O
Website da Fraternidade
Rosacruz Max Heindel
oferece para leitura em sua biblioteca on-line amplo e diversificado
material sobre o Rosacrucianismo de vertente heindeliana. Nesta oportunidade,
estou divulgando a sexta e última coletânea de extratos de
algumas cartas que Max Heindel enviou aos estudantes da Fraternidade Rosacruz
entre o natal de 1910 e janeiro de 1919, editados, em alguns casos, para
que pudessem caber neste tipo de divulgação fragmentária.
Entretanto advirto: o pensamento do autor, obviamente, não foi adulterado
em nada.
Para
consulta e leitura integral, estes documentos estão disponibilizados
no endereço:
http://www.fraternidaderosacruz.org/
ce_index.htm
Cartas
Heindelianas
(Fragmentos)
Sabedoria
[SOPhIa]
implica Amor antes, depois e sempre, enquanto que o conhecimento
pode ser usado para os piores propósitos imagináveis. Portanto,
existe uma grande diferença entre conhecimento e Sabedoria. O verdadeiro
Filósofo compreende e vive para a 'Sabedoria do Amor' ao invés
do amor pela sabedoria – o Amor que envolve a completa compreensão
do que é a verdadeira filosofia e o que ela significa. Robert Burns
(25 de janeiro de 1759 – 21 de Julho de 1796) disse uma vez: 'Oh!
Que poder teríamos se nós nos víssemos como os outros
nos vêem!'
Ao
criticarmos agudamente os mínimos defeitos dos outros, adotamos uma
atitude muito antifraternal, antifilosófica e desprovida da 'Sabedoria
do Amor'.
'O
amor não é invejoso, não se ufana, não se ensoberbece,
não busca os seus interesses, não se alegra com a injustiça,
mas, regozija-se com a verdade.' (Paulo,
capítulo 13 da Primeira Epístola aos Coríntios,
apud Max Heindel).
Pergunta:
Qual o obstáculo mais comum que impede o nosso progresso no trabalho
espiritual? Resposta:
A falta de concentração.
É
tão importante usar acertadamente o tempo que nos sobra no nosso
próprio desenvolvimento espiritual, como o é cumprir os nossos
deveres terrenos com a nossa família e com as nossas obrigações
profissionais e sociais. Sabemos que o progresso social e profissional dependem
da soma de concentração, planejamento e perseverança
que tivermos. Então, se nos mostramos tão sábios e
prudentes no que diz respeito às coisas do mundo, que duram apenas
os poucos anos da nossa vida terrena, por que não nos empenhamos
em usar o mesmo bom senso e não o aplicamos de corpo e alma às
coisas espirituais – que são eternas?
Muitos
caminhos conduzem a Roma e ao Reino de Cristo, mas se esbanjarmos o nosso
tempo andando hoje em uma direção para amanhã escolher
um caminho diferente, o nosso fracasso será certo.1
Ninguém
é possuidor de tão perfeito estado de saúde que nunca
tenha experimentado a agonia da dor, especialmente aqueles que trilham o
Caminho Superior.
'Consummatum
est!' Está consumado! Isto significa que o trabalho foi cumprido.
Não é um brado de agonia, mas de triunfo; uma exclamação
de alegria!
A
vida não é somente um desenrolar de causas começadas
em existências anteriores. O Espírito, ao renascer, traz consigo
a grande possibilidade do livre-arbítrio – conforme o procedimento
na vida anterior –
para ser
usado nas várias circunstâncias da vida. Assim, no lugar de
transformar somente causas passadas em efeitos, há também
causas novas geradas a cada passo pelo Espírito e que atuam como
sementes de experiências em vidas futuras. Este é um ponto
muito importante. É uma verdade irrefutável, pois, se assim
não fosse, as causas que já foram postas em ação
deveriam, em certo momento, terminar, e isto significaria a cessação
da existência.
Causas
antigas...
Novas causas...
Efeitos reiterados...
Não
somos forçados a agir em determinada direção por estarmos
em um determinado ambiente ou porque toda a nossa existência anterior
nos deu uma tendência para uma exata finalidade. Com a prerrogativa
do livre-arbítrio, o homem tem o poder da epigênese
[força produtriz] ou iniciativa, de forma que pode adotar
uma nova linha de conduta a qualquer momento que queira. Não poderá
se separar instantaneamente de toda a sua vida passada – isto requer
muito tempo, talvez várias vidas –
mas, gradualmente,
pode ir cultivando o ideal que uma vez semeou. E assim, a vida progride
não só pela involução e pela evolução,
mas, especialmente, pela epigênese.
Em
princípio, por muito degradado que seja um ser, ele tem sempre o
poder de semear o bem, mas deve esperar até que esta semente possa
florescer em um ambiente propício. Cada um de nós, ainda que
sujeito aos dias passados, é livre no que diz respeito ao amanhã.2
Periodicamente,
renascemos sob a imutável Lei de Conseqüência.3
Todos,
sem exceção, que trabalham zelosamente e com ideais espirituais,
ajudando na elevação da Humanidade, encontram uma Illuminação
que não é dada àqueles que só procuram os prêmios
materiais da vida e o seu próprio engrandecimento.
O
Corpo Vital é composto de quatro éteres: o Éter Químico,
necessário à assimilação; o Éter de Vida,
que impulsiona o crescimento e a propagação; o Éter
de Luz, veículo da percepção dos sentidos; e o Éter
Refletor, receptáculo da memória.
Só
por meio do serviço e do altruísmo é que desenvolveremos
o 'Dourado Manto Nupcial', composto pelos dois Éteres Superiores
– o Éter
de Luz
e o Éter
Refletor.
Quando
as funções corporais são enfraquecidas por toda a espécie
imaginável de austeridade, o jejum entre outros, visões fantasmagóricas
ou mesmo alucinações são o resultado obtido. A verdadeira
espiritualidade não pode ser obtida pela profanação
ou destruição do 'Templo de Deus' – o corpo físico
–
e o jejum
poderá chegar a ser tão inconveniente como a gula. Só
alcançaremos a admissão no Templo através de um justo
viver.
Nenhuma
guerra poderá ser declarada sem que seja permitida pelo Espírito
de Raça. Sob a Visão Espiritual, o Espírito de Raça
aparece como uma nuvem cobrindo uma nação, e esta nuvem é
absorvida por seus habitantes em cada respiração que façam.
Nela os habitantes vivem, se movem e têm a sua existência. Por
meio deste processo, ficam imbuídos do sentimento nacionalista a
que chamamos 'patriotismo', o qual, em tempos de guerra, incita os ânimos
tão poderosamente, que todos são dominados por este sentimento
e estão dispostos a sacrificar tudo por sua pátria. O fato
é que uma catarata espiritual tem vedado os olhos do Mundo Ocidental
e necessita ser removida para que a evolução possa prosseguir.
Há
o grande perigo de que o espírito possa se enredar de tal maneira
nos corpos de qualquer raça, que,
ao longo do caminho da evolução,
não
consiga seguir as outras.
Na primitiva Época Atlante,
éramos incapazes de ver o corpo ou até mesmo senti-lo, porque
a nossa consciência estava concentrada no reino espiritual. Víamo-nos
uns aos outros, alma a alma. Estávamos inconscientes do nascimento
e da morte, e não sentíamos a separação daqueles
que amávamos. Mas, ao tomar gradualmente conhecimento do nosso corpo,
e ao focar a nossa consciência desde a morte ao nascimento, houve
uma separação e o conseqüente pesar devido ao advento
da morte. No entanto, em épocas passadas, muitos podiam ver ambos
os mundos; formavam um número considerável entre a população.
Seus testemunhos sobre a continuidade da vida foram de grande conforto para
aqueles que ficavam desolados com a morte, pois eles relatavam que os que
tinham partido ainda viviam e eram felizes, embora fossem incapazes de se
fazerem perceber. Mas, o mundo se tornou cada vez mais materialista. Na
realidade, a fé no futuro se desvaneceu, tornando-se mais intensa
a dor pela perda dos entes queridos, e, ainda hoje, muitos crêem que
a separação é definitiva. Para estes, a palavra 'renascimento'
é uma palavra vazia de sentido e, portanto, o sofrimento é
imenso. Todavia, este mesmo sofrimento é o verdadeiro remédio
da Natureza para a catarata espiritual. Tão certo como a vontade
de crescer construiu o complicado tubo digestivo para que, pela alimentação,
este desejo pudesse ser satisfeito, tão certo como a vontade de locomoção
desenvolveu as maravilhosas articulações, nervos e ligamentos
para haver movimento, assim também, a intensa vontade de continuar
o relacionamento desfeito pela morte construiu o órgão para
sua satisfação – o Olho do Espírito. Esta horrorosa
carnificina de milhões de homens ajudou e está ajudando a
ligar o abismo entre os mundos visível e invisível, muito
mais do que milhares de anos de prece o conseguiram. Através da história
do mundo, sabemos que guerreiros tiveram as chamadas revelações
sobrenaturais, e existem muitos testemunhos de que tais visões têm
acontecido na presente guerra [Primeira
Guerra Mundial – conflito bélico mundial ocorrido entre 28
de julho de 1914 e 11 de novembro de 1918].
O choque da ferida, os sofrimentos no hospital, as lágrimas das viúvas
e dos órfãos, tudo isto está abrindo os olhos espirituais
da Europa, e a época da dúvida e do ceticismo, aos poucos,
desaparecerá. Em lugar de ficar envergonhado por ter fé em
Deus, o mundo honrará o homem mais por sua devoção
do que por suas proezas, e isto em um futuro não muito distante.
Elevemos uma prece para este dia chegar.
'Tudo
é vaidade'. (Salomão,
apud Max Heindel).
Da
mesma forma que a atividade espiritual do homem é maior enquanto
o seu corpo está adormecido, assim também, pela Lei de Analogia,
podemos compreender que a chama espiritual na Terra é mais radiante
no solstício de inverno,4
e é esta a ocasião propícia para o melhor desenvolvimento
da alma, para a investigação e estudo dos mais profundos mistérios
da vida.
Em
a Natureza, o superior se alimenta e depende do inferior para seu desenvolvimento
e conseqüente evolução. Assim como os discípulos
foram instruídos e ajudados por Cristo, assim também eles
foram escalões para o Seu desenvolvimento. Foi por ter consciência
disto, que Jesus, o Cristo, se humilhou reconhecendo a Sua dívida
para com eles, servindo-os da maneira mais humilde que se possa imaginar
– lavando-lhes os pés.
Não
é necessário subirmos a um púlpito para falar ao Coração
dos outros. Algumas vezes, é muito mais eficaz fazermos de forma
suave e tranqüila, para que as pessoas não suspeitem que pretendemos
lhes ensinar algo.5
Um
dos mais difíceis problemas que um guia de um movimento espiritual
tem de enfrentar, é a impaciência dos estudantes que querem
colher o que não semearam. Há estudantes que não têm
a necessária paciência para aguardar a colheita; querem resultados
imediatos e, se não conseguem possuir asas em um determinado tempo
fixado por eles próprios, estão dispostos a proclamar a 'fraude',
e procuram um 'mestre individual' visível ou invisível. Como
este lhes garante ótimos resultados, estão dispostos a atirar
pela janela o bom senso e segui-lo cegamente, ainda que este 'mestre
fajuto' os possa conduzir a um manicômio, a uma depressão ou,
no caso dos que conseguem escapar destes males, a um desfalque de grande
parte de suas economias.6
Já
viram alguma vez alguma instituição de ensino, desde o jardim
da infância até a universidade, que tenha um professor para
cada estudante? Nós não. Nenhum conselho de educação
sancionaria tal desperdício de energia nem contrataria um professor
para um único aluno, só porque este fosse impaciente e quisesse
passar pela escola 'rapidamente'. Mesmo que fosse permitido a um professor
'abarrotar' de conhecimentos o cérebro de um aluno, tal método
poderia lhe acarretar um grande perigo, como febre cerebral, loucura e até
mesmo a morte. Se isto é verdade para as escolas da ciência
física, como pode alguém acreditar que há diferença
no que diz respeito às escolas da ciência espiritual? Cristo
disse a Seus discípulos: 'Se Eu que vos falei de coisas terrenas
e não acreditastes nelas, como acreditaríeis se Eu vos tivesse
falado de coisas celestiais?' Nenhum 'mestre individual', se o há,
pode iniciar alguém nos Mistérios da Alma sem que o aluno
se tenha preparado pelo seu próprio esforço. Quem disser que
o faz se define como um impostor. E quem assim se deixar ludibriar mostra
não ter bom senso, de outra forma compreenderia que nenhum Mestre
altamente desenvolvido pode desperdiçar o seu tempo e energia com
a instrução de um só aluno, quando o pode fazer com
muitos. Tente imaginar os Doze Irmãos Maiores da Ordem Rosacruz,
cada um atendendo a um só aluno! Este pensamento é um sacrilégio.
Tais homens, tão altamente evoluídos, têm tarefas mais
importantes a atender, e nem mesmo um Irmão Leigo7
que tenha sido Iniciado por eles tem permissão de perturbá-los
com coisas de menor importância.
As
guerras são profundamente
lamentáveis,
mas se algum reconforto há, este é o conhecimento de que elas
estão ajudando a destruir a barreira entre os vivos e os mortos,
como
nenhuma outra coisa o poderia fazer.
Assim, as guerras apressarão a abolição do pesar que
agora as pessoas experimentam quando se vêem separadas dos seus seres
amados. Também o sofrimento derivado das guerras está sendo
utilizado para desviar os povos ocidentais dos prazeres do mundo, reconduzindo-os
à devoção a Deus.
Onde
não há luta há uma indicação certa de
coma espiritual. E o 'corpo de pecado' pode sair vitorioso. Mas, quanto
mais dura for a batalha, mais gratificante será nosso progresso espiritual.
Neutralidade
não pode existir. Ou há paz e a 'carne' nos rege e nos mantém
em abjeta dependência ou há guerra agressivamente travada entre
a 'carne'
e o Espírito. Enquanto continuarmos vivendo neste 'corpo de morte',
esta guerra prosseguirá, pois até Cristo foi tentado, e devemos
ter consciência de que, como Ele, temos de enfrentar as tentações.
E, por falar em tentações,
a cada ano que passa,
mais
sutis elas
nos são apresentadas no Caminho.8
Há
um imenso perigo da auto-aprovação.
Mesmo que possamos sentir que somos 'bons', 'muito bons' e até 'mais
santos' que os demais, na verdade, estamos totalmente enganados. Devemos
admitir que as armadilhas do Corpo de Desejos são ardilosas.
O nascimento e a morte são
meros incidentes na vida do Espírito – que não tem princípio
nem fim.
A
porta da morte não é mais do que o umbral para uma Vida Maior,
na qual as doenças e as dores, que tanto abatem o nosso corpo físico,
não têm mais domínio sobre nós.
Quanto
mais imitarmos o Cristo, mais seguiremos os ditames do Eu Superior, e mais
seguramente venceremos a natureza inferior, ganhando a única batalha
digna de sair vitoriosa.
Jesus
— o Gentio Ariano
(Pintura Original do Dr. Harvey Spencer Lewis)
Fonte: AMORC
______
Notas:
1.
Por isto, tenho advertido que misturar religião com esoterismo, particularmente
o Esoterismo Iniciático, não dá certo, como também
é dispêndio desnecessário de energia, para não
dizer inútil, se filiar a várias fraternidades iniciáticas.
Disse Max Heindel: Os
estudantes devem dedicar todo o seu tempo livre para trabalhar em uma única
sociedade religiosa [ou místico-iniciática],
em vez de dissipar e fragmentar suas energias pertencendo à várias
sociedades. Pertencendo
à várias sociedades é impossível concretizar
e progredir em qualquer trabalho. Todos os caminhos conduzem a Roma, mas
não podemos seguir dois caminhos ao mesmo tempo. É necessário
que concentremos todos os nossos esforços no que nos seja mais proveitoso,
em vez de dissipar as energias em prejuízo do nosso desenvolvimento
anímico.
2.
Isto é mais ou menos como disse Francisco de Paula Cândido
Xavier, conhecido como Chico Xavier, (Pedro Leopoldo, 2 de abril de 1910
– Uberaba, 30 de junho de 2002): Embora
ninguém possa voltar atrás e fazer um novo começo,
qualquer um pode começar agora e fazer um novo fim.
3.
Esta é uma Lei muito conhecida e de aplicação universal,
irmã gêmea da Lei do Renascimento. A Lei de Conseqüência
toma diferentes nomes, segundo sua aplicação. Na Física,
por exemplo, é chamada de Princípio de Newton ou Lei de Ação
e Reação, assim enunciada: uma força não pode
exercer uma ação, sem, no mesmo instante, gerar uma reação
igual e diretamente oposta ou, por outras palavras, toda causa gera um efeito
correspondente. Existem, pois, causas e efeitos. A causa é primária;
o efeito é secundário. Só pode se manifestar um efeito,
se uma causa entrar em ação.
Esta nota foi editada da fonte:
http://www.fraternidaderosacruz.org/page35.htm