Não
tenho confiança em goleiro negro. O último foi o Barbosa,
de triste memória.
Tem
coisa que não se discute: filhos detonam qualquer casamento. São
maravilhosos, mas fatais.
Quem
é casado há quarenta anos com dona Maria não entende
de casamento; entende de dona Maria. De casamento entendo eu, que tive seis.
Vou
embora para Manhattan. Não volto mais. Como disse o Figueiredo: me
esqueçam.
Não
sou consumidor de maconha porque sofro de depressão. Mas pior do
que ela é o cigarro, que me causou um infarto.
O
Batizado da Vaca
(Chico Anysio)
O
lugar era tão bonito, o clima tão bom, as flores tão
rosas e as vacas tão bovinas, que o chefe da família
achou que valeria a pena comprar ali uma fazenda.
Consultou
a família que, de pronto, foi contra. Isto colaborou demais
para que o chefe da família entrasse, imediatamente, em conversações
com o proprietário de uma, que se queria desfazer da fazenda,
por achar que ela estava num lugar que não era lá
essas coisas, o clima era idiota, as flores não fugiam daquela
variedade: rosas, rosas, rosas, e as vacas, coitadas, eram simplesmente
bovinas – numa total falta de imaginação. Vá-se
querer que as vacas tenham isso!
O
negócio foi fechado por um dinheiro grande, e a família
tomou posse da propriedade dois dias depois, data que coincidia
com a véspera do fim das férias.
A
fazenda ficava num vale e era separada em duas partes por um córrego
como o que só corre na infância dos escritores. Tinha
matas e vacas, rosas e charcos, galinhas e caseiros.
—
Uma
idiotice, comprar essa fazenda — vaticinou a esposa,
numa contrariedade de quem faz doze pontos.
—
Comprar
terra sempre é bom negócio — vibrou
o chefe da família, puxando o ar, a encher o peito com um
cheiro de estrume que vinha do estábulo. — Olhe
em volta. Até onde a vista alcança, tudo é
nosso. Está vendo o abacateiro? É nosso; Aquele caqui-chocolate?
É nosso. A carreira de jabuticabeiras? Nossa. O mato, a casa,
a cocheira, o estábulo, o caminho, tudo é nosso. Esse
céu, que cobre a fazenda, é o único pedaço
de céu que é nosso, porque o da cidade é do
Governo. Aqui, mandamos nós, porque aqui tudo é nosso!
—
Pra
quê? — sintetizou a mulher, numa pergunta
de esposa.
—
Ora
— explicou admiravelmente o chefe da família —
para ser
nosso. Nossa terra, nosso chão, nosso cantinho, nossas rosas!
— e pegou numa, furando o dedo.
Durante
o curativo no dedo, magoado um dos trabalhadores da fazenda aproximou-se
com uma notícia muito importante: a fazenda acabava de crescer
de valor pelo nascimento de uma bezerrinha.
— Viu?
— comentou, vitorioso, o chefe da família, batendo
nas costas da esposa, de modo a fazê-la cuspir a primeira
jabuticaba que tentava comer. —
Nasceu uma vaquinha!
A
notícia correu para os demais da família ao mesmo
tempo em que, para os pais, corriam os filhos, estes, sim, felizes,
ao saber do nascimento da novilha.
—
É
menino ou menina? — perguntou um menino que, de
tão longos cabelos, nem se sabia se era menino ou menina.
—
Não
é assim que se fala, menino — esclareceu
o pai. — A
pergunta é: bezerra ou bezerro? É uma bezerrinha.
—
Vamos
ver? Vamos ver? — Gritavam os filhos. Sugestão
lógica das crianças que nunca viram vaca a não
ser nos desenhos das latas de leite em pó.
Foram.
A vaca não deixou que se aproximassem da cria, que ficou
sendo observada à distância pela família encantada,
e pelo caseiro indiferente e até um pouco irritado por haver
uma vaca a mais no seu mundo.
—
Quem
é o pai? — perguntou a moça mais
taluda.
—
Um
boi desses — berrou o pai.
—
Um
touro! — corrigiu o caseiro, sabedor ele de que
o boi é um touro que já era; boi é um touro
que perdeu os documentos.
—
Pois
é — emendou o pai na mesma veemência
— um
tourão danado desses. Olha a carinha dela. Os olhinhos ainda
estão fechados.
—
Vamos
batizar! — gritou um menino.
—
Boa
idéia — concordou o chefe da família.
— Quem
vai escolher o nome?
—
Eu.
Eu. Eu. Eu — disseram, um a cada vez, os quatro
filhos do casal. E
começou a discussão sobre o nome a ser posto na recém-nascida
que, indiferente a tudo, mamava na mãe, provando, assim,
que ela (a mãe) não era tão vaca quanto julgavam.
—
Aretha
Franklin!
—
Janis
Joplin.
—
Jimi
Hendrix — sugeriu o mais velho — porque,
até que me provem o contrário, essa vaquinha é
touro; deixa levantar que vocês vão ver.
—
É
fêmea, que o caseiro viu — afirmou o pai,
voltando-se para o caseiro, na indagação do que já
afirmara: — O
senhor não viu?
—
Vi.
É fêmea.
E
tome de gritar nome: Califórnia, Disneylândia, Erva
Maldita, Otorrinolaringologia... Havia os nomes sugeridos a sério
e os de gozação. Todos os que citei eram os a sério.
Finalmente, o bom senso ajudou a solucionar o impasse. Foi a esposa
quem sugeriu o nome que lhe pareceu o mais indicado para a novilhazinha
que mamava no seio vaquerno: Long Island.
—
Desculpe
— desculpou-se o caseiro por não entender.
—
Long
Island — repetiu a mulher com uma naturalidade
de quem fala "mococa".
—
A
senhora podia escrever? — pediu o caseiro, confessando-se
incapaz de decorar aquilo.
Arranjaram
uma pequena tábua onde, com um prego, o chefe de família
escreveu: LONG ISLAND, tabuazinha que, com o auxílio de um
arame, ficou presa no pescoço da novilha para que ninguém,
na fazenda, esquecesse que aquela jovem bovina atendia pelo nome
de Long Island, nome que fica muito bem para parque de diversões,
mas que não é dos mais adequados para quem tem cara
de Mimosa, Formosa, Maravilha ou Vaquinha, modo, inclusive, que
melhor ajuda o reconhecimento da peça.
Acabadas
as férias, a família voltou à sua poluição
metropolitana e só pôde retornar à fazenda dois
anos depois.
Tudo
continuava como dantes, com exceção de uma coisinha
em pior estado, uma das quais o geral.
—
Caseiro!
— chamou o chefe de família, que não sabia que
o caseiro tinha nome: José Caseiro da Silva.
—
Pronto,
doutor — obedeceu o caseiro meia hora depois,
com a presteza de um favor bancário.
—
Como
vai a novilha?
—
Está
uma vaca! — elogiou o caseiro, de um modo que
soou como uma ofensa aos ouvidos da família.
—
Já
dá leite? — perguntou um dos filhos.
—
Dá,
né? — Respondeu o caseiro estranhando a
pergunta, pelo fato de saber (ele é acostumado, porque vive
ali) que as vacas não dão outra coisa senão
leite.
—
Pois
eu quero beber um copo de leite da novilha — ordenou
a esposa do chefe, madrinha de batismo da vaquinha.
E
o caseiro, sem que a família ouvisse, comandou a um seu auxiliar
que tirasse um pouco de leite da vaca "Tabuleta".
|
Não
garavo! Eu sou um símbalo sescual. (Alberto Roberto).
Hum!
Depois eu que sou maluco?! (Albino).
Então
foi você, ahn? Ahn? (Al
Cafone).
Antonio
Alfacinha. Aqui está meu cartão. (Alfacinha).
Ainda
morro… disso! Eu tô prejudicado.(Apolo).
Tô
contigo e não abro! Arrebenta a boca do balão! Tá danado,
tá danado…!
(Azambuja).
Legal…
Tô numa boa. Tá sabendo, Paulinho…? (Baiano).
Gente
finíssima! (Bandeira).
Bento
Carneiro, vampiro brasileiro… pzztt! Tomou, papudo? Não creu
neu, se finouce. Minha vingança sará malígrina! (Bento
Carneiro).
Vá
bene! (Bexiga).
É
deboche, é deboche…(Bóris).
Eu-eu
trabalho na Globo, tá legal!? (Bozó).
Por
causa que aqui… Qualé, Jacaré! (Brazuca).
Fui
claro!!? Eu sou Bruce Kane, de Cincinatti, Ohio! (Bruce
Kane).
Bah,
eu não quero saber de nada. De nada! Eu solto meu bode, mas prendo
minha cabrita. Nós somos classe C, CLASSE C! (Calheiros).
Povo
de Chico City…! Mas não hoje, porque isso aí já
é ouuutra despesa. (Albino).
Hum!
Depois eu que sou maluco?! (Canavieira).
Meu
garoto! (Cascata).
Cascatinha (Castrinho) respondia: Meu
pai-pai!
Orra
meu…! (Celso
Garcia).
Eu
sou Charles Westminster, The Third. (Charles
Westminster).
Mas
hein!? Depois eles dizem que o Coalhada é isso, que o Coalhada é
aquilo… (Coalhada).
Homem
muito generoso, né Relâmpago? (Coronel
Lidu).
Maria
Tereeeeza! Isso me ama, isso me ama. As pessoas dizem que ela se casou comigo
porque eu tenho dinheiro, mas não… Isso me ama! (Coronel
Limoeiro).
Eu
ainda acabo na Federal…(Delegado
Matoso).
Divino
sabe, divino diz. Divino cura, sara, purifica e… machuca.(Divino).
Senhora
não, senhorita! Eu sou mocinha, menina moça. (Dona
Dedé).
Um
salto sete e meio, bordado de strass… (Doutor
Rosseti).
Isto
aqui é um bordel! (Doutor
Salgado).
Como
essa gente muda…! (Franciscano).
Qualquer
dia fecho isto e abro um banco, que é muito mais seguro. Tatata tarariu!
Ah, Cabral! Por que foi que descobriste isto?! (Fumaça).
Pão-duro,
não! Eu sou controlado. Quer poupar, popa! (Gastão).
Ô
confusão, lamentozinho mais 'intrapaiado'! (Gualicho).
Pára
com isso! Eu sou Haroldo, o hétero machão. Agora sou hétero.
Mordo você todinha!
(Haroldo).
Porque
veja, veja…(Honório
Kauser).
Ora,
mas que gracinha…! (Jean
Pierre).
Tá
olhando o quê? Até parece que você é alguém!
(João
Ninguém).
Pô,
mãe! Eu sou jovem! Vai ficar com cara de bundão, ó,
ó!
Jovem é outro papo!
(Jovem).
Tenho
horror a pobre! Eu quero que pobre se exploda! (Justo
Veríssimo).
Falou…
Aííí, ó…! Bateu pra tu? (Lingote).
Lobo
Filho, este amigo de vocês. (Lobo
Filho).
Nega
xexelenta… Eu vou dále porrada nessa nega!
(Lord Black).
Póóóde…?
Guerra de perereca! (Mariano).
São
esses meus olhos cor de mel… Mas por que eu? Logo eu, com esta cara
de macho? (Mauro
Maurício).
Hmmmmmmmmmmmmm…
(Meinha).
Feliz,
feliz, feliz, feliz… com a sua audiência! Milton Gama não
é mole não! (Milton
Gama).
Eu
sei o que estou fazendo. Eu ainda arrumo grana pra arrumar o meu nariz…
Pra outro homem até pode ser, mas pra outra mulher, nunca! Ainda
mais com esse nariz… (Napoleão).
Ca-la-da!
Senta aí! Isso não é mulher… Eu estava de porre,
naquele tempo eu bebia… Tanta gente é e não sabe. Eu
doido pra ser e não consigo! Tá com pena? Leva pra você!
Vai dizer que você não trocava?! (Nazareno).
Uau…
Não é mesmo? (Neyde
Taubaté).
Ai,
meu calo! Ai, meu calo! Amééééérica!
(Nicanor).
Ai,
meu Jesuisinho! Eu não posso perder esse emprego!
(Nico Bondade).
Afffe!
Eu tô morta! Eu sou doooido por essa neguinha.
(Painho).
É
mentira, Terta? Pois bom, numa ocasião em 1927… (Pantaleão).
Me
dê cem razões para eu estar em Brasília. Cem não,
me dê uma! (Paulo
Jeton).
Alegria,
alegria. Faça como eu: sorrrria… Techau!
(Pedro Fortes).
Você
é idiota! Você é iiidiota!
(Popó).
Primo,
primo, você é uuuótimo! Gaaarotão! (Primo
Rico).
Elementar!
Vou dar-te um karatê mortal! (Professor
Beira Baixa).
O
humorismo é uma coisa muito fácil de se fazer: tem que ser
discreto.
(Professor Gavião).
E
o salário, ó! Vai comendo, Raimundo… É vapt-vupt!
(Professor
Raimundo).
Podem
ficar à vontade… (Profeta).
Prometeu…
mas não cumpriu! (Prometeu).
Morro
teso, mas não perco a pose. (Qüem-Qüem).
Roberval…
Tayyylorrr… (Roberval
Taylor).
No
bojo…
(Romero Gordi).
Mas
que tempo eu perdi em Coimbra! (Sacadura).
Barbaridade,
tchê!
(Salomé, de Passo Fundo).
Tem
que ser que nem que eu sou: durão! Eu não sei mentir…
Ô vida!
(Santelmo).
Humm…
Minino, mas olha minino!
(Setembrino Republicano).
Ô…
Imp'sionante, imp'sionante!
(Seu Jayme).
Eu
sou o homem dos passarinhos!
(Severino Pandolé).
Safadim,
safadim… bunitim! Vamo cumê uma panelada lá na casa de
Cheiroso?
(Silva).
Só
tem tantã! Só tem tantã!
(Tan-Tan).
Sou,
mas quem não é? Business é business.
(Tavares).
Fummm…
Reginaldo! Reginaaaaldo!
(Tetéu).
Podem
correr a sacolinha… Que a paz de Tim Tones esteja em todos os lares.
(Tim Tones).
Eu
sou criança, eu não sou de nada…
(Valentino).
Hehehe.
O Véio entende, meu fio…
(Véio Zuza).
Se
eu não fosse calmo… All beg all pade.
(Vieira Souto).
O
povo oprimido jamais será vencido!
(Washington).
Não
se movem! Fiquem onde estarem!
(Zé da Silva).
Eu
sou poeta, poeta popular. Eu tô, tô um pouco rouco! Não
saia sem falar comigo.
(Zé Tamborim).
Soteropolitanos
e soteropolitanas: vamos carnavalizar geral!
(Zelberto Zel).
Tenho,
no meu contrato, uma cláusula que me proíbe de tecer qualquer
comentário sobre os programas e os diretores da Globo. Para não
me ver tentado, só vejo tevê a cabo.
O
brasileiro só tem três problemas: café, almoço
e jantar.
As mulheres estão descobrindo
que mulher é bom, coisa que os homens já sabem há séculos.
No
Brasil de hoje, os cidadãos têm medo do futuro. Os políticos
têm medo do passado.
Claro
que eu tenho depressão. Tive seis mulheres, nove filhos e dez netos.
Se eu não tivesse depressão, teriam de me internar, porque
eu seria um psicopata.
O
meu sonho na vida era ter o poder de ser um videocassete de mim
mesmo. Ter o controle remoto que me permitisse renascer experiências
vividas. Eu poderia voltar no tempo, acelerar, pular cenas dos
próximos capítulos. Parar a imagem num momento que
me tivesse sido glorioso, vivê-lo outra vez. Talvez, eternizar
um orgasmo.
Eu
poderia correr a fita de modo a entrar na percepção
do futuro ou recuar para consertar, corrigir, para confirmar. Ah,
com esse aparelhinho eu poderia criar o ideal.
Ah!,
o ideal!
O
ideal seria que o homem nascesse com 80 anos, fosse ficando mais
moço, mais moço, até morrer de infância.
Nascendo com 80 anos, aos 60 ele casaria com uma mulher de 59. Mas
com uma vantagem: A cada dia, a cada semana, a cada mês, a
cada ano, ela ia ficando mais nova, mais nova, até se transformar
numa gata de 20.
Depois
ficariam noivos, namorados.
A
bicicleta.
O
velocípede.
Desaprendiam
a andar, esqueciam como engatinhar,
O
voador, o cercadinho.
Do
cercadinho para o berço.
As
fraldas molhadas.
O
peito da mãe.
Até
que, num dia qualquer, pararia de respirar.
Seria
o tempo correndo para trás até aparecer o último
homem: Adão.
O
último-primeiro, a quem Deus colocaria sobre ele a mão
e, em vez de soprar, inspiraria o homem outra vez para dentro de
si mesmo.
|
Quando
Jesus nasceu, Deus deve ter ficado contente. E eu não estranharia
nada, se no instante do nascimento do Menino, Deus, lá de cima, chamasse
o anjo: — Olha lá, Gabriel. Não é a cara do Pai?
Herodes
foi a pílula da época.
Santa
Arminda é terra ruim,
no
que se refere ao solo.
Mas
terra muito da boa
em
se falando do povo,
que
é mesmo especial.
No
inverno, então, nem se fala,
porque
o rio corre solto.
É
água que não se acaba,
descendo
a serra com pressa,
correndo
sei lá pra onde.
O
homem, quando resolve viver e quando tempo pra isso, já está
no fim da vida: careca, barrigudo, sem a menor disposição
pra nada...
—
Não
tá lindo o meu filho?
—
Mas,
peraí; de calcinha e sutiã?
—
É
que eu esperava menina!
Se
a vida corresse pra trás, tudo seria muito mais fascinante.
Ficar
tanto tempo fora da televisão é também uma morte. O
artista está vivo enquanto atua. E eu, que sou um ator de televisão,
estou à procura de um teatro. Criei dez novos personagens e quero
mostrá-los. Além disso, o palco é curativo. Às
vezes, tenho uma baita dor de estômago. Subo num palco, a dor passa.
Saio, ela volta.
Brasil!
Boa-noite! Tá fraco. Boa-noiiiiiite! Eu sou Alberto Roberto –
o símbalo sessual, o ídalo. Ao olhar no espelho, descobri
uma coisa interessante: descobri que eu sou fofo. Astro, bonita cultura,
cultura geral absoluta, não sou adevogado porque não quis,
e fofo, o que é uma coisa interessante.
Entrevistando
Roberta Close, nascida Luís Roberto Gambine Moreira: —
Ela topa qualquer uma comigo. To levando na maciota; depois vou dar o bote.
Dói muito cortar o mal pela raiz? Não teve astestesia? Você
está casada? Oh! Mas você é daquele tipo que quando
é casada é só casada ou gosta de bater uma bola por
fora? Você não costura pra fora de vez em quando? Eu gostei
muito das suas pernas... Eu como aqui. E de tarde? Vamos a um motel, talvez?
Na próxima encarnação você pretende vir o quê?
Avião? Helicóptero? Ou o quê?
Não
me venha com poroblemática; apenas me traga a solucionísitica.
Eu
sou ídalo. Generalizado. Eu sou adorado por mim, pelo Paquito, por
você, por tu, por ti, por nós, por todos... Tus não
me adoram? Eu sou uma anonimidade nacional.
Zumbi
das palmeiras não tem nada a ver comigo; eu sou corintiano.
Agora
você matou a cheirada. Vou comprar uma TV. Resta saber de quantas
polegadas. Se cuida, Roberto Irineu!
Eu
sou quem eu sou, Da Júlia, porque eu se fiz por ti mesmo.
Eu
sou homem de bulas e ampolas. Estou querendo adiar receitas de uma nova
sociedade. Uma sociedade feita de juros sem Capital, de salário sem
trabalho, de aposentadoria sem tempo de serviço, de direitos sem
deveres, um oceano de safadezas sem um pingo de vergonha... Quero apresentar
a todos vocês a corruptocracia.
Aos
78 anos, senti a morte por perto; é inevitável. Tive uma pneumonia,
sofri uma queda e envelheci cinco anos em uma semana. Fumei muito, e hoje
tenho um enfisema. Mas, quando penso que podia ser um câncer, me sinto
premiado.
O
envelhecimento não me deprimiu porque minha cabeça está
trabalhando. Criei novos personagens, fui descoberto pelo cinema e imagino
novas histórias. Tenho vários livros inéditos. Apenas
estou fora da televisão. Só faço uma advertência:
talvez seja precipitado escrever meu obituário.
Não
tenho fé. Já perdi meus avós, meu pai, minha mãe,
uma irmã e até agora não apareceu ninguém aqui
para me dizer: 'Chico, venha, que tem outra vida do lado de cá.'
Como diz Shakespeare: 'Morrer é dormir. Talvez, sonhar.' Não
há outra vida. Morreu, acabou.
Há
dois tipos de humor feitos no Brasil hoje: o engraçado e o sem graça.
De repente, na Globo, acharam que era preciso uma coisa nova. Mas o humor
nunca pediu uma coisa nova. Ele pede apenas uma coisa engraçada.
Recentemente, o 'CQC'1
foi apontado como o melhor programa de humor da televisão brasileira,
mas aquilo não é humor. É jornalismo combativo, irreverente.
O 'Pânico' atinge uma parcela pequena da juventude. E o 'Casseta &
Planeta', quanto será que daria de IBOPE, se não estivesse
na Globo?
Cheirei três ou quatro vezes.
Algumas vezes até fingi que cheirava para não ser o chato
da festa, mas nunca gostei.
O
padre fazia seu sermão anual e o Cícero Félix estava
lá, na primeira fila, ouvindo tudo atentamente. Só que, por
descuido e falta de atenção, o padre cometeu um erro ao dizer:
—
…
E Jesus, com 5 mil
pães, deu de comer a 5 homens!
O Cícero
Félix não deixou por menos e interrompeu:
—
Ah, isso eu também
faço!
O padre
fuzilou-o com um olhar, mas deixou passar e prosseguiu com o sermão.
No ano
seguinte, o mesmo sermão e o Cícero Félix ali, na primeira
fila. O padre percebendo a presença do homem disse, com veemência:
—
… E Jesus
com cinco pães… cinco… deu de comer
a 5 mil homens!
Olhou
para o Cícero Félix e disse, num tom de desafio: —
Faz agora!
E o
Cícero Félix: — Faço
com a sobra do ano passado!
A
moça estava no médico. Aflita, perguntou: — Doutor,
o que faço para não engravidar?
—
Tome suco de laranja!
— Ensinou o médico.
A moça,
em dúvida ainda, perguntou novamente: — Suco
de laranja? Mas… antes ou depois?
E o
médico: — Em
vez de…
—
Nome?
—
Adalberto.
—
Idade?
—
89 anos.
—
Sexo?
—
Acabou!
—
Nome?
—
Luisinho.
—
Idade?
—
23…
—
Sexo?
—
Os dois!
—
Nome?
—
Fernando!
—
Idade?
—
31!
—
Sexo?
—
Enooooorme!!!
Eu
defendo o que posso essa patota [os
pobres]. Porque sou o advogado deles. Advogado de defesa. Pior
do que ser pobre, no Brasil, é ser pobre e negro. Quando faço
um rico, faço para ele ser ridículo, para ele perder. Às
vezes, refaço meia página porque perdi a chance de dar um
pitaco ali. Mas, nem todo mundo entende.
Rádio
e televisão são muito próximos. É muito difícil
escrever para o rádio. No teatro nós podemos ser os mesmos;
é a platéia que muda. Na tevê, o humor é difícil
demais, demais, demais. Não há o grande público, no
máximo uma pessoa que chega com mais duas e não serve como
audiência. O humor pede uma platéia grande. Uma resposta para
cada piada. Precisa ter uma gargalhada aqui, um sorriso ali. E o cinema
é a arte do diretor. O diretor é quem sabe o que faz.
O
que mais me satisfaz é servir de escada e fazer o outro brilhar.
Fui escada de gente importante à beça. Mussum, Costinha, Zacarias,
Ari Leite. Eu me preparo para isso. No futebol eu jogava de meia-esquerda.
Fiz quatro gols na vida, mas dei mais de 200 para os outros. A mim agradava
mais dar o passe para o gol do que fazer um.
O humor acusa, satiriza, descobre,
desmoraliza, critica, eleva, deforma, informa, destrói, constrói,
imortaliza, enterra, acaricia, açoita. E sendo ele o irmão
mais próximo da poesia, faz com que os humoristas tenham o direito
de uma carteira de poeta, e dá aos poetas um diploma de humorista.
Sendo assim, o humor tem a dimensão da poesia, embora não
lhe seja dada importância idêntica.
O engraçado de hoje é
o que ontem foi triste... Não se pode trabalhar a frase ou a cena
visando a graça. Tem de visar a crítica, a sátira.
O humor vai ser engraçado onde puder.
Eu
espirro sempre oito vezes.
Eu
não era exatamente uma criança feia; eu era difícil
de ser entendido. Tanto que a enfermeira, logo que me viu, olhou, e disse
pro médico: — Doutor, será que não houve engano?
Isso aqui tá parecendo uma vesícula!
As
pessoas zombam de Maranguape; mas Maranguape é uma cidade importantíssima.
Tanto que Fortaleza já faz parte da Grande Maranguape.
Em Maranguape,
é assim que se enche bujão de gás.
Chico
Anysio não conseguiu ficar quieto ao ver Rafael Mascarenhas, filho
de Cissa Guimarães, morrer após ser atropelado. O humorista
e amigo da atriz usou seu blog para comentar o assunto e se mostrou revoltado
com o acidente. Mas
e então? Que Deus é este que deixa que morra um menino de
18 anos, à espera de começar seu caminho na vida, e deixa
vivo e solto o animal que o atropelou, o débil mental que faz de
um túnel uma pista de corrida e simplesmente arranca da vida um ser
bonito, jovem, ansioso por começar a viver, filho de uma mãe
maravilhosa, como colega, como amiga e como pessoa? Para onde Deus estava
olhando quando isto aconteceu? Para onde Ele olha enquanto negras magérrimas
juntam areia a um pouco de água suja e dão para seus filhos
na esperança de os salvar? Não é Ele que tudo sabe
e que tudo vê? E como não vê o eterno inferno em que
vivem judeus e palestinos por causa de dois palmos de terra? Deus é
onipresente? E quando o Bruno matou ou mandou matar a mulher que lhe dera
um filho e dele desejava o dinheiro suficiente para a criança sobrevier?
Deus é onisciente? Então, Ele sabia que o Rafael teria que
morrer naquele dia, naquela hora e daquele modo. Sendo assim, meus amigos,
eu deixo à disposição de todos a minha parte de Deus
porque se Ele tem e é tantos “onis” e o mundo está
como está, eu prefiro ficar sozinho.
Comentando
a morte de Dolores Gonçalves Costa, mais conhecida como Dercy Gonçalves
(Santa Maria Madalena, 23 de junho de 1907 – Rio de Janeiro, 19 de
julho de 2008), que morreu aos 101 anos, em uma tarde de sábado:
Hoje é um dia triste na vida de quem vive de humor, porque nós
todos perdemos aquela que melhor atuou nesta função –
que não é das mais fáceis. A vida de todos nós
fica menos alegre porque a real Rainha do Humor morreu hoje. Até
um dia, minha amiga. Espalhe sua alegria ai pelo céu. Mas... aí
onde agora está, é preciso mudar um pouco o seu jeito de falar.
Ou não. Não foi Deus quem te fez como você sempre foi?
Então, f.......am-se!
Eu
não gosto de filme de humor. Quanto a Mazzaropi, Oscarito, Grande
Hotelo, Valter Dávila, Brandão Filho, Rogério Cardoso,
esse pessoal todo representou um tipo de comédia no tempo deles.
Há uma frase famosa: ´ninguém é insubstituível´.
Mas essa frase não se aplica ao humor, porque no humor todos são
insubstituíveis. É justamente o oposto. É por isso
que jamais vai existir alguém como eles.
Vejo
a política como todo mundo: com muita tristeza. Só político
vê bem a política. Fora ele, ninguém mais vê.
O Brasil é um País estranho. Com certeza não foi o
Brasil quem inventou a corrupção, mas sem dúvida foi
quem inventou a impunidade. É o único País do mundo
onde quem rouba não tem que devolver o dinheiro que roubou.
Quem
pode acertar o voto, se os políticos, com o mimetismo fisiológico,
mudam para lá e para
cá a a cada
instante!
Antigamente, pro Brasil produzir
dinheiro tinha que ter um lastro de ouro. Para se produzir um milhão
de cruzeiros tinha que ter a mesma quantidade em ouro. Mas como o dólar
é aceito em qualquer lugar do mundo, eles fabricam dólar como
fabricamos goiabada.
E
o salário, ó!'
O
barril do petróleo foi pra vinte dólares? E do chope, tá
quanto?
O
calcanhar do Sócrates, de repente, ficou mais famoso do que o calcanhar
do Aquiles!2
Vaia
igual a do Zico só quem leva é o Maluf! Resta ver se o Maluf
vira o jogo.
Quando
eu vejo um líder religioso oferecer aos pistoleiros do mundo uma
recompensa pelo assassinato do Xá3,
da sua mulher e dos seus filhos, quando eu vejo esse mesmo líder
instigar a própria mulher do Xá a matar o seu marido em troca
de honras nacionais, me dá uma vontade enorme de ser bicho.
Brasil,
eu tô aí! Parem de se preocupar comigo.
E
Quem Viu, Alerriu4
(Pra não dizerem que eu fiquei ca-la-do)
Foi
o Chico quem inventou;
e a todos encantou!
Foi
o Chico quem compartiu;
e
quem viu, alerriu!
Foi
o Chico quem ribombou;
e muda partejou!
Foi
o Chico quem desatupiu;
e
em nós retiniu!
Enfim,
foi o Senhor Anysio
quem
mitigou cada alísio.
Foi
dulçor,
e agradeço.
Nos
altos e baixos da vida
–
quando dói a ferida –
Brinde
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Nota:
1. Custe
o Que Custar (CQC) é um programa de televisão de humor, de
freqüência semanal (atualmente com exibições às
segundas-feiras e reprise aos sábados), transmitido desde sua estréia,
no dia 17 de março de 2008, pela Rede Bandeirantes.
2.
Na mitologia grega, Aquiles foi um herói da Grécia, um dos
participantes da Guerra de Tróia e o personagem principal e maior
guerreiro da Ilíada,
de Homero. Aquiles tem ainda a característica de ser o mais belo
dos heróis reunidos contra Tróia, assim como o melhor entre
eles. Lendas posteriores (que se iniciaram com um poema de Estácio,
no século I d.C.) afirmavam que Aquiles era invulnerável em
todo o seu corpo, exceto em seu calcanhar. Ainda segundo estas versões
de seu mito, sua morte teria sido causada por uma flecha envenenada que
o teria atingido exatamente nesta parte de seu corpo. A expressão
calcanhar de Aquiles,
que indica a principal fraqueza de alguém, teria aí a sua
origem.
3.
O líder religioso criticado foi o Aiatolá Ruhollah Khomeini
(24 de setembro de 1902 – 3 de junho de 1989) e o Xá da Pérsia
referido foi Mohammad Reza Pahlevi (26 de outubro de 1919 – Cairo,
27 de julho de 1980), deposto por um golpe de Estado em 1979.
4.
De alegria, riu!
Melhor do que uma alegria, só zil!
Páginas
da Internet consultadas:
http://ego.globo.com/Gente/Noticias/
http://luciointhesky.wordpress.com/
2010/10/23/chico-anysio-so-existe-um/
http://pt.wikipedia.org/wiki/Aquiles
http://oqueacontecenasigrejas.blogspot.com/2010/08/
chico-anysio-comenta-sobre-deus-em-seu.html
http://www.maranguape.blog.br/Poesias.asp?
Cod=0&cap=11&paginaatual=Poesias
http://ribeirobr.blogspot.com/
2010/12/sou-mas-quem-nao-e.html
http://www.catalogodasartes.com.br/
http://www.chicoanysio.com/
http://www.portaldovale.net/2009/03/
entrevista-chico-anysio-932009-ao.html
http://bulevoador.haaan.com/
2010/07/26/15841/
http://www.mafuadomalungo.com.br/2011/03/
chico-anysio-e-seus-personagens-pelos.html
http://www.jacarebanguela.com.br/
2010/04/12/chico-anysio-day/
http://pensador.uol.com.br/autor/Chico_Anysio/
http://blogln.ning.com/profiles/
blogs/chico-anysio-humor-sem-fim
http://broncanotrombone.blogspot.com/
2009/05/piadas-do-chico-anysio-de-1975.html
http://desciclopedia.org/wiki/
Imagem:Chico_anysio_f_014.jpg
http://www.istoe.com.br/reportagens/
11968_CHICO+UM+GENIO+ESQUECIDO
http://www.4shared.com/
http://www.frasesfamosas.com.br/
biografia/chico-anysio.html
http://www.youtube.com/
watch?v=4of2UOo5zac
http://wn.com/Chico_Anysio
,_Alberto_Roberto
http://fantastico.globo.com/platb/fantastico
30anosatras/category/chico-anysio/
http://www.substantivoplural.com.br/
chico-anysioentrevista/
http://pensamentosolto.wordpress.com/2008
/08/25/comercial-da-sharp-com-chico-anysio/
http://www.ronaud.com/frases-pensamentos
-citacoes-de/chico-anysio
http://pt.wikipedia.org/wiki/Anexo:
Lista_de_personagens_criados_por_Chico_Anysio
http://pt.wikiquote.org/wiki/Chico_Anysio