A CIÊNCIA DOS ESPÍRITOS

(Quarta parte)

 

Rodolfo Domenico Pizzinga

 

 

 

Objetivo do Estudo

 

 

 

Este estudo (quarta e última parte) tem por objetivo apresentar para reflexão alguns fragmentos (poucos ligeiramente editados) da obra A Ciência dos Espíritos, de autoria do sábio KaBaLista francês Éliphas Lèvy – o mais importante ocultista do século XIX. Resumidamente, a obra é uma tentativa de reconciliar a razão com a fé, já que a harmonia, segundo Éliphas, resulta da analogia dos contrários. E assim, talvez, se possa definir fé como o reconhecimento confiante da razão de uma verdade pessoalmente experienciada.

 

 

 

 

 

 

Fragmentos da Obra

 

 

 

O diabo sempre desempenhou o papel principal na comédia dos prodígios.

Enquanto durou a infância da razão na Idade Média, as forças secretas da Natureza, os fenômenos de magnetismo, sobretudo as alucinações, cujos claustros são abundantes viveiros, fizeram crer na influência quase contínua dos espíritos. Os fantasmas aéreos, que a imaginação cria e que realimenta nas nuvens, tornam-se silfos, os vapores da água tornam-se ondinas, as vertigens do fogo tornam-se salamandras, as emanações embriagadoras da Terra tornam-se gnomos, os duendes dançam com as fadas ao luar.1

A necromancia é um crime contra a Natureza.

Embuste interessado de uma parte, ignorância de outra, fenômenos inexplicados, mas, não inexplicáveis, eis o que justifica a pretensa intervenção dos espíritos durante todo o curso da Idade Média. O estudo da Natureza estava abandonado por uma escolástica bárbara. Jurava-se em nome de Aristóteles e do mestre das sentenças. O medo do inferno impedia que se ocupassem do mundo. E o pensamento da morte fazia com que a vida fosse negligenciada. Em suma: contágio do medo e transmissão epidêmica do delírio.

O Espiritismo é o onanismo das almas.

É estudando de perto os 'prodígios' que se descobrem as leis secretas da Natureza.

A Natureza jamais se contradiz. É harmoniosa, regular e obedece a leis rigorosamente exatas quanto ao resultado de sua ação. A Razão Suprema é como o Sol: é insensato quem não a vê!

A ignorância gosta de se espantar, porque, se espantando, fica maravilhada, e quando fica maravilhada se encanta. Depois, não quer mais ser desencantada, e não consegue ouvir a Voz do Silêncio, que só fala a Verdade.

Para explicar um fato da ordem espiritual, somos obrigados a nos apoiar no fato correspondente da ordem material, como os antigos poetas o faziam pelas comparações e os profetas pelas parábolas.

 

 

 

 

O fenômeno da fé é a origem de todos os 'prodígios'. Quando a fé enfraquece, os 'milagres' desaparecem. Os primeiros cristãos, reunidos em torno da santa mesa para comungar com Deus, viam Deus, como aqueles que têm fé na magia e na feitiçaria vêm encantamentos e bruxaria em tudo. Os maldotados acreditam que conversam com o demônio, o qual repercute seus sonhos e, algumas vezes, o estado de suas consciências. Enfim, aqueles que crêem em aparições, em nódoas fosforescentes e em barulhos estranhos são também servidos segundo suas idéias, porque é dado a cada um segundo sua fé.

Só a instrução e a Verdadeira Ciência poderão destruir as superstições e os disparates espalhados pelos ignaros.

O Espírito sopra em toda parte, e os raios da LLuz Espiritual Illuminam todas as consciências. Mas, como há corujas que fogem da luz, há também corpos refringentes, e muitos estão despidos da faculdade reflexiva.

'Mens agitat molem.' O Espírito move a matéria.

O poder intelectual é Magia, e a matéria colocada a serviço do Espírito se torna inteligente.

Quando o homem se elevar acima de todas as superstições terá tomado seu lugar no Universo, e compreenderá que nasceu para comandar a Natureza.

A superstição é uma lanterna mágica sem luz; é o 'sabat' dos pobres diabos; é o caos das extravagâncias; é o ruído anárquico dos loucos; é o equívoco das balbúrdias; é a confusão das massas.

Quem não estuda e não investiga as causas jamais poderá compreender os efeitos.

 

 

 

A Ciência – grave, silenciosa e triste – estuda, observa e espera. Ela não saberia, porém, guardar silêncio eterno, pois, então, ela seria a morte.

A Razão é a base de toda Justiça.

A força é o sentimento heróico do sacrifício. A fraqueza é o sonho debilitante do egoísmo satisfeito.

O maior de todos os egoístas é aquele que quer uma revelação só para si.

Se alguém vir um absurdo ser escrito em letras de fogo no céu, está livre para admirar o fenômeno, mas, não será louco se admitir o absurdo.

A adesão firme da inteligência às hipóteses necessárias e razoáveis é fé; pode-se também dizer que esta fé é razão. A adesão obstinada do espírito às hipóteses impossíveis e irracionais é superstição, fanatismo, mentira absoluta e loucura.

Os supersticiosos adoram o diabo.2

Os supersticiosos não são sectários que devam ser combatidos, mas, doentes que precisam ser curados.3

O objetivo da fé é, necessariamente, a hipótese; mas, o objetivo da fé racional é a hipótese necessária.

Em face do Ser, com efeito, é preciso ser louco para chegar a afirmar o nada.

 

 

Totum est Plenum

 

 

A conseqüência de uma proposição absurda não pode ser examinada porque não existe.4

Aqueles que se abandonam aos desfalecimentos automáticos do sonambulismo ou do hipnotismo, às impulsões fatais e duvidosas dos espíritos das mesas giratórias, abandonam ao desconhecido tenebroso a direção do seu pensamento, e se tornam, o que é horrível e completamente contra a Natureza, alienados voluntários. Tornam-se, então, os profetas do turbilhão, os videntes da vertigem, os oráculos do grande caos, os intérpretes da fatalidade.

A necromancia é a mais negra das ciências do abismo, a mais maldita das operações sacrílegas.

O coração do Cristianismo [Gnóstico], sua essência, sua lei fundamental, é a hierarquia diretamente oposta à anarquia. Pela hierarquia, a sociedade se constitui e se eleva; pela anarquia, se divide e se destrói. A hierarquia é a comunhão; a anarquia é a excomunhão voluntária. A hierarquia é o homem devotado à sociedade e protegido por ela; a anarquia é o homem proscrito pela sociedade e conspirando contra ela. A hierarquia, enfim, é o homem onipotente porque é múltiplo; a anarquia é o homem impotente porque está só.

'Quando o homem cresce, Deus se eleva' [e fala em seu Coração], disse o salmista.

O milagre não é um fato contrário às Leis da Natureza, pois, se acontecesse, a Natureza sofreria uma reviravolta. O dito milagre, como tudo o que existe, não pode existir sem razão [sem o amparo de uma Lei Cósmica]; ele não prova nada contra a razão.5

A razão dirigindo a fé e a fé sustentando a razão são as únicas luzes verdadeiras das nossas almas. Tudo o mais é apenas cansaço inútil do cérebro, aberração dos sentidos e delírios do pensamento.

O verdadeiro pecado mortal é a negação formal, prática e confirmada do espírito de caridade.

O orgulho ou o desejo injusto da dominação, a luxúria ou o desejo injusto dos prazeres da carne e a cupidez ou o desejo injusto dos bens deste mundo são os três inimigos do homem.

A maior quantidade de felicidade, mesmo temporal, pertence não ao homem virtuoso, mas, à virtude.

Para colocar o Ilimitado entre dois termos, não é necessário abaixar um; é suficiente elevar ilimitadamente o outro.

 

 

 

 

Verdade Identidade do ser com a Idéia.

Realidade Identidade do ser com a Ciência.

Razão Identidade do ser com o Verbum.

Justiça Identidade do ser com a Ação.

As objeções [ainda] insolúveis do espírito derivam da atração do Coração pelas ilusões da vida.

 

 

 

 

Viver = Agir + Pensar + Querer +Fazer.

O Mistério do Amor e o Mistério da Justiça são explicados e conciliados pelo Mistério de Caridade.

Tentar explicar a Divindade comparando-A com o homem – seja quanto às suas misericórdias, seja quanto às suas cóleras – é necessariamente cair no absurdo.

Os pecadores [ignorantes] sofrem pela privação dos bens dos quais se tornaram indignos [desmerecedores].6

A comunhão universal dos homens só será possível no momento em que o espírito de caridade [compaixão] houver triunfado.

A poesia está nas imagens; e a harmonia das imagens é essencialmente analógica.

 

 

 

A Bela Comenda

 

 

 

Que cada um se ilustre

para poder se alforriar.

Que cada um perlustre

para poder ascensionar.

 

Quem buscar achará;

o     está em tudo.

Quem pugnar vencerá;

 nunca fica mudo.

 

Esta é a Santa Senda;

este é o Belo Caminho.

Esta é a Bela Comenda

de todo Pequenininho!

 

 

 

 

 

 

 

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Notas:

1. A questão a ponderar é: até que ponto isto realmente mudou? Mudou ou foi colorizado de outras cores, em certos casos, até, mais borrentas, inverossímeis, bizarras e estapafúrdias? A presumida fabricação de zumbis – morto reanimado privado de vontade própria, usualmente de hábitos fantasmagóricos noturnos – é um exemplo de a que nível de baixeza a boçalidade e a crueldade humanas podem chegar.

 

 

Zumbis

 

 

2. E, se não adoram, pelo menos, fazem uma tremenda propaganda dele.

3. Tanto quanto os leprosos, os quadriplégicos, os aidéticos, os infartados, os portadores de deficiência mental, os mitomaníacos, os corruptos, os serial killers, os pedófilos, os sociopatas etc. Na realidade, em última instância, não existem criminosos; existem, sim, doentes. Criminalização, cadeia e pena capital não educam ninguém. Se fosse assim, bastava passar uma temporada no inferno, para sair de lá o maior santo do Universo.

4. Aqui não posso concordar com Éliphas. Proposições absurdas geram conseqüências, sim, e, às vezes, funestas. Volto sempre à invenção doentia do Terceiro Reich, oficialmente, desde 1943, Grande Reich Alemão. Ora, ainda que a Segunda Grande Guerra tenha representado o cumprimento cármico coletivo mais doloroso da História da Humanidade e o momento mais glorioso da Grande Loja Negra, ela poderia, pelo menos, digamos assim, ter sido mais branda, menos carniceira. Todos os grandes líderes mundiais da época sabiam direitinho que o Senhor Adolf estava se preparando para fazer o que acabou mesmo fazendo. Deixaram a coisa correr frouxo para ver no que ia dar, e deu no que deu. Ou seja: sabiam, mas, não examinaram adequadamente as intenções belicistas do Senhor Adolf Sieg Heil. E, se examinaram, não deram bola. E, se não deram bola... Não esqueçamos de que os Estados Unidos da América só entraram na guerra porque a Marinha Imperial Japonesa atacou Pearl Harbor na manhã de 7 de dezembro de 1941, que, como disse Franklin Delano Roosevelt (1882 – 1945) a date which will live in infamy – uma data que viverá na infâmia. Portanto, a regra é: todas as proposições, absurdas ou sensatas, precisam e devem ser examinadas, até porque a linha demarcatória entre o contra-senso e a sensatez é muito tênue. E não adianta só pôr as barbas de molho; se for necessário, é preciso aplicar ações que neutralizem a crueldade. Foi por isto que Pearl Harbor ficou rapado.

5. Se algo acontecesse que fosse contrário às Leis Universais, o Universo cairia em um caos irreversível – o que é, portanto, inexeqüível e irrealizável.

6. Libertação ‹— Compreensão ‹— Esforço + Mérito.

 

 

 

 

Música de fundo:

The Elders/Sanctuary
Compositor: Miklos Rozsa

Fonte:

http://gosong.net/download/w-K9QT2JATQ/
King_Of_Kings_Original_Soundtrack-04.html

 

Páginas da Internet consultadas:

http://izismile.com/2013/09/09/
cool_optical_illusion_2_gifs.html

http://www.leducalliance.org/

http://www.cellphonehits.net/240x320-colour
-animated-wallpaper/balls-animated/

http://monstros.colorir.com/monstro-malicioso.html

http://s15.photobucket.com/

http://www.soundsnap.com/tags/zombie

http://giphy.com/gifs/ColbXXtLhOz0k

http://pt.wikipedia.org/wiki/Zumbi

http://pt.wikipedia.org/wiki/Vodu

 

Direitos autorais:

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