O
Rio
de Janeiro continua lindo. É mesmo uma Cidade Maravilhosa.
Sui generis. Mas, há certos fudelhufinhas
de cagahouse que só acontecem aqui, como, por exemplo,
este que vou contar, que está mais para fudevu
de copacabanê do que para outra coisa.
Inverno.
Copacabana. Posto Cinco. Era uma noite fria do começo setembro. Terça-feira.
Por volta de umas 9 horas da noite, um velho de 70 anos saiu para jantar.
Apesar de não estar chovendo e de ainda não ser tão
tarde assim, havia, por causa do frio, pouco movimento na rua. Também
pode ser que todo mundo estivesse esperando para ver a Griseldinha.
O
velho, que não suportava novela, morava na Rua Leopoldo Miguez, e
de lá até o restaurante Aipo e Aipim, que fica na Avenida
Nossa Senhora de Copacabana, era um pulinho, e ele sempre fazia este trajeto
a pé.
O
velho, todo encapotado por causa do frio, ia caminhando e mastigando idéias,
quando, de repente, ainda na Leopoldo Miguez, foi imprensado na parede por
dois garotos – um, com um revólver 38; o outro, com uma faca.
—
Tu
perdeu velho. Cadê a grana? —
falou o garoto que estava com a faca.
—
Mas,
o que é isto? — perguntou o velho assustado.
—
Cara,
fica quietinho. Não tá vendo que é um assalto?
— falou o garoto da faca.
—
O.k.
Não vou reagir.
O que vocês querem.
—
Já
disse, porra; se liga, cara. Passa já a bufunfa, velho filho-da-puta
—
falou o garoto da faca. O
que estava com o 38,
que parecia ser o mais velho, não dizia uma palavra. Só dava
apoio.
O
velho pegou a carteira e passou para ele.
—
Mas
só isso? Quarenta pratas? —
chiou o garoto da faca.
—
É;
eu estava indo jantar —
respondeu o velho.
Puta
que pariu. Tu mora aqui em Copacabana e só tem isso?
—
Bem...
—
murmurou o velho meneando a cabeça.
—
Me
dá o casaco, o relógio e o celular. Rápido —
ordenou o garoto da faca.
—
Mas
tá frio? —
reclamou o
velho.
—
Dá
logo, senão tu vai dançar.
—
Tá
bem —
disse o velho, entregando o casaco de lã e o relógio. —
Celular
eu não tenho.
—
Tá
justo. Agora o tênis.
O
velho tirou o tênis e o deu para o garoto.
—
Agora
a camisa e a calça —
mandou o garoto da faca, dando uma risadinha.
—
Por
favor, meu filho, a calça não. Eu estou sem cueca —
apelou o velho.
—
Foda-se.
Quem mandou? Tira logo e me dá —
disse
o garoto
da faca, sem dó nem piedade.
Fazia
um frio do cão. E o pobre velho, nu, só de meia, tiritando
dos pés à cabeça, mesmo assim, fraterno e cheio de
amor em seu Coração, falou para os dois garotos: — Meus
filhos: que
os Deuses de nossos Corações não nos desamparem e se
apiedem de nós. Eu por estar compensando o que precisava ser compensado;
vocês por estarem
fazendo cumprir o que precisava ser cumprido. LLuz, Vida e Amor
para todos nós.
Quando
o velho acabou de dizer isto, o garoto com o revólver, sem pestanejar,
deu um tiro na barriga do velho. O velho não deu um ai. Desabou ali
mesmo, morto, bem na fria calçada da Rua Leopoldo Miguez.
Quase
imediatamente, o velho foi cercado por diversos Seres Espirituais que vieram
ajudá-lo a suportar e a superar aquele transe doloroso de sua vida.
Mas ele não quis ir logo embora com aqueles Seres de LLuz,
e disse:
—
Irmãos,
só um momentinho; eu já vou. Mas, antes, quero abençoar
aqueles dois garotos.
Música
de fundo:
Don't Let Me Down
Composição: John Lennon
Interpretação: The Beatles
Fonte:
http://search.4shared.com/postDownload/FgkFUz
EB/The_Beatles_-_Dont_Let_Me_Down.html
Páginas
da Internet consultadas:
http://www.clker.com/clipart-14849.html
http://peperonity.com/go/sites/
mview/khalid48/33061603/33062368