Este
estudo (terceira parte) tem por objetivo apresentar para reflexão
alguns fragmentos (poucos ligeiramente editados) da obra A Ciência
dos Espíritos, de autoria do sábio
KaBaLista
francês Éliphas Lèvy – o mais importante ocultista
do século XIX. Resumidamente, a obra é uma tentativa de reconciliar
a razão com a fé, já que a
harmonia, segundo Éliphas,
resulta da analogia
dos contrários. E assim, talvez, se possa definir fé
como o reconhecimento confiante da razão de uma verdade pessoalmente
experienciada.
Fragmentos
da Obra
'Pœnitentia
non est verbum.' Arrepender-se não é agir. A verdadeira penitência
não consiste nem em lamentos nem em lágrimas.
A
harmonia resulta da analogia dos contrários. Os contrários
são governados pelos contrários através da harmonia.
'In
principio, id est, in ChoKMaH.' No começo, isto é, pela Sabedoria
[ShOPhIa].
A Sabedoria é o princípio de tudo o que existe eternamente.
Tudo começa e termina por Ela. No começo era o Verbum, isto
é, na Sabedoria Eterna estava o Verbum.
Supor
que Deus decidiu criar após uma eternidade de inércia é
supor dois enormes absurdos: 1º – uma eternidade que acaba; e
2º – um Deus que muda.
'Viœ
œternitatis sunt triginta duo.' Há trinta e duas vias (Dez Números
e as Vinte e Duas Letras) que conduzem ao Eterno.1
Filosofia
Oculta Ciência Exata
Aritmética do Pensamento.
Só
há, com efeito, nove algarismos. E assim, o número dez é
a repetição da unidade. [10
1 + 0 = 1].
O
homem faz Deus à sua imagem e semelhança e exclama: é
assim que Deus me fez! É assim que Deus se fez homem. É assim
que Deus se fez Deus. Procuremos Deus na Humanidade e encontraremos a Humanidade
em Deus.
São
três os céus simbólicos: o céu divino, o céu
filosófico e o céu natural.
Litterœ
sunt hieroglyphicœ in omnibus. As Letras Sagradas são hieróglifos
completos que exprimem todas as idéias. Pelas combinações
destas Letras, que são também Números, são obtidas
combinações de idéias sempre novas e rigorosamente
exatas, como operações matemáticas.
A
personalidade-alma se veste para descer e se despe para subir.
O
amor totalmente puro e desinteressado da justiça [Amor
Categórico] é mais nobre do que o amor interessado
[Amor Hipotético]
daqueles que só fazem o bem atraídos pelas recompensas.
'Anima
bona anima nova filia Orientis.' A alma boa é uma alma nova que é
filha do Oriente. Há duas bondades: a bondade original – que
é a inocência – e a bondade adquirida – que é
a virtude.
Post
deos rex verus regnabit super Terram. Quando não houver mais falsos
deuses, um Verdadeiro Rei reinará sobre a Terra. A idolatria é
o culto do despotismo arbitrário [ultramontanista,
preconceituoso e assassino], e os reis deste mundo são
feitos à imagem dos deuses que a Humanidade engendra e adora. Um
deus que pune ilimitadamente seres limitados – após presumidamente
tê-los criado frágeis e lhes ter imposto uma lei que contraria
todas as inclinações da sua natureza, sem que esta mesma lei
seja claramente promulgada por todos – autoriza todas as barbaridades
dos autocratas e fanáticos de plantão. Só quando os
homens conceberem um Deus justo terão reis equitativos. As crenças
fazem a opinião, e é a opinião que consagra os poderes.
Os costumes se formam segundo as crenças, e toda e qualquer política
é o resultado dos costumes
[consuetudinarismo].
'Linea
viridis gyrat universa.' A linha verde circula em torno de todas as coisas.
Os KaBaListas, em seus pantáculos, representam a coroa divina por
uma linha verde que cerca as outras figuras. O verde é a aliança
das duas cores principais do prisma: o amarelo e o azul.
'Amen
est influxus numerationum.' Amém [AMeN]
é a influência dos números.2
A
Gênese não é propriamente a história da formação
de um mundo, mas, a exposição de Leis Eternas que presidem
a manifestação cíclica, incessante e sempre renovada
dos seres.
Duvidar
da virtude conduz a grande maioria dos homens ao seu inferno pessoal.
Eis
a desgraça inexcedível: nascer, viver e morrer sem ter encontrado
a Sabedoria. É assim que a noite exorta a noite e que a morte anuncia
a morte. E o homem que o sonho arrebata já não sabe se dorme
ou se está acordado!
Do
mesmo modo que a criança já nascida não pode voltar
para dentro de sua mãe, os vivos de uma esfera superior não
podem mais recair na nossa esfera.
A
conservação de cadáveres é um ultraje à
Natureza, porque é um prolongamento artificial da morte.
Quando
a barbárie está na Terra, está também no céu,
que os homens representam. Isto está perfeitamente exemplificado
no tenebroso fanatismo da Idade Média e no deus dos
[esquizofrênicos] inquisidores.
Não
há mortos; tudo está vivo.
A
letra mata; só o Espírito vivifica.
Que
Jesus – a Razão Suprema Encarnada – tenha consentido
na maldade horrenda e ridícula de espíritos puros condenados
ao inferno tenham encontrado alívio ao se afogarem sob formas de
porcos, como está descrito na Bíblia, o mais vulgar bom senso
não pode admitir.
Jesus
ocultava da multidão as Altas Verdades de Sua Doutrina, e só
as revelava ao pequeno círculo de Iniciados [Pequeninos],
disfarçando-as em Parábolas.
Quando
Jesus expirou, diz o Evangelho, a Terra tremeu, o Sol se obscureceu, o véu
do templo se rasgou de cima até embaixo, as pedras racharam, os túmulos
se abriram, os mortos saíram e apareceram a várias pessoas.
Se fosse para tomar essas coisas ao pé da letra, a história
faria certamente uma menção qualquer a esse acontecimento
formidável. O tremor da Terra teria sido universal, e o obscurecimento
do Sol outra coisa que não um simples eclipse. Quais são as
pedras que racharam? Todas as pedras? As cidades então deveriam ter
desabado. Algumas pedras? Quais? E por que estas e não aquelas? Os
mortos saíram de seus túmulos? Em que estado? Tal como eram?
No estado de putrefação e de esqueletos ou com corpos novos?
Foi, então, uma verdadeira ressurreição? Mas, a Escritura
chama Jesus Cristo de o primeiro-nascido dentre os mortos, isto é,
o primeiro dos ressuscitados, e, neste momento, Jesus apenas acabava de
morrer. A letra aqui não resiste um só instante ao exame;
é necessário recorrer ao espírito, isto é, à
alegoria. Jesus Cristo morreu de fato e o velho mundo tremeu; Ele não
se recuperará deste abalo, e o colosso romano cairá pedaço
por pedaço. O véu do templo se rasgou, isto é, os mais
secretos mistérios da religião judaica são desvendados:
é a Humanidade Divina ou a Divindade Humana. O Sol se obscureceu,
isto é, os antigos cultos do Oriente que tomavam o sol pela mais
perfeita imagem de Deus perderam sua virtude. Um Sol Vivo acaba de aparecer
sobre a Terra, ele desaparece para renascer, os dias da alma encontraram
sua Chama. As pedras se racham, isto é, os mais duros Corações
não podem resistir à doce violência do Grande Sacrifício.
Os túmulos se abrem por si mesmos, porque a morte acaba de deixar
escapar as chaves das Portas Eternas. Os mortos se levantam e parecem ressuscitar
de antemão, porque a morte triunfante da maior das vítimas
acaba de dar um golpe mortal na própria morte, e a imortalidade da
alma se torna visível, de certo modo, sobre a Terra. Este é
o sentido, o verdadeiro sentido, o único sentido possível
e lógico das palavras sagradas tomadas ao pé da letra por
tantas crianças entre as quais é preciso colocar as teologias
imbecis da Idade Média. Quanto às aparições
do próprio Jesus Cristo, não falaremos nelas, porque são
domínio exclusivo da fé. Diremos apenas que não favorecem
em nada as idéias do Espiritismo, porque Jesus Cristo aparece não
como morto, mas, como vivo.
Os
primeiros Cristãos, forçados a se esconder, tinham suas Parábolas
e seu Ocultismo. Escreviam para ser compreendidos apenas pelos Iniciados.
Toda
a Vida Divina está no espírito de caridade.
Muitos
dos que morrem continuam a viver uma falsa existência iludidos em
seus tédios. Vivem como viveram na Terra, se lastimando por não
mais verem o que viam, por não mais ouvirem o que ouviam, por não
mais saborearem o que saboreavam, por não mais possuírem o
que possuíam.
São
os movimentos desregrados do sangue que perturbam a razão das pessoas
excitadas, assim como produzem, durante a noite, o desregramento dos sonhos.
A loucura e certos vícios são hereditários porque residem
no sangue: o sangue é o grande agente simpático da vida; é
o motor da imaginação; é o substratum animado da luz
magnética ou da Luz Astral polarizada nos seres vivos; é a
primeira
encarnação do Fluído Universal, é a Luz Vital
materializada. Ele é feito à imagem e à semelhança
do Ilimitado; é uma substância negativa na qual nadam e se
agitam milhares de glóbulos vivos e imantados, glóbulos plenos
de vida e completamente vermelhos desta insaciável plenitude. Seu
nascimento é a maior de todas as maravilhas da Natureza. Ele não
vive senão para se transformar; é o Proteu Universal: ele
sai dos princípios onde não estava contido, torna-se carne,
ossos, cabelos, tecidos particulares e delicados, unhas, suor, lágrimas.
Ele não se alia nem à corrupção nem à
morte: quando a vida cessa, ele se decompõe. Se conseguirmos reanimá-lo,
refazê-lo por uma imantação nova de seus glóbulos,
a vida recomeçará. A Substância Universal, com seu duplo
movimento, é o Grande Arcano do Ser; o sangue é o Grande Arcano
da Vida. Igualmente, todos os mistérios religiosos são também
mistérios do sangue. Os deuses e os demônios da Antigüidade
amavam e tinham sede de sangue. Enfim, é no vapor do sangue, dizia
Paracelso, que a imaginação recebe todos os fantasmas que
cria.
Nos
Grandes Mistérios da Antigüidade, era conhecido o segredo do
Fogo Devorador e possuía-se o segredo dos fantasmas.
São
Pedro, depois de Judas, era o mais sangüinário dos Apóstolos.
Os
monges da Idade Média, como os sacerdotes de Baal, tiravam regularmente
seu próprio sangue, pois, a abstinência perpétua –
essa divindade estéril – é um ídolo que quer
sangue: a força vital, subtraída à Natureza, devia
ser derramada sobre o altar da morte.
Os
hierofantes do velho mundo pensavam que o sacrificador assumia e resumia
em si todos os crimes do povo, e que ele era o primeiro a ser purificado
pelo sangue todo-poderoso da vítima. Jesus fois o único Iniciador
que não matou ninguém, e foi condenado, entre outras coisas,
por ter ensinado a abolição dos sacrifícios sangrentos.
O
velho mundo durará enquanto os sacerdotes tiverem necessidade de
viver do altar, isto é, de comer a carne das vítimas.3
A
catolicidade, isto é, a universalidade de uma só religião,
é ainda apenas um princípio que muitas pessoas encaram como
uma utopia. Mas, os princípios não são utopias; são
mais fortes do que os povos e os reis, mais duráveis do que os impérios,
mais estáveis do que os mundos.4
Matar
para viver – eis a grande fatalidade dos Grandes Mistérios.
Morrer para que os outros vivam – eis o direito divino e a liberdade
da Iniciação humana ao triunfo da razão.
Os
espíritos que falam nas mesas são espíritos de vosso
sangue [médium].
Um
absurdo não justifica uma atrocidade.
O
Espiritismo visionário é a fotografia dos sonhos. Os pretensos
espíritos que se evocam são miragens ou reflexos de uma imaginação
coletiva. As fotografias mentais são, aliás, mais duradouras
do que as fotografias solares, porque, se as primeiras se apagam, podemos
renová-las sempre lançando o espírito nas mesmas aberrações.
A evocação dos mortos acaba por levar à loucura ou
à uma morte prematura. As larvas que vêm do além-túmulo
são sempre frias e alteradas.
AMeN!
AMeN!
AMeN!
Haja
Equanimidade. AMeN!
Haja
Fraternidade. AMeN!
Haja
Solidariedade. AMeN!
Haja
Conformidade. AMeN!
Haja
Discernimento. AMeN!
Haja
Compreensão. AMeN!
Haja
Indulgência. AMeN!
Haja
Misericórdia. AMeN!
Haja
Desambição. AMeN!
Haja
Categoricidade. AMeN!
Haja
Incondicionalidade. AMeN!
Haja
Congruidade. AMeN!
Haja
Bem e Beleza. AMeN!
Haja
Amor e Paz. AMeN!
Haja
Santa LLuz.
AMeN!
Continua...
______
Notas:
1. O
Sepher Yezirah
(Livro da Criação) ensina que há 32 (Trinta e Duas)
Sendas de Sabedoria e 50 (Cinqüenta) Portas da Inteligência.
As Trinta e Duas Sendas (ou Caminhos) da Sabedoria são: Inteligência
Admirável, Glória Segunda, Inteligência Santificante,
Inteligência Receptora, Inteligência Radicular, Inteligência
de Influência Média, Inteligência Oculta, Inteligência
Perfeita e Absoluta, Inteligência Purificada, Inteligência Resplandecente,
Inteligência do Fogo, Inteligência da Luz, Inteligência
Indutiva da Unidade, Inteligência que Ilumina, Inteligência
Construtiva, Inteligência Triunfante e Eterna, Inteligência
da Predisposição, Inteligência ou Morada da Afluência,
Inteligência do Oculto ou de Todas as Atividades Espirituais, Inteligência
da Vontade, Inteligência que Agrada Àquele que Busca, Inteligência
Fiel, Inteligência Estável, Inteligência Imaginativa,
Inteligência de Tentação ou de Prova, Inteligência
que Renova, Inteligência que Agita, Inteligência Natural, Inteligência
Corpórea, Inteligência Coletiva, Inteligência Perpétua
e Inteligência Auxiliar.
2. A
Palavra AMeN
é uma assinatura mental; ai daquele que diga amém após
ter dado existência a um erro ou formulado uma maldade. Rapidamente,
é interessante refletir sobre a palavra AMeN.
KaBaListicamente,
AMeN
equivale a 91 (1 +
40 +
50), e é igual à soma de YHVH
e ADoNaY,
que equivalem, respectivamente, a 26 (10 + 5 + 6 + 5) e 65 (1 + 4 + 50 +
10). YHVH
e ADoNaY
implicam esotericamente na existência assexual do Senhor no interior
de cada indivíduo. É importante ainda ressaltar que o original
de AMeN
é AUM.
Observe, finalmente, que 91
9 + 1 = 10 1 + 0 = 1. Unidade;
sempre a Unidade!
3. Ou
seja: explorar descaradamente e desmedidamente a ignorância dos seus
confrades.
4.
Uma
catolicidade plena, isto é, a universalidade de uma só religião,
como pensava Éliphas, é uma impossibilidade, e, eu mesmo,
quando falo em Teocientificismo, sei que isto é também uma
impossibilidade utópica como norma ou regra geral; mas, sei que uma
melhora da boçalidade está em curso, como não poderia
deixar de estar. Tudo muda; tudo se transforma; tudo ascende. Mesmo o que
entropiza ascende. Ciclos dentro de ciclos! Isto é simples de compreender.
Enfim, para que acontecesse uma catolicidade universal, seria necessário
que todas as personalidades-alma tivessem alcançado o mesmo plano
de compreensão das coisas. Se esta paridade de entendimento acontecesse,
o limite da reintegração teria sido alcançado, o que,
em um Universo finito, porém, ilimitado, nem poderá suceder
nem poderá existir, pois nem a Dimensão Dhârmâkayca
é o limite. O limite não tem limite, pois, se houvesse um
limite, conseqüentemente haveria um fim! E, como não há
nem começo nem fim...
Música
de fundo:
The Elders/Sanctuary
Compositor: Miklos Rozsa
Fonte:
http://gosong.net/download/w-K9QT2JATQ/
King_Of_Kings_Original_Soundtrack-04.html
Páginas
da Internet consultadas:
http://steveboylefx.com/projects/bad-moon-rising/
http://www.netanimations.net/Halloween-
Witches-Ghosts-Goblins-Bat-Animations.htm
http://www.picgifs.com/graphics/ghosts/
http://dl2.mp3truck.net/download/VWxhT2xJNEtlbks4
Y29TZDBzblFjUT09-35/128/adolf-hitler-sieg-heil.html
http://www.wanderinghappy.com/
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autorais:
As animações,
as fotografias digitais e as mídias digitais que reproduzo (por empréstimo)
neste texto têm exclusivamente a finalidade de ilustrar e embelezar
o trabalho. Neste sentido, os direitos de copyright são exclusivos
de seus autores. Entretanto, como nem sempre sei a quem me dirigir para
pedir autorização para utilizá-las, se você encontrar
algo aqui postado que lhe pertença e desejar que seja removido, por
favor, entre em contato e me avise, que retirarei do ar imediatamente.