FERIDAS QUE NÃO CICATRIZAM

 

 

Rodolfo Domenico Pizzinga

 

 

 

 

 

 

São feridas que não cicatrizam,

são prostrações que não terminam.

Barbarias que não nos horrorizam,

maleficências que nos incriminam.

 

Matamos e continuamos a matar,

agredimos e orgasmamos ao agredir.

Vivemos sem sequer nos preocupar

com o que poderá ocorrer no devenir.

 

São feridas que não cicatrizam,

são prostrações que não terminam.

Barbarias que não nos horrorizam,

maleficências que nos incriminam.

 

Coçamos sem necessitar coçar,

e nos ferimos até verter sangue.

Empachamos até nos engasgar;

nunca paziguamos nossa langue.

 

São feridas que não cicatrizam,

são prostrações que não terminam.

Barbarias que não nos horrorizam,

maleficências que nos incriminam.

 

O que não era antes será depois,

o que será depois tenderá a agravar.

Mais do que um, somos dois-dois;

quando aprenderemos a irmanar?

 

São feridas que não cicatrizam,

são prostrações que não terminam.

Barbarias que não nos horrorizam,

maleficências que nos incriminam.

 

Morre mânvântâra nasce prâlâya,

a regra parece ser: eu levarei vantagem.

Temos prazer em quebrar a cântara

só para podermos realizar agiotagem.

 

São feridas que não cicatrizam,

são prostrações que não terminam.

Barbarias que não nos horrorizam,

maleficências que nos incriminam.

 

E assim, claudica a Humanidade,

sem ventar uma venturosa aragem,

infensa ao amor e à solidariedade.

 

Feridas que haverão de cicatrizar,

prostrações que haverão de exaurir.

Barbarias que precisam arrematar,

maleficências que precisam implodir.

 

 

 

 

 

 

 

Páginas da Internet consultadas:

http://escolovar.org/servivo_abandono.htm

http://gifsoup.com/

 

A música de fundo deste rascunho foi obtida na página:

http://escolovar.org/servivo_abandono.htm