CONFLITOS

 

 

 

Conflito

 

 

 

Rodolfo Domenico Pizzinga

 

 

 

Uma das coisas mais terríveis que se pode dizer é: "Vou pensar a respeito disso; vou considerar se é ou não é possível me libertar da violência. Vou tentar ser livre". Ora, não há tentar; não há se esforçar. Com relação a tudo, ou agimos ou não agimos. Enfim, qual é a melhor ideologia para extinguir o fogo? Quando a casa está em chamas, certamente, discutir sobre a cor dos cabelos do homem que traz a água não é a melhor ideologia.

 

De maneira geral, as relações entre os seres-humanos-aí-no-mundo se baseiam no mecanismo defensivo, formador de imagens. Em todas as relações, cada um de nós forma uma imagem a respeito de outrem, e as duas imagens ficam em relação e não os próprios entes humanos. A esposa tem uma imagem do marido talvez, inconsciente, contudo, existente e o marido tem uma imagem da esposa. Temos uma imagem a respeito de nosso país e a respeito de nós mesmos, e estamos constantemente a fortalecer essas imagens, acrescentando-lhes sempre alguma coisa. A relação existente é entre essas imagens. A verdadeira relação entre dois ou vários seres humanos cessa completamente, quando há a formação de imagens. Logo, a relação baseada em tais imagens jamais produzirá a paz, porquanto as imagens são fictícias, e não se pode viver abstratamente. Entretanto, é isto o que todos nós fazemos: vivemos entre idéias, teorias, símbolos, imagens que criamos a respeito de nós mesmos e de outros, e que, em absoluto, não são realidades. Todas as nossas relações, sejam com a propriedade, sejam com idéias ou pessoas, se baseiam essencialmente nessa formação de imagens e, por esta razão, existe sempre conflito. [In: Liberte-se do Passado (título do original: Freedom From The Known), de autoria de Jiddu Krishnamurti.]

 

 

 

Vi, julguei, acusei, culpei e não perdoei.

Achei que pau que dá em Zé tem que dar em José,

e, então, pela vida afora, egocentrado, irroguei.

 

Vi um politiqueiro na televisão enrolando.

Achei que ele era um corruptaço,

e, então, eu o esculhambei pelo WhatsApp.

 

 

WhatsApp

 

 

Vi um padre perto de um garoto.

Achei que ele era um pedófilo,

e, então, tomei horror dele.

 

Vi o Sr. Kim Jong-un perguntando a um espelho:
— Espelho, espelho meu, há ditador mais bonito do que eu?

Achei que ele havia ficado lelé,

e, então, fui lá, e quebrei o espelho.

 

Vi o Sr. Trump perguntando a um espelho:
— Espelho, espelho meu, há cabelo mais bonito do que o meu?

Achei que ele também havia ficado lelé,

e, então, fui lá, e afanei o pente.

 

 

Jimmy Fallon Despenteando Donald Trump

 

 

Vi que o dia estava ficando nublado.

Achei que iria chover três dias sem parar,
(afinal, eu preciso me lavar,)

e, então, não saí de casa.

 

Vi um ceguinho na rua.

Achei que ele não era ceguinho,

e, então, não o ajudei.

 

Vi um pepé se esborrachar.

Achei que ele deveria usar muletas,

e, então, também não o ajudei.

 

Vi um pajé abençoando.

Achei que ele estava embromando,

e, então, pensei: tudo grupo.

 

Vi um oitentão comprando Viagra.

Achei que ele havia ficado brocha,

e, então, pensei: isso não vai dar certo.

 

Vi um balzaquiano saçaricando na porta da Colombo.

Achei que ele era meio sem-vergonha,

e, então, mentalmente, o critiquei.

 

 

Sir Ney

O Balzaquiano Sir Ney

 

 

Vi Dona Flor com sete maridos.

Achei que havia marido por demais,

e, então, fui lá, e entreguei pro Teodoro.

 

Vi uma puta saracoteando na rua.

Achei que ela era uma pecadora,

e, então, torci pra ela ir pro inferno.

 

Vi um gay zanzando em Copacabana.

Achei que ele era um pecador,

e, então, dei um chega-pra-lá nele.

 

Vi uma velhinha ser assaltada.

Achei que este era o seu karma,

e, então, pensei: dane-se essa velha.

 

Vi um cantor desafinar.

Achei que ele era horrível,

e, então, pensei: nem em Maracangalha.

 

Vi o meu país afundar.

Achei que não havia mais jeito,

e, então, fui morar na República Bolivariana da Venezuela.

 

Vi a perereca de um freira voar longe.

Achei que essa freira era uma porcalhona,

e, então, pensei: se ela escovasse os dentes...

 

Vi o Papa pedir perdão.

Achei que Papa não pede perdão,

e, então, pensei: eu não pediria.

 

Vi a Economia desmoronar.

Achei que viria uma bancarrota,

e, então, saí comprando dólares e euros.

 

Vi um cachorro morder um gato.

Achei que o gato iria morrer,

e, então, dei um chute no cachorro.

 

Vi um mendigo esmolando.

Achei que o problema era dele,

e, então, fingi que não vi e 'deixeipralá'.

 

 

 

 

Vi uma esposa traindo descaradamente.

Achei que o marido era um corno,

e, então, ri a mais não poder.

 

Vi um banco ser assaltado.

Achei que todo banqueiro é aproveitador,

e, então, pensei: tomara que levem tudo.

 

Vi o Sr. Cabral ser processado.

Achei que eram poucos processos,

e, então, pensei: faltam muitos...

 

Vi o Sr. Palocci cagüetar.

Achei que ele se encagaçou todinho,

e, então, pensei: esse cara tá acabado.

 

Vi o Sr. Luiz dizer: Não é meu!

Achei que há mesmo uma chance de não ser,

e, então, pensei: meu é que não é.

 

Vi a Srª. Dilma dizer: Foi golpe!

Achei que até é possível que tenha sido,

e, então, pensei: bobeou, dançou.

 

Vi o Sr. Dirceu entrar mudo e sair calado!

Achei que revolucionário não fala mesmo,

e, então, pensei: isto irá doer muito.

 

Vi o Sr. Buscetta virar 'arrependido'!

Achei que ele se arrependeu tarde demais,

e, então, pensei: agora é tarde, Inês é cadáver.

 

 

Tommaso Buscetta

Tommaso Buscetta
(Agrigento, 13 de julho de 1928 – Nova Iorque, 4 de abril de 2000)

 

 

Vi o grande Juiz Moro ser escolhido.

Achei que o Sr. Jair escolheu bem,

e, então, pensei: a corrupção é um câncer.

 

Vi um tira matar um bandido.

Achei que é assim que tem que ser,

e, então, pensei: bandido-bom = bandido-presunto.

 

Vi o Charles Manson morrer enjaulado.

Achei que não poderia ser diferente,

e, então, pensei: life imprisonment without parole é um barato.

 

 

Charles Milles Manson

Charles Milles Manson
(Cincinnati, 12 de novembro de 1934 – Bakersfield, 19 de novembro de 2017)

 

 

Vi um serial killer ser eletrocutado.

Achei que semper dura lex, semper sed lex,

e, então, pensei: no cabelo só Gumex.

 

Vi uma fazenda ser invadida.

Achei que latifúndio tem que acabar,

e, então, pensei: nota 10 pros sem-terra.

 

Vi um agiota ser estrangulado.

Achei que uma justiça havia sido feita,

e, então, pensei: menos um Shylock 'pelaí'.

 

Vi um senador não se reeleger.

Achei que, habitualmente, o povão está sempre certo,

e, então, pensei: suffragium populi, suffragium Dei.

 

Vi um estuprador ser linchado.

Achei que o Levítico XXIV: 20 está certo,

e, então, pensei: oculum pro oculo, dentem pro dente.

 

Vi um cruel perder a personalidade-alma.

Achei que tem que ser assim mesmo,

e, então, pensei: quem mandou ser sacana?

 

Vi um Mago Negro aprontando.

Achei que o destinatário merecia,

e, então, quietinho, fiquei na minha.

 

Vi que não poderiam prosseguir.

Achei que a Consciência Cósmica era justa,

e, então, pensei: ainda bem que não é comigo.

 

 

 

Todos nós podemos mudar;
só não muda quem não quer.

 

 

 

Música de fundo:

Tomara Que Chova
Composição: Paquito & Romeu Gentil
Interpretação: Emilinha Borba

Fonte:

https://ycapi.org/button/?v=Gdqyh-gM5u8

 

Páginas da Internet consultadas:

https://zalarieunique.ru/

http://www.imagensanimadas.com/

https://videoloss.com/

https://readytricks.com/

https://www.lanueva.com/

https://ocp.news/

http://virusdaarte.net/

 

Direitos autorais:

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