poderá observar realmente, porque, então, a mente
será sensível à beleza extraordinária. E,
talvez, aqui, tenhamos a chave do problema da liberdade.
Ser
livre é ser inteligente, porém, a inteligência não
nasce só porque desejamos ser livres. A inteligência começa
a nascer ao começarmos a compreender, no seu todo, o nosso ambiente
– as influências
sociais, religiosas, paternas e tradicionais que continuamente vos envolvem.
Mas, para compreendermos todas essas influências –
a influência dos nossos pais, do nosso Governo, da sociedade, do
meio cultural a que pertencemos, das nossas crenças, dos nossos
deuses, das nossas superstições, da tradição
a que impensadamente nos ajustamos — para compreendermos todas estas
influências e delas nos livrarmos, necessitaremos de profundo discernimento.
A liberdade é, com efeito, um estado mental em que não existe
medo, nem compulsão, nem ânsia de segurança. O fato
é que, no momento em que desejarmos ser algo, em que desejarmos
ser alguém, já não seremos mais livres. Só
seremos de fato livres, se não imitarmos ninguém, e se formos
sempre nós mesmos. Só seremos de fato livres, se, a cada
instante, compreendermos o que somos. [Todavia,
para compreendermos
o que somos ou quem
somos, precisaremos compreender quem fomos! Só assim poderemos
construir o que seremos.]
Só
começaremos a saber quem de fato somos quando não desejarmos
mais ser alguém, quando não imitarmos ninguém e quando
já não seguirmos ninguém –
o que, com efeito, significa estar em revolta contra esta tradição
de "vir a ser algo”. Esta é a única revolução
verdadeira conducente a uma extraordinária liberdade. Cultivar
esta liberdade é a verdadeira função da educação.
A
esperança de um novo mundo [de
uma nova Raça-raiz] está naqueles que começam
a ver o que é falso e a se revoltar contra o que é falso,
não apenas verbalmente, porém, realmente. [Atitudinalmente.]
A
mente inteligente é aquela que está aprendendo constantemente,
sem jamais tirar conclusões. [Toda
conclusão é um ponto de parada. Quanto mais tempo demorarmos
aferrados a uma conclusão, menos rapidamente avançaremos.
Toda síntese deve, o mais rapidamente possível, se tornar
uma nova tese. Isto significa que quanto mais satisfeitos estivermos conosco
e com as nossas conquistas, mais ancorados estaremos na impossibilidade
de prosseguir.] A mente que se satisfaz com explicações
é muito superficial e, por conseguinte, ininteligente. A mente
inteligente é aquela que investiga, que observa, que aprende, que
estuda. E, de fato, só poderá haver inteligência quando
não houver medo, quando estivermos dispostos a nos rebelar contra
toda a estrutura social, a fim de descobrir a verdade relativa a qualquer
coisa. A inteligência surgirá com a compreensão de
nós mesmos, e só poderemos nos compreender em relação
com o mundo das pessoas, das coisas e das idéias. Inteligência
não é coisa adquirível, como a sapiência; ela
surge quando há uma grande revolta, e isto significa inexistência
de medo, pois, quando não há medo, há Amor.
Quando
nos observamos (quando nos percebemos) nos transformamos.
O
ser-humano-aí-no-mundo que tenta se tornar alguma coisa é
feio, insensível e rude.
Quanto
às crianças e aos jovens, deve ser criado um ambiente propício
e agradável para que eles possam vir a se conhecer (a se perceber),
sem que sejam obrigados a isso, ou seja, sob pressão da autoridade.
O autoconhecimento não pode ser imposto; a autocompreensão
não pode ser forçada
Se
uma experiência está contaminada pelo passado, ela é,
meramente, uma continuidade do passado, e, por conseguinte, não
é uma experiência original.
É
preciso que todos nós criemos uma atmosfera em que as crianças
possam crescer em liberdade e sem medo.
É
bom e fundamental ver o que é belo, mas, é necessário,
também, observar o lado feio, triste, sombrio e tenebroso da vida.
Nós devemos estar despertos para tudo. Ou será que andamos
tão atarefados, tão ocupados com a nossa rotina diária,
que esquecemos (ou nunca conhecemos) a própria beleza desta Terra
– desta
Terra em que juntos temos de viver? Quer nos denominemos comunistas ou
capitalistas, hinduístas ou budistas, muçulmanos ou cristãos,
quer sejamos cegos e aleijados ou sãos e felizes, esta Terra é
nossa. É muito importante sentir isto e amar a nossa Terra, não
apenas ocasionalmente, numa tranqüila manhã, mas, em todas
as horas. E só poderemos sentir que este é nosso mundo,
e amá-lo, se e quando compreendermos o que é liberdade.
—
Depois da Noite, Nasceu o Dia,
e eu vi que foi muito bom e foi belo.
Depois da Noite, perdurou a Noite,
e eu vi que foi mau e feio, mas, útil.
—
Depois da 11ª Hora, pintou a 12ª
Hora,
e eu vi que foi muito bom e foi belo.
Um cruel não pôde ver a 6ª Raça-raiz,
e eu vi que foi mau e feio, mas, útil.
—
Uma personalidade-alma (re)nasceu,
e eu vi que foi muito bom e foi belo.
Uma guerra feriu, devastou e ceifou,
e eu vi que foi mau e feio, mas, útil.
— Uma boa mãe amamentou
o seu filho,
e eu vi que foi muito bom e foi belo.
Uma outra colocou seu filho na roda,
e eu vi que foi mau e feio, mas, útil.
— Uma linda rosa-da-montanha
brotou,
e eu vi que foi muito bom e foi belo.
Uma queimada calcinou e arrasou,
e eu vi que foi mau e feio, mas, útil.
— Um 'sem-porra-nenhuma'
foi auxiliado,
e eu vi que foi muito bom e foi belo.
Um afro-americano foi 'assassinasfixiado',
e eu vi que foi mau e feio, mas, útil.
—
Um refugiado foi amparado e abrigado,
e eu vi que foi muito bom e foi belo.
Um 'gay' foi covardemente apedrejado,
e eu vi que foi mau e feio, mas, útil.
—
Um país acabou com a pena capital,
e eu vi que foi muito bom e foi belo.
Um 'serial killer' foi executado,
e eu vi que foi mau e feio, mas, útil.
— Um vira-lata foi defendido
e protegido,
e eu vi que foi muito bom e foi belo.
Um golfinho-branco foi esquartejado,
e eu vi que foi mau e feio, mas, útil.
—
Um altruísta mandou erigir um
hospital,
e eu vi que foi muito bom e foi belo.
Um déspota mandou construir um foguete,
e eu vi que foi mau e feio, mas, útil.
—
Um filantropo beneficiou um ceguinho,
e eu vi que foi muito bom e foi belo.
Um misantropo 'shylockou' um anãozinho,
e eu vi que foi mau e feio, mas, útil.
— Um pedreiro-livre foi
justo e perfeito,
e eu vi que foi muito bom e foi belo.
Um político foi engaiolado por corrupção,
e eu vi que foi mau e feio, mas, útil.
— Um educador transformou
e mudou,
e eu vi que foi muito bom e foi belo.
Um terrorista supliciou e degolou,
e eu vi que foi mau e feio, mas, útil.
e eu vi que foi muito bom e foi belo.
Um 'pecante' rogou –›
um padre o absolveu,
e eu vi que foi mau e feio, mas, útil.
— A Vida destruiu
e reconstruiu,
e eu vi que foi muito bom e foi belo.
A COVID-19 fez sofrer e extinguiu,
e eu vi que foi mau e feio, mas, útil.
— Do 'mânvântâra'
nasceu o 'prâlâya',
e eu vi que foi muito bom e foi belo.
Carolina viu o tempo passar na janela,
e eu vi que foi mau e feio, mas, útil.
— Eu compreendi todas estas
coisas,
e eu vi que foi muito bom e foi belo.
Depois, me esqueci e 'deixeipralá',
e eu vi que foi mau e feio, mas, útil.
—
Um Discípulo recebeu a Palavra,
e eu vi que foi muito bom e foi belo.
Um pérfido traiu seu Compromisso,
e eu vi que foi mau e feio, mas, útil.
—
A G.'.L.'.B.'. acudiu a Humanidade,
e eu vi que foi muito bom e foi belo.
A G.'.L.'.N.'. molestou a Humanidade,
e eu vi que foi mau e feio, mas, útil.
—
Com o tempo, acabei compreendendo,
que, no Universo, não há mau nem feio.
No
Universo, tudo é mudança e movimento,
e
prevalece a Lei da Causa e do Efeito.
—
Nós costumamos não ver
a utilidade,
porém, xongas é desútil ou supérfluo.
Também,
raras vezes vemos a necessidade,
mas,
lhufas é desfavorável ou malpropício.
Ser
livre não é, meramente, fazermos o que nos apraz ou fugirmos
das circunstâncias externas que nos tolhem, mas, sim, compreender
todo o problema da dependência interior, emocional e psicológica,
[que escraviza, tolhe e
retrasa]. Então,
para podermos ser livres, teremos de nos revoltar contra todas as dependências
interiores, e não poderemos nos revoltar se não compreendermos
porque somos dependentes. [Por
isto, como eu disse mais acima, precisamos conhecer e saber quem fomos.]
A
liberdade e o amor andam juntos. O amor não é reação.
Se amamos porque nos amam, isto é pura transação,
uma compra no mercado. Amar é nada pedir em troca: não sentir,
sequer, que se está dando alguma coisa. Só este amor poderá
conhecer a liberdade.
De
maneira geral, nosso amor é sempre cercado de ansiedade, de ciúme
e de medo, e isto deriva de estarmos dependendo de outrem, interiormente,
porque desejamos ser amados também. Não amamos simplesmente,
sem nada mais desejarmos. Queremos retribuição; e isto,
justamente, nos torna dependentes.
Plantar
uma árvore e cuidar dela, olhar o rio e fruir a prodigalidade da
Terra, observar uma ave no ar e a beleza de seu vôo, ter sensibilidade
e se manter aberto a esse extraordinário movimento que se chama
a vida –
para tudo isto há necessidade de liberdade. E, para sermos livres,
deveremos amar. Sem amor, não há liberdade. Sem amor, a
liberdade é mera idéia, uma simples palavra sem nenhum valor.
Assim, só os que compreenderam a íntima dependência
e dela se libertaram, que sabem, por conseguinte, o que é o amor
– só
estes poderão conhecer a liberdade, só estes poderão
criar uma nova civilização, um mundo diferente.
A
própria ânsia de ficar livre do desejo ainda faz parte do
desejo, e, com efeito, é inspirada pelo medo, [o
que é um prisão.]
—
Desejei ficar
livre do desejo,
pois, eu sentia muito pejo
de ser um escravo do desejo
– que me prendia
ao mesmo lugarejo,
e me impedia de ser um andarejo.
Todavia, meu desejo era sobejo,
e continuei agrilhoado ao
desejo,
e nunca realizei este almejo.
Findei meus dias servo do desejo!
De
fato, o que todos nós queremos não é, verdadeiramente,
ficar livres do desejo, porém, ficar livres da inquietação,
da ansiedade e do sofrimento causados pelo desejo. Ou seja: desejamos
ficar e estar livres dos amargos frutos do desejo, e não do próprio
desejo 'per se'. Se pudéssemos despojar o desejo do sofrimento,
das ânsias e dos temores que o acompanham, de modo que só
restasse o prazer, ninguém quereria ficar livre do desejo!
Enquanto
houver desejo de ganho, de enriquecer, de realização, de
"vir a ser”, em qualquer nível que seja, terá
de haver, inevitavelmente, ansiedade, sofrimento, medo, [prisão].
A ambição de ser rico, de ser isto ou de ser aquilo, só
desaparecerá quando percebermos o caráter malsão,
a natureza corruptora da própria ambição. No momento
em que percebermos que o desejo de poder, em qualquer forma –
o poder de um primeiro-ministro, de um presidente, de um rei,
de um juiz, de um sacerdote, de um guru –
é essencialmente mau, já não teremos o desejo
de ser poderosos.
Um
meio errôneo não pode ser usado para um fim correto. Se o
meio for mau, o fim haverá de ser mau. O bem não é
o oposto do mal; o bem só poderá se tornar existente quando
o mal deixar completamente de existir. Assim, se não compreendermos
o pleno significado do desejo, seus resultados e suas conseqüências
indiretas, nenhuma significação terá o simples ato
de tentarmos nos livrar do desejo.
A
verdadeira função da educação deve ser nos
ajudar a compreender toda a estrutura da nossa sociedade corrompida e
apodrecida, e nos permitir crescer em liberdade, de modo que sejamos capazes
de quebrar todas as prisões e criar uma sociedade diferente, justa
e equânime –
um mundo novo. Assim, a verdadeira função da
educação é não só nos ajudar a nos
descondicionar das ambições e dos desejos, mas, também,
nos ajudar a compreender o inteiro processo do viver, o dia-a-dia, para
que possamos crescer em liberdade e criar um novo mundo, um mundo totalmente
diferente do atual. Entretanto, infelizmente, o fato é que nem
os pais, nem os professores, nem o público em geral estão
interessados nisso. Eis por que a educação deve ser um processo
de educar tanto o educando como o educador.
Só
poderemos ter uma mente simples quando soubermos amar.
O
que é a inveja? Simplesmente, descontentamento com o que somos.
E assim, o nosso desejo de mudança gera inveja e ciúme,
ao passo que na Compreensão do que somos há uma Transformação
do que somos. Saber como pensar exige muita penetração
e muita compreensão, mas, saber o que pensar é relativamente
fácil. Nossa atual educação consiste em ensinar o
que pensar; ela não nos ensina como pensar, como
penetrar, como explorar.
Devemos
nos esforçar para compreender a totalidade da vida, e não
apenas uma parte dela.
Escutar
apenas em busca de confirmação de algo que corrobore o nosso
próprio modo de pensar tem muito pouca significação.
Mas, escutar com o fim de descobrir, indica uma mente livre, que não
está presa a coisa alguma. Este tipo de mente é, então,
muito perspicaz, penetrante, investigadora e curiosa, e, por conseguinte,
capaz de descobrimento.
Continua...
Música
de fundo:
Symphony
Nº 6 (Pastorale), em Fá Maior, opus 68
Compositor: Ludwig van Beethoven
Fonte:
http://www.kunstderfuge.com/beethoven/variae.htm#Symphonies
Observação:
A Sinfonia nº
6 em Fá Maior, opus 68, de Ludwig van Beethoven, também
chamada Sinfonia Pastoral, é uma obra musical precursora da música
programática. Esta Sinfonia foi completada em 1808, e teve a sua
primeira apresentação no Theater an der Wien, em 22 de dezembro
de 18081. Dividida em cinco andamentos, tem por propósito descrever
a sensação experimentada nos ambientes rurais. Beethoven
insistia que essas obras não deveriam ser interpretadas como um
quadro sonoro, mas, como uma expressão de sentimentos. É
uma das mais conhecidas obras da fase romântica de Beethoven.
Páginas
da Internet consultadas:
https://www.kindpng.com
https://giphy.com/
https://www.ilikesticker.com/Store/en
http://nominuto.com/
https://gfycat.com/gifs/search/apple+tree
http://paulistapoeta.blogspot.com/
https://br.depositphotos.com/
https://pt.wikipedia.org/wiki/Freddy_Krueger
https://pt.wikipedia.org/wiki/JBS
https://www.1001freedownloads.com/
http://it.creepypasta.wikia.com/
https://pncaearouca.wordpress.com/
http://www.culturabrasil.org/
discurso_grande_ditador_chaplin.htm
https://makeagif.com/
https://tenor.com/
https://krishnamurtibox.wordpress.com/downloads/livros/
Direitos
autorais:
As animações,
as fotografias digitais e as mídias digitais que reproduzo (por
empréstimo) neste texto têm exclusivamente a finalidade de
ilustrar e embelezar o trabalho. Neste sentido, os direitos de copyright
são exclusivos de seus autores. Entretanto, como nem sempre sei
a quem me dirigir para pedir autorização para utilizá-las,
se você encontrar algo aqui postado que lhe pertença e desejar
que seja removido, por favor, entre em contato e me avise, que retirarei
do ar imediatamente.