O objetivo deste longo trabalho foi estudar as vinte conferências proferidas por Max Heindel (Aarhus, Dinamarca, 23 de julho de 1865 – Oceanside, Califórnia, 6 de janeiro de 1919) – um dos mensageiros escolhidos pelos Irmãos Maiores da Ordem Rosa+Cruz para, entre outras tarefas, explicar e transmitir à Humanidade os Mistérios Ocultos nas chamadas Sagradas Escrituras – em Columbus, Ohio, durante o mês de novembro de 1908. Posteriormente, Max Heindel, entre 1909 e 1911, fundou a Fraternidade Rosacruz, em Mount Ecclesia, Oceanside, Califórnia. O que fiz foi escolher algumas passagens destas conferências e republicá-las sob a forma de fragmentos, comentando-os, quando considerei importante.

 

 

Ensinamentos Heindelianos
(O Nascimento: Um Acontecimento Quádruplo)

 

 

O Eu, em sua peregrinação através dos mundos invisíveis, alcança o ponto em que ingressa no Terceiro Céu, após ter sucessivamente, abandonado: o corpo denso ao morrer, o corpo vital logo a seguir, o corpo de desejos ao deixar o Purgatório e o Primeiro Céu e, por último, a mente. Todos os veículos abandonados se desfazem, subsistindo apenas o Eu (Espírito), que permanece por algum tempo no grande reservatório espiritual de força a que chamamos Terceiro Céu, a fim de se fortificar e se preparar para o próximo renascimento na vida terrena. O poeta e jornalista britânico Edwin Arnold (10 de junho de 1832 – 24 de março de 1904) expressou encantadoramente esta idéia em sua Canção Celestial:

 

O Espírito jamais nasceu!
E jamais deixará de existir!
Jamais houve tempo em que deixou de ser,
princípio e fim são sonhos no sentir.
O Espírito permanece sempre
sem nascer e sem morrer.
A morte jamais o tocou,
embora possa parecer
morta a casa em que habitou.

Não! Simplesmente como alguém que tira
uma roupa usada e a joga além
e ao vestir outra, diz:
hoje, esta veste eu vou usar.
Assim também, o Espírito põe à margem
uma transitória e carnal roupagem
e prossegue, para, então, herdar
outra morada, outro novo lar!

 

É a Lei de Conseqüência que determina nossa existência post-mortem, consoante a vida que vivemos aqui.

 

Quando nos elevamos acima dos sentimentos, nossos preconceitos ficam para trás e a Verdade se revela imediatamente.

 

A mente habituada a lidar com a Matemática está treinada no pensamento seqüencial e lógico, sendo, portanto, capaz de examinar e distinguir a Verdade sem prevenção. Só a esta classe de mente pode o Ocultismo ser ensinado com segurança.

 

O homem que tenha levado uma vida grosseira, voltada para a gratificação dos sentidos e que tenha sido extremamente destrutivo terá uma dolorosa existência no Purgatório. Passará inconsciente e rapidamente pelo Primeiro Céu, por não ter praticado o bem. Sua destrutividade tornará sua existência no Segundo Céu quase inconsciente, e não terá absolutamente vida no Terceiro Céu, onde os Eus avançados criam idéias originais que, mais tarde, na vida terrena se manifestam como gênios. Portanto, esse atrasado Eu permanecerá adormecido, até que um novo nascimento o desperte para um novo dia na Escola da Vida, com outra oportunidade para aperfeiçoamento.

 

Logo que as experiências desta vida tenham sido assimiladas nos céus, a Lei de Conseqüência e o desejo de novos conhecimentos atraem o Eu de volta à Terra, do mesmo modo que um ímã atrai uma agulha. Então, ele começa outra vez a contemplar seu renascimento, que estará condicionado pelas nossas vidas passadas.

 

O Eu tem uma certa liberdade quanto ao lugar do seu [re]nascimento. Pode-se dizer, por conseguinte, que, na grande maioria dos casos, estamos onde estamos por nossa própria escolha. Não importa que [tenhamos esquecido] e não o saibamos intelectualmente. Entretanto, quanto mais nos decidirmos intelectualmente a viver para o Eu Superior, tanto mais nos aproximaremos do dia em que o Eu resplandecerá. Então, Saberemos.

 

Nenhum homem jamais é destinado a errar, e cada ação má é fruto de sua livre vontade, mesmo quando é cometida contra a resistência da consciência desenvolvida anteriormente e relativa a esse mesmo erro.

 

O Átomo-semente constitui o núcleo das novas roupagens com que o Espírito aparecerá na próxima vida, atraindo, de cada região, o material com que tenha afinidade e na quantidade definidamente exata. Este material toma, então, a forma de um grande sino, aberto na base e com o Átomo-semente no topo.

 

Vestido em sua roupagem de matéria mental, com aparência de sino, o Eu submerge no Mundo do Desejo. As forças preservadas do Átomo-semente do seu antigo corpo de desejos são despertadas e colocadas no topo do sino, no lado de dentro. Daí, começam a atrair o material com a qualidade e na quantidade requerida pelo Eu, para voltar com um novo corpo de desejos apropriado às suas necessidades particulares. Assim, quando a região mais densa do Mundo do Desejo é alcançada, o sino já possui duas camadas: a de matéria mental por fora e a de matéria de desejos por dentro.

 

Em seguida, o Espírito desce à Região Etérea, onde colhe matéria para o novo corpo vital. De uma parte dessa matéria, os agentes dos Anjos do Destino fazem uma matriz ou modelo para proporcionar ao novo corpo denso a forma apropriada, a qual depositam no útero materno no momento em que o átomo-semente é posto no sêmen do pai. Sem a presença destes dois fatores, nenhuma união sexual produziria resultados. Assim, quando um matrimônio se revela estéril, ainda que o casal seja saudável e anseie por filhos, isto significa simplesmente que nenhum Eu se sente atraído por ele.

 

Tão logo o corpo vital é depositado, o Eu retornante, envolto na roupagem parecida com um sino, fica flutuando constantemente próximo à sua futura mãe, que, sozinha, trabalha sobre o novo corpo denso, nos primeiros dezoito ou vinte e um dias após a fertilização. Aí, então, ele entra no corpo materno, cobrindo o feto com o molde do sino, que se fecha por baixo e o encarcera mais uma vez na casa-prisão do corpo denso.

 

O homem é muito mais do que um simples corpo denso. Mas, quando ele nasce para o Mundo Físico, os seus veículos não estão igualmente amadurecidos. O corpo vital cresce e amadurece dentro do seu envoltório etéreo até os sete anos, na troca dos dentes. O corpo de desejos requer proteção contra os perigos do Mundo do Desejo até próximo aos quatorze anos, nascendo no período a que chamamos puberdade. E a mente não está suficientemente amadurecida para se libertar de seu envoltório protetor até que o homem alcance a maioridade, aos vinte e um anos. Estes períodos são apenas aproximados, pois, sua duração exata varia de pessoa para pessoa. Os períodos acima mencionados estão, porém, bem próximos da realidade. Seja como for, inquestionavelmente, o nascimento é um evento quádruplo, e o que for prejudicial a um dos quatro corpos o é também a todos os outros veículos.

 

 

Nascimento
(Simbolicamente)

 

 

Quando a criança nasce, só o que ela tem de melhor e de mais puro aparece no exterior. O mal latente, de modo geral, não se manifesta, até que o corpo de desejos nasça próximo aos quatorze anos, e suas correntes comecem a fluir para fora do fígado. Então, o Eu começa a “viver” sua vida individual e mostrar o que está no íntimo.

 

Até os sete anos ou na mudança dos dentes, existe uma atividade especial, bem diferente de qualquer outra das fases seguintes. Os órgãos dos sentidos tomam formas definidas, que já lhes dão as tendências estruturais básicas e determinam suas linhas de desenvolvimento em uma ou outra direção. Depois, ainda crescem, mas, sempre em obediência às linhas previamente estabelecidas nesses sete primeiros anos, de modo que qualquer erro ou negligência no seu uso de modo correto nesse período, muito dificilmente poderá ser corrigido mais tarde.

 

Tudo no ambiente da criança deixa-lhe uma impressão para o bem ou para o mal. Portanto, há duas palavras mágicas que indicam a maneira pela qual a criança entre em contato com as influências formadoras do seu ambiente: EXEMPLO e IMITAÇÃO. Nenhuma criatura debaixo dos céus é mais imitativa do que a criança e, nessa imitação, temos a força que pode dar as tendências e a direção ao pequeno organismo. Devemos, portanto, nos convencer de que o mais insignificante ato poderá causar incalculável mal ou bem à vida de nossos filhos, e que nunca devemos fazer em sua presença algo que não desejemos absolutamente que eles imitem. É inútil ensinar à criança moralidade ou a raciocinar neste período. Exemplo é o único mestre que a criança necessita e segue.

 

Nunca se deve dar às crianças brinquedos terminados, de modo que elas nada mais tenham a fazer senão olhá-los. Isto tira do cérebro a oportunidade de desenvolvimento.

 

No que tange aos alimentos da criança, grande cuidado precisa ser tomado nesta fase, pois, um apetite normal ou anormal nos anos seguintes dependerá de como a criança foi alimentada no primeiro período setenário.

 

Quanto às roupas, certifiquemo-nos de que sejam sempre folgadas, e possam ser substituídas antes de se tornarem pequenas, a fim de não causarem irritação. Muito da natureza imoral que põe uma vida a perder tem sido despertado, primeiramente, pelas fricções causadas pelo uso de peças muito justas, particularmente em se tratando de meninos. A imoralidade é um dos piores e mais persistentes flagelos de nossa civilização. Lembrando disso, procuremos, por todos os meios, manter nossas crianças inconscientes de seus próprios órgãos sexuais antes dos sete anos. O castigo corporal é também um fator preponderante no despertar da sexualidade, nunca sendo demais condená-lo.

 

As cores complementares são as que atuam no organismo da criança. [As cores complementares são aquelas que, dentro do círculo cromático, estão posicionadas nas extremidades opostas. Quando comparadas, elas apresentam maior contraste entre si.] Então, por exemplo, se temos de lidar com o temperamento ardente de uma natureza impetuosa, façamos o vermelho predominar no ambiente, e assim conseguiremos abrandá-lo. Aposentos, móveis e roupas na cor vermelha produzirão o refrescante efeito da cor verde, acalmando os nervos. O melancólico e de natureza letárgica terá melhor disposição se o rodearmos de azul ou azul-verde, que geram nos seus órgãos infantis o calor do vermelho e do laranja.

 

 

Cores Complementares
(Segundo a Concepção Artística)

As cantigas de ninar são de maior importância nesse período [até os sete anos]. Não importa o sentido que tenham. De suma importância é seu ritmo, pois, este constrói os órgãos mais harmoniosamente do que qualquer outro fator. Portanto, isto e a manutenção de uma atmosfera alegre constituem os dois mais excelentes métodos educacionais, e continuam válidos e eficientes, mesmo na falta de outros.

 

Por volta dos sete anos, o corpo vital da criança atingiu uma perfeição suficiente, o que lhe permite receber os impactos do mundo externo. É aí que deve iniciar o trabalho do educador sobre esse corpo vital, auxiliando-o na formação da memória, da consciência e dos bons hábitos, de tal sorte a criar um temperamento harmonioso.

 

Somos responsáveis perante Deus pelas vidas a nós confiadas, e temos de responder ante a Lei de Conseqüência pelo nosso descaso ou por havermos negligenciado a grande oportunidade de guiar, em seus primeiros passos, um companheirinho de jornada no caminho certo. E exemplo é sempre melhor do que preceito.

 

O corpo de desejos nasce aproximadamente aos quatorze anos, na puberdade. É o tempo em que os sentimentos e as paixões começam a exercer poder sobre o adolescente, posto que a matriz da matéria de desejos, que até então protegia o corpo de desejos, é removida. Na maioria das vezes, este é um período de provas para o jovem que aprendeu a reverenciar seus pais e mestres, pois, estes podem, então, ser para ele uma espécie de âncora contra o influxo de sentimentos. Se se habituar a confiar na palavra dos mais velhos, se estes sempre lhe falarem sabiamente, o moço, no mínimo, terá desenvolvido um inerente senso da verdade, que o guiará seguramente. Se, porém, houver uma falha, ele poderá se desnortear. Seja como for, este é o tempo em que deve lhe ser ensinado a investigar as coisas por conta própria, para que aprenda a formar opiniões individuais. Procuremos imprimir-lhes a necessidade de pesquisar cuidadosamente antes de julgar, e também quanto mais fluidas ele puder conservar suas opiniões, mais capacitado estará também para examinar novos fatos e adquirir novos conhecimentos. Deste modo, alcançará sua maioridade aos vinte e um anos, quando a mente se libertar também, e será capaz de ocupar o seu lugar no mundo como um cidadão íntegro e probo, graças àqueles que dele cuidaram amorosamente em seus anos de desenvolvimento, para se tornar um homem ou uma mulher bem-educados.

 

Os conhecimentos e as faculdades espirituais apenas serão utilizados legitimamente quando postas ao serviço amoroso e desinteressado do próximo.

 

Glorioso será o dia em que a fé for absorvida pelo Conhecimento. [Sabedoria, ShOPhIa.]