O objetivo deste longo trabalho foi estudar as vinte conferências proferidas por Max Heindel (Aarhus, Dinamarca, 23 de julho de 1865 – Oceanside, Califórnia, 6 de janeiro de 1919) – um dos mensageiros escolhidos pelos Irmãos Maiores da Ordem Rosa+Cruz para, entre outras tarefas, explicar e transmitir à Humanidade os Mistérios Ocultos nas chamadas Sagradas Escrituras – em Columbus, Ohio, durante o mês de novembro de 1908. Posteriormente, Max Heindel, entre 1909 e 1911, fundou a Fraternidade Rosacruz, em Mount Ecclesia, Oceanside, Califórnia. O que fiz foi escolher algumas passagens destas conferências e republicá-las sob a forma de fragmentos, comentando-os, quando considerei importante.

 

 

Ensinamentos Heindelianos
(A Oração do Senhor: O Pai Nosso)

 

 

Os ensinamentos da Igreja aparecerão clareados [no futuro e sob uma nova roupagem e com outra consistência] por uma Luz até aqui não percebida, os quais serão percebidos sob uma nova dimensão e sob um significado mais amplo e mais satisfatório ao coração e perfeitamente aceitável pelo intelecto. [Por isto tenho dito que o Cristianismo (Gnóstico e Iniciático) é uma coisa; já o Catolicismo (um Cristianismo inteiramente deturpado) é outra, pois, só pode ser mesmo outra.]

 

Quanto mais longínquo for o passado, mais primitiva será a raça e mais grosseira era a sua religião. À medida que o homem avança, também avançam suas idéias religiosas.

 

O biólogo, filósofo, eugenista, escritor, humanista e internacionalista britânico Julian Sorell Huxley (Londres, 22 de junho de 1887 – Londres, 14 de fevereiro de 1975) reconheceu em sua última conferência que enquanto a Lei da Sobrevivência do mais apto marca a linha do progresso animal, a Lei do Sacrifício é o cerne do avanço humano, porque é a Lei que leva o forte a cuidar do fraco, isto é, que leva o primeiro a dar com alegria aquilo que facilmente poderia negar, e fazendo-o prosperar em razão de tais dádivas. [Mas, as dádivas e as doações que deliram com retribuição divina, com prosperidade e com presumida salvação são dádivas fajutas, ilegítimas e insinceras, porque são hipotéticas, desonestas e interesseiras. Só as dádivas categóricas, impessoais e imparciais têm verdadeiro Valor Espiritual.]

 

Precisamos compreender que o homem é um ser [setenário] composto, basicamente, de Espírito, [personalidade-]alma e corpo. O Espírito se manifesta em e pelo pensamento, a [personalidade-]alma em e pelo sentimento e o corpo em e pela ação. E assim, em decorrência desta peculiar constituição, o homem responde tanto a vibrações espirituais quanto a impactos físicos.

 

Não adianta nada ter fé em um galardão futuro, em um céu muito vago, cujo esboço mal se pode distinguir. A Religião Cristã [Verdadeira] requer de nós coragem para vivermos nossa fé [Misericórdia, Fraternidade e Serviço] dia após dia, a vida inteira.

 

A dúvida e o ceticismo têm efeito deletério e maligno sobre o objeto contra o qual se dirigem, enquanto a fé [CONFIANÇA] desperta e amplia nossa capacidade mental, assim como a luz do Sol faz a bela flor desabrochar. Podemos, pois, compreender a necessidade de fé [CONFIANÇA] ao nos acercarmos dos ensinos espirituais. Encarados deste modo, estes se mostram em sua Verdadeira Luz, enquanto a dúvida, a crítica ou o agnosticismo devastam ou minimizam a beleza do conceito espiritual, do mesmo modo que a implacável geada destrói a mais formosa flor.

 

— Tive fé em um padre...
E retrocedi e emburaquei!
Tive fé em um sacristão...
E retrocedi e emburaquei!
Tive fé em uma filha de Maria...
E retrocedi e emburaquei!
Tive fé em um babalorixá...
E retrocedi e emburaquei!
Tive fé em uma cartomante...
E retrocedi e emburaquei!
Tive fé em um xamã...
E retrocedi e emburaquei!
Tive fé em um mandraqueiro...
E retrocedi e emburaquei!
Tive fé em um clarividente...
E retrocedi e emburaquei!
Tive fé em um rabino...
E retrocedi e emburaquei!
Tive fé em um cientologista...
E retrocedi e emburaquei!
Tive fé em um presbítero...
E retrocedi e emburaquei!
Tive fé em um aiatolá...
E retrocedi e emburaquei!
Tive fé em um anacoreta...
E retrocedi e emburaquei!
Tive fé em um cenobita...
E retrocedi e emburaquei!
Tive confiança em mim...
E Avancei, Compreendi e me Libertei!

 

Precisamos admitir que, se fizermos de nossos próprios pontos de vista e conhecimentos o padrão absoluto de verdade pelo qual medimos todas as idéias que nos apresentam [o que equivale a preconceituar, precondicionar e emparedar estas idéias] este padrão e esta medida, sob o ponto de vista cósmico, serão sempre estreitíssimos e limitadíssimos.

 

 

 

 

A criança não está tolhida pelas limitações dos preconceitos. Sua mente está aberta a toda verdade, e aceita com fé, sem hesitar, qualquer ensinamento. O tempo dirá se este é ou não verdadeiro, e só esta prova é por si mesma concludente. O aluno de uma Escola de Mistérios cultiva tal atitude mental, se esquecendo de tudo o mais sempre que examina um novo ensino ou investiga um fenômeno para ele ainda desconhecido, a fim de se prevenir de qualquer parcialidade da mente. Naturalmente, não crê de imediato que o preto é branco ou que o branco é preto, mas, sempre que uma proposição lhe é apresentada, ele está pronto a admitir que pode haver um ponto de vista até ali ignorado, pelo qual um objeto tido como branco possa parecer preto ou vice-versa, e esta é uma atitude mental extraordinariamente vantajosa, porque o homem que a cultiva será capaz de aprender e de ampliar seus conhecimentos, na mesma proporção da criança que mais ouve do que discute.

 

É preciso que fique bem claro que a fé requerida não é uma fé cega nem irracional, apoiada apenas em um credo ou em um dogma contrário à razão, mas, sim, é aquela FÉ significada por uma mente aberta e imparcial, sempre pronta a acolher qualquer proposição, até que uma cuidadosa investigação prove ser a mesma sustentável ou insustentável. [É isto – a cuidadosa investigação racional – o que transmuta a FÉ em CERTEZA, seja para admitir, seja para refutar o que quer que seja. Quem acredita em tudo sem raciocinar/investigar não é muito diferente de um saco de lixo.]

 

 

Se oramos por objetivos mundanos, para fins que contrariam as Leis do Amor e do Bem Universal, nossas orações serão tão inúteis quanto uma chave de vidro num circuito elétrico. A oração egoísta representa uma barreira aos propósitos divinos, devendo portanto ficar sem resposta.

 

O Pai é o mais alto Iniciado do Período de Saturno.

 

O Filho é o mais alto Iniciado do Período Solar.

 

O Espírito Santo é o mais alto Iniciado do Período Lunar.

 

O Espírito Divino e o corpo denso do homem iniciaram sua evolução no Período de Saturno, estando, por isto, sob os cuidados do Pai.

 

O Espírito de Vida e o corpo vital iniciaram sua evolução no Período Solar, ficando, conseqüentemente, em particular, a cargo do Filho.

 

O Espírito Humano e o corpo de desejos começaram a evoluir no Período Lunar, e, portanto, ficaram, especialmente, sob os cuidados do Espírito Santo.

 

A mente foi acrescentada no Período Terrestre, e não ficou a cargo de nenhum Ser externo, mas, apenas, sob o governo do homem, sem qualquer outra ajuda de fora.

 

Na oração do Pai Nosso, Pai Nosso que estais no Céu é um mero endereçamento da oração. Santificado seja o Vosso Nome ergue o Espírito Humano nas asas da devoção até seu aspecto-guardião da Santíssima Trindade. Venha a nós o Vosso Reino alça o Espírito de Vida nas asas do Amor e o endereça à fonte do seu ser, o Filho. Seja feita a Vossa Vontade eleva o Espírito Divino, com superior entendimento, até a matriz da fonte de onde emergiu na aurora dos tempos, o Pai, e manifesta sua confiança na Inteligência Onipresente. O pão nosso de cada dia, dai-nos hoje é uma rogação do Espírito Divino ao Pai por sua contraparte, o corpo denso. Perdoai-nos as nossas dívidas, assim como perdoamos aos nossos devedores é a rogação do Espírito de Vida ao Filho por sua contraparte, o corpo vital. Não nos deixeis cair em tentação é a súplica do Espírito Humano pelo corpo de desejos. Livrai-nos do mal é o apelo final de todos a favor da mente.

 

O que não beneficiar a todos, não poderá, verdadeiramente, beneficiar ninguém. [Mutatis mutandis, é o que venho dizendo em textos anteriores: se algum tipo de salvação houver, ela não poderá acontecer para um ou para meia dúzia de escolhidos; ela terá que acontecer para todos, não só aqui, na Terra, mas, no Unimultiverso inteiro.]

 

 

Salvação
(Simbolicamente)

 

 

No futuro, quando a Religião do Pai se tornar um fato inconteste na vida de todos, o Eu submergirá inteiramente em um propósito comum, em uma vontade única. A Vontade de Deus será então feita assim na Terra como nos céus, onde não mais haverá nem meu nem teu, mas, onde Deus será Tudo em Todos, [porque todos serão todos e todos estarão em todos. O Deus de cada Coração será um só Deus e haverá um só Coração. Cada um será cada um, porém, todos serão UM.]

 

Massacrar o corpo com torturas e jejuns excessivos, conforme se verifica entre os iogues e os hindus, é um erro é tão nocivo ao verdadeiro crescimento espiritual quanto o hábito de comer em excesso. Quando o homem souber e puder controlar seu apetite e nutrir seu corpo com alimentos puros, não precisará mais de jejuns. Ele saberá dar ao seu corpo o pão de cada dia.

 

Um indivíduo que é bom apenas porque não consegue reunir suficiente energia para ser mau não serve para nada. Enquanto somos fracos, a natureza de desejos nos domina e pode nos fazer sucumbir às tentações, mas, quando aprendermos a controlar essa natureza – o nosso temperamento – poderemos, então, prosseguir em harmonia com as Leis de Deus e dos homens.

 

O mal chega ao nosso conhecimento só através da mente discriminatória, que nos capacita a distinguir diversas alternativas de ação e a optar por uma entre tantas possibilidades. Se escolhermos agir em harmonia com o Bem Universal, cultivaremos a virtude; se escolhermos o contrário, nos corromperemos.

 

Ao trocarmos a inocência negativa [das crianças] pela virtude adquiriremos uma qualidade positiva.

 

Glorioso será o dia em que a fé for absorvida pelo Conhecimento. [Sabedoria, ShOPhIa.]