A CULTURA DA MENTE
(Parte II)

 

 

Manly Palmer Hall

Manly Palmer Hall

 

 

 

Rodolfo Domenico Pizzinga

 

 

Introdução

 

 

 

Este estudo é a Parte II e derradeira de uma coletânea de fragmentos garimpados na obra A Cultura da Mente (The Culture of the Mind), de autoria de Manly Palmer Hall.

 

 

 

Breve Biografia

 

 

 

Manly Palmer Hall (Peterborough, Ontario, 18 de março de 1901 – 29 de agosto de 1990, Los Angeles, California) foi um místico e autor canadense de mais de cem livros, dentre eles The Secret Teachings of All Ages: An Encyclopedic Outline of Masonic, Hermetic, Qabbalistic and Rosicrucian Symbolical Philosophy, que ele publicou aos 25 anos de idade.

 

Em 1934, Hall fundou a Philosophical Research Society, em Los Angeles, EUA, dedicada ao ideal de buscar soluções para os problemas humanos.

 

Uma biografia mais detalhada está disponível em:

http://www.christianrosenkreuz.org/mph_biografia.htm

 

 

 

Fragmentos da Obra

 

 

 

O ritmo é a expressão natural e irresistível de uma Ação Causal.

 

 

 

 

Um Filósofo é aquele cuja vida está tão inteiramente em harmonia com o ritmo natural, tão permeada com a percepção e compreensão da ordem natural da qual ele faz parte, que seus pensamentos são involuntariamente verdadeiros e sua lógica é segura.

 

Uma das maneiras mais rápidas e seguras de compreender a Natureza é permitir que Ela flua através de nós.

 

Um antigo Filósofo disse uma vez que há algumas coisas que só podem ser compreendidas indo até elas e permanecendo silenciosamente em sua presença. Depois de um tempo, a coisa que queremos entender fluirá para nossa consciência e se tornará parte de nós mesmos. Quando nós e a coisa que desejamos conhecer nos identificarmos dessa maneira, então - e só então - ela nos revelará sua verdadeira natureza.

 

Somente quando a mente enfrentar os problemas com humildade, reverência e amor poderá alcançar uma solução perfeita. A Compreensão é o sentimento mais profundo que o homem é capaz de experimentar. [por isto tenho dito repetidas vezes: só a Compreensão liberta(rá).] Toda a Natureza abre seu Coração a uma [personalidade-]alma compreensiva, digna e buscadora. Os Segredos mais profundos do Uni[multi]verso serão revelados ao intelecto nobre e inteligente. Por outro lado, para o cínico, para o materialista ou para aquele que acredita apenas no fato material os Arcanos da Vida permanecerão ocultos. O visível distingue apenas o visível. Já o Invisível está aparelhado para discernir o Invisível. Isto quer dizer que só a nossa [personalidade-]alma poderá ouvir a Voz da Alma [do Mundo]. [Anima Mundi]. Mas, para ouvirmos a Voz da Alma [do Mundo], nossos Corações deverão abrigar apenas os motivos mais elevados e as aspirações mais altruístas.

 

Os antigos dividiram o Uni[multi]verso em três partes: o Mundo Supremo, o Mundo Superior e o Mundo Inferior. O Mundo Supremo era a morada da Divindade e das suas emanações imediatas. O Mundo Superior era a morada dos espíritos supramundanos, não apenas daquelas divindades que, embora de origem divina, tinham alguma substância natural, mas, também, daqueles heróis que, embora filhos da Terra, alcançaram o status de divindades, em razão de sua obras transcendentais. Esses dois últimos grupos foram considerados, respectivamente, como Imortais Mortais e Mortais Imortais. O Terceiro ou Inferior era o Mundo do Universo Físico, que era a morada dos espíritos terrestres, dos Quatro Reinos da Natureza (Mineral, Vegetal, Animal e Humano), das Divindades Subterrâneas (Elementais) e dos Espíritos Tutelares [Espírito ou Divindade que ocupa o cargo ou a função de guardião, patrono, padroeiro ou protetor de determinado local, pessoa, linhagem, dinastia, nação, cultura ou ocupação]. Em virtude de sua tríplice constituição, para os antigos, o homem vivia em todos esses Três Mundos. Seu Princípio Espiritual residia na Esfera Suprema, seu intelecto morava na segunda esfera ou Mundo Médio, porque participa das qualidades humanas e divinas, enquanto o corpo funcionava no Mundo Físico, e era composto pelos Reinos Elementais, que constituem as forças deste mundo.

 

A mente humana também, segundo os antigos, era dividida em três partes. A Mente Divina, que era capaz de ascender à realização de seu Princípio Espiritual. A Mente Animal, que era capaz de descer às profundezas de sua natureza física inferior. E entre elas, no Mundo Intermediário, estava a Mente Humana a qualidade conciliadora que unia as duas extremidades.

 

Para os antigos Iniciados gregos, a Mente Animal estava espiritualmente morta.

 

No simbolismo antigo, o Mundo Supremo era representado por uma esfera branca, o Mundo Superior por uma esfera cinza e o Mundo Inferior por uma esfera negra. Distorcendo o simbolismo pagão, os cristãos, [inverossímil, bizarra, estapafúrdia, caricata e grotescamente], metamorfosearam essas três esferas em céu, terra e inferno. [Terra, tudo bem. Vá lá. Mas, céu e inferno? Tenham a santa paciência, senhores teólogos!] Na verdade, o céu, a Terra e o inferno são condições vibratórias [simbólicas] da nossa consciência, e não lugares ou localidades no espaço-tempo. Céu, Terra e inferno se interpenetram, todos ocupando o mesmo lugar ao mesmo tempo, no espaço-tempo, e o homem funciona e existe em qualquer um desses três estados, com os quais se harmoniza, segundo seu desenvolvimento espiritual, intelectual e ético. A vida de todos nós [através das encarnações sucessivas] é uma ascensão gradual e permanente [sempre por Esforço + Mérito + Compreensão], na qual a nossa [personalidade-]alma vai se desprendendo e se elevando do lodo grudento da Terra para a Clara Luz Branca do Entendimento.

 

 

 

 

Pitágoras de Samos (Samos, cerca de 570 Metaponto, cerca de 495 a.C.) diferenciou a Ciência-raiz de seus ramos, com o seguinte método simples: a Matemática constitui a raiz principal da Árvore da Sabedoria, porque enquanto todas as artes e ciências dependem dela, a Matemática não tem nenhuma dependência. A Matemática, portanto, constitui o Número 1 ou Mônada do aperfeiçoamento intelectual. Então, em grau de importância para o Número 1 (Matemática) é o número 2, propriamente emblemático das duas ciências gêmeas, a Música e a Geometria, seguido de 3, chamada Astronomia. A Astronomia é uma ciência subordinada porque, como depende da Geometria e da Música, estas não dependem dela. Se removermos a Geometria, eliminaremos a harmonia sideral. Mas, removendo a Astronomia, nem a Geometria nem a Música serão afetadas. O que pode ser removido sem destruir a integridade do todo é uma coisa dependente. Portanto, a Astronomia depende tanto da Geometria quanto da Música. Pelo mesmo processo de eliminação, vemos que a Geometria e a Música, por sua vez, dependem da Matemática, porque a remoção do fator matemático não apenas destrói a razão e a estrutura da Música, mas, também, o fundamento da Geometria. Portanto, a Matemática é a primeira e a fundamental ciência do intelecto humano, sendo todas as outras artes ou ciências meras expansões e adaptações aos princípios matemáticos. Deste raciocínio, se infere que quem desejar ser um Verdadeiro Filósofo deverá, primeiro, ser um matemático, porque a Matemática treina a mente no princípio da exatidão. Sendo a Filosofia maiormente abstrata, está fora do alcance da mente que não é treinada para agir com cautela e segurança. A maioria dos clarividentes obteve insights suprafísicos mais através do estudo da Matemática do que por meio de qualquer outra arte ou ciência. Pitágoras, conseqüentemente, desenvolveu, através da Matemática, a faculdade da exatidão, pela Geometria, a faculdade de proporção, através da Música, a faculdade do ritmo, e por intermédio da Astronomia, a realização das imensidades cósmicas.

 

 

Simbolicamente

 

 

Os budistas compreendem que dar ênfase exclusiva ao lado físico [material] da vida é a causa geradora do sofrimento e da degradação do homem. Buddha, sentado em meditação, simboliza, por sua paz e imutabilidade, a realização interior do propósito pelo qual a [personalidade-]alma humana veio à vida. Mas, nada disto significa ignorar as responsabilidades da existência material; devemos cumprir cada obrigação, enfrentar cada dever e levar a efeito todas as nossas incumbências e compromissos.

 

O sofrimento é a seqüela inevitável do apego às coisas materiais, [sejam quais forem, sem exceção, essas coisas materiais.] Os budistas consideram a sensação de posse como a maior causa do sofrimento humano. Mata a sensação de posse; mata o desejo de possuir, e a mente permanecerá calma, equilibrada e livre para contemplar a Realidade [Atualidade Cósmica]. Quando compreendermos que se estivermos livres dos objetos que possuímos, perceberemos que estaremos livres das responsabilidades relacionadas com eles.

 

 

 

 

Quando (re)encarnamos,
não trazemos coisas materiais.
Enquanto vivemos,
acumulamos coisas materiais.
Mas, esquecemos
que todas essas coisas são empréstimos,
e que devem ser compartidos com todos.
Parafraseando Pompeius Magnus (106 – 48 a.C),
compartilhar as coisas é preciso;
amontanhar bagulhos não é preciso!
O fato concreto é que
não temos nem possuímos nada.
Nós não somos donos de nada,
nem sequer de nós mesmos.
Nada é mais perigoso e mortal
do que o pronome possessivo meu.

Os
pronomes possessivos
são impossíveis de ser aplicados.
Se o Unimultiverso é UM,
como uma pequena fração Dele
poderá ser proprietária de alguma coisa?

Sensação de posse
é sofrimento.
Desejo de possuir
é sofrimento.

Ilusão de propriedade
é um falso standard mental,
que só causa noite + sofrimento + retardo.

Quando partirmos,
não levaremos coisas materiais.
Quanto maior for o apegamento,
mais tempo a personalidade-alma
ficará agrilhoada ao Plano Astral.
Quanto maior for o apegamento,
mais tempo a personalidade-alma
padecerá post-mortem.
Quanto maior for o apegamento,
mais tempo a personalidade-alma
procrastinará
seu livramento.
Por tudo isto, recordo:
1 + 1 = 1
e 1 – 1 = 1.
O início da Compreensão
começa com o desprendimento.
O remate perfeito da Compreensão
é a Libertação-Illuminação.
A conseqüência direta da Illuminação
é a Divinização Consciente.
O inverso de tudo isso
é magia negra e demonização.

 

 

Embora seja verdade que a mente inferior (ou animal) é uma ameaça real [tanto ao próprio indivíduo quanto à coletividade], a verdade de que os resultados de uma Mente Illuminada são fatores indispensáveis para o desenvolvimento da civilização é muito mais evidente. Por isto, é lamentável que uma religião com as possibilidades culturais do Catolicismo, por exemplo, mostre uma atitude tão hostil em relação ao desenvolvimento mental, sendo primariamente emocional [e, claro, fideísta, o que é inútil].

 

 

Autoflagelação de Silas (Paul Bettany)
(O que isto tem a ver com desenvolvimento mental?)

 

Embora a natureza espiritual se expresse mais adequadamente através da natureza emocional transmutada, também sabemos que a emoção não-regenerada e não-transmutada resultou em bestialidade excessiva e derramamento de sangue, como, por exemplo, a Inquisição Católica e a Noite de São Bartolomeu.1 A paixão, quando transmutada em compaixão, se torna uma qualidade divina, mas, a menos que o elemento estabilizador da mente esteja presente, geralmente, se segue o desequilíbrio. A mente, o coração e a mão são parceiros, mas, somente quando os três cooperarem em unicidade é que o Bem Soberano poderá se tornar uma realidade.

 

Desde o século XX, vêm sendo enfaticamente rejeitadas quaisquer tentativas de impor em que acreditar. As pessoas passaram a reivindicar o privilégio de determinar por si mesmas a forma como desejam viver. Durante séculos, o leigo foi alimentado com especulações teológicas inconsistentes e dogmáticas. Para se livrar desse enorme parasita de falsas e ilusórias emoções que lhe foi imposto, o pensador católico vem compreendendo profundamente que precisa e deve rejeitar esse fardo de inconsistência teológica.

 

A mente é apenas uma ponte que une a ignorância com o entendimento, e por esta ponte do intelecto deve passar o Espírito em sua busca da Verdade. A mente é um meio e nunca deve ser confundida com o fim. No entanto, devemos aceitar que é quase impossível para o homem, em sua estado atual, desassociar sua consciência de seu intelecto, sem cair em engano ou inconsistência. Portanto, as religiões devem converter não apenas a personalidade (que é a fase mais baixa da natureza humana), mas, também, a individualidade, apresentando às faculdades racionais um teorema racional sobre a origem e o propósito da vida.

 

A mente é o veículo de expressão mais poderoso do homem. Toda a nossa civilização é expressão objetiva evidente dos poderes potencialmente existentes na mente.

 

 

 

 

Mas, de fato, o que é a mente? A mente é um nível ou gradação da Substância Una Universal. Ele penetra todas as estruturas e todas as formas, mas, somente as criaturas que possuem, em sua própria natureza, um cérebro sensível o suficiente para responder aos impulsos sutis deste Plano Mental podem ser chamadas de seres pensantes.

 

A mente participa tanto da atividade e da consciência do Espírito quanto da inércia e da insensibilidade da matéria. Portanto, o nosso mundo nada mais é do que uma objetivação do nível da mente humana, e todo mal que ocorre no mundo é, na verdade, o reflexo de algum tipo de deformidade mental. [Não posso deixar de perguntar: a Guerra na Ucrânia é ou não é um grotesca forma de deformidade mental? A tentativa de desestabilizar o Estado Democrático de Direito, no Brasil, é ou não é um grotesca forma de deformidade mental? A lenda do jacaré é ou não é um grotesca forma de deformidade mental?]

 

Assim como a mente poderá ser espiritualmente engrandecida, poderá se tornar cada vez mais perigosa e destrutiva, se os correspondentes desenvolvimentos moral e ético não forem atendidos.

 

Somente quando a evolução da mente e da [personalidade-]alma forem paralelas cada uma equilibrando o excesso da outra teremos realmente um mundo seguro para o desenvolvimento da Humanidade.

 

Para os platônicos, a razão era a expressão suprema do Espírito Interior, e só aquele que alcançasse o auge da razão pura poderia discriminar entre o falso e o verdadeiro. Para os platônicos, a emoção era inimiga da razão, porque desviava a mente do seu verdadeiro estado impessoal e imparcial.

 

 

 

 

Na linguagem dos Antigos Filósofos Gregos: Meu irmão é aquele cujo intelecto está no mesmo nível que o meu. Meu pai é aquele cujo intelecto está em um nível superior ao meu. Meu filho é aquele cujo intelecto está em um nível inferior ao meu. Meu inimigo é aquele que tenta destruir o poder do meu pensamento. Portanto, é um estranho com quem não tenho nada em comum intelectualmente. Assim, elevando todas as relações a uma dignidade ético-filosófica, Platão procurou unir o mundo em uma camaradagem mental.

 

Para o Filósofo, pensar é Viver.

 

Por suas faculdades mentais conscientes, o homem está separado do Reino Animal. Entretanto, se ele for incapaz de usar sua mente, ele, tecnicamente, ainda fará parte do Reino Animal.

 

A mente humana está separada da Mente Divina pelo intervalo da consciência. Entretanto, o homem, elevando [relativamente] sua consciência além dos estreitos limites do humano, poderá atingir a Natureza Perfeita e Universal da Mente Divina e adquirir a Imortalidade Consciente. [O que isto significa? Significa que somos deuses inconscientes, mas, como tanto tenho dito, por esforço e mérito, poderemos nos tornar Deuses Conscientes.]

 

Se a mente for livre, a escravidão será uma impossibilidade filosófica. Por outro lado, se o indivíduo permitir que sua Natureza Espiritual seja controlada por suas tendências animais, realmente, será um escravo.

 

A Verdadeira Liberdade reside apenas na Sabedoria e no Entendimento, porque toda criatura é escrava de sua própria ignorância. Assim, quanto maior for a Compreensão, menor será o medo, e quanto menos temermos, mais perto estaremos da Liberdade. Em ignorância, o homem tem medo de tudo; em Sabedoria, ele Ama todas as coisas.

 

A Centelha Indivisível da Vida Una, que reside em cada criatura, sempre se expressa através de três fases ou aspectos, isto é, através da Consciência (alojada no coração), da Inteligência (alojada no cérebro) e da Força (alojada no sistema gerador).

 

Graficamente, as três fases da Centelha Indivisível da Vida Una podem ser representadas da seguinte forma:

 

            

Em si, a mente não é sinônimo de Consciência. A mente é uma expressão da Consciência ou o veículo pelo qual a Consciência controla os elementos físicos e vitais de sua natureza. A mente pode desvanecer, mas, a Consciência perdura, porque o Espírito (Consciência), para se manifestar neste mundo, deve operar através de suas polaridades de Inteligência e Força. Portanto, a mente é o espelho que reflete a Divindade em a Natureza.

 

Nos Antigos Mistérios era ensinado que o homem é a encarnação do Princípio Mental, constituindo o elo que une a Divindade e a Natureza.

 

No interior de todos nós, incessantemente, é travada a Batalha do Armagedom, na qual a Divindade e o nosso ego lutam para tomar, alternadamente, o controle do organismo. Quando a Divindade é vitoriosa, o discípulo começa sua ascensão na escada dourada da Sabedoria; quando o ego triunfa, o indivíduo se arrasta na lama e no lodo do materialismo sombrio.

 

 

 

 

A Consciência pode ser simbolizada pelo sumo sacerdote, a Inteligência pelo filósofo e a Força pelo guerreiro. Todos nós, se quisermos recuperar nosso estado primordial perdido, precisaremos aprender a manejar esta trindade com Sabedoria. [Nos tornarmos Deuses Conscientes.]

 

Segundo Platão, a designação mais apropriada da natureza do único Deus pode ser simbolizada pelo triângulo, cada um de seus lados representando uma qualidade da trindade: o Uno, o Belo e o Bom. Essa tríade oculta não apenas a natureza e o propósito completo da Divindade, mas, também, os processos mentais, espirituais e morais pelos quais o indivíduo pode se unir conscientemente [em seu Coração] à Causa Primeira a Mônada Eterna do Uni[multi]verso.

 

O Um, sendo o símbolo da Causa [Causa Primeira ou Causa-Sem-Causa], representa a unidade da origem, a indivisibilidade dos primeiros princípios e a síntese perfeita que está por trás da manifestação diversificada. Existem três formas de poder do Um. Ele pode ser considerado como o primeiro dos números, bem como o divisor comum de todos eles e como um submúltiplo de todos os números, sendo considerado a Unidade Única. No simples símbolo geométrico dos gregos, o Um é um ponto, o Belo é o raio ou linha que parte do ponto, e o Bem é a circunferência do círculo, tendo o Um como centro e o Belo como raio.

 

 


O propósito do Um é criar o Bem. Conseqüentemente, o Uni[multi]verso é chamado o Bem, porque é a criação do Eterno Um, que é incapaz de criar qualquer coisa que esteja em desarmonia com a perfeição de Sua própria natureza. No Um e no Bem temos a Causa e o Efeito, e no mediador entre eles o Belo temos os meios pelos quais a Causa produz os Efeitos. [Por isto, Mâ Ananda Moyî (30 abril 1896 – 27 de agosto de 1982) – a santa encarnação projetada da Alegria que, plena de Sabedoria Infusa, veio a este mundo para transmitir, entre outros, o ensinamento que o Ser Supremo é Alegria encarnada dizia e repetia: Jo Ho jâye. O que acontece é desejado e bom. Seu lema de vida era: Encontrar-se é encontrar Deus, e encontrar Deus é encontrar a si mesmo.]

 

 

Mâ Ananda Moyî

 

 

Uma mente que não pensa belamente não pode pensar O-QUE-É verdadeiro, porque Verdade e Beleza são essencialmente sinônimas. A Verdade é a condição tal qual é em si mesma, e todas as condições em si só podem ser belas. [É a nossa cegueira, a nossa ignorância e o nosso preconceito – verdugos cruéis da nossa personalidade-alma – que nos fazem ver as coisas deformadas, desvirtuadas e feias.

 

Uma falha óbvia, comum a todas as mentes positivas, é ter convicções inflexíveis em relação a questões que elas realmente ignoram. Por isso, sempre se deparam com problemas que não cabem em seus códigos, porque suas normas não foram escolhidas com discernimento adequado. [Um exemplo disso é a tal da Teoria do Big Bang, que haverá de desaparecer, como desapareceram, entre outros, o Modelo Geocêntrico, a Teoria da Geração Espontânea, a Teoria do Flogisto e o Modelo Atômico do Pudim de Ameixas (ou com Passas) de Joseph John Thomson. Só depois de longos anos de sofrimentos e tribulações descobrimos que, realmente, nada disso tinha valor. A mesma coisa acontecerá com a Teoria do Big Bang.]

 

 

Representação Esquemática do Pudim Atômico de Thomson

 

Cada pensamento nosso deveria passar por uma cuidadosa análise matemática, científica e, se necessário, até biológica. De fato, nossos pensamentos e nossos códigos de vida exigem que nossa consideração e nossa investigação sobre eles não sejam superficiais ou irresponsáveis. Sem emoção e sem sentimentos pessoais, sempre é conveniente perguntar: este pensamento é consistente? É intrinsecamente saudável e seguro? É um padrão que todos os homens podem seguir, independentemente de seus temperamentos, ideais, idiomas, noções e atitudes? Inclui uma explicação natural e racional de cada fenômeno da existência? É justo e impessoal? Governa para o futuro ou age em círculo? Promete oportunidades iguais para todos? Estimula o desenvolvimento de todas as partes do coração, da mente, do corpo e da [personalidade-]alma? É suficientemente amplo e tolerante para admitir novas idéias ou é tão cristalizado que é incapaz de expansão? Enfim, precisamos compreender que, se a nossa filosofia de vida for definitiva e acabada, acabará conosco, porque ninguém pode estar em posição intelectual ou espiritual para lançar a última pedra da construção de uma filosofia de vida que possa perdurar por centenas de milhões de anos, pois, com certeza, durante esse tempo será remodelada em sua estrutura total, não apenas uma, mas muitas vezes.

 

No Inferno e no Paraíso, de "A Divina Comédia", o escritor, poeta e político florentino Dante Alighieri (Florença, entre 21 de maio e 20 de junho de 1265 d.C. — Ravena, 13 ou 14 de setembro de 1321 d.C.) expôs as Teorias Cabalistas e Platônicas dos mundos. Iniciado nos Mistérios Rosacruzes, pintou o Uni[multi]verso como uma gigantesca flor, por onde perambulou guiado, primeiro, por Virgílio e, depois, por sua própria personalidade-]alma Illuminada, simbolizada pela sua amada Beatriz. O Inferno de Dante simboliza o baixo Uni[multi]verso ou inferior, no qual as criaturas humanas esgotam as etapas que ocorrem entre o berço e a sepultura.

 

 

Dante Alighieri

 

 

Existe uma crença popular de que o ser humano morre e vai para o inferno, ou no melhor dos casos, para o purgatório. No entanto, de acordo com a Verdadeira Filosofia, entramos no inferno quando nascemos para expiar nossos pecados [isto é: para compensar educativamente os erros cometidos] – e não quando morremos.

 

A mensagem do Inferno de Dante simplesmente dá nova ênfase aos Antigos Mistérios de Elêusis. Nesses Ritos de Iniciação, o Candidato era conduzido por tortuosos túneis e cavernas do mundo inferior, nos quais lhe era explicado que a maior parte da Humanidade vive na ignorância e no sofrimento - escravizada pela escuridão que encheu suas [personalidades-]alma. Quando o indivíduo, pelo auto-aperfeiçoamento e pela compreensão adequada dos mistérios da vida, se libertar da luxúria, da ganância, do egoísmo e de todos os maus hábitos e características que o limitam e atormentam, então, e só então, poderá remover a pedra que cobre o seu túmulo, e ascender triunfantemente da morte espiritual para a Vida Espiritual. Aqueles que alcançaram a realização do Verdadeiro Propósito da Existência eram chamados de “Recém-nascidos”, desde o ventre escuro do inferno, até o esplendor da Compreensão Espiritual.

 

Segundo Platão e todos os Antigos Iniciados, o corpo é a sepultura da [personalidade-]alma, e dentro do corpo está sepultado o Homem Espiritual o Deus Eterno e Verdadeiro – com toda a infinidade de seus poderes potenciais.

 

O nascimento não é apenas um processo físico, mas, também, espiritual, e somente aquele homem que "Nascer novamente” poderá entrar no Reino dos Céus.

 

Na face da Natureza está refletida a Face de Deus.

 

Em um dos Antigos Mistérios, a primeira instrução dada aos Candidatos à Iniciação era: Coloque o centro no centro. Isso pode parecer ambíguo, mas, esta Instrução significa que cada indivíduo deve habitar em sua própria [personalidade-]alma, e buscar a si mesmo em seu próprio ser.

 

Nenhum de nós poderá conhecer como a Unidade Única realmente é, até que tenha absorvido toda a diversidade com a qual o mundo objetivo a cerca. [Esse realmente é é relativo, pois, jamais conheceremos, em termos absolutos, O-QUE-É como realmente ELE é. Entretanto, esse estado relativo vai se tornando cada vez menos relativo, porém, jamais se tornará absoluto. Por isto, a nossa peregrinação é ilimitada, pois, também, jamais absorveremos toda a diversidade com a qual o mundo objetivo a cerca. Precisamos compreender, entretanto, sem jamais esmorecer nem desistir, que, se estas coisas fossem possíveis, no final da nossa peregrinação, um dia, cairíamos no nada, em uma espécie de além-Unimultiverso, e o nada e o além-Unimultiverso não existem. Enfim, mesmo quando nos tornarmos Deuses Conscientes, ainda assim seremos Deuses Incompletos.]

 

 

 

 

Como Buddha, só em Silêncio, no Silêncio da nossa própria [personalidade-]alma, encontraremos a Verdade [ainda que sempre relativa], que, em vão, tentamos encontrar no mundo. Aquele que não puder encontrá-La em seu interior, nunca A encontrará em lugar nenhum.

 

Somos parte real de tudo o que queremos nos assemelhar.

 

A Divindade Suprema existe sem senso de separação. É Uma-em-Tudo e Tudo-em-Uma.

 

Não é suficiente que nos amemos uns aos outros, mas, cada um deve perceber que somos um com todas as coisas e parte de todas as coisas.

 

Nos Antigos Mistérios da Pirâmide, o Novo Iniciado era declarado Imortal, não porque não deixaria seu corpo físico quando morresse, mas, porque havia entendido que ele não era seu corpo físico, e que seu Verdadeiro Ser é que é Verdadeiramente Imortal.

 

Aquele que entrar na LLuz, permanecerá, para sempre, na LLuz.

 

 

 

 

 

 

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Nota:

1. O Massacre de São Bartolomeu (ou a Noite de São Bartolomeu) foi um episódio da História da França na repressão ao Protestantismo, engendrado pelos reis franceses, que eram católicos. Esses assassinatos aconteceram em 23 e 24 de agosto de 1572, em Paris, no dia de São Bartolomeu. Estima-se que entre 5.000 e 30.000 pessoas tenham sido mortas, dependendo da fonte consultada. Bem, eu penso que não importa nada se foram 5.000 ou 30.000 pessoas mortas neste massacre; bastava que morresse uma só pessoa para que a sistemática bestialidade católica fosse, como sempre foi, criminosa. O fato é que, como observou Manly Palmer Hall, sem um verdadeiro treinamento filosófico ou intelectual, o teólogo médio é incapaz de competir com o pensador científico treinado de hoje. [Na verdade, admito que o Verdadeiro Treinamento precisa ser Transracional e Iniciático. Já expliquei que a razão e a fé são irmãs gêmeas univitelinas, de tal maneira que, se a primeira destrói pela inteligência distorcida, a segunda apocopa pela crença absurda. Exemplos flagrantes: razão –› ditaduras, Razão Instrumental [termo cunhado por Max Horkheimer (Stuttgart, 14 de fevereiro de 1895 – Nürnberg, 7 de julho de 1973)] e armas de destruição em massa; fé –› cruzadas, inquisição e fogueiras.]

 

 

Massacre de São Bartolomeu
(Por François Dubois)

 

Música de fundo:

A Time For Us
Compositor: Nino Rota

Fonte:

http://www.midi-karaoke.info/20cc1671.html

 

Páginas da Internet consultadas:

https://pt.wikipedia.org/wiki/Dante_Alighieri

https://pt.wikipedia.org/wiki/Modelo_at%C3%B4mico_de_Thomson

https://pt.wikipedia.org/wiki/Anandamayi_Ma

https://forum.affinity.serif.com/

https://www.deviantart.com/

https://gifer.com/pt/YjWZ

https://gifer.com/en/9JU9

https://pt.wikipedia.org/wiki/Massacre_da
_noite_de_S%C3%A3o_Bartolomeu

https://tenor.com/

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