Este
é um resumo fragmentário e incompleto de um estudo que fiz
da obra A Chave dos Grandes Mistérios, de autoria de Éliphas
Lèvy, que estou divulgando para reflexão.
Excertos
(Editados) da Obra
Deus
é o que aprenderemos eternamente a conhecer. É, por conseguinte,
o que nunca saberemos.
Para
sabermos alguma coisa precisamos nos resignar a estudar sempre!
Por
mais que o espírito proteste contra a obscuridade do Dogma, está
subjugado pela atração desta mesma obscuridade.
A
Chave dos Grandes Mistérios
(de acordo com Henoch, Abraão, Hermes Trismegisto e Salomão)
Enquanto
houver homens, existirão religiões; e todo fanático
afirmará com obstinação o deus que engendrou à
sua imagem.
A
Verdadeira Religião não é outra coisa que a necessidade
de um idealismo ilimitado, necessidade que justifica todas as aspirações
ao progresso, que inspira todas as abnegações, que sozinha
impede a virtude e a honra de serem unicamente palavras que servem para
iludir a vaidade dos fracos e dos tolos em proveito dos fortes e dos hábeis.1
A
verdadeira religião natural é a religião revelada,
é a religião hierárquica e tradicional, que se afirma
absolutamente acima das discussões humanas pela comunhão da
fé [confiança],
da esperança [possibilidade]
e
da caridade [compaixão].
É
impossível crer no contrário do que se sabe sem deixar, por
isso mesmo, de o saber, e é igualmente impossível chegar a
saber o contrário do que se crê sem deixar imediatamente de
crer.
A
expressão do Absoluto é o Divino Espírito de Caridade
– que tudo abrange e
se aplica a tudo – diante
do qual o mundo abandonará todas as suas tolices, todos os seus crimes
e todos os seus devaneios doentios.
Enfim, no ilimitado, é a inteligência suprema e mantenedora
da ordem; no mundo, é o espírito de misericórdia e
de compaixão.2
Não
há religião sem mistérios. Não há mistérios
sem símbolos – que exprime sua profundidade desconhecida por
imagens paradoxais emprestadas do conhecido.
Para
os Iniciados da KaBaLa, Deus é a Unidade Absoluta que cria e anima
os números.
A
Unidade demonstra a analogia dos contrários; é o princípio,
o equilíbrio e o fim dos números.
Triângulo
de Pascal3
A
dúvida é a força equilibrante da fé.
— Existe
um Deus?
—
Acredito que sim.
—
Mas, tem certeza disso?
—
Se tivesse certeza, não acreditaria; eu saberia.
A
analogia era o dogma único dos Antigos Magos. Dogma verdadeiramente
mediador, pois, é um quarto científico, um
quarto
hipotético, um
quarto
razão e um
quarto
poesia.
Homem-deus
Realização (na
encarnação) do Ideal Divino.4
Para
se afirmar, sem disparate, que Deus existe ou não, é preciso
partir de uma definição sensata ou insensata de Deus. Ora,
esta definição, para ser sensata, deve ser hipotética,
analógica e negativa do finito conhecido. Pode-se negar um Deus qualquer,
mas, o Deus Absoluto não se pode negar, tanto quanto não se
pode provar. Para o religioso, Deus deverá ser
sensatamente suposto
e Nele se acreditar.5
Quem
faz os deuses se torna semelhante a eles.6
Deus
é a síntese idealizada do pensamento humano.
Ao
cair livre sobre a Terra, o ser-aí-no-mundo arrastou Deus em sua
queda.
Para
que seja conquistada a Liberdade e a Imortalidade e para
que possamos
colher lírios resplandecentes em prados desconhecidos, precisamos
vencer o fantasma da morte.
O
Ternário [Lei do Triângulo]
é o número da criação.
O
Quaternário é o número da força.
Amar
a vida mais do que se teme as ameaças da morte é merecer a
Vida.
Cair
para levantar; experimentar a morte para conhecer a Vida.
Para
as glórias do mundo antigo, a estrela da noite; para a verdade renascente,
a bela estrela da manhã!
Jesus,
o Cristo O Grande Abel da Humanidade.
Silêncio
aos oráculos do ódio! Aniquilamento aos falsos deuses do egoísmo
e do medo! Vergonha aos escravos avaros de amor!
Nossa
oração só será perfeita quando orarmos sem sequer
saber que oramos. A oração não é um ruído
que fere os ouvidos; é um silêncio que penetra no Coração.
Quando
houverdes compreendido, não leiais mais, não procureis mais,
não duvideis mais.
Como
perguntou o Apóstolo São João, se o ser-aí-no-mundo
não ama o próximo que vê, como amará Deus que
não vê?
O
Senário
é o número da Iniciação pela prova. É
o número do Equilíbrio. É o hieróglifo da Ciência
do Bem e do Mal.
Para
o rebanho dos homens, o sofrimento é como o cão pastor que
morde a lã das ovelhas para as recolocar no caminho.
É por causa da sombra que
podemos ver a luz; é por causa do frio que sentimos o calor; é
por causa da dor que somos sensíveis ao prazer. O mal é, portanto,
para nós, a ocasião e o começo do bem.
O
Setenário é o Grande Número Bíblico.7
A
Serpente que tenta é o tempo que põe à prova; a Árvore
da Ciência é o direito; a expiação pelo trabalho
é o dever.
Caim
e Abel representam a carne e o espírito, a força e a inteligência,
a violência e a harmonia.
O
homem intelectual
deve estar pronto a tudo sacrificar diante da Razão Suprema.
Jesus,
o Cristo, veio porque o antigo sacerdócio estava esgotado. Jesus,
o Cristo, veio porque os velhos símbolos não tinham mais virtudes.
Jesus, o Cristo, veio porque a pátria da inteligência estava
extinta. Jesus, o Cristo, veio para opor o direito do dever ao dever do
direito. Jesus, o Cristo, é o dever real que protesta eternamente
contra o direito imaginário. Jesus, o Cristo, é a emancipação
do espírito que quebra a servidão da carne. Jesus, o Cristo,
é a devoção revoltada contra o egoísmo. Jesus,
o Cristo, é a modéstia sublime que responde ao orgulho. Jesus,
o Cristo, legou à Humanidade o símbolo imortal da regeneração:
a Comunhão – o pão e o vinho repartidos entre todos,
Sua carne e Seu sangue – para que todos repartam o pão da inteligência
e o vinho do amor. E assim, a Humanidade se tornou devedora do Crucificado.
O
Octonário é o Número da Reação e da Justiça
Equilibrante.8
Toda
ação produz uma reação; é a lei universal
do mundo. Assim, o Cristianismo deveria produzir o anticristianismo. O anticristo
é a sombra, é o contraste e é a prova do Cristo. O
anticristo é a usurpação do Direito pelo direito; é
o orgulho da dominação; é o despotismo do pensamento.
O anticristo é o fanatismo odioso que desencoraja a boa vontade.
O anticristo é o culto da morte, da tristeza e da fealdade.
9
é número dos Iniciados e dos Profetas. Eis o Eremita do Tarô.
Todos
os homens são solidários e expiam uns pelos outros, da mesma
forma que se merecem uns aos outros.
O
menos perfeito ato de amor vale mais do que a melhor palavra de piedade.
Que
cada um, se desejar, ore seguindo seu rito e comungue com os seus, mas,
que não julgue nem condene os outros.
11
é o Número da Força, da Luta e do Martírio.
Quem
poderá ser justo o suficiente, grande o suficiente e puro o suficiente
para ter a pretensão de julgar e punir?
O
dever do ser-aí-no-mundo é viver, nem que seja por um instante!
Quem
não for irrepreensível é cúmplice de todo mal,
e quem não for absolutamente perverso poderá participar do
Eterno Bem.
12
é o símbolo universal da ciclicidade.
13
é o número da morte e o do nascimento.
O
bem que não circula está morto.
O
ciúme é suspeita, e toda suspeita é ultraje.
A
inteligência e o amor devem resistir à opressão até
a morte, nunca até o assassínio. Protestar contra a violência
com violência é justificá-la e forçá-la
a se reproduzir.
Jamais
haverá lágrimas suficientes para lavar a mancha de sangue
de um ser assassinado.
14
é o número da fusão, da associação e
da unidade universal.
Não
existe outro Deus senão Deus, e Moisés é seu Profeta.
Não existe outro Deus senão Deus, e Jesus, o Cristo, é
seu Profeta. Não existe outro Deus senão Deus, e Muhammad
é seu Profeta. O Primeiro Testamento, o Segundo Testamento e o Alcorão
são três traduções diferentes do mesmo Livro.
Há somente uma Lei; há somente um Deus.
Nada
é estável porque tudo caminha em direção à
perfeição [relativa].
O
que um grande homem, por suas ações, escreveu fica gravado
no Livro Eterno; acrescentou uma página à bíblia do
gênero humano.
O
Cristianismo é o fruto das meditações de todos os Sábios
do Oriente que revivem em Jesus, o Cristo.
15
é o número do antagonismo e da catolicidade.
16 é o número do templo
– o templo do futuro.
17 é o número da estrela,
da inteligência – direito divino do homem, essência e
alma da liberdade – e do amor.
O Amor é Virtude – o
Salário da Virtude. Direito que se transforma inteiramente em Dever;
Nobreza que se transforma inteiramente em Felicidade.
18 é o número é
o do Dogma Religioso – que é toda poesia e todo mistério.
Se
a fé for superior à razão, a razão deverá
apoiar as inspirações da fé. A fé e a Ciência
têm, cada uma, seu domínio separado; uma não deve usurpar
as funções da outra. É próprio da fé
e da graça não enfraquecer, mas, ao contrário, afirmar
e desenvolver a razão. O concurso da razão – que examina
não as decisões da fé, mas, as bases naturais e racionais
da autoridade que decide – longe de prejudicar a fé, não
poderá senão lhe ser útil. Em outras palavras, a fé,
perfeitamente racional em seus princípios, não deve temer,
mas, deve, ao contrário, desejar o exame sincero da razão.9
19
o Número da LLuz.
O
Princípio Absoluto é Inteligência e Vida. O Verbum da
Razão Universal é uma afirmação e não
uma negação.
A
Unidade nunca diminui e não aumenta.10
Ninguém
aprenderá a Santa Ciência com ninguém, e, tampouco,
Ela poderá ser adquirida de outro, senão de si-mesmo.11
A
obra da Verdadeira Religião deve ser produzir, conservar e difundir
o espírito de caridade. Entender [e
praticar] o
espírito de caridade é ter a inteligência de todos os
mistérios.
A
Lei Cósmica é imutável porque está fundamentada
em princípios eternos da Natureza.12
A
superstição ainda existente é o símbolo que
sobreviveu à idéia, é a forma preferida à coisa,
é o rito sem razão, é a fé tornada insensata.
E, por conseguinte, o cadáver da religião, a morte da vida,
a inspiração substituída pelo embrutecimento.
O
fanatismo é a superstição apaixonada, é o templo
colocado no lugar de Deus, é a honra substituída pelos interesses
humanos e temporais, é a paixão miserável do sacerdote
que explora a fé do crente. Da superstição ao fanatismo
há um só passo. A superstição é a religião
interpretada pela tolice; o fanatismo é a religião servindo
de pretexto à fúria.
Verdade
é a idéia idêntica ao Ser. Realidade é a Ciência
idêntica ao Ser. Razão é o Verbum idêntico ao
Ser.
A
Verdade só poderá ser racionalmente suposta pela analogia
e pela proporção. Realidade e Verdade são exatamente
a mesma coisa.
O sacrifício é uma
espécie de loucura que apocopa a razão.
O
mal é a desordem.
O
mediador plástico é formado por uma luz astral ou terrestre,
e transmite ao corpo humano a dupla imantação. Ao agir sobre
essa luz, a personalidade-alma, por suas volições, pode dissolvê-la
ou coagulá-la, projetá-la ou atraí-la. Ela é
o espelho da imaginação e dos sonhos. Reage sobre o sistema
nervoso e produz, assim, os movimentos do corpo. Esta luz pode se dilatar
indefinidamente e comunicar suas imagens a distâncias consideráveis.
Ela imanta os corpos submetidos à ação do homem e pode,
fechando-se, atraí-los para si. Pode assumir todas as formas evocadas
pelo pensamento e, nas coagulações passageiras de sua parte
resplandecente, aparecer aos olhos, e até mesmo oferecer uma espécie
de resistência ao contato. Se estas manifestações e
estes usos do mediador plástico são anormais, o instrumento
luminoso não pode produzi-las sem ser falseado, e causam necessariamente
ou alucinação ou loucura.
O
magnetismo animal é a ação do mediador plástico,
tornando-se contrário à moral e à religião quando
dele se abusa (emissão fluídica malsã e feita com más
intenções).
Telesma
Substância Una. Tempo,
substância e movimento. Vibração perpétua. Guarda
as imagens de tudo o que foi, os reflexos dos mundos passados e, por analogia,
os esboços dos mundos futuros.
O
belo é o esplendor do verdadeiro. Ora, a beleza moral é a
bondade. É belo ser bom. Para ser bom com inteligência, é
preciso ser justo. Para ser justo, é preciso agir com razão.
Para agir com razão, é preciso ter a ciência da realidade.
Para ter a ciência da realidade, é preciso ter consciência
da verdade. Para ter consciência da verdade, é preciso ter
uma noção exata do Ser.13
A
Ciência submete a razão humana à Razão Matemática
e Universal; a fé procura, ou melhor, supõe nas próprias
matemáticas e acima das matemáticas uma Razão Inteligente
e Absoluta. A grande corrente que reúne Ciência e fé
é a analogia. Fora da união e do concurso das duas forças
vivas da inteligência (solução para os mistérios
da Ciência e compreensão concertada dos mistérios da
fé), não há para a Ciência senão ceticismo
e desespero, e para a fé há tão-somente temeridade
e fanatismo. Se a fé insulta a Ciência, blasfema; se a Ciência
desconhece a fé, abdica.
Será
possível esta conciliação?
O
sopro quente magnetiza positivamente, e o sopro frio magnetiza negativamente.
A
Alquimia é filha da KaBaLa.
Tudo
foi criado pela LLuz. É na LLuz que a forma se conserva. É
pela LLuz que a forma se reproduz. As vibrações da LLuz são
o princípio do movimento universal. Pela LLuz os sóis se ligam
uns aos outros e entrelaçam seus raios.
Um
Illuminado é simplesmente um conhecedor e um possuidor da LLuz, seja
pela Ciência do Grande Agente Mágico, seja pela noção
racional e ontológica do Absoluto.
O
Agente Universal é a Força Vital e subordinada à Inteligência.
O
diabo é a divagação ou o sono da inteligência.
É a loucura e a mentira.
O
mal absoluto, por ser relativo às nossas ignorâncias e aos
nossos erros, é uma falsa idéia de Bem.
Eis o verdadeiro pecado: nada pensar,
nada amar, nada querer e nada fazer.
A audácia unida à inteligência
é a mãe de todos os sucessos neste mundo. Para empreender,
é preciso Saber; para realizar, é preciso Querer; para aspirar
verdadeiramente, é preciso Ousar; e, para recolher em paz os frutos
da própria audácia, é preciso se Calar. Saber, Querer,
Ousar e Calar são os quatro verbos KaBaLísticos que correspondem
às quatro letras do Tetragrama e às quatro formas hieroglíficas
da Esfinge.
A Humanidade acaba se vingando por
ter acreditado muito, por ter admirado muito e, sobretudo, por ter obedecido
muito.14
O
Bem que está conforme o verdadeiro é Justo. A Justiça
é a prática da Razão. A Razão é o Verbum
da Realidade. A Realidade é a Ciência da Verdade. A Verdade
é a história idêntica ao Ser.
Axioma
I: Nada resiste à vontade do homem quando ele sabe o verdadeiro e
quer o bem.
Axioma II: Querer o mal é
querer a morte. Uma vontade perversa é um começo de suicídio.
Axioma III: Querer o bem com violência
é querer o mal, pois, a violência produz a desordem, e a desordem
produz o mal.
Axioma IV: Pode-se e deve-se aceitar
o mal como meio para o bem; mas, é preciso nunca querê-lo ou
fazê-lo, do contrário destruir-se-ia com a mão esquerda
o que se edificasse com a mão direita. A boa fé nunca justifica
os maus meios: corrige-os quando são suportados; condena-os quando
deles se lança mão.
Axioma V: Para se ter direito de
possuir, sempre é preciso querer pacientemente e por muito tempo.
Axioma VI: Passar a vida querendo
o que é impossível possuir, sempre é abdicar da vida
e aceitar a eternidade da morte.
Axioma VII: Quanto mais a vontade
supera obstáculos, mais se fortalece.
Axioma VIII: Quando a vontade é
consagrada ao absurdo, é reprovada pela eterna razão.
Axioma IX:
A vontade do homem justo é a Vontade do seu próprio
Deus Interior, e é a Lei da Natureza.
Axioma X: É pela vontade que
a inteligência vê. Se a, vontade é sã, a visão
é justa.
Axioma XI: Quando alguém cria
fantasmas, põe no mundo vampiros, e será preciso alimentar
esses filhos de um pesadelo voluntário com seu sangue, com sua vida,
com sua inteligência e com sua razão, sem nunca saciá-los.
Axioma XII: Afirmar e querer o que
deve ser é criar; afirmar e querer o que não deve ser é
destruir.
Axioma XIII: A LLuz é um fogo
elétrico colocado pela Natureza a serviço da Vontade: Illumina
os que dela sabem se servir; queima os que dela abusam.
Axioma XIV: O império do mundo
é o império da LLuz.
Axioma XV: As grandes inteligências
cuja vontade se equilibra mal assemelham-se aos cometas, que são
sóis abortados.
Axioma XVI: Nada fazer é tão
funesto quanto fazer o mal, mas, é mais covarde. O mais imperdoável
dos pecados mortais é a inércia.
Axioma XVII: Sofrer é trabalhar.
Uma grande dor sofrida é um progresso realizado. Os que sofrem muito
vivem mais do que os que não sofrem.
Axioma XVIII: A morte voluntária
por abnegação não é um suicídio; é
a apoteose da vontade.
Axioma XIX: O medo é apenas
uma preguiça da vontade, e é por isto que a opinião
desencoraja os covardes.
Axioma XX: Consegui não temer
o leão, e o leão vos temerá. Dizei à dor: quero
que tu sejas um prazer, e ela se tornará até mais do que um
prazer, isto é: uma felicidade.
Axioma XXI: Uma corrente de ferro
é mais fácil de quebrar do que uma corrente de flores.
Axioma XXII: Antes de declarar um
homem feliz ou infeliz, sabei como o fez a direção de sua
vontade. Tibério morria todos os dias em Capri, enquanto Jesus provava
sua Imortalidade e sua Divindade no Calvário e na Cruz.
Toda
palavra de Verdade é o começo de um ato de Justiça.
Enquanto
a Humanidade não compreender as palavras Verdade, Razão e
Justiça, e o que são o Dever, a Hierarquia e a Sociedade,
a divisa revolucionária Liberdade, Igualdade e Fraternidade será
apenas uma tríplice mentira.
Todos
nós respiramos a vida dos outros, e, de algum modo, insuflamo-lhes
uma parte da nossa existência.
Todo
aquele que se liberta dos erros comuns deve pagar [compensar]
um
resgate proporcional à soma destes erros.
Quando uma besta governa bestas,
quando um cego conduz cegos, quando um homem fatal governa massas fatais
só se pode esperar terríveis catástrofes. E elas nunca
faltarão.
Ser
justo e bom é padecer por todos os que não o são, mas,
isto é Viver. Ser injusto e mau é sofrer por si mesmo sem
conquistar a Vida; é se enganar, agir mal e morrer eternamente.
O
pecado mortal é uma apostasia [renúncia]
da nossa liberdade.
A
perda do sentido moral é uma verdadeira alienação.
Um homem que não obedece à justiça, antes de tudo,
não se pertence mais; caminha sem luz na noite de sua existência,
e se agita, como em um sonho, vítima do pesadelo de suas paixões.
O espírito de perversidade
sempre tem por móvel secreto a sede da destruição e,
por fim, o suicídio.
O
homem, com efeito, cria um Deus conforme à sua própria inteligência
e acorde com a sua própria bondade, e, por isto, não pode
elevar seu ideal mais alto do que lhe permite seu desenvolvimento moral.
O bem e o mal frutificam em uma mesma
árvore e brotam de uma mesma raiz.
O
homem que se liberta das más paixões e da servidão,
de certo modo, cria-se a si-próprio uma segunda vez.
Entropização
da Mente
Quem
desaceita meditar
como
logrará a compreensão?
Quem
se furta de cogitar
como
logrará a manumissão?
Mesmo
pensando e estudando,
a Alforria
será sempre parcial.
Navegando,
sempre navegando...
Ad
Æternum haverá um Portal!
Cada
existência está interligada
com as
existências já vividas.
Cada
transição é acrescentada
às
transições antes sentidas.
No
Universo, nada se perde;
os Akáshicos
não são delidos.
Absolutamente
nada se disperde;
somos
perenemente providos.
Entretanto,
aquele que dorme
–
de pesadelo em pesadelo –
haverá
de se conservar abnorme,
e não
poderá desselar o Selo.
O
que haverá de mais dantesco
do que
ter vivido sem Viver?
Só
há algo mais burlesco:
ter morrido
sem Morrer!
Todavia,
o pior de tudo
é
morrer definitivamente.
É
a vitória do chavelhudo!
É
a entropização da mente!
Mas,
isto não acontecerá
para
quem buscou o Caminho.
Para
este, a Santa LLuz
brilhará,
seja
ou não Pequenininho!
O
barco de quem fugiu do Caminho!