CÓDIGOS E CICLOS

Rodolfo Domenico Pizzinga

Música de fundo: My Funny Valentine
(Lorenz Hart & Richard Hart)

Fonte: http://home.wanadoo.nl/dougmckenzie/

 

 

Haverá códigos cifrados e personalizados na Bíblia?

Tais códigos ocultarão abscônditas profecias?

Ou serão sofismas, conjecturas e doxomanias?

 

 

Misturar programas de computador com a Bíblia

Pode produzir atarantação, pânico e ansiedade

— Inteiramente detrimentais à Humanidade.

 

 

No(s) Universo(s) há leis e ciclos determinados

Que, em essência, não podem ser adulterados.

Mas, de plano, negar ao homem o livre-arbítrio

É o mesmo que negar a existência do Ítrio.

 

 

Se, obviamente, o movimento não pode ser recusado,

Ao homem não se pode negar o direito1 de ser alforriado.

E esta alforria não poderá depender de lipogramas,

Tautogramas, caligramas, pangramas e criptogramas.

 

 

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Nota

1. Se ao homem não se pode negar o direito de ser alforriado, a Alforria Mística só será conquistada através do Trabalho, da Humildade, da Lealdade, da Renúncia, do Serviço, da Caridade, da Misericórdia, da Tolerância, do Bem, do Amor, da Justiça, da Temperança, da Fortaleza... Mas isto não é direito, é Privilégio. Privilégio de conquistar a Illuminação exclusivamente pelo mérito. Contudo, nada, absolutamente nada, está vedado ao sincero Buscador, seja ele um religioso, um materialista, um ateu, um iniciado, um joão-ninguém ou um zé-qualquer. A LLUZ não tem dono. Não há, portanto, escolhidos a priori. Há, sim, Escolhidos a posteriori.

 

 

 

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UMA ÚNICA PERGUNTA: Se tudo, para o homem, estiver codificado e previsto na Bíblia-Torah (ou em qualquer outro livro sagrado ou oculto) através de seqüências de letras eqüidistantes (SLE) com suas respectivas equivalências numéricas, sem possibilidade de ser modificado – portanto determinística e previamente estabelecido – qual a utilidade do Rosacrucianismo e qual, também, a finalidade da própria Peregrinação-Construção Iniciática do Mestre-Deus Interior de e em cada um de nós?

Eu teria mais de uma centena de perguntas-respostas que poderia propor para confrontar esses códigos personalísticos computadorizados, mas deixo, logo abaixo, uma imagem para reflexão. E lembro: um pensamento — verbalizado, escrito ou na forma de um simples pensamento em si — passa a ter existência real (benéfica ou maléfica, construtiva ou destrutiva). E isso é gravíssimo! Poderá, eventualmente, ser dissolvido ou não, mas depois de posto em movimento começará a agir, como que se tivesse vida própria. Aos místicos que trabalham em prol do Bem, da Beleza e da Paz cabe desagregar e desintegrar todas essas formas-pensamentos maléficas e certos holocaustos tenebrosos anunciados. O mundo não acabará em 2006 como apregoam certos catastrofistas. Isso é pura maluquice.

 

 

COMENTÁRIO ADICIONAL

 

Alguns numerólogos e tarólogos costumam usar em seus cálculos a denominada Tabela Numerológica de Pitágoras abaixo reproduzida:

 

1
2
3
4
5
6
7
8
9
A
B
C
D
E
F
G
H
I
J
K
L
M
N
O
P
Q
R
S
T
U
V
W
X
Y
Z

 

Para exemplo, usemos o World Trade Center. Os calculistas propõem:

a) WORLD TRADE CENTER = 16 letras - A 16ª Lâmina do Tarô é a Torre.

b) WORLD = 5 + 6 + 9 + 3 + 4 = 27 = 2 + 7 = 9 (o mês do atentado — setembro).

c) TRADE = 2 + 9 + 1 + 4 + 5 = 21 = 2 + 1 = 3 (2001 por adição: 2 + 0 + 0 + 1 — o ano do atentado)

d) CENTER = 3 + 5 + 5 + 2 + 5 + 9 = 29 = 2 + 9 = 11 (o dia dos atentados).

Bem, quaisquer números obtidos por este tipo de operação pseudocabalística podem ser manipulados. Isso é pseudociência, isto é: conjunto de crenças ou afirmações sobre o mundo ou uma realidade qualquer que se considera equivocadamente como tendo base ou estatuto científico. Então, outros e ilimitados tipos de pseudoconclusões podem ser pseudo-elaborados. Vejamos:

a) WORLD TRADE CENTER = 16 letras que, por adição (1 + 6) conduzem ao número 7 - O Carro (7ª Lâmina do Tarô).

b) WORLD = 5 + 6 + 9 + 3 + 4 = 27 (não há mês 27).

c) TRADE = 2 + 9 + 1 + 4 + 5 = 21 (século XXI?).

d) CENTER = 3 + 5 + 5 + 2 + 5 + 9 = 29 (dia).

Logo, adicionar e reduzir em KaBaLa não pode ser praticado a bangu para se obter ajustamentos que coincidam com o que se quer que coincida. Isso é uma mera inferência dedutiva errada. Isso para não qualificar de trapaça. Em outras palavras: não se pode adicionar em algumas operações cabalísticas e reduzir em outras para se obter o resultado esperado. Isso é mais ou menos como tentar meter um chifre de búfalo em uma cabeça de pingüim; o resultado será um 'bufagüim'. Ou um 'pínfalo'. Ou seja: uma fraude! Coincidências? Pode ser! Mas as coisas coincidem porque se insiste malucamente em aplicar operações cabalísticas a alfabetos e línguas que nada têm em comum com os alfabetos hebraico e sânscrito, isto é, com a Arcana Arqueometria Cósmica. Por outro lado, eu não consigo atinar com o critério científico que foi utilizado para se admitir que WORLD equivale a mês, que TRADE equivale a ano, e que CENTER equivale a dia? Quem soma bananas, laranjas e maçãs só poderá encontrar como resultado uma salada de frutas. É isso que se faz por aí também, quando se utiliza o Tarô para fazer advinhações enlouquecendo os consulentes. E desde quando, por exemplo, a letra ALePh pode ser transliterada como a vogal a? E IOD, a bem da verdade, jamais poderá ser transliterada como I ou J. Aproximações didáticas podem ser feitas. Só isso e mais nada. Mas, é preciso cuidado: to pretend não é pretender. Isso é um falso cognato. E traduzir BeREShITh por "No princípio" é um erro flagrante, pois, ou não existe princípio algum, ou tudo é um permanente e inesgotável princípio. Ou será que o Verbum Dimissum já cumpriu Sua Tarefa e perdeu Sua Força?

 

 

 

Mas, por meio da matemática e da estatística pode-se acabar provando qualquer coisa, se os caminhos escolhidos forem falsos ou equivocados. Um outro exemplo: vou tratar o meu nome com essa Tabela (que eu duvido que sido tenha elaborada por Pitágoras; mas, se ele a elaborou realmente, não foi para fazer maluquices como essas).

a) RODOLFO DOMENICO PIZZINGA = 23 letras (não há uma carta nos Arcanos Maiores do Tarô correspondente). Que dizer de Dom Pedro Henrique Afonso Felipe Maria Miguel Gabriel Rafael Gonzaga de Orleans e Bragança? Mesmo tirando o Dom, não dá! Que dizer também do Parque Nacional do Arquipélago dos Alcatrazes? E este outro nome: Pia Maria Raniera Isabella Antonia Vitoria Thereza Amélia Gerarda Raimunda Anna Micaela Rafaela Gabriela Gonzaga. Impossível também! E, por esse método, finalmente, eu duvido que alguém pudesse ter advinhado, na época, que o patriota Joaquim José da Silva Xavier viria a morrer enforcado no campo da Lampadosa – hoje Praça Tiradentes – no Rio de Janeiro, e que depois seria decapitado e esquartejado, a cabeça indo parar em Vila Rica! Teria sido mais fácil prever a traição do Coronel de Cavalaria dos Campos Gerais Joaquim Silvério dos Reis – o delator da Conspiração Mineira.

b) RODOLFO = 9 + 6 + 4 + 6 + 3 + 6 + 6 = 40 = 4 + 0 = 4 (eu não nasci no mês 4 e sim no mês 7).

c) DOMENICO = 4 + 6 + 4 + 5 + 5 + 9 + 3 + 6 = 42 (eu não nasci nem no século XLII – que ainda não aconteceu neste calendário – nem no século VI a. C. ou d. C., no caso de uma adição. Nasci no século XX em 1946 = 1 + 9 + 4 + 6 = 20 = 2 + 0 = 2. 42 (ou 4 + 2 = 6) não possui nenhuma vinculação com 20 ou com 2. São apenas números pares. Essa é a única vinculação.

d) PIZZINGA = 7 + 9 + 8 + 8 + 9 + 5 + 7 + 1 = 54 ou 9 (5 + 4). Eu nasci no dia 5, que não tem qualquer semelhança com 54 ou com 9.

Epílogo: nada casa com coisa nenhuma.

Agora, se eu começar a somar, subtrair, interpolar, multiplicar, dividir, integrar, inventar, inverter etc. acabarei achando (por inferência dedutiva errada, isto é, nada) coincidências circunstanciais absurdamente notáveis ao mesmo tempo que inúteis! Poderia até construir um mecanismo que fosse capaz de criar energia – um moto perpétuo. Ora, uma máquina que presumidamente possa produzir trabalho a partir do nada é pura e simplesmente impossível. Mas há quem perca dias, meses e anos tentado projetar coisas assim. E, no andar dessa carruagem, outros 'zilhões' de absurdos podem também aparentar ser verdadeiros, como, enfim, pensar e ensinar, por hipótese, que o ouro possa reagir com o ácido clorídrico ou com o ácido nítrico isoladamente, apenas levando em conta números de oxidação e radicais químicos! Nem a Alquimia consegue essa proeza. Mas, com a água régia (água real) há reação! A seguir mostro dois exemplos simples dessas tolices.

 

 

 

 

Mas, voltando às continhas, no meu caso, há um dado interessante que dá como resultado, em algumas operações, o número 5. Eu sei exatamente o que esse número 5 significa e representa na minha vida, mas não acho conveniente comentar esse assunto, pois foge ao tema que me propus a examinar. Mas não posso deixar escapar a oportunidade para, mais uma vez, citar (editei a citação) Sâr Validivar: Os símbolos dos números não têm poderes inatos nem poderes anímicos. Um número é apenas um instrumento. Seus poderes consistem em suas aplicações, não em sua forma ou na expressão física que possuam. Aplicações corretas, bem entendido. E mesmo quando corretas, para o bem, não para fabricar bombas.

 

 

 

 

O que não se pode, por outro lado, é negar a existência de ciclos cósmicos, sejam eles ciclos de influências marcantes e pessoais, sejam ciclos que sustentam e mantêm a ordem universal, sejam, ainda, outros ciclos, como os ciclos biogeoquímicos. Por exemplo: a) na vida humana, o ser ao completar 63 anos integraliza 9 ciclos de 7 anos; b) as Ordens Iniciáticas funcionam, geralmente, em consonância com o ciclo de 216 anos —› 108 anos de atividade e 108 anos de dormência (ou inatividade); e c) há diversos ciclos cósmicos, e, dentre eles, posso recordar os ciclos de 720 anos, 2.160 anos e 25.920 anos (720 x 3 = 2.160 e 2.160 x 12 = 25920). Mas, imaginar que a Bíblia contenha o nome de todos nós (os que já morreram, os que estão vivos e os que ainda irão nascer) com cálculos codificados e secretos com o nome, o dia do nascimento e o dia da morte de cada ser deste Planeta é, no mínimo, uma grande 'esquizofantasia'. Caramba! Concedendo, por absurdo e só por treze segundos, que exista um Deus criador e mantenedor da ordem universal, porque Ele criaria seres sem autodeterminação? Capricho? Solidão? Para se divertir? Seres assim não seriam seres, seriam bonecos; apenas marionetes. Se nós, que somos humanos e falíveis, não apreciamos os bonifrates, Deus apreciaria?

Mas, admitindo que todo esse meu sincero raciocínio esteja errado — o que é possível, mas é pouco provável — me permitirei resumidamente consentir e especular:

1º - O Universo é finito, ilimitado, uno e constituído de ilimitados universos;

2º - Nesses ilimitados universos há ilimitados planetas habitados;

3º - Nesses ilimitados planetas habitados há ilimitados seres em ilimitados graus de evolução (também ilimitada).

Conclusão: deverá haver ilimitadas Bíblias-Torahs e ilimitadas folhas de papel-bíblia nos ilimitados planetas habitados dos ilimitados universos do Universo finito e ilimitado para conter a ilimitada quantidade de todo esse pessoal ilimitado em ilimitados graus de evolução. Conclusão definitiva: o Universo, ainda que finito e ilimitado, está repleto de Bíblias-Torahs, todas editadas em papel-bíblia. Ora, convenhamos: isso tudo é uma tremenda sandice, porque, no mínimo, ainda que o Universo global seja finito e ilimitado, os universos que o compõem não podem ser ilimitados; são finitos e limitados. Isso é mesmo uma sandice. Mas é com maluquices como essas que constroem os códigos da Bíblia-Torah e as religiões que apocopam e matam em nome dos deuses que as sustentam. E se espalham também estapafurdices como essas de que o Mundo está para acabar. Mas, que não se confunda Dia da Transformação com fim do Mundo! Sobre esssa matéria consulte os e-books disponibilizados na Página dos Discursos dos Iluminados de Khem (A Escola de Mistérios de Akhenaton).

Só mais um pouco. E os livros que foram surrupiados da Bíblia? E os Evangelhos (ditos) apócrifos? E... Isso vai longe!

De uma maneira geral, o que as pessoas apelidam de milagre (intra e extrabíblico) é o tributo que pagam por desconhecer as Leis Cósmicas que regulam esses (por elas clasificados como) milagres. Pode até ser incrível, mas Pedro de Amorim Viana, filósofo e matemático português (1822-1901), professor da Academia Politécnica do Porto (1850-1883) – uma das figuras centrais do pensamento português especulativo dos oitocentos e o iniciador do ciclo moderno da filosofia lusíada – abordou essa matéria há uns cento e quarenta anos no seu famoso livro Defesa do Racionalismo ou Análise da Fé (1866). Vale a pena conferir.

E, para terminar, como sou filho de uma portuguesa (tripeira) e português de coração, posso brincar com meus patrícios sem ofendê-los. Milagre mesmo é português filósofo: Pedro de Amorim Viana e José Maria da Cunha Seixas (o Pai do Pantiteísmo) foram dois deles. Aí, já é muito: são dois milagres!