Este
estudo (quarta e última parte) tem por objetivo apresentar para reflexão
alguns fragmentos (poucos ligeiramente editados) da obra A Ciência
dos Espíritos, de autoria do sábio
KaBaLista
francês Éliphas Lèvy – o mais importante ocultista
do século XIX. Resumidamente, a obra é uma tentativa de reconciliar
a razão com a fé, já que a
harmonia, segundo Éliphas,
resulta da analogia
dos contrários. E assim, talvez, se possa definir fé
como o reconhecimento confiante da razão de uma verdade pessoalmente
experienciada.
Fragmentos
da Obra
O
diabo sempre desempenhou o papel principal na comédia dos prodígios.
Enquanto
durou a infância da razão na Idade Média, as forças
secretas da Natureza, os fenômenos de magnetismo, sobretudo as alucinações,
cujos claustros são abundantes viveiros, fizeram crer na influência
quase contínua dos espíritos. Os fantasmas aéreos,
que a imaginação cria e que realimenta nas nuvens, tornam-se
silfos, os vapores da água tornam-se ondinas, as vertigens do fogo
tornam-se salamandras, as emanações embriagadoras da Terra
tornam-se gnomos, os duendes dançam com as fadas ao luar.1
A
necromancia é um crime contra a Natureza.
Embuste
interessado de uma parte, ignorância de outra, fenômenos inexplicados,
mas, não inexplicáveis, eis o que justifica a pretensa intervenção
dos espíritos durante todo o curso da Idade Média. O estudo
da Natureza estava abandonado por uma escolástica bárbara.
Jurava-se em nome de Aristóteles e do mestre das sentenças.
O medo do inferno impedia que se ocupassem do mundo. E o pensamento da morte
fazia com que a vida fosse negligenciada. Em suma: contágio do medo
e transmissão epidêmica do delírio.
O
Espiritismo é o onanismo das almas.
É
estudando de perto os 'prodígios'
que se descobrem as leis secretas da Natureza.
A
Natureza jamais se contradiz. É harmoniosa, regular e obedece a leis
rigorosamente exatas quanto ao resultado de sua ação. A Razão
Suprema é como o Sol: é insensato quem não a vê!
A
ignorância gosta de se espantar, porque, se espantando, fica maravilhada,
e quando fica maravilhada se encanta. Depois, não quer mais ser desencantada,
e não consegue ouvir a Voz do Silêncio, que só fala
a Verdade.
Para
explicar um fato da ordem espiritual, somos obrigados a nos apoiar no fato
correspondente da ordem material, como os antigos poetas o faziam pelas
comparações e os profetas pelas parábolas.
O
fenômeno da fé é a origem de todos os 'prodígios'.
Quando a fé enfraquece, os 'milagres'
desaparecem. Os primeiros cristãos, reunidos em torno da santa mesa
para comungar com Deus, viam Deus, como aqueles que têm fé
na magia e na feitiçaria vêm encantamentos e bruxaria em tudo.
Os maldotados acreditam que conversam com o demônio, o qual repercute
seus sonhos e, algumas vezes, o estado de suas consciências. Enfim,
aqueles que crêem em aparições, em nódoas fosforescentes
e em barulhos estranhos são também servidos segundo suas idéias,
porque é dado a cada um segundo sua fé.
Só
a instrução e a Verdadeira Ciência poderão destruir
as superstições e os disparates espalhados pelos ignaros.
O
Espírito sopra em toda parte, e os raios da LLuz Espiritual Illuminam
todas as consciências. Mas, como há corujas que fogem da luz,
há também corpos refringentes, e muitos estão despidos
da faculdade reflexiva.
'Mens
agitat molem.' O Espírito move a matéria.
O
poder intelectual é Magia, e a matéria colocada a serviço
do Espírito se torna inteligente.
Quando
o homem se elevar acima de todas as superstições terá
tomado seu lugar no Universo, e compreenderá que nasceu para comandar
a Natureza.
A
superstição é uma lanterna mágica sem luz; é
o 'sabat' dos pobres diabos; é o caos das extravagâncias; é
o ruído anárquico dos loucos; é o equívoco das
balbúrdias; é a confusão das massas.
Quem
não estuda e não investiga as causas jamais poderá
compreender os efeitos.
A
Ciência – grave, silenciosa e triste – estuda, observa
e espera. Ela não saberia, porém, guardar silêncio eterno,
pois, então, ela seria a morte.
A
Razão é a base de toda Justiça.
A
força é o sentimento heróico do sacrifício.
A fraqueza é o sonho debilitante do egoísmo satisfeito.
O
maior de todos os egoístas é aquele que quer uma revelação
só para si.
Se
alguém vir um absurdo ser escrito em letras de fogo no céu,
está livre para admirar o fenômeno, mas, não será
louco se admitir o absurdo.
A
adesão firme da inteligência às hipóteses necessárias
e razoáveis é fé; pode-se também dizer que esta
fé é razão. A adesão obstinada do espírito
às hipóteses impossíveis e irracionais é superstição,
fanatismo, mentira absoluta e loucura.
Os
supersticiosos adoram o diabo.2
Os
supersticiosos não são sectários que devam ser combatidos,
mas, doentes que precisam ser curados.3
O
objetivo da fé é, necessariamente, a hipótese; mas,
o objetivo da fé racional é a hipótese necessária.
Em
face do Ser, com efeito, é preciso ser louco para chegar a afirmar
o nada.
Totum
est Plenum
A conseqüência de uma proposição
absurda não pode ser examinada porque não existe.4
Aqueles
que se abandonam aos desfalecimentos automáticos do sonambulismo
ou do hipnotismo, às impulsões fatais e duvidosas dos espíritos
das mesas giratórias, abandonam ao desconhecido tenebroso a direção
do seu pensamento, e se tornam, o que é horrível e completamente
contra a Natureza, alienados voluntários. Tornam-se, então,
os profetas do turbilhão, os videntes da vertigem, os oráculos
do grande caos, os intérpretes da fatalidade.
A
necromancia é a mais negra das ciências do abismo, a mais maldita
das operações sacrílegas.
O
coração do Cristianismo [Gnóstico],
sua essência, sua lei fundamental, é a hierarquia diretamente
oposta à anarquia. Pela hierarquia, a sociedade se constitui e se
eleva; pela anarquia, se divide e se destrói. A hierarquia é
a comunhão; a anarquia é a excomunhão voluntária.
A hierarquia é o homem devotado à sociedade e protegido por
ela; a anarquia é o homem proscrito pela sociedade e conspirando
contra ela. A hierarquia, enfim, é o homem onipotente porque é
múltiplo; a anarquia é o homem impotente porque está
só.
'Quando
o homem cresce, Deus se eleva' [e
fala em seu Coração], disse o salmista.
O
milagre não é um fato contrário às Leis da Natureza,
pois, se acontecesse, a Natureza sofreria uma reviravolta. O dito milagre,
como tudo o que existe, não pode existir sem razão [sem
o amparo de uma Lei Cósmica]; ele não prova nada
contra a razão.5
A
razão dirigindo a fé e a fé sustentando a razão
são as únicas luzes verdadeiras das nossas almas. Tudo o mais
é apenas cansaço inútil do cérebro, aberração
dos sentidos e delírios do pensamento.
O
verdadeiro pecado mortal é a negação formal, prática
e confirmada do espírito de caridade.
O
orgulho ou o desejo injusto da dominação, a luxúria
ou o desejo injusto dos prazeres da carne e a cupidez ou o desejo injusto
dos bens deste mundo são os três inimigos do homem.
A
maior quantidade de felicidade, mesmo temporal, pertence não ao homem
virtuoso, mas, à virtude.
Para
colocar o Ilimitado entre dois termos, não é necessário
abaixar um; é suficiente elevar ilimitadamente o outro.
Verdade
Identidade do ser com a Idéia.
Realidade
Identidade do ser com a Ciência.
Razão
Identidade do ser com o Verbum.
Justiça
Identidade do ser com a Ação.
As
objeções [ainda]
insolúveis do espírito derivam da atração
do Coração pelas ilusões da vida.
Viver
= Agir
+ Pensar +
Querer +Fazer.
O
Mistério do Amor e o Mistério da Justiça são
explicados e conciliados pelo Mistério de Caridade.
Tentar
explicar a Divindade comparando-A com o homem – seja quanto às
suas misericórdias, seja quanto às suas cóleras –
é necessariamente cair no absurdo.
Os
pecadores [ignorantes]
sofrem pela privação dos bens dos quais se tornaram indignos
[desmerecedores].6
A
comunhão universal dos homens só será possível
no momento em que o espírito de caridade [compaixão]
houver triunfado.
A
poesia está nas imagens; e a harmonia das imagens é essencialmente
analógica.
A
Bela Comenda
Que
cada um se ilustre
para
poder se alforriar.
Que cada
um perlustre
para
poder ascensionar.
Quem buscar achará;
o
está em tudo.
Quem
pugnar vencerá;
o
nunca fica mudo.
Esta
é a Santa Senda;
este
é o Belo Caminho.
Esta
é a Bela Comenda
de todo
Pequenininho!
______
Notas:
1. A
questão a ponderar é: até que ponto isto realmente
mudou? Mudou ou foi colorizado de outras cores, em certos casos, até,
mais borrentas, inverossímeis, bizarras e estapafúrdias? A
presumida fabricação de zumbis – morto reanimado privado
de vontade própria, usualmente de hábitos fantasmagóricos
noturnos – é um exemplo de a que nível de baixeza a
boçalidade e a crueldade humanas podem chegar.
Zumbis
2. E,
se não adoram, pelo menos, fazem uma tremenda propaganda dele.
3. Tanto
quanto os leprosos, os quadriplégicos, os aidéticos, os infartados,
os portadores de deficiência mental, os mitomaníacos, os corruptos,
os serial killers,
os pedófilos, os sociopatas etc. Na realidade, em última instância,
não existem criminosos; existem, sim, doentes. Criminalização,
cadeia e pena capital não educam ninguém. Se fosse assim,
bastava passar uma temporada no inferno, para sair de lá o maior
santo do Universo.
4. Aqui
não posso concordar com Éliphas. Proposições
absurdas geram conseqüências, sim, e, às vezes, funestas.
Volto sempre à invenção doentia do Terceiro Reich,
oficialmente, desde 1943, Grande Reich Alemão. Ora, ainda que a Segunda
Grande Guerra tenha representado o cumprimento cármico coletivo mais
doloroso da História da Humanidade e o momento mais glorioso da Grande
Loja Negra, ela poderia, pelo menos, digamos assim, ter sido mais branda,
menos carniceira. Todos os grandes líderes mundiais da época
sabiam direitinho que o Senhor Adolf estava se preparando para fazer o que
acabou mesmo fazendo. Deixaram a coisa correr frouxo para ver no que ia
dar, e deu no que deu. Ou seja: sabiam, mas, não examinaram adequadamente
as intenções belicistas do Senhor Adolf Sieg
Heil. E, se examinaram, não deram bola. E, se não
deram bola... Não esqueçamos de que os Estados Unidos da América
só entraram na guerra porque a Marinha Imperial Japonesa atacou Pearl
Harbor na manhã de 7 de dezembro de 1941, que, como disse Franklin
Delano Roosevelt (1882 – 1945) a
date which will live in infamy – uma data que viverá
na infâmia. Portanto, a regra é: todas as proposições,
absurdas ou sensatas, precisam e devem ser examinadas, até porque
a linha demarcatória entre o contra-senso e a sensatez é muito
tênue. E não adianta só pôr as barbas de molho;
se for necessário, é preciso aplicar ações que
neutralizem a crueldade. Foi por isto que Pearl Harbor ficou rapado.
5. Se
algo acontecesse que fosse contrário às Leis Universais, o
Universo cairia em um caos irreversível – o que é, portanto,
inexeqüível e irrealizável.
6. Libertação
‹— Compreensão ‹— Esforço + Mérito.
Música
de fundo:
The Elders/Sanctuary
Compositor: Miklos Rozsa
Fonte:
http://gosong.net/download/w-K9QT2JATQ/
King_Of_Kings_Original_Soundtrack-04.html
Páginas
da Internet consultadas:
http://izismile.com/2013/09/09/
cool_optical_illusion_2_gifs.html
http://www.leducalliance.org/
http://www.cellphonehits.net/240x320-colour
-animated-wallpaper/balls-animated/
http://monstros.colorir.com/monstro-malicioso.html
http://s15.photobucket.com/
http://www.soundsnap.com/tags/zombie
http://giphy.com/gifs/ColbXXtLhOz0k
http://pt.wikipedia.org/wiki/Zumbi
http://pt.wikipedia.org/wiki/Vodu
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