A CIÊNCIA DOS ESPÍRITOS

(Terceira parte)

 

Rodolfo Domenico Pizzinga

 

 

 

Objetivo do Estudo

 

 

 

Este estudo (terceira parte) tem por objetivo apresentar para reflexão alguns fragmentos (poucos ligeiramente editados) da obra A Ciência dos Espíritos, de autoria do sábio KaBaLista francês Éliphas Lèvy – o mais importante ocultista do século XIX. Resumidamente, a obra é uma tentativa de reconciliar a razão com a fé, já que a harmonia, segundo Éliphas, resulta da analogia dos contrários. E assim, talvez, se possa definir fé como o reconhecimento confiante da razão de uma verdade pessoalmente experienciada.

 

 

 

 

 

 

Fragmentos da Obra

 

 

 

'Pœnitentia non est verbum.' Arrepender-se não é agir. A verdadeira penitência não consiste nem em lamentos nem em lágrimas.

A harmonia resulta da analogia dos contrários. Os contrários são governados pelos contrários através da harmonia.

 

 

 

 

'In principio, id est, in ChoKMaH.' No começo, isto é, pela Sabedoria [ShOPhIa]. A Sabedoria é o princípio de tudo o que existe eternamente. Tudo começa e termina por Ela. No começo era o Verbum, isto é, na Sabedoria Eterna estava o Verbum.

Supor que Deus decidiu criar após uma eternidade de inércia é supor dois enormes absurdos: 1º – uma eternidade que acaba; e 2º – um Deus que muda.

'Viœ œternitatis sunt triginta duo.' Há trinta e duas vias (Dez Números e as Vinte e Duas Letras) que conduzem ao Eterno.1

Filosofia Oculta Ciência Exata Aritmética do Pensamento.

Só há, com efeito, nove algarismos. E assim, o número dez é a repetição da unidade. [10 1 + 0 = 1].

 

 

O homem faz Deus à sua imagem e semelhança e exclama: é assim que Deus me fez! É assim que Deus se fez homem. É assim que Deus se fez Deus. Procuremos Deus na Humanidade e encontraremos a Humanidade em Deus.

São três os céus simbólicos: o céu divino, o céu filosófico e o céu natural.

Litterœ sunt hieroglyphicœ in omnibus. As Letras Sagradas são hieróglifos completos que exprimem todas as idéias. Pelas combinações destas Letras, que são também Números, são obtidas combinações de idéias sempre novas e rigorosamente exatas, como operações matemáticas.

 

 

 

 

A personalidade-alma se veste para descer e se despe para subir.

O amor totalmente puro e desinteressado da justiça [Amor Categórico] é mais nobre do que o amor interessado [Amor Hipotético] daqueles que só fazem o bem atraídos pelas recompensas.

'Anima bona anima nova filia Orientis.' A alma boa é uma alma nova que é filha do Oriente. Há duas bondades: a bondade original – que é a inocência – e a bondade adquirida – que é a virtude.

Post deos rex verus regnabit super Terram. Quando não houver mais falsos deuses, um Verdadeiro Rei reinará sobre a Terra. A idolatria é o culto do despotismo arbitrário [ultramontanista, preconceituoso e assassino], e os reis deste mundo são feitos à imagem dos deuses que a Humanidade engendra e adora. Um deus que pune ilimitadamente seres limitados – após presumidamente tê-los criado frágeis e lhes ter imposto uma lei que contraria todas as inclinações da sua natureza, sem que esta mesma lei seja claramente promulgada por todos – autoriza todas as barbaridades dos autocratas e fanáticos de plantão. Só quando os homens conceberem um Deus justo terão reis equitativos. As crenças fazem a opinião, e é a opinião que consagra os poderes. Os costumes se formam segundo as crenças, e toda e qualquer política é o resultado dos costumes [consuetudinarismo].

 

 

 

 

'Linea viridis gyrat universa.' A linha verde circula em torno de todas as coisas. Os KaBaListas, em seus pantáculos, representam a coroa divina por uma linha verde que cerca as outras figuras. O verde é a aliança das duas cores principais do prisma: o amarelo e o azul.

'Amen est influxus numerationum.' Amém [AMeN] é a influência dos números.2

A Gênese não é propriamente a história da formação de um mundo, mas, a exposição de Leis Eternas que presidem a manifestação cíclica, incessante e sempre renovada dos seres.

Duvidar da virtude conduz a grande maioria dos homens ao seu inferno pessoal.

Eis a desgraça inexcedível: nascer, viver e morrer sem ter encontrado a Sabedoria. É assim que a noite exorta a noite e que a morte anuncia a morte. E o homem que o sonho arrebata já não sabe se dorme ou se está acordado!

Do mesmo modo que a criança já nascida não pode voltar para dentro de sua mãe, os vivos de uma esfera superior não podem mais recair na nossa esfera.

A conservação de cadáveres é um ultraje à Natureza, porque é um prolongamento artificial da morte.

Quando a barbárie está na Terra, está também no céu, que os homens representam. Isto está perfeitamente exemplificado no tenebroso fanatismo da Idade Média e no deus dos [esquizofrênicos] inquisidores.

Não há mortos; tudo está vivo.

A letra mata; só o Espírito vivifica.

Que Jesus – a Razão Suprema Encarnada – tenha consentido na maldade horrenda e ridícula de espíritos puros condenados ao inferno tenham encontrado alívio ao se afogarem sob formas de porcos, como está descrito na Bíblia, o mais vulgar bom senso não pode admitir.

Jesus ocultava da multidão as Altas Verdades de Sua Doutrina, e só as revelava ao pequeno círculo de Iniciados [Pequeninos], disfarçando-as em Parábolas.

Quando Jesus expirou, diz o Evangelho, a Terra tremeu, o Sol se obscureceu, o véu do templo se rasgou de cima até embaixo, as pedras racharam, os túmulos se abriram, os mortos saíram e apareceram a várias pessoas. Se fosse para tomar essas coisas ao pé da letra, a história faria certamente uma menção qualquer a esse acontecimento formidável. O tremor da Terra teria sido universal, e o obscurecimento do Sol outra coisa que não um simples eclipse. Quais são as pedras que racharam? Todas as pedras? As cidades então deveriam ter desabado. Algumas pedras? Quais? E por que estas e não aquelas? Os mortos saíram de seus túmulos? Em que estado? Tal como eram? No estado de putrefação e de esqueletos ou com corpos novos? Foi, então, uma verdadeira ressurreição? Mas, a Escritura chama Jesus Cristo de o primeiro-nascido dentre os mortos, isto é, o primeiro dos ressuscitados, e, neste momento, Jesus apenas acabava de morrer. A letra aqui não resiste um só instante ao exame; é necessário recorrer ao espírito, isto é, à alegoria. Jesus Cristo morreu de fato e o velho mundo tremeu; Ele não se recuperará deste abalo, e o colosso romano cairá pedaço por pedaço. O véu do templo se rasgou, isto é, os mais secretos mistérios da religião judaica são desvendados: é a Humanidade Divina ou a Divindade Humana. O Sol se obscureceu, isto é, os antigos cultos do Oriente que tomavam o sol pela mais perfeita imagem de Deus perderam sua virtude. Um Sol Vivo acaba de aparecer sobre a Terra, ele desaparece para renascer, os dias da alma encontraram sua Chama. As pedras se racham, isto é, os mais duros Corações não podem resistir à doce violência do Grande Sacrifício. Os túmulos se abrem por si mesmos, porque a morte acaba de deixar escapar as chaves das Portas Eternas. Os mortos se levantam e parecem ressuscitar de antemão, porque a morte triunfante da maior das vítimas acaba de dar um golpe mortal na própria morte, e a imortalidade da alma se torna visível, de certo modo, sobre a Terra. Este é o sentido, o verdadeiro sentido, o único sentido possível e lógico das palavras sagradas tomadas ao pé da letra por tantas crianças entre as quais é preciso colocar as teologias imbecis da Idade Média. Quanto às aparições do próprio Jesus Cristo, não falaremos nelas, porque são domínio exclusivo da fé. Diremos apenas que não favorecem em nada as idéias do Espiritismo, porque Jesus Cristo aparece não como morto, mas, como vivo.

Os primeiros Cristãos, forçados a se esconder, tinham suas Parábolas e seu Ocultismo. Escreviam para ser compreendidos apenas pelos Iniciados.

Toda a Vida Divina está no espírito de caridade.

Muitos dos que morrem continuam a viver uma falsa existência iludidos em seus tédios. Vivem como viveram na Terra, se lastimando por não mais verem o que viam, por não mais ouvirem o que ouviam, por não mais saborearem o que saboreavam, por não mais possuírem o que possuíam.

São os movimentos desregrados do sangue que perturbam a razão das pessoas excitadas, assim como produzem, durante a noite, o desregramento dos sonhos. A loucura e certos vícios são hereditários porque residem no sangue: o sangue é o grande agente simpático da vida; é o motor da imaginação; é o substratum animado da luz magnética ou da Luz Astral polarizada nos seres vivos; é a primeira
encarnação do Fluído Universal, é a Luz Vital materializada. Ele é feito à imagem e à semelhança do Ilimitado; é uma substância negativa na qual nadam e se agitam milhares de glóbulos vivos e imantados, glóbulos plenos de vida e completamente vermelhos desta insaciável plenitude. Seu nascimento é a maior de todas as maravilhas da Natureza. Ele não vive senão para se transformar; é o Proteu Universal: ele sai dos princípios onde não estava contido, torna-se carne, ossos, cabelos, tecidos particulares e delicados, unhas, suor, lágrimas. Ele não se alia nem à corrupção nem à morte: quando a vida cessa, ele se decompõe. Se conseguirmos reanimá-lo, refazê-lo por uma imantação nova de seus glóbulos, a vida recomeçará. A Substância Universal, com seu duplo movimento, é o Grande Arcano do Ser; o sangue é o Grande Arcano da Vida. Igualmente, todos os mistérios religiosos são também mistérios do sangue. Os deuses e os demônios da Antigüidade amavam e tinham sede de sangue. Enfim, é no vapor do sangue, dizia Paracelso, que a imaginação recebe todos os fantasmas que cria.

Nos Grandes Mistérios da Antigüidade, era conhecido o segredo do Fogo Devorador e possuía-se o segredo dos fantasmas.

São Pedro, depois de Judas, era o mais sangüinário dos Apóstolos.

Os monges da Idade Média, como os sacerdotes de Baal, tiravam regularmente seu próprio sangue, pois, a abstinência perpétua – essa divindade estéril – é um ídolo que quer sangue: a força vital, subtraída à Natureza, devia ser derramada sobre o altar da morte.

Os hierofantes do velho mundo pensavam que o sacrificador assumia e resumia em si todos os crimes do povo, e que ele era o primeiro a ser purificado pelo sangue todo-poderoso da vítima. Jesus fois o único Iniciador que não matou ninguém, e foi condenado, entre outras coisas, por ter ensinado a abolição dos sacrifícios sangrentos.

O velho mundo durará enquanto os sacerdotes tiverem necessidade de viver do altar, isto é, de comer a carne das vítimas.3

A catolicidade, isto é, a universalidade de uma só religião, é ainda apenas um princípio que muitas pessoas encaram como uma utopia. Mas, os princípios não são utopias; são mais fortes do que os povos e os reis, mais duráveis do que os impérios, mais estáveis do que os mundos.4

Matar para viver – eis a grande fatalidade dos Grandes Mistérios. Morrer para que os outros vivam – eis o direito divino e a liberdade da Iniciação humana ao triunfo da razão.

Os espíritos que falam nas mesas são espíritos de vosso sangue [médium].

Um absurdo não justifica uma atrocidade.

O Espiritismo visionário é a fotografia dos sonhos. Os pretensos espíritos que se evocam são miragens ou reflexos de uma imaginação coletiva. As fotografias mentais são, aliás, mais duradouras do que as fotografias solares, porque, se as primeiras se apagam, podemos renová-las sempre lançando o espírito nas mesmas aberrações. A evocação dos mortos acaba por levar à loucura ou à uma morte prematura. As larvas que vêm do além-túmulo são sempre frias e alteradas.

 

 

 

 

 

 

AMeN! AMeN! AMeN!

 

 

 

Haja Equanimidade. AMeN!

Haja Fraternidade. AMeN!

Haja Solidariedade. AMeN!

Haja Conformidade. AMeN!

Haja Discernimento. AMeN!

Haja Compreensão. AMeN!

Haja Indulgência. AMeN!

Haja Misericórdia. AMeN!

Haja Desambição. AMeN!

Haja Categoricidade. AMeN!

Haja Incondicionalidade. AMeN!

Haja Congruidade. AMeN!

Haja Bem e Beleza. AMeN!

Haja Amor e Paz. AMeN!

Haja Santa LLuz. AMeN!

 

 

Continua...

 

 

 

 

 

 

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Notas:

1. O Sepher Yezirah (Livro da Criação) ensina que há 32 (Trinta e Duas) Sendas de Sabedoria e 50 (Cinqüenta) Portas da Inteligência. As Trinta e Duas Sendas (ou Caminhos) da Sabedoria são: Inteligência Admirável, Glória Segunda, Inteligência Santificante, Inteligência Receptora, Inteligência Radicular, Inteligência de Influência Média, Inteligência Oculta, Inteligência Perfeita e Absoluta, Inteligência Purificada, Inteligência Resplandecente, Inteligência do Fogo, Inteligência da Luz, Inteligência Indutiva da Unidade, Inteligência que Ilumina, Inteligência Construtiva, Inteligência Triunfante e Eterna, Inteligência da Predisposição, Inteligência ou Morada da Afluência, Inteligência do Oculto ou de Todas as Atividades Espirituais, Inteligência da Vontade, Inteligência que Agrada Àquele que Busca, Inteligência Fiel, Inteligência Estável, Inteligência Imaginativa, Inteligência de Tentação ou de Prova, Inteligência que Renova, Inteligência que Agita, Inteligência Natural, Inteligência Corpórea, Inteligência Coletiva, Inteligência Perpétua e Inteligência Auxiliar.

2. A Palavra AMeN é uma assinatura mental; ai daquele que diga amém após ter dado existência a um erro ou formulado uma maldade. Rapidamente, é interessante refletir sobre a palavra AMeN. KaBaListicamente, AMeN equivale a 91 (1 + 40 + 50), e é igual à soma de YHVH e ADoNaY, que equivalem, respectivamente, a 26 (10 + 5 + 6 + 5) e 65 (1 + 4 + 50 + 10). YHVH e ADoNaY implicam esotericamente na existência assexual do Senhor no interior de cada indivíduo. É importante ainda ressaltar que o original de AMeN é AUM. Observe, finalmente, que 91 9 + 1 = 10 1 + 0 = 1. Unidade; sempre a Unidade!

3. Ou seja: explorar descaradamente e desmedidamente a ignorância dos seus confrades.

4. Uma catolicidade plena, isto é, a universalidade de uma só religião, como pensava Éliphas, é uma impossibilidade, e, eu mesmo, quando falo em Teocientificismo, sei que isto é também uma impossibilidade utópica como norma ou regra geral; mas, sei que uma melhora da boçalidade está em curso, como não poderia deixar de estar. Tudo muda; tudo se transforma; tudo ascende. Mesmo o que entropiza ascende. Ciclos dentro de ciclos! Isto é simples de compreender. Enfim, para que acontecesse uma catolicidade universal, seria necessário que todas as personalidades-alma tivessem alcançado o mesmo plano de compreensão das coisas. Se esta paridade de entendimento acontecesse, o limite da reintegração teria sido alcançado, o que, em um Universo finito, porém, ilimitado, nem poderá suceder nem poderá existir, pois nem a Dimensão Dhârmâkayca é o limite. O limite não tem limite, pois, se houvesse um limite, conseqüentemente haveria um fim! E, como não há nem começo nem fim...

 

Música de fundo:

The Elders/Sanctuary
Compositor: Miklos Rozsa

Fonte:

http://gosong.net/download/w-K9QT2JATQ/
King_Of_Kings_Original_Soundtrack-04.html

 

Páginas da Internet consultadas:

http://steveboylefx.com/projects/bad-moon-rising/

http://www.netanimations.net/Halloween-
Witches-Ghosts-Goblins-Bat-Animations.htm

http://www.picgifs.com/graphics/ghosts/

http://dl2.mp3truck.net/download/VWxhT2xJNEtlbks4
Y29TZDBzblFjUT09-35/128/adolf-hitler-sieg-heil.html

http://www.wanderinghappy.com/

 

Direitos autorais:

As animações, as fotografias digitais e as mídias digitais que reproduzo (por empréstimo) neste texto têm exclusivamente a finalidade de ilustrar e embelezar o trabalho. Neste sentido, os direitos de copyright são exclusivos de seus autores. Entretanto, como nem sempre sei a quem me dirigir para pedir autorização para utilizá-las, se você encontrar algo aqui postado que lhe pertença e desejar que seja removido, por favor, entre em contato e me avise, que retirarei do ar imediatamente.