O CRISTIANISMO ESOTÉRICO
OU
OS MISTÉRIOS MENORES
(Terceira Parte)

 

 

 

Annie Besant

Annie Besant

 

 

 

 

Ó Vida Oculta vibrante em cada átomo! Ó Luz Oculta brilhando em cada criatura! Ó Amor Oculto abraçando todos na Unidade! Que cada um se sinta Um Contigo, sabendo que Tu estás em todos.

Annie Besant

 

 

 

 

Rodolfo Domenico Pizzinga

 

 

 

Objetivo do Estudo

 

 

 

Este estudo se constitui da terceira e última parte de uma coletânea de fragmentos selecionados da obra O Cristianismo Esotérico ou Os Mistérios Menores, de autoria de Annie Wood Besant (Londres, Inglaterra, 1º de outubro de 1847 – Adyar, Madras, Índia, 30 de setembro de 1933), uma teósofa, militante socialista, maçom, ativista e defensora dos direitos das mulheres, e uma das mais notáveis oradoras da sua época e autora de uma vasta obra literária sobre Teosofia. Na verdade, esta obra deveria ter sido nominada de Catolicismo Esotérico ou Os Mistérios Menores, uma vez que, conforme já aludi em textos anteriores, Cristianismo é uma coisa, e Catolicismo é outra completamente diferente. Só os religiosos, sem conhecimento algum da Tradição Gnóstica, sinonimizam Cristianismo e Catolicismo. Seja como for, por enquanto, pense nisto: O Iniciado não vê o Cristo fora de si mesmo. Ele sabe que o Caminho é se tornar ele-mesmo o Cristo, até que, pelo Bom Combate, como Homem Perfeito, o Cristo, definitivamente, viva nele. Haverá coisa mais bonita do que isto?

 

 

 

Coletânea de Fragmentos

 

 

 

Estacionar ou retroceder é continuar na vida da sensação, na vida do intelecto, na vida do mundo. [É encarnar compulsoriamente]. 'Aquele que deseja manter sua vida a perderá.' (Mateus, XVI: 25). Ao contrário, quem desiste de sua vida, ao perdê-la, encontra a Vida Eterna!1

A Vida que é ganha por um é ganha para todos; não para o ego separado.

 

 

 

A Lei do Sacrifício tem por base o Sacrifício Primordial do Logos – o Sacrifício de que todos os outros sacrifícios são reflexos. E, para nós, o maior Sacrifício conhecido foi o do Homem Jesus, o Discípulo-Iniciado Hebreu, que abandonou [temporariamente] Seu Corpo, em alegre entrega, para que uma Vida Superior [o Christus] pudesse descer e se projetar na forma física que Ele sacrificou e doou voluntariamente.2

Aqueles que sacrificam sua vida separada para serem canais da Vida Divina não podem ter interesse neste mundo, exceto o de ajudar os outros.3

Um Iniciado deve desenvolver uma simpatia que vibre em perfeita harmonia com o multíplice acorde da vida humana, para que possa ligar em si as vidas humanas e as Vidas Divinas, e se tornar um mediador entre o céu e a Terra. A marca característica do seu ministério é que os mais inferiores e os mais pobres, os mais desesperados e os mais degradados, não sintam nenhuma barreira de separação quando se aproximam dele.

O Verdadeiro Centro da Vida Divina reside no interior e não no exterior. A Verdadeira Unidade do Pai [Deus Interno] e do Filho [Iniciado] deve ser encontrada dentro e não fora.

O último ordálio, o último desamparo, é se sentir esquecido e solitário. 'Que passe esta taça!' Mas, ao sentir a última dor da separação, o Iniciado, finalmente, encontra a Unidade Eterna! Ele sente que a fonte da Vida está dentro de si-mesmo, e se torna eterno! Ninguém poderá se tornar um Salvador Pleno dos homens nem simpatizar perfeitamente com todos os sofrimentos humanos, a menos que tenha enfrentado e vencido a dor, o medo e a morte sozinho, salvo apenas pela ajuda do seu Deus Interior.

A Humanidade estaria ainda mais cheia de combates e tomada de conflitos não fosse pelos Cristos-discípulos vivendo em seu meio, e harmonizando muitas das forças conflitantes em paz.

Só é preciso uma condição para que um Cristo possa compartilhar Sua força com um irmão mais jovem: que, na vida individual, a consciência humana se abra para o Divino, se mostre receptiva para com a Vida ofertada, e tome o Dom livremente derramado. Assim sendo, o fluxo de Força e Vida não será derramado, a menos que a [personalidade-]alma o deseje receber. O Sol, lá fora, está brilhando, a luz é imutável; é preciso deixar as janelas abertas para a luz do Sol poder entrar.4

Duvidar do poder de subir [ascensionar] é duvidar da existência do Deus Interior. Então, fé só pode ser entendida como fé no próprio Deus Interior.

Existe um modo pelo qual a Sombra da Vida Crística pode recair sobre a vida comum dos homens, e é fazendo todo ato como sacrifício, não pelo que irá resultar para quem o executa, mas, pelo que trará para os outros, e, na vida diária comum de pequenos deveres, ações pequenas, interesses estreitos, através da mudança dos motivos, e, assim, mudando tudo [o que puder ser mudado]. Nada na vida externa precisa necessariamente ser alterado; em qualquer vida pode ser ofertado um sacrifício.

A espiritualidade é assinalada não pelo que o homem faz, mas, pelo modo como o faz; a oportunidade de crescimento reside não nas circunstâncias, mas, na atitude do homem para com elas. Ou seja: tudo o que o aspirante faz deve ser dinamizado pelo fervor do amor auto-sacrificante.

'Quando alguém entra na Senda, coloca seu Coração sobre a Cruz; quando a Cruz e o Coração se tornarem um só, então, a meta foi atingida'.

 

 

 

 

As Doutrinas da Ressurreição [± três dias...] e da Ascensão de Cristo também formam parte dos Mistérios Menores, sendo partes integrais do Mito Solar e da História de Vida do Cristo no homem.

Toda existência manifesta é dual, tanto em um grão de pó como no Logos – o Deus manifesto. Em a Natureza, a dualidade é repetida em toda parte. Tudo no Universo é formado desta dualidade original.

 

 

 

 

A Doutrina ou Lei da Reencarnação era ensinada na Igreja Primitiva.

Corpo Espiritual = Corpo Causal + Corpo de Bem-aventurança + Terceiro Corpo.

O Corpo Causal é o receptáculo da experiência humana, a casa do tesouro na qual é guardado tudo o que reunimos em nossas vidas;, é a sede da Consciência, o possuidor da Vontade.

O Corpo de Bem-aventurança, Corpo Glorificado do Cristo ou Corpo da Ressurreição pertence à Vida Crística, à Vida da Iniciação, ao desabrochar Divino no homem, e cresce durante todo o ciclo de vida ou vidas do Iniciado, atingindo sua perfeição só na Ressurreição.

O Terceiro Corpo é o Corpo que distingue o Espírito Individual como um Ser, sendo a mais alta subdivisão do Corpo Espiritual, no qual ascendemos até o Pai [nosso Deus Interior], e nos unificamos a Ele. Ao acontecer a Unificação, o Espírito Trino se torna Uno, sabe-Se eterno e [re]encontra o Deus Oculto.

 

 

 

 

Na medida em que um homem domine sua natureza inferior e se torne altruísta em seus desejos, sentimentos e emoções, na medida em que torne seu amor pelos que o cercam menos egoísta, menos exigente e menos autoritário, ele estará purificando seu Veículo Superior de Consciência. O resultado é que quando estiver fora do corpo, durante o sono, ele terá experiências mais elevadas, mais puras e mais instrutivas, e quando, pela morte, abandonar seu corpo físico, ele passará rapidamente pelo estado intermédio, e o corpo de desejos se desintegrará com grande rapidez, e não o atrasará em sua jornada para diante.

O Céu não está longe de nós, mas, nos rodeia de todos os lados, e só estamos afastados dele por nossa incapacidade de sentir suas vibrações, e não por sua ausência; porquanto estas vibrações estejam atuando em nós todos os momentos de nossas vidas, tudo o que é necessário para estar no Céu é se tornar consciente das suas vibrações.

O Sol sempre foi tomado como símbolo do Cristo Ressurrecto – o Cristo Triunfante.

A Ascensão para a Humanidade será quando toda a raça tiver atingido a condição Crística, o estado de Filho, e quando o Filho se tornar uno com o Pai, e Deus for tudo em todos. Esta é a meta, prefigurada no triunfo do Iniciado, mas, atingida somente quando a raça humana estiver perfeita, e quando 'a grande órfã Humanidade' já não for mais órfã, mas, se reconhecer conscientemente como Filha de Deus.5

Cristo não foi uma personalidade única, mas, 'as primícias dentre os que dormem.' (I Coríntios, XV: 20). Todo homem haverá de se tornar um Cristo. Cristo é o modelo que todo homem deve reproduzir em si-mesmo; a vida da qual todos devem partilhar. Desta forma, os Iniciados sempre foram considerados como alguns destes primeiros frutos – a promessa6 de uma raça tornada perfeita.

Jamais seremos 'salvos' [ou qualquer coisa equivalente] por um Cristo externo. Só poderemos ser glorificados em um Cristo Interior [in Corde]. Por isto, o entendimento Gnóstico do Evangelho é bem maior e mais profundo do que o entendimento do Evangelho Teológico Católico! Colocado ao lado do grandioso ideal do Cristianismo Esotérico, o ensinamento exotérico das igrejas parece realmente estreito e pobre.

Frase-símbolo da fé islâmica: 'Não existe outro Deus além de Deus.' [Profeta Muhammad].

A Existência Ilimitada, conhecida em sua completude apenas por Si-mesma, é a Treva Eterna, de onde nasce a LLuz.

O Uno aparecendo como Trino, ou seja, como Três Poderes manifestos, sempre formou uma parte essencial nos Mistérios Menores.

KeTheR + ChoKMaH + BINaH Suprema Trindade O Raio do Uno fora do tempo.

Devido à impossibilidade de uma comunicação direta e sensível com a Grande Deidade Única, sempre foram interpostos um ou mais seres intermediários como canais de comunicação.

O triângulo é freqüentemente usado como símbolo do Deus Triuno.

Taoísmo: 'A Razão Eterna produziu o Um, o Um produziu o Dois, o Dois produziu o Três e o Três produziu todas as coisas'.

 

 

 

 

Doutrina Cristã sobre a Trindade: Três Pessoas Divinas Pai: a origem e o fim de tudo; Filho: dual em natureza – Verbo ou Sabedoria [ShOPhIadual em natureza]; Espírito Santo: inteligência criativa, aquele que, velando sobre o caos de matéria primordial, a organiza em materiais dos quais as formas podem ser construídas.

Manifestação do Um como Primeiro Ser, a Raiz [sem raiz] de tudo, a Palavra-Vontade —› a Sabedoria —› a Inteligência Criativa, a Mente Divina em Ação.

A bem da clareza, os três aspectos do Uno (suas funções) podem ser analisados em separado, mas, não podem ser desvinculados entre si. Cada aspecto é necessário aos outros dois, e cada um está presente nos outros dois. No Primeiro Ser, a Vontade-Poder é vista como predominante, como característica, mas, a Sabedoria e a Inteligência-Ação Criativa também estão presentes; no Segundo Ser, a Sabedoria é vista sobressair, mas, a Vontade-Poder e a Inteligência-Ação Criativa, não obstante, lhe são inerentes; no Terceiro Ser, a Inteligência-Ação Criativa é vista como prevalecente, mas, a Vontade-Poder e a Sabedoria também serão vistos.7

 

 

Raiz-sem-raiz–›ShOPhIa–›Inteligência Criativa
(Animação Meramente Pictórica)

 

 

Mas, há uma Quarta Pessoa ou, em algumas religiões, uma segunda Trindade, feminina – a Mãe. É Aquela que torna a manifestação possível, Aquela que, eternamente no Uno, é a raiz da limitação e da divisão, e que, quando manifesta, é chamada de Matéria [estabilidade (inércia ou resistência), movimento e ritmo ou vibração]. Ela é o Não-Eu Divino, a Matéria Divina, a Natureza Manifesta. Considerada no Uno, Ela é o Quarto Princípio, que torna possível a atividade dos Três, como campo para Suas atuações, por virtude de Sua infinita divisibilidade, e, como está em Lucas, I: 38, é a 'Donzela do Senhor'. Quando as três qualidades [estabilidade (inércia ou resistência), movimento e ritmo ou vibração] estão em equilíbrio, a Matéria Virgem é improdutiva. Todavia, quando o Poder do Altíssimo Se Lhe infunde e o alento do Espírito paira sobre Ela, as qualidades são postas fora do equilíbrio, e Ela se torna a Divina Mãe dos mundos.

 

 

 

 

O princípio da atração que mantém os mundos e tudo neles em ordem e equilíbrio perfeitos é a Sabedoria Poderosa, que gentilmente ordena todas as coisas e que sustenta e preserva o Universo.

Na ilimitada esfera cósmica, tudo existe não-separado.

 

 

 

 

O Amor, como Preservador, Sustentador e Salvador, é o poder de atração, que dá coesão às formas, possibilitando-lhes crescer sem se desorganizar.

 

 

Desorganização Aparente8

 

 

Na expansão da consciência, há manutenência da identidade, ou seja, não há perda da memória do passado nem nada do que foi experimentado na longa escalada para cima. E, quando o ser-aí-no-mundo se tornar autoconsciente ('Deus conosco'), será um auxiliador no progresso-ascensão-reintegração do mundo – o Perfeito Auxiliar de todos os seres vivos, porque conhece cada estágio, porque ele o viveu, sendo, assim, capaz de ajudar em todos os locais, uma vez que apre(e)ndeu por experiência pessoal. 'Quem sofreu a tentação é capaz de socorrer os que são tentados.' (Hebreus, II: 18).

O homem evolui, primeiro, da vida do intelecto, depois, para a Vida do Cristo.

 

 

 

 

Nada pode ser pequeno o bastante para não afetar a Delicada Consciência Onipresente, e nada pode ser vasto o bastante para transcendê-La.

Uma mosca ficaria perplexa, se tentasse avaliar a consciência de Pitágoras [ou a Teoria da Relatividade de Einstein]. E nós, por sermos tão limitados, nos dá vertigem e confunde a idéia de uma Consciência Todo-abrangente.

Assim como o ímã atrai o ferro, igualmente assim uma pessoa funciona para uma forma de desejo, e a forma é atraída para ela.

No caso da maioria das pessoas – ignorante das forças que podem ser aplicadas aos mundos invisíveis e desabituadas a exercitar sua vontade, e sem a concentração da mente e o ardente desejo que são necessários para que uma ação seja bem-sucedida as coisas são muito mais facilmente atraídas pela oração do que por um deliberado esforço mental para aplicar sua própria força. [E, se ou quando a coisa acontece, geralmente, ela é chamada de milagre, e o religioso acredita mais deslumbrantemente que Deus é fiel].

Que a pessoa, ao orar, não entenda o mecanismo que aciona, não afeta em nada o resultado. Assim se passa com o homem que reza, desconhecedor da força criativa de seu pensamento. Ele age inconscientemente como a criança, e como a criança poderá obter o que quer. Mas, a dúvida é fatal ao exercício da vontade. Entretanto, com relação à prece, uma poderá ir até seu objetivo, e desimpedida, produzir seu efeito; a outra poderá ser desviada pelas forças muito mais poderosas de um erro passado em processo de compensação, sendo, assim, bloqueada e desfeita pela corrente de um mal praticado no passado [nesta encarnação ou em encarnações anteriores], sendo inteiramente frustrada. Seja qual for o caso, o resultado segue a Lei.

'Ouvi! Eu estou à porta, e bato: se algum homem ouvir a minha voz e abrir a porta, eu entrarei.' (Apocalipse, III: 20).

Em todos os departamentos da Natureza, as Energias Divinas estão atuando, e tudo o que um homem faz ele o faz por meio das energias que estão atuando na linha ao longo da qual ele deseja agir. Suas maiores conquistas são realizadas não por suas próprias energias, mas, pela habilidade com que seleciona e combina as forças que o auxiliam, e neutraliza as que se opõem a ele com aquelas que lhe são favoráveis. Forças que nos carregariam como folhas no vento se tornam nossos mais eficazes servidores quando trabalhamos com elas.

A meditação é a prece silenciosa ou não pronunciada ou, como Platão expressou, 'a ardente sintonização da Alma em direção ao Divino; não para pedir qualquer bem em particular (como no sentido comum da prece), mas, pelo Bem-em-si, pelo Bem Supremo Universal,' (Helena Petrovna Blavatsky).9

No Tratado Gnóstico Pistis Sophia, está dito que o propósito dos Mistérios é a remissão dos pecados (terminação ou cumprimento consciente do 'karma' e libertação do cativo), que a falsificação espiritual implantou na [personalidade-]alma.

A planta que nasce da semente do mal é sempre a tristeza. E assim, um efeito experimentado através de nossa consciência física é a culminação de uma causa desencadeada no passado [próximo ou remoto]. É o fruto colhido, isto é: uma força particular que esteve atuando fora, sobre a mente, antes que aparecesse no corpo, se torna manifesta e, com o tempo, se exaure. Sua manifestação aguda (seu aparecimento no mundo físico) é o sinal da completude do seu curso. Tenhamos em mente que uma disfunção física é a última expressão do mal cometido no passado. Mas, cumprido ou esgotado o 'karma', a harmonia restabelece a saúde. Um Conhecedor do 'karma', como foi Jesus ['Teus pecados te são perdoados. Tua fé te salvou; ide em paz'. (Lucas, VII: 48 – 50)], pode declarar o fato e dar a ordem de libertação (que corresponde a um Batismo indulgente de 'pecados'). Se nenhum Ser, como Jesus, estiver fisicamente presente, a doença passará sob o toque restaurador da Natureza, sob uma força aplicada por Inteligências Invisíveis, que levam a cabo, neste mundo, as atuações da Lei 'Kármica'. Já, quando um Grande Ser está atuando, esta força é de um poder mais impositivo, e as vibrações físicas são de imediato sintonizadas em direção à Harmonia [Harmonium] – que é o restauro saúde. [E assim, Jesus jamais operou um único milagre, pois, milagre não existe, já que a Natureza não pode ser contrariada e a Ordem Cósmica não pode ser violada. O que Jesus fez foi pôr em funcionamento Leis Cósmicas específicas que conhecia perfeitamente bem. Entretanto, nos casos das curas operadas por Jesus, elas puderam acontecer porque, de uma forma ou de outra, o 'karma' já havia sido cumprido ou retribuído. Afinal, Ele não curou a Palestina inteira! E o resto do mundo seguiu seu curso. Nesta matéria, o que precisamos considerar é que seria uma tremenda injustiça que Jesus curasse uns e não curasse outros. Se a coisa fosse assim fácil de ser feita, bastaria um simples ato de vontade da parte de Jesus, e, não só os doentes da Terra, mas, os doentes do Universo inteiro seriam curados, o que é absolutamente impossível e impensável.]

 

 

 

 

O Deus Interno do homem [a Vida da vida; a LLuz das trevas; o Sol da meia-noite; o Lapis Philosophorum] é verdadeiramente ele-mesmo.10

Perdão dos Pecados Compreensão Místico-Iniciática.

A essência do 'pecado' está na asserção da vontade da parte contra a Vontade do Todo, do humano contra o Divino. Quando isto é alterado, quando o Ego coloca sua vontade separada em união com a Vontade que trabalha para a evolução, então, no mundo, onde querer é realizar, no mundo, onde os efeitos são vistos tão presentes como as causas, o homem 'é contado entre os Justos'.

'Não julgueis'. (Mateus, VII: 1). 'O Mistério Mais Elevado sempre perdoa'. Os Mistérios do Inefável, que tem compaixão todas as vezes, perdoa eternamente os pecados'. (Pistis Shophia).11

A Essência de todas as energias é uma e a mesma, seja no mundo visível, seja no mundo invisível; mas, as energias [freqüência vibratória] diferem de acordo com os graus de matéria através dos quais se manifestam.

 

 

m vibrações por segundo

 

 

m + n vibrações por segundo

 

 

Os Sete Sacramentos [sinal externo e visível de uma graça interna e invisível] do Cristianismo [Batismo, Confirmação (ou Crisma), Eucaristia, Reconciliação (ou Penitência), Ordem (o poder e a graça de exercer funções e ministérios eclesiásticos), Matrimônio e Unção dos Enfermos (Extrema-unção)] cobrem toda a vida, desde as boas-vindas do Batismo até o adeus da Extrema-Unção. Eles foram estabelecidos por Ocultistas, por homens que conheciam os mundos invisíveis; e os materiais usados, as palavras ditas, os sinais feitos, foram todos deliberadamente escolhidos e arranjados com o intuito de produzir certos resultados. No tempo da Reforma, as Igrejas separatistas que se livraram do jugo de Roma não foram guiadas por Ocultistas, mas, por homens comuns do mundo, alguns bons e outros maus, entretanto, todos profundamente ignorantes dos fatos dos mundos invisíveis, e conscientes apenas da casca externa do Catolicismo, seus dogmas literais e seu culto exotérico. A conseqüência disto foi que os Sacramentos perderam seu lugar supremo no culto Católico, e na maioria das comunidades Protestantes foram reduzidos a dois: o Batismo e a Eucaristia.

Uma energia (ou grupo de energias) é o véu de uma Inteligência (de uma Consciência) que tem aquela energia como sua expressão externa, e a matéria na qual a energia se move fornece uma forma que a Inteligência guia ou anima.

Em todas as religiões existem sons de um caráter peculiar, chamados de "Palavras de Poder", consistindo de frases em uma língua particular cantada de uma forma especial; cada religião possui um estoque de tais frases, seqüências especiais de sons, agora chamadas muito genericamente de "mantras", que é o nome que se lhes dá no Oriente, onde a ciência dos mantras tem sido muito estudada e elaborada. Não é necessário que um mantra – uma seqüência de sons arranjada de um modo particular para produzir um resultado definido deva estar em qualquer linguagem em especial. Qualquer língua pode ser usada para este propósito, embora algumas sejam mais adequadas do que outras, desde que a pessoa que cria os mantras possua o conhecimento oculto necessário. Há centenas de mantras na língua Sânscrita, feitos por Ocultistas do passado, que estavam familiarizados com as leis dos mundos invisíveis. Estes mantras foram transmitidos de geração em geração, palavras definidas em uma seqüência definida cantadas em um modo definido. O efeito do canto é criar vibrações, e com isso formas, nos mundos físico e superfísico, e de acordo com o conhecimento e pureza do cantor o seu canto será capaz de afetar um ou outro mundo. Se seu conhecimento for vasto e profundo, se sua vontade for forte e seu Coração for puro, quase não há limite para os poderes que ele poderá exercer ao usar um destes antigos mantras.

 

 

 

 

 

 

Realizando o Possível
(A Alforria é Factível)

 

 

 

Ofertar o visível em troca do Invisível

é esperar o cumprimento do impossível.

Comerciar com a Divindade a salvação

é uma fraudatória e hipotética delusão.

 

Só subordinando o ego ao Eu Interno,

nada requestando e nada ambicionando,

a Santa Una-Vida a tudo primoponendo,

será transmutado o que é sobre-horrendo.

 

Quantas vidas haverão de ser inevitáveis

para que deixemos de ser abomináveis?

Quantas encarnações nós precisaremos?

Quantas desgraças nós ainda curtiremos?

 

 

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Os Deuses? Os Deuses nada podem fazer;

cada qual terá que transmutar o seu não-ser.

Mas, a alforria do ser-aí-no-mundo é factível!

 

 

 

 

 

 

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Notas:

1. Desistir da vida não é se suicidar. É, conscientemente, abrir mão das ilusões que a vida objetiva oferece. Mas, ninguém poderá abrir mão das coisas assim de uma hora para a outra. Quem abre mão de um petit gateau quentinho com sorvete geladinho de creme? Só diabético que sabe que é diabético. E, mesmo assim... Por isto, tenho dito tantas e tantas vezes: só a compreensão liberta. E assim, cabem as perguntas: o que esperam alcançar judeus e palestinos se matando mutuamente, entra ano sai ano? O que espera alcançar o Boko Haram seqüestrando, estuprando e matando? O que espera alcançar Bashar Hafez al-Assad com a matança que tem imposto ao povo sírio? O que espera alcançar a República Democrática Popular da Coréia com as demonstrações de força que tem oferecido ao mundo? O que esperam alcançar os grupos guerrilheiros de diferentes tipos que atuam atualmente na República do Iraque? O que esperam alcançar os separatistas ucranianos? O que esperam alcançar as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia – Exército do Povo? O que esperam alcançar os ditadores e os torturadores do mundo? O que esperam alcançar os autonomeados religiosos-cegos condutores de cegos? O que esperam alcançar os milicianos cariocas que exploram e se apoderam do que não lhes pertence? O que esperam os que só esperam, dia e noite, noite e dia, e nada fazem para deixar de esperar?

2. Na realidade, tudo é reflexo do Logos.

3. Mas, note bem e pense muito bem nisto: ajudar (auxiliar e ensinar) não significa alterar ou apocopar a experiência do outro nem fazer ou expiar pelo outro o que cabe ao outro compreender e fazer por si. Até certo ponto, fazer com o outro é aceitável; fazer pelo outro é uma inútil e infértil absurdidade. Isto é mais ou menos como um fanho, que, para piorar é ceguinho (e agora não sei se é fanho-ceguinho ou se é ceguinho-fanho), que está parado em um sinal de trânsito e quer atravessar uma rua. Você pode e deve ajudá-lo a atravessar a rua; não atravessá-la por ele. Se você, absurdamente, atravessar a rua pelo fanho-ceguinho, você seguirá em frente, claro, mas, o ceguinho-fanho ficará fanhoseando no mesmo lugar, e xingando a sua mãe (que não tem nada com isso)! Nem que o surrealistíssimo Salvador Domingo Felipe Jacinto Dali i Domènech, 1º Marquês de Dalí de Púbol (Figueres, 11 de maio de 1904 – Figueres, 23 de janeiro de 1989) arrancasse os bigodes conseguiria pintar um surrealismo estapafúrdio destes! E acho que nem Luís Vaz de Camões (Lisboa[?], cerca de 1524 – Lisboa, 10 de junho de 1580), que poetificou que As armas e os barões assinalados/Que da Ocidental praia Lusitana,/Por mares nunca dantes navegados/Passaram ainda além da Taprobana (que não tem nada a ver com Copacabana)... comporia uma obra poética ou o que quer que fosse para narrar esta bananosa! E eu só fico a pensar no coitado do fanho, que, para piorar é ceguinho (e continuo sem saber se é fanho-ceguinho ou se é ceguinho-fanho), parado em um sinal de trânsito, agora, já louco para fazer um xixizinho amigo, xingando uma pobre mãe (que não tem nada com isso)! Acho que vou dar uma paradinha aqui, e vou até lá ajudá-lo a atravessar a rua, senão ele acaba se mijando todinho!

 

 

Salvador Dalí
(Crucificação – Corpus Hypercubus)
(Não sei o que Camões está a fazer aí!)

 

 

4. Este é o significado do Querer do Axioma Zoroastriano: Saber, Querer, Ousar, Calar. Mas, como disse Annie Besant, a vontade humana não pode ser forçada, senão a Vida Divina nele teria sua devida evolução bloqueada. Isto nada tem a ver com a idéia ou doutrina absurda da expiação vicária (purificação de crimes ou faltas cometidas por um outro que não seja o próprio) como uma espécie de transação legal, na qual Jesus assume o lugar do pecador e expia por ele. Sobre isto, disse Annie Besant: a identidade de natureza foi mal tomada como uma substituição pessoal, e, assim, a Verdade Espiritual foi perdida na rudimentaridade de uma troca judicial. E daí, nasceram os dízimos hipotéticos, as promessas, as autoflagelações, os negócios com Deus etc. Havendo mérito, a Illuminação é grátis; não pode ser comprada! Em resumo: unidade de uma vida comum não significa substituição vicária.

5. Por isto, e só por isto, tenho dito que, simbolicamente, se salvação houver ou se puder haver, não poderá acontecer só para um ou para meia dúzia ou para dúzia e meia de escolhidos; ela deverá acontecer para todos. Não há essa coisa esquisitética de povo escolhido por não-sei-quem, para ir para-não-sei-onde, para fazer não-sei-o-quê, à direita de-alguém, para toda a eternidade e mais quarenta e cinco minutos e onze segundos. Enquanto um ser-aí-no-mundo sofrer, todos os seres-aí-no-mundo sofrerão; enquanto um ser-aí-no-mundo estiver perdido e afastado, todos os seres-aí-no-mundo, estarão perdidos e afastados. Ora, ou somos todos Um ou não somos todos Um no seio do Um – Aquilo em que não há variação nem sombra de desvio. (Tiago, I: 17)! Sermos Um para umas coisas e não para outras é sesquipedal ignorância e superlativo preconceito-egoísmo. Quem, por qualquer motivo, sem exceção, afasta, isola ou alija um ser-aí-no-mundo está se auto-afastando, se auto-isolando e se auto-alijando potencialmente pelo mesmo motivo. Um bom exercício místico é, de vez em quando, orar pelo ser mais execrável (vivo ou morto) que você conheça. E, se você orar (meditar) uma única vez, se predispondo a auxiliar para sempre os abomináveis, os detestandos e os odiosos, isto ficará e estará registrado, feito e selado no seu arquivo cósmico pessoal. O fato é que não cabe a nenhum de nós julgar se um homem-sem-alma ou uma mulher-sem-alma merecem ou não merecem ser dissolvidos e entropizados. Aqui cabe o seguinte desabafo: porra, quem somos nós?

6. Promessa no sentido de Senda Estreita sendo trilhada, pois, a coisa não está e jamais estará pronta e acabada. E assim, em um certo sentido, os Iniciados são a Luzes do Mundo.

7. No Sepher Yezirah, está escrito: Ele é Um acima de Três, Três estão acima de Sete, Sete estão acima de Doze, e Todos estão ligados. (Sublinhado meu). Então, Primeiro, Segundo e Terceiro devem ser vistos como coirmãos, coiguais. Nenhum é maior ou menor (mais importante ou menos importante) do que o outro, Princípio Universal que vale para tudo: nada é superior ou inferior a nada, coisa alguma é mais digna de consideração do que coisa alguma. Um está ligado e depende de Dois e de Três; Dois está ligado e depende de Um e de Três; Três está ligado e depende de Um e de Dois. Todos nós estamos ligados a tudo e a todos, e tudo e todos estão ligados a nós. Não há sequer um buraquinho vazio! O sentimento preconceituoso, egoístico e xenofóbico de separatividade, talvez, seja a maior boçalidade-negridão praticada pelo ser-aí-no-mundo; mas, se não for, pelo menos, com certeza, é o padrasto maldito de todas as desgraças e de todos os retrogressos, pessoais e coletivas. É por isto e por um desmedido Amor pela Humanidade, e somente por isto, que digo-redigo e redigo-digo o que já disse e o que já redisse. Até quando, ó separatividade, desgraçarás e retrogredirás a existência humana? Até quando?

 

 

Ad Æternum

 

 

8. Na realidade, para nós, tudo é aparência. Se você prestar atenção na animação (acelerada) referente à esta nota, verá que há apenas modificação estrutural (na estrutura cristalina), mas, não destruição da coisa. Então, como regra, podemos admitir, que sempre há mudança do que é [(re)fazimento ininterrupto], jamais desaparecimento (desfazimento) em um nada inexistente. Uma coisa poderá deixar de existir como coisa, mas, digamos assim, não poderá deixar de ser Coisa, ou seja, a Essência por trás da coisa permanece, pois, não pode(rá) ser destruída. Isto está resumido na famosa fórmula relativística einsteiniana E = mc2. Bem, se o inferno existir, o desgraçado que for mandado para lá não será destruído como desgraçado; continuará desgraçado até que o inferno congele. Até eu gostei desta gracinha, que é absolutamente falsa e contraditória!

9. Então, poderemos pensar e admitir que há dois tipos básicos de prece: 1º) a prece hipotética, geralmente religiosa, feita por um motivo específico, para que se obtenha alguma coisa; e 2º) a prece categórica, em que nada é pedido ou almejado, mas, ao contrário, em que o Místico se coloca em disponibilidade interna para Servir. Assim, como disse Annie Besant, o Místico contempla a Visão Beatífica, o Sábio descansa na Sabedoria que está além do conhecimento vulgar e o Santo alcança a Pureza de Deus... Isto se resume em Illuminação, Comunhão e recepção da Plenitude do Fogo Divino. Na verdade, qualquer coisa diferente disto é uma mistura de superfluidade e de impertinência, próprias da ignorância.

10. É por isto que, nas Iniciações Psíquicas, na verdade, o Iniciador é o próprio Iniciado. Nada vem de fora; tudo vem de dentro. É sempre a nossa própria força que opera. É o desdobramento da nossa própria Energia Divina o que nos eleva a um Plano Superior. E isto é um Mistério a ser compreendido e realizado!

11. Isto é assim e não é assim. Entendamos bem as palavras de Jesus no Pistis Shophia (se alguém transgredir mais de doze vezes, se der as costas e transgredir, não mais será perdoado, de modo que possa voltar ao seu Mistério, qualquer que seja): um homem ou uma mulher sem-alma, que ultrapassaram o limite de um possível entendimento, que, por assim dizer, mereça perdão, não poderão manter suas individualidades. Quando isto acontece, o resultado cósmico é a inevitável entropização.

 

 

Entropia da Individualidade

 

 

Canto Gregoriano de fundo:

Salve Regina
Interpretação: Coro de Monges do Monastério Beneditino de Santo Domingo de Silos

 

Páginas da Internet consultadas:

http://www.purifymind.com/Om9.htm

http://en.wikipedia.org/wiki/Vibration_fatigue

http://www.netanimations.net/
Blazing-fire-explosion-animations.htm

http://giphy.com/gifs/uEfcv2V0sNANq

http://acervobecre.blogspot.com.br/2012/02/
eb-23-livro-barbi-ruivo-o-meu-primeiro.html

http://en.wikipedia.org/wiki/
Crucifixion_(Corpus_Hypercubus)

https://plus.google.com/+thodoriskoutouvidis
#+thodoriskoutouvidis/posts

http://eofdreams.com/people.html

http://tswiki.net/mywiki/index.php?title=Annie_Besant

 

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