Este
estudo é uma coletânea de fragmentos (editados, em alguns casos)
da obra Criton (ou Sobre o Dever), um dos diálogos
escritos pelo filósofo grego Platão. Neste pequeno diálogo,
que se passa em uma cela, na prisão de Atenas, Criton tenta convencer
Sócrates, de quem é discípulo, a fugir da execução
de sua sentença de morte, cujo processo, segundo Criton, foi o
mais ridículo da história. Sócrates discorda
e reafirma sentir que deve seguir a razão (por julgar isto o mais
correto), mesmo que esta o leve à morte, e argumenta: Não
cedo a nenhuma outra de minhas razões, senão à que
minhas reflexões demonstram ser a melhor.
No
Criton,
encontra-se um forte debate acerca da justiça, da crença comum
ou opinião popular e do saber verdadeiro, no qual Sócrates
defende a posição da razão frente ao discurso do povo
(representado por Criton).
Fragmentos
do
Criton
Criton
— É
que, por Zeus, Sócrates, em teu lugar, eu não gostaria
de passar muito tempo acordado numa aflição assim;
estou mesmo admirando, há tempo, a placidez do teu sono.
Não te acordei de propósito, para que pudesses gozar
quanto mais dessa tranqüilidade. Já muitas vezes antes,
em toda a nossa vida, te considerei feliz pelo teu gênio,
porém, muito mais agora, na presente desgraça, pela
facilidade e brandura com que a suportas.
Sócrates
—
Realmente, Criton, eu destoaria, se, na minha idade, me agastasse
por ter de morrer em breve.
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Haverá reputação
mais vergonhosa do que a de dar mais importância ao dinheiro do que
aos amigos?
Será
tão importante assim a opinião do povo?
Oxalá fosse o povo capaz de
praticar os maiores males, para ser capaz também de
praticar
os maiores benefícios! Seria esplêndido. Não o é,
porém, capaz
nem destes nem daqueles.
Incapaz de proceder com sensatez, bem como de proceder
com insensatez,
ele obra ao sabor do acaso.
Não
cedo a nenhuma outra de minhas razões, senão à que
minhas reflexões demonstram ser a melhor.
Das opiniões que os homens
formam, a umas se deve grande acatamento, a outras não.
Devemos
sempre obedecer à Verdade-em-si,
senão corromperemos e danificaremos aquilo que melhora com a justiça
e se arruína com a injustiça.
Não é absolutamente
com o que dirá de nós a multidão que nos devemos preocupar,
mas com o que dirá a autoridade em matéria de justiça
e injustiça, a única, a Verdade-em-si.
Não
devemos dar máxima importância ao viver, mas, ao viver bem,
e viver bem, viver com honra e viver conforme a justiça é
tudo um.
A
multidão,
com a mesma facilidade e
sem nenhum critério,
mataria, e, se pudesse, ressuscitaria.
Antes
morrer ou sofrer qualquer outra pena do que praticar uma injustiça
ou contrariar os atenienses.
Não se deve cometer injustiça
voluntária em nenhum caso.
Ainda que tenhamos de experimentar
momentos extremamente dolorosos, o procedimento injusto, em qualquer hipótese,
será sempre um mal e uma vergonha.
Jamais
se deve proceder contra a justiça, nem mesmo retribuir a injustiça
com a injustiça, como pensa a multidão, pois o procedimento
injusto é sempre inadmissível.
Entre
fazer mal a uma pessoa e cometer uma injustiça não há
diferença nenhuma.
Não devemos retribuir a injustiça
com a injustiça
nem fazer mal a pessoa alguma, seja qual for o mal que ela nos cause.
Acima
de tua mãe, de teu pai e de todos os outros teus ascendentes, a pátria
é mais respeitável, mais venerável, mais sacrossanta
e mais estimada dos deuses e dos homens sensatos.
Cumpre executar as ordens da cidade
e da pátria ou obter a revogação tão-somente
pelas vias do Direito.
É
impiedade usar de violência contra a mãe ou contra
o pai;
mas, impiedade maior
é violentar a pátria.
Aquele que desobedece as leis da
cidade é réu tresdobradamente: 1º) porque a nós,
que o geramos, não presta obediência; 2º) porque desobedece
não só a nós que o criamos; e 3º) porque, tendo
convencionado nos obedecer, nem obedece nem nos dissuade, se, porventura,
incidimos em algum erro, já que facultamos a escolha entre nos persuadir
do contrário ou nos obedecer.
Todos
nós estamos obrigados aos deveres de cidadão; não apenas
em palavras, mas de fato.
Todo
violador das leis bem pode ser tido como corruptor dos jovens e dos levianos.
Não
sobreponhas à justiça nem teus filhos, nem tua vida, nem qualquer
outra coisa...
Procederei
da forma como determinou a justiça porque tal é o caminho
por onde a Divindade me guia.
Se
assim apraz aos Deuses, que seja feito.
Aleivosias e Ponderações
Quem
é injusto? Quem é justo?
Quem
é pífio? Quem é augusto?
Quem
é sábio? Quem é boleima?
Quem
é dócil? Quem não teima?
Quem
está pronto e acabado?
Quem
já não esteve derribado?
Quem
não provocou discórdia?
Quem
não aprontou balbórdia?
Precisamos
ter bem assente:
o Homo
sensualis é
insuficiente.
Um dia,
a insuficiência acabará,
e, na
LLuz,
cada um renascerá.
Então,
essa coisa de depreciar
e de,
nos outros, falhas apontar
é
uma descortesia sesquipedal,
que só
pare um medíocre arraial.
Para
evitar isto, devemos obrar
incansavelmente.
Sem estacionar.
A alma
de todos nós anda faminta,
mas está
farta de mastigar infinta.
Páginas
da Internet consultadas:
http://www.picgifs.com/
job-graphics/judge/
http://www.eringer33.com/2011/02/
totally-false-we-think-not.html
http://www.thisdayindisney
history.com/Nov24.html
http://www.cfh.ufsc.br/~wfil/
criton.pdf
http://pt.wikipedia.org/
wiki/Cr%C3%ADton
Música
de fundo:
Send
in the Clowns
Composição: Stephen Sondheim
Fonte:
http://pt.dilandau.eu/baixar_musica/
send-in-the-clowns-frank-sinatra-1.html
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