O objetivo deste longo trabalho foi estudar as vinte conferências proferidas por Max Heindel (Aarhus, Dinamarca, 23 de julho de 1865 – Oceanside, Califórnia, 6 de janeiro de 1919) – um dos mensageiros escolhidos pelos Irmãos Maiores da Ordem Rosa+Cruz para, entre outras tarefas, explicar e transmitir à Humanidade os Mistérios Ocultos nas chamadas Sagradas Escrituras – em Columbus, Ohio, durante o mês de novembro de 1908. Posteriormente, Max Heindel, entre 1909 e 1911, fundou a Fraternidade Rosacruz, em Mount Ecclesia, Oceanside, Califórnia. O que fiz foi escolher algumas passagens destas conferências e republicá-las sob a forma de fragmentos, comentando-os, quando considerei importante.

 

 

Ensinamentos Heindelianos
(Astrologia: Alcance e Limitações)

 

 

Existem duas classes de Astrologia e duas de astrólogos: 1ª) aquele que nem mesmo faz um horóscopo para seus clientes, mas que, simplesmente, pede o mês de nascimento, que já diz em que signo se encontrava o Sol por ocasião do nascimento da pessoa. Então, eles copiam de um livro ou de uma das doze fórmulas mimeografadas o "destino" dessa pessoa; e 2ª) o astrólogo científico.

 

Duas pessoas, geralmente, não têm a mesma experiência [porque seus karmas são diferentes], e, portanto, cada vida é distinta de todas as outras. Por isto, qualquer método que não faça tal distinção é falso.

 

O método científico [Astrologia Científica] exige, primeiramente, o dia e o ano do pretendente, pois, tendo em conta todos corpos celestes do nosso Sistema Solar, leva em consideração as posições relativas de cada um deles em relação aos outros naquele momento. [No momento do nascimento da criança.] Tal configuração não se repetirá antes de transcorrido todo um Ano Sideral, isto é, só voltará a acontecer novamente após decorridos 25.868 anos comuns. Assim sendo, com o mesmo horóscopo de uma criança nascida hoje, [sob as mesma circunstâncias], outra criança só poderá nascer daqui a 25.868 anos.

 

Mas, isto não é o bastante, porque se admite que, a cada segundo, nasça uma criança, perfazendo em 24 horas um total de nascituros, que haveriam de ter as mesmas experiências, se tivesse sido considerado apenas o dia do nascimento. Por conseguinte, o astrólogo científico, além do dia, do mês e do ano, pede, ainda, a hora e o lugar do nascimento, pois, é raro nascerem duas pessoas no mesmo lugar, à mesma hora e no mesmo segundo. Até os gêmeos nascem com minutos e até horas de diferença, o que também ocasiona bastante diferença. Há, ainda, a considerar que no movimento contínuo de rotação da Terra, um novo signo desponta no horizonte equatorial a cada duas horas próximos dos pólos, no entanto, alguns signos passam rapidamente devido à inclinação do eixo terrestre, motivo pelo qual pode acontecer de existirem vários signos entre os nascimentos de gêmeos. E isto fará com que suas vidas sejam muito diferentes.

 

Quando duas crianças nascem no mesmo lugar e no mesmo instante, deve haver marcante semelhança em suas vidas, e, quanto a isto, muitos destes casos já foram registrados.

 

O que deve ser considerado é que a Astronomia está para a Astrologia assim como a Anatomia está para a Fisiologia. A Anatomia aponta simplesmente fatos, tais como a localização e estrutura dos órgãos que constituem o corpo, e a Astronomia também simplesmente fornece dados relativos aos corpos celestes. Mas, assim como a Fisiologia se reserva à competência de determinar a utilidade dos diversos órgãos – o que empresta valor a este conhecimento – cabe à Astrologia explicar o significado das mudanças de posições relativas dos corpos celestes sobre o comportamento humano.

 

A condição eletrostática da atmosfera, no momento em que uma criança executa a sua primeira respiração, imprime em cada átomo do sensitivo corpinho uma marca individual. Qualquer mudança na condição atmosférica afetará esse cérebro de modo diferente de todos os outros, uma vez que sua estampa original também difere da de todos os outros.

 

Todas as nossas tristezas e sofrimentos resultam de nossa ignorância, de modo que, pelo conhecimento, poderemos evitar certas desgraças, se aplicarmos a tempo esse conhecimento. E, para compreendermos a amplitude do nosso livre-arbítrio, deveremos reconhecer o fato de que o resultado de nossas ações passadas se efetuam através de um processo tríplice de amadurecimento.

 

Em primeiro lugar, há causas que seguem o seu curso sem que sejam modificadas por outros atos, e se acham tão inexoravelmente próximas de surtir efeitos, que até podem se comparar à bala já disparada de uma pistola: estão além do nosso poder de interferência, tendo que seguir sua trajetória para o bem ou para o mal. Em Ocultismo, são chamadas de causas maduras, e podem ser vistas claramente num horóscopo apropriadamente erigido.

 

A segunda classe de causas é a das que são geradas e liquidadas no dia-a-dia: uma espécie de pagamento à medida que compro. Estas causas, freqüentemente, podem, ser evitadas ou corrigidas pelo conhecimento da Astrologia. As tendências também podem ser vistas no horóscopo.

 

A terceira classe de causas envolve aquelas que estamos gerando, mas, que não podemos liquidar de imediato. Estas são reservadas para acerto nos últimos anos ou em vidas posteriores. A este respeito temos absoluta liberdade. O horóscopo sempre nos ajudará, mostrando nossas tendências, de modo que possamos ser especialmente cuidadosos em certos momentos críticos, tudo fazendo para aproveitar as boas oportunidades, e nos esforçando ao ponto do sacrifício, para dominar uma má tendência.

 

 

Isto poderá ser evitado? Sim, poderá.
(Se for uma causa madura, o efeito não poderá ser evitado.)

 

 

Infelizmente, muitas pessoas só passam admitir a veracidade da Astrologia, se receberem o golpe. Esta, certamente, não é a correta maneira de aprendermos. Todavia, se for, pior para nós.

 

Ninguém vive só para si mesmo. Todos nós nos afetamos mutuamente, e isto o horóscopo também nos mostra. Por exemplo, marido e mulher se acham tão ligados, que os grandes acontecimentos na vida de um podem ser vistos no horóscopo do outro.

 

A ignorância das Causas Ocultas, geralmente, governa a atitude da imensa maioria das pessoas, particularmente dos pais, que, ao invés de terem e de mostrarem tolerância, amor e compaixão com os filhos, costumam dar sermões e aplicar castigos. [Isto só faz agravar as experiências kármico-educativas das crianças. No limite, há crianças que se suicidam!]

 

 

Simbolicamente
(Há pais que fazem isto com os filhos e, até, coisas piores!)

 

 

Jamais, jamais poderemos nos esquecer de que somos guardiões das crianças. [Igualmente, jamais deveremos nos esquecer de que somos os guardiões das 3ª, 2ª e 1ª Hierarquias. Tudo o que fizermos aos animais, aos vegetais e aos minerais estaremos fazendo a nós mesmos.]

 

Caráter é fado [fabricado], e, se conhecermos o caráter de uma criança, poderemos fortalecer suas boas tendências e ajudá-la, com exemplos e com regras, a enfraquecer o mal.

 

 

Isto poderá ser modificado? Sim, poderá.
(Tudo pode ser modificado. Só depende de nós.]

 

 

Uma das maiores utilidades da Astrologia consiste em poder determinar o caráter das crianças, e educá-las de modo a fortalecer seus pontos fracos e debilitar suas tendências para o mal. Na leitura do caráter, a Astrologia é corretamente interpretada em 100% dos casos pelos astrólogos mais experientes, de modo que nenhum pai poderá beneficiar mais seu filho do que encomendando seu horóscopo ou aprendendo a fazê-lo por si mesmo.

 

As previsões da Astrologia Científica poderão falhar? Sim, por vezes, elas poderão falhar devido a um fator que o astrólogo não pode levar em consideração: o livre-arbítrio do homem. Quanto mais evoluído for o homem, mais sujeito estará o astrólogo a falhar, pois, este só pode ver as tendências. A vontade do homem é um fator que está além dele poder calcular. Este é o elemento de incerteza. Se as condições fossem tão invariáveis ou inflexíveis que excluíssem o erro, isto mostraria que um destino inexorável governaria a vida humana, e que seria inútil nos esforçarmos para modificar tais condições. Mas, o próprio fato de que as predições falham já é uma inspiração, pois, mostra que uma certa porção de livre-arbítrio existe, o que é alvissareiro.

 

A Astrologia é, talvez, infalível e de grande utilidade ao determinar a afinidade entre as pessoas, o que pode ajudar a evitar que um matrimônio seja uma loteria ou um fruto do acaso.

 

A Lei de Causa e do Efeito é inevitável, tão inevitável quanto ao fato de lançarmos uma pedra ao ar e de ela voltar à Terra.

 

 

 

 

As influências que aproximam as pessoas são as causas maduras que não podem ser evitadas.

 

A maior de todas as aplicações da Astrologia é no trato de pessoas enfermas. A Lei de Conseqüência apresenta, no devido tempo, os resultados das ações passadas de cada um, quer nesta vida quer em outras. As estrelas são, por assim dizer, o Relógio do Destino. Os Doze Signos do Zodíaco correspondem ao mostrador do relógio, com seus doze números. O Sol e os planetas, em seus movimentos vagarosos, indicam o ano em que certo acontecimento terá lugar. E o movimento rápido da Lua aponta o mês.

 

Há uma classe de pessoas que estão particularmente sob a influência da Lua: os lunáticos, como são chamados. Em suas vidas, as mudanças da Lua são sentidas de modo especial, de modo que para tais pessoas, o astrólogo pode prever não somente o dia, mas, até a hora em que determinada crise se manifestará.

 

Um médico e cirurgião de Portland, Oregon, afirmava que a experiência o ensinara a operar somente e sempre que possível nas fases da Lua Crescente, pois, observara que nesses períodos lunares a vitalidade era bem maior, e as incisões cicatrizavam mais rapidamente do que quando a operação se realizava em fases de Lua Decrescente. [Evidentemente, que isto não se aplica em casos emergenciais.]

 

Para os Ocultistas, os Doze Signos do Zodíaco são os veículos visíveis de Doze Grandes Hierarquias Criadoras, que têm ajudado a Humanidade a evoluir até o presente estágio de autoconscientização, sendo o Sol a roupagem da mais elevada Inteligência espiritual do nosso Sistema, que se manifesta presentemente. Os sete planetas Urano, Saturno, Júpiter, Marte, Terra, Vênus e Mercúrio, são os corpos físicos de Sete Grandes Anjos Estelares, conhecidos em todas as regiões como os Sete Espíritos diante do Trono, os Sete Arcanjos, os Sete Rishis, os Sete Amshaspands etc. Todos atuam consoante a Lei de Conseqüência, e são os Ministros de Nosso Senhor, o Deus Solar.

 

 

 

 

Não poderemos conhecer nosso Pai Estelar antes da Última Iniciação.

 

Nenhum homem é forçado ao mal, e quanto maior for a tentação, maior será a recompensa para aquele que sobrepujar as más tendências indicadas em seu horóscopo. [Já disse e repetirei: nossos melhores professores são as nossas tentações e as nossas eventuais quedas.]

 

Não esqueçamos de que ainda que o astros possam impelir, eles não podem absolutamente compelir. Em última análise, somos os árbitros de nosso destino, e, a despeito de todas as más influências que temos que enfrentar, está em nosso poder, pelo exercício da Vontade, dominar nossas estrelas – a marca de nossa Divindade, ante a qual tudo mais deve se inclinar. Como disse a escritora e poeta estadunidense Ella Wheeler Wilcox (Johnstown Center, Wisconsin, 5 de novembro de 1850 – Short Beach, Connecticut, 30 de outubro de 1919) em Os Ventos do Destino, de 1916, [que também deixou gravado: Ria e o mundo rirá com você; chore e você chorará sozinho]:

 

 

Ella Wheeler Wilcox

 

 

Um barco sai para o Leste
e para o Oeste um outro sai,
com o mesmo vento que sopra,
numa única direção.
É a posição certa das velas
e não o sopro do vento
que determinará, por certo,
o caminho em que eles seguirão.
Os caminhos do destino
são como os ventos do mar.
Conforme nós navegarmos,
é a ação da [personalidade-]alma
que à Meta nos irá levar,
e não a calmaria
ou o constante lutar.

Por isto, nada custa acrescentar:
a Meta, que tentamos alcançar,

depende de Humildade e de Paciência,
de Misericórdia e de Solidariedade,
de Amor, de Bem e de Beleza cultivar.

Mas, afinal, qual é a Meta
que devemos conquistar?
Todos nós, sem exceção,
Deuses Conscientes deveremos nos tornar.

 

Ao Discípulo da Antiga Sabedoria, era ensinado a perceber que o homem não é uma personalidade – [um ego] – mas, essencialmente, é um Espírito. [Manly Palmer Hall.]

 

Glorioso será o dia em que a fé for absorvida pelo Conhecimento. [Sabedoria, ShOPhIa.]