Este
estudo se constitui da terceira e última parte de uma coletânea
de fragmentos selecionados da obra
O Cristianismo Esotérico ou Os Mistérios Menores,
de autoria de Annie Wood Besant (Londres, Inglaterra, 1º de outubro
de 1847 – Adyar, Madras, Índia, 30 de setembro de 1933), uma
teósofa, militante socialista, maçom, ativista e defensora
dos direitos das mulheres, e uma das mais notáveis oradoras da sua
época e autora de uma vasta obra literária sobre Teosofia.
Na verdade, esta obra
deveria ter sido nominada de Catolicismo
Esotérico ou Os Mistérios Menores, uma
vez que, conforme já aludi em textos anteriores, Cristianismo é
uma coisa, e Catolicismo é outra completamente diferente. Só
os religiosos, sem conhecimento algum da Tradição Gnóstica,
sinonimizam Cristianismo
e Catolicismo. Seja como for, por enquanto, pense nisto:
O Iniciado não vê o Cristo fora de si mesmo. Ele sabe que
o Caminho é se tornar ele-mesmo o Cristo, até que, pelo Bom
Combate, como Homem Perfeito, o Cristo, definitivamente, viva nele.
Haverá coisa mais bonita
do que isto?
Coletânea
de Fragmentos
Estacionar
ou retroceder é continuar na vida da sensação, na vida
do intelecto, na vida do mundo. [É
encarnar compulsoriamente]. 'Aquele
que deseja manter sua vida a perderá.' (Mateus,
XVI: 25). Ao contrário, quem desiste de sua vida, ao perdê-la,
encontra a Vida Eterna!1
A
Vida que é ganha por um é ganha para todos; não para
o ego separado.
A
Lei
do Sacrifício tem por base o Sacrifício Primordial do Logos
– o Sacrifício de que todos os outros sacrifícios são
reflexos. E, para nós, o maior Sacrifício conhecido foi o
do Homem Jesus, o Discípulo-Iniciado Hebreu, que abandonou [temporariamente]
Seu Corpo, em alegre entrega, para que uma Vida Superior [o
Christus]
pudesse descer e se projetar na forma física que Ele sacrificou e
doou voluntariamente.2
Aqueles
que sacrificam sua vida separada para serem canais da Vida Divina não
podem ter interesse neste mundo, exceto o de ajudar os outros.3
Um
Iniciado deve desenvolver uma simpatia que vibre em perfeita harmonia com
o multíplice acorde da vida humana, para que possa ligar em si as
vidas humanas e as
Vidas
Divinas,
e se tornar um mediador entre o céu e a Terra. A marca característica
do seu ministério é que os mais inferiores e os mais pobres,
os mais desesperados e os mais degradados, não sintam nenhuma barreira
de separação quando se aproximam dele.
O
Verdadeiro Centro da Vida Divina reside no interior e não no exterior.
A Verdadeira Unidade do Pai [Deus
Interno] e do Filho [Iniciado]
deve ser encontrada dentro e não fora.
O
último ordálio, o último desamparo, é se sentir
esquecido e solitário. 'Que
passe esta taça!' Mas, ao sentir a última
dor da separação, o Iniciado, finalmente, encontra a Unidade
Eterna! Ele sente que a fonte da Vida está dentro de si-mesmo, e
se torna eterno! Ninguém poderá se tornar um Salvador Pleno
dos homens nem simpatizar perfeitamente com todos os sofrimentos humanos,
a menos que tenha enfrentado e vencido a dor, o medo e a morte sozinho,
salvo apenas pela ajuda do seu Deus Interior.
A
Humanidade estaria ainda mais cheia de combates e tomada de conflitos não
fosse pelos Cristos-discípulos vivendo em seu meio, e harmonizando
muitas das forças conflitantes em paz.
Só
é preciso uma condição para que um Cristo possa compartilhar
Sua força com um irmão mais jovem: que, na vida individual,
a consciência humana se abra para o Divino, se mostre receptiva para
com a Vida ofertada, e tome o Dom livremente derramado. Assim sendo, o fluxo
de Força e Vida não
será derramado, a
menos que a [personalidade-]alma
o deseje receber. O Sol, lá fora, está brilhando, a luz é
imutável; é preciso deixar as janelas abertas para a luz do
Sol poder entrar.4
Duvidar
do poder de subir [ascensionar]
é duvidar da existência do Deus Interior.
Então, fé só pode ser entendida como fé no próprio
Deus Interior.
Existe
um modo pelo qual a Sombra da Vida Crística pode recair sobre a vida
comum dos homens, e é fazendo todo ato como sacrifício, não
pelo que irá resultar para quem o executa, mas, pelo que trará
para os outros, e, na vida diária comum de pequenos deveres, ações
pequenas, interesses estreitos, através da mudança dos motivos,
e, assim, mudando tudo [o
que puder ser mudado]. Nada na vida externa precisa necessariamente
ser alterado; em qualquer vida pode ser ofertado um sacrifício.
A
espiritualidade é assinalada não pelo que o homem faz, mas,
pelo modo como o faz; a oportunidade de crescimento reside não nas
circunstâncias, mas, na atitude do homem para com elas. Ou seja: tudo
o que o aspirante faz deve ser dinamizado pelo fervor do amor auto-sacrificante.
'Quando
alguém entra na Senda, coloca seu Coração sobre a Cruz;
quando a Cruz e o Coração se tornarem um só, então,
a meta foi atingida'.
As
Doutrinas da Ressurreição [±
três dias...] e da Ascensão de Cristo também
formam parte dos Mistérios Menores, sendo partes integrais do Mito
Solar e da História de Vida do Cristo no homem.
Toda
existência manifesta é dual, tanto em um grão de pó
como no Logos – o Deus manifesto. Em a Natureza, a
dualidade é repetida em toda parte.
Tudo no Universo é formado desta dualidade original.
A
Doutrina ou Lei da Reencarnação era ensinada na Igreja Primitiva.
Corpo
Espiritual = Corpo
Causal + Corpo
de Bem-aventurança +
Terceiro Corpo.
O
Corpo Causal é o receptáculo da experiência humana,
a casa do tesouro na qual é guardado tudo o que reunimos em nossas
vidas;, é a sede da Consciência, o possuidor da Vontade.
O
Corpo de Bem-aventurança, Corpo Glorificado do Cristo ou Corpo da
Ressurreição pertence à Vida Crística, à
Vida da Iniciação, ao desabrochar Divino no homem, e cresce
durante todo o ciclo de vida ou vidas do Iniciado, atingindo sua perfeição
só na Ressurreição.
O
Terceiro
Corpo é o
Corpo que distingue
o Espírito Individual como um Ser, sendo a mais alta subdivisão
do Corpo Espiritual, no qual ascendemos até o Pai [nosso
Deus Interior], e nos unificamos a Ele. Ao acontecer a Unificação,
o Espírito Trino se torna Uno, sabe-Se eterno e [re]encontra
o Deus Oculto.
Na
medida em que um homem domine sua natureza inferior e se torne altruísta
em seus desejos, sentimentos e emoções, na medida em que torne
seu amor pelos que o cercam menos egoísta, menos exigente
e menos autoritário, ele estará purificando seu Veículo
Superior de Consciência. O resultado é que quando estiver fora
do corpo, durante o sono, ele terá experiências mais elevadas,
mais puras e mais instrutivas, e quando, pela morte,
abandonar seu corpo físico, ele passará rapidamente pelo
estado intermédio, e o corpo de desejos se desintegrará com
grande rapidez, e não o atrasará em sua jornada para diante.
O
Céu não está longe de nós, mas, nos rodeia de
todos os lados, e só estamos afastados dele por nossa incapacidade
de sentir suas vibrações, e não por sua ausência;
porquanto estas vibrações estejam atuando em nós todos
os momentos de nossas vidas, tudo o que é necessário para
estar no Céu é se tornar consciente das suas vibrações.
O
Sol sempre foi tomado como símbolo do Cristo Ressurrecto –
o Cristo Triunfante.
A
Ascensão para a Humanidade será quando toda a raça
tiver atingido a condição Crística, o estado de Filho,
e quando o Filho se tornar uno com o Pai, e Deus for tudo em todos. Esta
é a meta, prefigurada no triunfo do Iniciado, mas, atingida somente
quando a raça humana estiver perfeita, e quando 'a
grande órfã Humanidade' já não
for mais órfã, mas, se reconhecer conscientemente como Filha
de Deus.5
Cristo
não foi uma personalidade única, mas, 'as
primícias dentre os que dormem.' (I Coríntios,
XV: 20). Todo homem haverá de se tornar um Cristo. Cristo é
o modelo que todo homem deve reproduzir em si-mesmo; a vida da qual todos
devem partilhar. Desta forma, os Iniciados sempre foram considerados como
alguns destes primeiros frutos – a promessa6
de uma raça tornada perfeita.
Jamais
seremos
'salvos' [ou qualquer coisa
equivalente] por um Cristo externo. Só poderemos ser glorificados
em um Cristo Interior [in
Corde]. Por
isto, o entendimento Gnóstico do Evangelho é bem maior e mais
profundo do que o entendimento
do Evangelho Teológico
Católico! Colocado ao lado do grandioso ideal do Cristianismo Esotérico,
o ensinamento exotérico das igrejas parece realmente estreito e pobre.
Frase-símbolo
da fé islâmica:
'Não existe
outro Deus além de Deus.'
[Profeta Muhammad].
A
Existência Ilimitada, conhecida em sua completude apenas por Si-mesma,
é a Treva Eterna, de onde nasce a LLuz.
O
Uno aparecendo como Trino, ou seja, como Três
Poderes manifestos,
sempre formou uma parte essencial nos Mistérios Menores.
KeTheR
+ ChoKMaH
+
BINaH Suprema Trindade
O Raio do Uno fora do tempo.
Devido
à impossibilidade de uma comunicação direta e sensível
com a Grande Deidade Única, sempre foram interpostos um ou mais seres
intermediários como canais de comunicação.
O
triângulo é freqüentemente usado como símbolo do
Deus Triuno.
Taoísmo:
'A Razão Eterna produziu
o Um, o Um produziu o Dois, o Dois produziu o Três e o Três
produziu todas as coisas'.
Doutrina
Cristã sobre a Trindade:
Três Pessoas Divinas
Pai: a origem e o fim de tudo; Filho: dual em natureza – Verbo ou
Sabedoria [ShOPhIa
– dual em
natureza]; Espírito Santo: inteligência
criativa, aquele que, velando sobre o caos de matéria primordial,
a organiza em materiais dos quais as formas podem ser construídas.
Manifestação
do Um como Primeiro Ser, a Raiz [sem
raiz] de tudo,
a Palavra-Vontade —›
a Sabedoria —›
a Inteligência
Criativa, a Mente Divina em Ação.
A
bem da clareza,
os três aspectos do Uno (suas funções) podem ser analisados
em separado, mas, não podem ser desvinculados entre si. Cada aspecto
é necessário aos outros dois, e cada um está presente
nos outros dois. No Primeiro Ser, a Vontade-Poder é vista como predominante,
como característica, mas, a Sabedoria e a Inteligência-Ação
Criativa também estão presentes; no Segundo Ser, a Sabedoria
é vista sobressair, mas, a Vontade-Poder e a Inteligência-Ação
Criativa, não obstante, lhe são inerentes; no Terceiro Ser,
a Inteligência-Ação Criativa é vista como prevalecente,
mas, a Vontade-Poder e a Sabedoria também serão vistos.7
Raiz-sem-raiz‹–›ShOPhIa‹–›Inteligência
Criativa
(Animação
Meramente Pictórica)
Mas,
há uma Quarta Pessoa ou, em algumas religiões, uma segunda
Trindade, feminina – a Mãe. É Aquela que torna a manifestação
possível, Aquela que, eternamente no Uno, é a raiz da limitação
e da divisão, e que, quando manifesta, é chamada de Matéria
[estabilidade (inércia ou resistência), movimento e ritmo ou
vibração]. Ela é o Não-Eu Divino, a Matéria
Divina, a Natureza Manifesta. Considerada no Uno, Ela é o Quarto
Princípio, que torna possível a atividade dos Três,
como campo para Suas atuações, por virtude de Sua infinita
divisibilidade, e, como está em Lucas, I: 38, é a
'Donzela do Senhor'. Quando
as três qualidades [estabilidade
(inércia ou resistência), movimento e ritmo ou vibração]
estão em
equilíbrio, a Matéria Virgem é improdutiva. Todavia,
quando o Poder do Altíssimo Se Lhe infunde e o alento do Espírito
paira sobre Ela, as qualidades são postas fora do equilíbrio,
e Ela se torna a Divina Mãe dos mundos.
O
princípio da atração que mantém os mundos e
tudo neles em ordem e equilíbrio perfeitos é a Sabedoria Poderosa,
que gentilmente ordena todas as coisas e que sustenta e preserva o Universo.
Na
ilimitada esfera cósmica, tudo existe não-separado.
O
Amor,
como
Preservador, Sustentador e Salvador, é o
poder de atração, que dá coesão às formas,
possibilitando-lhes crescer sem se desorganizar.
Desorganização
Aparente8
Na
expansão da consciência, há manutenência da identidade,
ou seja, não há perda da memória do passado nem nada
do que foi experimentado na longa escalada para cima. E, quando o ser-aí-no-mundo
se tornar autoconsciente ('Deus
conosco'), será um auxiliador no progresso-ascensão-reintegração
do mundo – o Perfeito Auxiliar de todos os seres vivos, porque
conhece cada estágio,
porque ele o viveu, sendo, assim, capaz de ajudar em todos os locais, uma
vez que apre(e)ndeu por experiência pessoal. 'Quem
sofreu a tentação é capaz de socorrer os que são
tentados.' (Hebreus, II: 18).
O
homem evolui, primeiro, da vida do intelecto, depois, para a Vida
do Cristo.
Nada
pode ser pequeno o bastante para não afetar a Delicada Consciência
Onipresente, e nada pode ser vasto o bastante para transcendê-La.
Uma
mosca ficaria perplexa, se tentasse avaliar a consciência de Pitágoras
[ou a Teoria da Relatividade
de Einstein]. E
nós, por sermos tão limitados, nos dá vertigem e confunde
a idéia de uma Consciência Todo-abrangente.
Assim
como o ímã atrai o ferro, igualmente assim uma pessoa funciona
para uma forma de desejo, e a forma é atraída para ela.
No
caso da maioria das pessoas – ignorante das forças que podem
ser aplicadas aos mundos invisíveis e desabituadas a exercitar sua
vontade, e sem a concentração da mente e o ardente desejo
que são necessários para que uma ação seja bem-sucedida
– as
coisas são muito mais facilmente atraídas pela oração
do que por um deliberado esforço mental para aplicar sua própria
força. [E, se ou quando
a coisa acontece, geralmente, ela é chamada de milagre,
e
o religioso acredita mais deslumbrantemente que Deus
é fiel].
Que
a pessoa, ao orar, não entenda o mecanismo que aciona, não
afeta em nada o resultado. Assim se passa com o homem que reza, desconhecedor
da força criativa de seu pensamento. Ele age inconscientemente como
a criança, e como a criança poderá obter o que quer.
Mas, a dúvida é fatal ao exercício da vontade. Entretanto,
com relação à prece, uma poderá ir até
seu objetivo, e desimpedida, produzir seu efeito; a outra poderá
ser desviada pelas forças muito mais poderosas de um erro passado
em processo de compensação, sendo, assim, bloqueada e desfeita
pela corrente de um mal praticado no passado [nesta
encarnação ou em encarnações anteriores],
sendo inteiramente frustrada. Seja qual for o caso, o resultado segue a
Lei.
'Ouvi!
Eu estou à porta, e bato: se algum homem ouvir a minha voz e abrir
a porta, eu entrarei.' (Apocalipse,
III: 20).
Em
todos os departamentos da Natureza, as Energias Divinas estão atuando,
e tudo o que um homem faz ele o faz por meio das energias que estão
atuando na linha ao longo da qual ele deseja agir. Suas maiores conquistas
são realizadas não por suas próprias energias, mas,
pela habilidade com que seleciona e combina as forças que o auxiliam,
e neutraliza as que se opõem a ele com aquelas que lhe são
favoráveis. Forças que nos carregariam como folhas no vento
se tornam nossos mais eficazes servidores quando trabalhamos com elas.
A
meditação é a prece silenciosa ou não pronunciada
ou, como Platão expressou, 'a
ardente sintonização da Alma em direção ao Divino;
não para pedir qualquer bem em particular
(como no sentido comum da prece), mas,
pelo Bem-em-si, pelo Bem Supremo Universal,' (Helena
Petrovna Blavatsky).9
No
Tratado Gnóstico Pistis Sophia, está dito que o propósito
dos Mistérios é a remissão dos pecados (terminação
ou cumprimento consciente do 'karma' e libertação do cativo),
que a falsificação espiritual implantou na [personalidade-]alma.
A
planta que nasce da semente do mal é sempre a tristeza. E assim,
um efeito experimentado através de nossa consciência física
é a culminação de uma causa desencadeada no passado
[próximo ou remoto]. É
o fruto colhido, isto é: uma força particular
que esteve
atuando fora, sobre a mente, antes que aparecesse no corpo,
se torna manifesta
e, com o tempo, se exaure. Sua manifestação aguda (seu aparecimento
no mundo físico) é o sinal da completude do seu curso. Tenhamos
em mente que uma disfunção física é a última
expressão do mal cometido no passado. Mas, cumprido ou esgotado o
'karma',
a harmonia restabelece a saúde. Um Conhecedor do
'karma', como foi Jesus ['Teus
pecados te são perdoados. Tua fé te salvou; ide em paz'.
(Lucas, VII: 48 – 50)], pode declarar o fato e
dar a ordem de libertação (que corresponde a um Batismo indulgente
de 'pecados').
Se nenhum Ser, como Jesus, estiver fisicamente presente, a doença
passará sob o toque restaurador da Natureza, sob uma força
aplicada por Inteligências Invisíveis, que levam a cabo, neste
mundo, as atuações da Lei 'Kármica'. Já, quando
um Grande Ser está atuando, esta força é de um poder
mais impositivo, e as vibrações físicas são
de imediato sintonizadas em direção à Harmonia [Harmonium]
– que é o restauro saúde. [E
assim, Jesus jamais operou um único milagre,
pois, milagre
não existe, já que a Natureza não
pode ser contrariada e a Ordem Cósmica não pode ser
violada. O que Jesus
fez foi pôr em funcionamento Leis Cósmicas específicas
que conhecia perfeitamente bem. Entretanto, nos casos das curas operadas
por Jesus, elas puderam acontecer porque, de uma forma ou de outra, o 'karma'
já havia sido cumprido ou retribuído. Afinal, Ele não
curou a Palestina inteira! E o resto do mundo seguiu seu curso. Nesta matéria,
o que precisamos considerar é que seria uma tremenda injustiça
que Jesus curasse uns e não curasse outros. Se a coisa fosse assim
fácil de ser feita, bastaria um simples ato de vontade da parte de
Jesus, e, não só os doentes da Terra, mas, os doentes do Universo
inteiro seriam curados, o que é absolutamente impossível e
impensável.]
O
Deus Interno do homem [a
Vida da vida; a LLuz
das trevas; o Sol da meia-noite; o Lapis
Philosophorum] é verdadeiramente ele-mesmo.10
Perdão
dos Pecados Compreensão
Místico-Iniciática.
A
essência do 'pecado'
está na asserção da vontade da parte contra a Vontade
do Todo, do humano contra o Divino. Quando isto é alterado, quando
o Ego coloca sua vontade separada em união com a Vontade que trabalha
para a evolução, então, no mundo, onde querer é
realizar, no mundo, onde os efeitos são vistos tão presentes
como as causas, o homem 'é
contado entre os Justos'.
'Não
julgueis'.
(Mateus, VII: 1). 'O Mistério
Mais Elevado sempre perdoa'.
Os Mistérios do Inefável, que tem compaixão todas as
vezes, perdoa eternamente os pecados'. (Pistis Shophia).11
A
Essência de todas as energias é uma e a mesma, seja no mundo
visível, seja no
mundo invisível;
mas, as energias [freqüência
vibratória] diferem de acordo com os graus de matéria
através dos quais se manifestam.
m
vibrações por segundo
m
+ n vibrações por segundo
Os
Sete Sacramentos [sinal externo
e visível de uma graça interna e invisível] do
Cristianismo [Batismo,
Confirmação (ou Crisma), Eucaristia, Reconciliação
(ou Penitência), Ordem (o poder e a graça de exercer funções
e ministérios eclesiásticos), Matrimônio e Unção
dos Enfermos (Extrema-unção)] cobrem toda
a vida, desde as boas-vindas do Batismo até o adeus da Extrema-Unção.
Eles foram estabelecidos por Ocultistas, por homens que conheciam os mundos
invisíveis; e os materiais usados, as palavras ditas, os sinais feitos,
foram todos deliberadamente escolhidos e arranjados com o intuito de produzir
certos resultados. No tempo da Reforma, as Igrejas separatistas que se livraram
do jugo de Roma não foram guiadas por Ocultistas, mas, por homens
comuns do mundo, alguns bons e outros maus, entretanto, todos profundamente
ignorantes dos fatos dos mundos invisíveis, e conscientes apenas
da casca externa do Catolicismo, seus dogmas literais e seu culto exotérico.
A conseqüência disto foi que os Sacramentos perderam seu lugar
supremo no culto Católico, e na maioria das comunidades Protestantes
foram reduzidos a dois: o Batismo e a Eucaristia.
Uma
energia (ou grupo de energias) é o véu de uma Inteligência
(de uma Consciência) que tem aquela energia como sua expressão
externa, e a matéria na qual a energia se move fornece uma forma
que a Inteligência guia ou anima.
Em
todas as religiões existem sons de um caráter peculiar, chamados
de "Palavras de Poder", consistindo de frases em uma língua
particular cantada de uma forma especial; cada religião possui um
estoque de tais frases, seqüências especiais de sons, agora chamadas
muito genericamente de "mantras", que é o nome que se lhes
dá no Oriente, onde a ciência dos mantras tem sido muito estudada
e elaborada. Não é necessário que um mantra –
uma seqüência de sons arranjada de um modo particular para produzir
um resultado definido –
deva estar em qualquer
linguagem em especial. Qualquer língua pode ser usada para este propósito,
embora algumas sejam mais adequadas do que outras, desde que a pessoa que
cria os mantras possua o conhecimento oculto necessário. Há
centenas de mantras na língua Sânscrita, feitos por Ocultistas
do passado, que estavam familiarizados com as leis dos mundos invisíveis.
Estes mantras foram transmitidos de geração em geração,
palavras definidas em uma seqüência definida cantadas em um modo
definido. O efeito do canto é criar vibrações, e com
isso formas, nos mundos físico e superfísico, e de acordo
com o conhecimento e pureza do cantor o seu canto será capaz de afetar
um ou outro mundo. Se seu conhecimento for vasto e profundo, se sua vontade
for forte e seu Coração for puro, quase não há
limite para os poderes que ele poderá exercer ao usar um destes antigos
mantras.
Realizando
o Possível
(A Alforria é Factível)
Ofertar
o visível em troca do Invisível
é
esperar o cumprimento do impossível.
Comerciar
com a Divindade a salvação
é
uma fraudatória e hipotética delusão.
Só
subordinando o ego ao Eu Interno,
nada
requestando e nada ambicionando,
a Santa
Una-Vida a tudo primoponendo,
será
transmutado o que é sobre-horrendo.
Quantas
vidas haverão de ser inevitáveis
para
que deixemos de ser abomináveis?
Quantas
encarnações nós precisaremos?
Quantas
desgraças nós ainda curtiremos?
.............................................................................
Os
Deuses? Os Deuses nada podem fazer;
cada
qual terá que transmutar o seu não-ser.
Mas,
a alforria do ser-aí-no-mundo é factível!
4. Este é o significado
do Querer do Axioma Zoroastriano: Saber, Querer, Ousar, Calar. Mas, como
disse Annie Besant, a
vontade humana não pode ser forçada, senão a Vida Divina
nele teria sua devida evolução bloqueada. Isto
nada tem a ver com a idéia ou doutrina absurda da expiação
vicária (purificação de crimes ou faltas cometidas
por um outro que não seja o próprio) como uma espécie
de transação legal, na qual Jesus assume o lugar do pecador
e expia por ele. Sobre isto, disse Annie Besant: a
identidade de natureza foi mal tomada como uma substituição
pessoal, e, assim, a Verdade Espiritual foi perdida na rudimentaridade de
uma troca judicial. E daí, nasceram os dízimos
hipotéticos, as promessas, as autoflagelações, os negócios
com Deus etc. Havendo mérito, a Illuminação
é grátis; não pode ser comprada! Em resumo: unidade
de uma vida comum não significa substituição vicária.
5. Por isto, e só
por isto, tenho dito que, simbolicamente, se salvação houver
ou se puder haver, não poderá acontecer só para um
ou para meia dúzia ou para dúzia e meia de escolhidos; ela
deverá acontecer para todos. Não há essa coisa esquisitética
de povo escolhido
por não-sei-quem,
para ir para-não-sei-onde,
para fazer não-sei-o-quê,
à direita de-alguém,
para toda a eternidade e mais quarenta e cinco minutos e onze segundos.
Enquanto um ser-aí-no-mundo sofrer, todos os seres-aí-no-mundo
sofrerão; enquanto um ser-aí-no-mundo estiver
perdido e afastado, todos os seres-aí-no-mundo, estarão
perdidos e afastados. Ora, ou somos todos Um ou não somos todos Um
no seio do Um – Aquilo em que não
há variação nem sombra de desvio. (Tiago,
I: 17)! Sermos Um para umas coisas e não para outras é sesquipedal
ignorância e superlativo preconceito-egoísmo. Quem, por qualquer
motivo, sem exceção, afasta, isola ou alija um ser-aí-no-mundo
está se auto-afastando, se auto-isolando e se auto-alijando potencialmente
pelo mesmo motivo. Um bom exercício místico é, de vez
em quando, orar pelo ser mais execrável (vivo ou morto) que você
conheça. E, se você orar (meditar) uma única vez, se
predispondo a auxiliar para sempre os abomináveis, os detestandos
e os odiosos, isto ficará e estará registrado, feito e selado
no seu arquivo cósmico pessoal. O fato é que não cabe
a nenhum de nós julgar se um homem-sem-alma ou uma mulher-sem-alma
merecem ou não merecem ser dissolvidos e entropizados. Aqui cabe
o seguinte desabafo: porra,
quem somos nós?
6. Promessa no sentido
de Senda Estreita sendo trilhada, pois, a coisa não está e
jamais estará pronta e acabada. E assim, em um certo sentido, os
Iniciados são a Luzes do Mundo.
7. No Sepher Yezirah,
está escrito: Ele
é Um acima de Três, Três estão acima de Sete,
Sete estão acima de Doze, e Todos estão ligados.
(Sublinhado meu). Então, Primeiro, Segundo e Terceiro devem ser vistos
como coirmãos, coiguais. Nenhum é maior ou menor (mais importante
ou menos importante) do que o outro, Princípio Universal que vale
para tudo: nada é superior ou inferior a nada, coisa alguma é
mais digna de consideração do que coisa alguma. Um está
ligado e depende de Dois e de Três; Dois está ligado e depende
de Um e de Três; Três está ligado e depende de Um e de
Dois. Todos nós estamos ligados a tudo e a todos, e tudo e todos
estão ligados a nós. Não há sequer um buraquinho
vazio! O sentimento preconceituoso, egoístico e xenofóbico
de separatividade, talvez, seja a maior boçalidade-negridão
praticada pelo ser-aí-no-mundo; mas, se não for,
pelo menos, com certeza, é o padrasto maldito de todas as desgraças
e de todos os retrogressos, pessoais e coletivas. É por isto e por
um desmedido Amor pela Humanidade, e somente por isto, que digo-redigo e
redigo-digo o que já disse e o que já redisse. Até
quando, ó separatividade, desgraçarás e retrogredirás
a existência humana? Até quando?
Ad
Æternum
8. Na realidade, para
nós, tudo é aparência. Se você prestar atenção
na animação (acelerada) referente à esta nota, verá
que há apenas modificação estrutural (na estrutura
cristalina), mas, não destruição da coisa. Então,
como regra, podemos admitir, que sempre há mudança do que
é [(re)fazimento ininterrupto], jamais desaparecimento (desfazimento)
em um nada inexistente. Uma coisa poderá deixar de existir como coisa,
mas, digamos assim, não poderá deixar de ser Coisa, ou seja,
a Essência por trás da coisa permanece, pois, não pode(rá)
ser destruída. Isto está resumido na famosa fórmula
relativística einsteiniana E = mc2.
Bem, se o inferno existir, o desgraçado que for mandado para lá
não será destruído como desgraçado; continuará
desgraçado até que o inferno congele. Até eu gostei
desta gracinha, que é absolutamente falsa e contraditória!
9. Então, poderemos
pensar e admitir que há dois tipos básicos de prece: 1º)
a prece hipotética, geralmente religiosa, feita por um motivo específico,
para que se obtenha alguma coisa; e 2º) a prece categórica,
em que nada é pedido ou almejado, mas, ao contrário, em que
o Místico se coloca em disponibilidade interna para Servir. Assim,
como disse Annie Besant, o
Místico contempla a Visão Beatífica, o Sábio
descansa na Sabedoria que está além do conhecimento vulgar
e o Santo alcança a Pureza de Deus... Isto se resume em Illuminação,
Comunhão e recepção da Plenitude do Fogo Divino.
Na verdade, qualquer coisa diferente disto é uma mistura de superfluidade
e de impertinência, próprias da ignorância.
10. É por isto
que, nas Iniciações Psíquicas, na verdade, o Iniciador
é o próprio Iniciado. Nada vem de fora; tudo vem de dentro.
É sempre a nossa própria força que opera. É
o desdobramento da nossa própria Energia Divina o que nos eleva a
um Plano Superior. E isto é um Mistério a ser
compreendido e realizado!
11. Isto é assim
e não é assim. Entendamos bem as palavras de Jesus no Pistis
Shophia (se
alguém transgredir mais de doze vezes, se der as costas e transgredir,
não mais será perdoado, de modo que possa voltar ao seu Mistério,
qualquer que seja): um homem ou uma mulher sem-alma, que ultrapassaram
o limite de um possível entendimento, que, por assim dizer, mereça
perdão,
não poderão manter suas individualidades. Quando isto acontece,
o resultado cósmico é a inevitável entropização.
Entropia
da Individualidade
Canto Gregoriano
de fundo: