CRITON

 

 

Rodolfo Domenico Pizzinga

 

 

 

Introdução e Objetivo do Estudo

 

 

 

Este estudo é uma coletânea de fragmentos (editados, em alguns casos) da obra Criton (ou Sobre o Dever), um dos diálogos escritos pelo filósofo grego Platão. Neste pequeno diálogo, que se passa em uma cela, na prisão de Atenas, Criton tenta convencer Sócrates, de quem é discípulo, a fugir da execução de sua sentença de morte, cujo processo, segundo Criton, foi o mais ridículo da história. Sócrates discorda e reafirma sentir que deve seguir a razão (por julgar isto o mais correto), mesmo que esta o leve à morte, e argumenta: Não cedo a nenhuma outra de minhas razões, senão à que minhas reflexões demonstram ser a melhor.

 

No Criton, encontra-se um forte debate acerca da justiça, da crença comum ou opinião popular e do saber verdadeiro, no qual Sócrates defende a posição da razão frente ao discurso do povo (representado por Criton).

 

 

 

Fragmentos do Criton

 

 

 

 

Criton — É que, por Zeus, Sócrates, em teu lugar, eu não gostaria de passar muito tempo acordado numa aflição assim; estou mesmo admirando, há tempo, a placidez do teu sono. Não te acordei de propósito, para que pudesses gozar quanto mais dessa tranqüilidade. Já muitas vezes antes, em toda a nossa vida, te considerei feliz pelo teu gênio, porém, muito mais agora, na presente desgraça, pela facilidade e brandura com que a suportas.

 

Sócrates — Realmente, Criton, eu destoaria, se, na minha idade, me agastasse por ter de morrer em breve.

 

 

 

Haverá reputação mais vergonhosa do que a de dar mais importância ao dinheiro do que aos amigos?

 

Será tão importante assim a opinião do povo?

 

Oxalá fosse o povo capaz de praticar os maiores males, para ser capaz também de praticar os maiores benefícios! Seria esplêndido. Não o é, porém, capaz nem destes nem daqueles. Incapaz de proceder com sensatez, bem como de proceder com insensatez, ele obra ao sabor do acaso.

 

 

 

 

Não cedo a nenhuma outra de minhas razões, senão à que minhas reflexões demonstram ser a melhor.

 

Das opiniões que os homens formam, a umas se deve grande acatamento, a outras não.

 

Devemos sempre obedecer à Verdade-em-si, senão corromperemos e danificaremos aquilo que melhora com a justiça e se arruína com a injustiça.

 

Não é absolutamente com o que dirá de nós a multidão que nos devemos preocupar, mas com o que dirá a autoridade em matéria de justiça e injustiça, a única, a Verdade-em-si.

 

 

 

 

Não devemos dar máxima importância ao viver, mas, ao viver bem, e viver bem, viver com honra e viver conforme a justiça é tudo um.

 

A multidão, com a mesma facilidade e sem nenhum critério, mataria, e, se pudesse, ressuscitaria.

 

Antes morrer ou sofrer qualquer outra pena do que praticar uma injustiça ou contrariar os atenienses.

 

Não se deve cometer injustiça voluntária em nenhum caso.

 

Ainda que tenhamos de experimentar momentos extremamente dolorosos, o procedimento injusto, em qualquer hipótese, será sempre um mal e uma vergonha.

 

 

 

 

Jamais se deve proceder contra a justiça, nem mesmo retribuir a injustiça com a injustiça, como pensa a multidão, pois o procedimento injusto é sempre inadmissível.

 

Entre fazer mal a uma pessoa e cometer uma injustiça não há diferença nenhuma.

 

Não devemos retribuir a injustiça com a injustiça nem fazer mal a pessoa alguma, seja qual for o mal que ela nos cause.

 

Acima de tua mãe, de teu pai e de todos os outros teus ascendentes, a pátria é mais respeitável, mais venerável, mais sacrossanta e mais estimada dos deuses e dos homens sensatos.

 

Cumpre executar as ordens da cidade e da pátria ou obter a revogação tão-somente pelas vias do Direito.

 

É impiedade usar de violência contra a mãe ou contra o pai; mas, impiedade maior é violentar a pátria.

 

Aquele que desobedece as leis da cidade é réu tresdobradamente: 1º) porque a nós, que o geramos, não presta obediência; 2º) porque desobedece não só a nós que o criamos; e 3º) porque, tendo convencionado nos obedecer, nem obedece nem nos dissuade, se, porventura, incidimos em algum erro, já que facultamos a escolha entre nos persuadir do contrário ou nos obedecer.

 

Todos nós estamos obrigados aos deveres de cidadão; não apenas em palavras, mas de fato.

 

Todo violador das leis bem pode ser tido como corruptor dos jovens e dos levianos.

 

Não sobreponhas à justiça nem teus filhos, nem tua vida, nem qualquer outra coisa...

 

Procederei da forma como determinou a justiça porque tal é o caminho por onde a Divindade me guia.

 

 

 

 

 

Se assim apraz aos Deuses, que seja feito.

 

 

 

 

 

 

Aleivosias e Ponderações

 

 

 

Quem é injusto? Quem é justo?

Quem é pífio? Quem é augusto?

Quem é sábio? Quem é boleima?

Quem é dócil? Quem não teima?

 

Quem está pronto e acabado?

Quem já não esteve derribado?

Quem não provocou discórdia?

Quem não aprontou balbórdia?

 

Precisamos ter bem assente:

o Homo sensualis é insuficiente.

Um dia, a insuficiência acabará,

e, na LLuz, cada um renascerá.

 

Então, essa coisa de depreciar

e de, nos outros, falhas apontar

é uma descortesia sesquipedal,

que só pare um medíocre arraial.

 

Para evitar isto, devemos obrar

incansavelmente. Sem estacionar.

A alma de todos nós anda faminta,

mas está farta de mastigar infinta.

 

 

 

 

 

 

 

Páginas da Internet consultadas:

http://www.picgifs.com/
job-graphics/judge/

http://www.eringer33.com/2011/02/
totally-false-we-think-not.html

http://www.thisdayindisney
history.com/Nov24.html

http://www.cfh.ufsc.br/~wfil/
criton.pdf

http://pt.wikipedia.org/
wiki/Cr%C3%ADton

 

Música de fundo:

Send in the Clowns
Composição: Stephen Sondheim

Fonte:

http://pt.dilandau.eu/baixar_musica/
send-in-the-clowns-frank-sinatra-1.html

 

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