Criamos deuses... E depois?

 

 

Rodolfo Domenico Pizzinga

 

 

 

 

 

 

Antero Tarquínio de Quental

Antero Tarquínio de Quental

 

 

Erguendo os braços para o céu distante
E apostrofando os deuses invisíveis,
Os homens clamam: — «Deuses impassíveis,
A quem serve o destino triunfante,

 

Por que é que nos criastes?! Incessante
Corre o tempo e só gera, inextinguíveis,
Dor, pecado, ilusão, lutas horríveis,
Num turbilhão cruel e delirante...

 

Pois não era melhor na paz clemente
Do nada e do que ainda não existe,
Ter ficado a dormir eternamente?

 

Por que é que para a dor nos evocastes?»
Mas os deuses, com voz inda mais triste,
Dizem: — «Homens! Por que é que nos criastes?»

 

 

Antero Tarquínio de Quental (1842 – 1891)


 

 

 

 

 

 

 

 

Criamos deuses... E depois?

Bem, depois não interessa.

Interessa o agora. Homessa!

 

 

É agora que eu preciso confiar

para poder ter uma certa paz,

porque viver sem acreditar,

isto eu não sou mesmo capaz.

 

 

E em quem confiar, acreditar?

A quem poder requestar, suplicar,

senão ao Deus que me impingiram?

 

 

Vocês, que são acréus e ateus,

danem-se; fiquem e vivam sem Deus.

Eu ficarei com o Deus que me incutiram.

 

 

 

 

 

 

 

Fundo musical:

Torna a Surriento
Composição: Ernesto De Curtis e Giambattista de Curtis

Fonte:

http://www.famiglia.barone.nom.br/index6.htm

 

Página da Internet consultada:

http://www.softhypermarket.com/
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