Rodolfo Domenico Pizzinga

 

 

 

Mal-de-bicho Brabo

 

 

 

Depois da sarrabulhada,

pintou um mal-de-bicho brabo.

Depois do mal-de-bicho,

pintou o chá de Matricaria chamomilla.

Depois do chá de Matricaria chamomilla,

pintou o maior alívio retoesfinctérico bundal.

Depois do alívio bundal,

é de lei: pintou outra a sarrabulhada...

Ciclos... Ciclos... Ciclos...

 

 

 

 

Depois do rompimento,

pintou a maior tristeza.

Depois da tristeza,

pintou uma baita bebedeira,
(pra Altino Belo Tavares da Cunha nenhum botar defeito).

Depois da bebedeira,

pintou a pior ressaca.

Depois da ressaca,

pintou um novo relacionamento...

Ciclos... Ciclos... Ciclos...

 

 

Tavarinho – Filho do Tavares

 

 

Depois da inocência útil,

pintou a papagaio-piratice.

Depois da papagaio-piratice,

pintou o beija-mão.

Depois do beija-mão,

pintou a ajoelhação.

Depois da ajoelhação,

pintou a submissão...

Ciclos... Ciclos... Ciclos...

 

 

Papagaio de Pirata
(— Para o meu querido e introcável Capitão,
eu ajoelharei e me submeterei, sim, sempre!)

 

 

Depois da 1ª Raça-raiz,

pintou a 2ª Raça-raiz.

Depois da 2ª Raça-raiz,

pintou a 3ª Raça-raiz.

Depois da 3ª Raça-raiz,

pintou a 4ª Raça-raiz.

Depois da 4ª Raça-raiz,

pintou a 5ª Raça-raiz...

Ciclos... Ciclos... Ciclos...

 

Depois dos Nascidos por Si Mesmos,

pintaram os Nascidos do Suor.

Depois dos Nascidos do Suor,

pintaram os Nascidos do Ovo.

Depois dos Nascidos do Ovo,

pintaram os Atlantes.

Depois dos Atlantes,

pintaram os Arianos...

Ciclos... Ciclos... Ciclos...

 

Depois do Satya Yuga (Idade de Ouro),

pintou o Tetrâ Yuga (Idade de Prata).

Depois do Tetrâ Yuga (Idade de Prata),

pintou o Dvâpara Yuga (Idade do Bronze).

Depois do Dvâpara Yuga (Idade do Bronze),

pintou o Kali Yuga (Idade do Ferro).

Depois do Kali Yuga (fanatismo + preconceito),

pintará, de novo, o Satya Yuga (Idade de Ouro)...

Ciclos... Ciclos... Ciclos...

 

Depois do ,

pintou a Cannabis sativa.

Depois da Cannabis sativa,

pintou o Pseudoleistes virescens.

Depois do Pseudoleistes virescens,

pintou o Homo sapiens.

Depois do Homo sapiens,

enfim, pintará um Deus...

Ciclos... Ciclos... Ciclos...

 

Depois do Faraó Tutemés IV,

pintou o Faraó Amenófis III.

Depois do Faraó Amenófis III,

pintou o Faraó Akhnaton.

Depois do Faraó Akhnaton,

pintou o Rei Tut.

Depois do Rei Tut,

pintou o Faraó Ay.

Ciclos... Ciclos... Ciclos...

 

 

Faraó Akhnaton

 

 

Depois da 1ª Guerra Mundial,

pintou a 2ª Guerra Mundial.

Depois da 2ª Guerra Mundial,

pintou a Guerra da Coréia.

Depois da Guerra da Coréia,

pintou a Guerra do Vietnã.

Depois da Guerra do Vietnã,

pintou a Guerra Civil Síria...

Ciclos... Ciclos... Ciclos...

 

Depois da ditadura brasileira,

pintou a esperada abertura.

Depois da abertura,

pintaram as eleições diretas.

Depois das eleições diretas,

pintou a Nova República.

Depois da Nova República,

pintou, de novo, o

Ciclos... Ciclos... Ciclos...

 

 

Ulysses Guimarães
(Segurando a Constituição de 1988 nas Mãos)

 

 

 

 

 

Depois do inverno,

pinta sempre a primavera.

Depois da primavera,

pinta sempre o verão.

Depois do verão,

pinta sempre o outono.

Depois do outono,

pintará de novo o inverno...

Ciclos... Ciclos... Ciclos...

 

Depois da Lua Nova,

pinta o Quarto Crescente.

Depois do Quarto Crescente,

pinta a Lua Cheia.

Depois da Lua Cheia,

pinta o Quarto Minguante.

Depois do Quarto Minguante,

pintará de novo a Lua Nova...

Ciclos... Ciclos... Ciclos...

 

 

 

 

Depois da encarnação,

pinta a infância.

Depois da infância,

pinta a adolescência.

Depois da adolescência,

pinta a fase adulta.

Depois da fase adulta,

inevitavelmente, um dia, pintará a brochidão...

Ciclos... Ciclos... Ciclos...

 

 

 

 

Depois das 1001^[1001] sacanagens,

pintou a necessidade de ajuste coletivo.

Depois da necessidade de ajuste coletivo,

pintou a mortalíssima PanCOVIDmia.

Depois da PanCOVIDmia,

pintaram os cadáveres e os coveiros.

Depois dos cadáveres e dos coveiros,

estão pintando as benditas vacinas...

Ciclos... Ciclos... Ciclos...

 

 

 

 

Depois do presente sofrimento mundial,

pintará o esquecimento.

Depois do esquecimento,

Depois do novamentementemente,

pintarão novas e educativas compensações.

Depois das novas e necessárias compensações,

cada um de nós, devagar, por mérito, ascenderá,
(aliás, nós nunca deixamos de ascender)...

Ciclos... Ciclos... Ciclos...

 

 

 

Ascendimento Permanente