A CHAVE DOS GRANDES MISTÉRIOS

 

Rodolfo Domenico Pizzinga

 

 

 

Objetivo do Estudo

 

 

 

Este é um resumo fragmentário e incompleto de um estudo que fiz da obra A Chave dos Grandes Mistérios, de autoria de Éliphas Lèvy, que estou divulgando para reflexão.

 

 

 

Excertos (Editados) da Obra

 

 

 

Deus é o que aprenderemos eternamente a conhecer. É, por conseguinte, o que nunca saberemos.

Para sabermos alguma coisa precisamos nos resignar a estudar sempre!

Por mais que o espírito proteste contra a obscuridade do Dogma, está subjugado pela atração desta mesma obscuridade.

 

 

A Chave dos Grandes Mistérios

A Chave dos Grandes Mistérios
(de acordo com Henoch, Abraão, Hermes Trismegisto e Salomão)

 

Enquanto houver homens, existirão religiões; e todo fanático afirmará com obstinação o deus que engendrou à sua imagem.

 

 

 

A Verdadeira Religião não é outra coisa que a necessidade de um idealismo ilimitado, necessidade que justifica todas as aspirações ao progresso, que inspira todas as abnegações, que sozinha impede a virtude e a honra de serem unicamente palavras que servem para iludir a vaidade dos fracos e dos tolos em proveito dos fortes e dos hábeis.1

A verdadeira religião natural é a religião revelada, é a religião hierárquica e tradicional, que se afirma absolutamente acima das discussões humanas pela comunhão da fé [confiança], da esperança [possibilidade] e da caridade [compaixão].

É impossível crer no contrário do que se sabe sem deixar, por isso mesmo, de o saber, e é igualmente impossível chegar a saber o contrário do que se crê sem deixar imediatamente de crer.

A expressão do Absoluto é o Divino Espírito de Caridade – que tudo abrange e se aplica a tudo – diante do qual o mundo abandonará todas as suas tolices, todos os seus crimes e todos os seus devaneios doentios. Enfim, no ilimitado, é a inteligência suprema e mantenedora da ordem; no mundo, é o espírito de misericórdia e de compaixão.2

Não há religião sem mistérios. Não há mistérios sem símbolos – que exprime sua profundidade desconhecida por imagens paradoxais emprestadas do conhecido.

 

 

 

 

Para os Iniciados da KaBaLa, Deus é a Unidade Absoluta que cria e anima os números.

A Unidade demonstra a analogia dos contrários; é o princípio, o equilíbrio e o fim dos números.

 

 

Triângulo de Pascal3

A dúvida é a força equilibrante da fé.

Existe um Deus?

— Acredito que sim.

— Mas, tem certeza disso?

— Se tivesse certeza, não acreditaria; eu saberia.

A analogia era o dogma único dos Antigos Magos. Dogma verdadeiramente mediador, pois, é um quarto científico, um quarto hipotético, um quarto razão e um quarto poesia.

Homem-deus Realização (na encarnação) do Ideal Divino.4

Para se afirmar, sem disparate, que Deus existe ou não, é preciso partir de uma definição sensata ou insensata de Deus. Ora, esta definição, para ser sensata, deve ser hipotética, analógica e negativa do finito conhecido. Pode-se negar um Deus qualquer, mas, o Deus Absoluto não se pode negar, tanto quanto não se pode provar. Para o religioso, Deus deverá ser sensatamente suposto e Nele se acreditar.5

Quem faz os deuses se torna semelhante a eles.6

Deus é a síntese idealizada do pensamento humano.

Ao cair livre sobre a Terra, o ser-aí-no-mundo arrastou Deus em sua queda.

Para que seja conquistada a Liberdade e a Imortalidade e para que possamos colher lírios resplandecentes em prados desconhecidos, precisamos vencer o fantasma da morte.

O Ternário [Lei do Triângulo] é o número da criação.

 

 

 

 

O Quaternário é o número da força.

Amar a vida mais do que se teme as ameaças da morte é merecer a Vida.

Cair para levantar; experimentar a morte para conhecer a Vida.

Para as glórias do mundo antigo, a estrela da noite; para a verdade renascente, a bela estrela da manhã!

Jesus, o Cristo O Grande Abel da Humanidade.

Silêncio aos oráculos do ódio! Aniquilamento aos falsos deuses do egoísmo e do medo! Vergonha aos escravos avaros de amor!

Nossa oração só será perfeita quando orarmos sem sequer saber que oramos. A oração não é um ruído que fere os ouvidos; é um silêncio que penetra no Coração.

Quando houverdes compreendido, não leiais mais, não procureis mais, não duvideis mais.

Como perguntou o Apóstolo São João, se o ser-aí-no-mundo não ama o próximo que vê, como amará Deus que não vê?

O Senário é o número da Iniciação pela prova. É o número do Equilíbrio. É o hieróglifo da Ciência do Bem e do Mal.

Para o rebanho dos homens, o sofrimento é como o cão pastor que morde a lã das ovelhas para as recolocar no caminho.

É por causa da sombra que podemos ver a luz; é por causa do frio que sentimos o calor; é por causa da dor que somos sensíveis ao prazer. O mal é, portanto, para nós, a ocasião e o começo do bem.

O Setenário é o Grande Número Bíblico.7

 

 

 

 

A Serpente que tenta é o tempo que põe à prova; a Árvore da Ciência é o direito; a expiação pelo trabalho é o dever.

Caim e Abel representam a carne e o espírito, a força e a inteligência, a violência e a harmonia.

 

 

 

 

O homem intelectual deve estar pronto a tudo sacrificar diante da Razão Suprema.

Jesus, o Cristo, veio porque o antigo sacerdócio estava esgotado. Jesus, o Cristo, veio porque os velhos símbolos não tinham mais virtudes. Jesus, o Cristo, veio porque a pátria da inteligência estava extinta. Jesus, o Cristo, veio para opor o direito do dever ao dever do direito. Jesus, o Cristo, é o dever real que protesta eternamente contra o direito imaginário. Jesus, o Cristo, é a emancipação do espírito que quebra a servidão da carne. Jesus, o Cristo, é a devoção revoltada contra o egoísmo. Jesus, o Cristo, é a modéstia sublime que responde ao orgulho. Jesus, o Cristo, legou à Humanidade o símbolo imortal da regeneração: a Comunhão – o pão e o vinho repartidos entre todos, Sua carne e Seu sangue – para que todos repartam o pão da inteligência e o vinho do amor. E assim, a Humanidade se tornou devedora do Crucificado.

O Octonário é o Número da Reação e da Justiça Equilibrante.8

Toda ação produz uma reação; é a lei universal do mundo. Assim, o Cristianismo deveria produzir o anticristianismo. O anticristo é a sombra, é o contraste e é a prova do Cristo. O anticristo é a usurpação do Direito pelo direito; é o orgulho da dominação; é o despotismo do pensamento. O anticristo é o fanatismo odioso que desencoraja a boa vontade. O anticristo é o culto da morte, da tristeza e da fealdade.

9 é número dos Iniciados e dos Profetas. Eis o Eremita do Tarô.

Todos os homens são solidários e expiam uns pelos outros, da mesma forma que se merecem uns aos outros.

O menos perfeito ato de amor vale mais do que a melhor palavra de piedade.

Que cada um, se desejar, ore seguindo seu rito e comungue com os seus, mas, que não julgue nem condene os outros.

11 é o Número da Força, da Luta e do Martírio.

Quem poderá ser justo o suficiente, grande o suficiente e puro o suficiente para ter a pretensão de julgar e punir?

O dever do ser-aí-no-mundo é viver, nem que seja por um instante!

Quem não for irrepreensível é cúmplice de todo mal, e quem não for absolutamente perverso poderá participar do Eterno Bem.

12 é o símbolo universal da ciclicidade.

13 é o número da morte e o do nascimento.

O bem que não circula está morto.

O ciúme é suspeita, e toda suspeita é ultraje.

A inteligência e o amor devem resistir à opressão até a morte, nunca até o assassínio. Protestar contra a violência com violência é justificá-la e forçá-la a se reproduzir.

Jamais haverá lágrimas suficientes para lavar a mancha de sangue de um ser assassinado.

14 é o número da fusão, da associação e da unidade universal.

Não existe outro Deus senão Deus, e Moisés é seu Profeta. Não existe outro Deus senão Deus, e Jesus, o Cristo, é seu Profeta. Não existe outro Deus senão Deus, e Muhammad é seu Profeta. O Primeiro Testamento, o Segundo Testamento e o Alcorão são três traduções diferentes do mesmo Livro. Há somente uma Lei; há somente um Deus.

Nada é estável porque tudo caminha em direção à perfeição [relativa].

 

 

 

 

O que um grande homem, por suas ações, escreveu fica gravado no Livro Eterno; acrescentou uma página à bíblia do gênero humano.

O Cristianismo é o fruto das meditações de todos os Sábios do Oriente que revivem em Jesus, o Cristo.

15 é o número do antagonismo e da catolicidade.

16 é o número do templo – o templo do futuro.

17 é o número da estrela, da inteligência – direito divino do homem, essência e alma da liberdade – e do amor.

O Amor é Virtude – o Salário da Virtude. Direito que se transforma inteiramente em Dever; Nobreza que se transforma inteiramente em Felicidade.

18 é o número é o do Dogma Religioso – que é toda poesia e todo mistério.

Se a fé for superior à razão, a razão deverá apoiar as inspirações da fé. A fé e a Ciência têm, cada uma, seu domínio separado; uma não deve usurpar as funções da outra. É próprio da fé e da graça não enfraquecer, mas, ao contrário, afirmar e desenvolver a razão. O concurso da razão – que examina não as decisões da fé, mas, as bases naturais e racionais da autoridade que decide – longe de prejudicar a fé, não poderá senão lhe ser útil. Em outras palavras, a fé, perfeitamente racional em seus princípios, não deve temer, mas, deve, ao contrário, desejar o exame sincero da razão.9

19 o Número da LLuz.

O Princípio Absoluto é Inteligência e Vida. O Verbum da Razão Universal é uma afirmação e não uma negação.

A Unidade nunca diminui e não aumenta.10

Ninguém aprenderá a Santa Ciência com ninguém, e, tampouco, Ela poderá ser adquirida de outro, senão de si-mesmo.11

A obra da Verdadeira Religião deve ser produzir, conservar e difundir o espírito de caridade. Entender [e praticar] o espírito de caridade é ter a inteligência de todos os mistérios.

A Lei Cósmica é imutável porque está fundamentada em princípios eternos da Natureza.12

A superstição ainda existente é o símbolo que sobreviveu à idéia, é a forma preferida à coisa, é o rito sem razão, é a fé tornada insensata. E, por conseguinte, o cadáver da religião, a morte da vida, a inspiração substituída pelo embrutecimento.

 

 

 

 

O fanatismo é a superstição apaixonada, é o templo colocado no lugar de Deus, é a honra substituída pelos interesses humanos e temporais, é a paixão miserável do sacerdote que explora a fé do crente. Da superstição ao fanatismo há um só passo. A superstição é a religião interpretada pela tolice; o fanatismo é a religião servindo de pretexto à fúria.

Verdade é a idéia idêntica ao Ser. Realidade é a Ciência idêntica ao Ser. Razão é o Verbum idêntico ao Ser.

A Verdade só poderá ser racionalmente suposta pela analogia e pela proporção. Realidade e Verdade são exatamente a mesma coisa.

O sacrifício é uma espécie de loucura que apocopa a razão.

O mal é a desordem.

O mediador plástico é formado por uma luz astral ou terrestre, e transmite ao corpo humano a dupla imantação. Ao agir sobre essa luz, a personalidade-alma, por suas volições, pode dissolvê-la ou coagulá-la, projetá-la ou atraí-la. Ela é o espelho da imaginação e dos sonhos. Reage sobre o sistema nervoso e produz, assim, os movimentos do corpo. Esta luz pode se dilatar indefinidamente e comunicar suas imagens a distâncias consideráveis. Ela imanta os corpos submetidos à ação do homem e pode, fechando-se, atraí-los para si. Pode assumir todas as formas evocadas pelo pensamento e, nas coagulações passageiras de sua parte resplandecente, aparecer aos olhos, e até mesmo oferecer uma espécie de resistência ao contato. Se estas manifestações e estes usos do mediador plástico são anormais, o instrumento luminoso não pode produzi-las sem ser falseado, e causam necessariamente ou alucinação ou loucura.

O magnetismo animal é a ação do mediador plástico, tornando-se contrário à moral e à religião quando dele se abusa (emissão fluídica malsã e feita com más intenções).

Telesma Substância Una. Tempo, substância e movimento. Vibração perpétua. Guarda as imagens de tudo o que foi, os reflexos dos mundos passados e, por analogia, os esboços dos mundos futuros.

O belo é o esplendor do verdadeiro. Ora, a beleza moral é a bondade. É belo ser bom. Para ser bom com inteligência, é preciso ser justo. Para ser justo, é preciso agir com razão. Para agir com razão, é preciso ter a ciência da realidade. Para ter a ciência da realidade, é preciso ter consciência da verdade. Para ter consciência da verdade, é preciso ter uma noção exata do Ser.13

A Ciência submete a razão humana à Razão Matemática e Universal; a fé procura, ou melhor, supõe nas próprias matemáticas e acima das matemáticas uma Razão Inteligente e Absoluta. A grande corrente que reúne Ciência e fé é a analogia. Fora da união e do concurso das duas forças vivas da inteligência (solução para os mistérios da Ciência e compreensão concertada dos mistérios da fé), não há para a Ciência senão ceticismo e desespero, e para a fé há tão-somente temeridade e fanatismo. Se a fé insulta a Ciência, blasfema; se a Ciência desconhece a fé, abdica.

 

 

Será possível esta conciliação?

 

 

O sopro quente magnetiza positivamente, e o sopro frio magnetiza negativamente.

A Alquimia é filha da KaBaLa.

Tudo foi criado pela LLuz. É na LLuz que a forma se conserva. É pela LLuz que a forma se reproduz. As vibrações da LLuz são o princípio do movimento universal. Pela LLuz os sóis se ligam uns aos outros e entrelaçam seus raios.

Um Illuminado é simplesmente um conhecedor e um possuidor da LLuz, seja pela Ciência do Grande Agente Mágico, seja pela noção racional e ontológica do Absoluto.

O Agente Universal é a Força Vital e subordinada à Inteligência.

O diabo é a divagação ou o sono da inteligência. É a loucura e a mentira.

O mal absoluto, por ser relativo às nossas ignorâncias e aos nossos erros, é uma falsa idéia de Bem.

Eis o verdadeiro pecado: nada pensar, nada amar, nada querer e nada fazer.

A audácia unida à inteligência é a mãe de todos os sucessos neste mundo. Para empreender, é preciso Saber; para realizar, é preciso Querer; para aspirar verdadeiramente, é preciso Ousar; e, para recolher em paz os frutos da própria audácia, é preciso se Calar. Saber, Querer, Ousar e Calar são os quatro verbos KaBaLísticos que correspondem às quatro letras do Tetragrama e às quatro formas hieroglíficas da Esfinge.

A Humanidade acaba se vingando por ter acreditado muito, por ter admirado muito e, sobretudo, por ter obedecido muito.14

 

 

 

 

O Bem que está conforme o verdadeiro é Justo. A Justiça é a prática da Razão. A Razão é o Verbum da Realidade. A Realidade é a Ciência da Verdade. A Verdade é a história idêntica ao Ser.

Axioma I: Nada resiste à vontade do homem quando ele sabe o verdadeiro e quer o bem.
Axioma II: Querer o mal é querer a morte. Uma vontade perversa é um começo de suicídio.
Axioma III: Querer o bem com violência é querer o mal, pois, a violência produz a desordem, e a desordem produz o mal.
Axioma IV: Pode-se e deve-se aceitar o mal como meio para o bem; mas, é preciso nunca querê-lo ou fazê-lo, do contrário destruir-se-ia com a mão esquerda o que se edificasse com a mão direita. A boa fé nunca justifica os maus meios: corrige-os quando são suportados; condena-os quando deles se lança mão.
Axioma V: Para se ter direito de possuir, sempre é preciso querer pacientemente e por muito tempo.
Axioma VI: Passar a vida querendo o que é impossível possuir, sempre é abdicar da vida e aceitar a eternidade da morte.
Axioma VII: Quanto mais a vontade supera obstáculos, mais se fortalece.
Axioma VIII: Quando a vontade é consagrada ao absurdo, é reprovada pela eterna razão.
Axioma IX: A vontade do homem justo é a Vontade do seu próprio Deus Interior, e é a Lei da Natureza.
Axioma X: É pela vontade que a inteligência vê. Se a, vontade é sã, a visão é justa.
Axioma XI: Quando alguém cria fantasmas, põe no mundo vampiros, e será preciso alimentar esses filhos de um pesadelo voluntário com seu sangue, com sua vida, com sua inteligência e com sua razão, sem nunca saciá-los.
Axioma XII: Afirmar e querer o que deve ser é criar; afirmar e querer o que não deve ser é destruir.
Axioma XIII: A LLuz é um fogo elétrico colocado pela Natureza a serviço da Vontade: Illumina os que dela sabem se servir; queima os que dela abusam.
Axioma XIV: O império do mundo é o império da LLuz.
Axioma XV: As grandes inteligências cuja vontade se equilibra mal assemelham-se aos cometas, que são sóis abortados.
Axioma XVI: Nada fazer é tão funesto quanto fazer o mal, mas, é mais covarde. O mais imperdoável dos pecados mortais é a inércia.
Axioma XVII: Sofrer é trabalhar. Uma grande dor sofrida é um progresso realizado. Os que sofrem muito vivem mais do que os que não sofrem.
Axioma XVIII: A morte voluntária por abnegação não é um suicídio; é a apoteose da vontade.
Axioma XIX: O medo é apenas uma preguiça da vontade, e é por isto que a opinião desencoraja os covardes.
Axioma XX: Consegui não temer o leão, e o leão vos temerá. Dizei à dor: quero que tu sejas um prazer, e ela se tornará até mais do que um prazer, isto é: uma felicidade.
Axioma XXI: Uma corrente de ferro é mais fácil de quebrar do que uma corrente de flores.
Axioma XXII: Antes de declarar um homem feliz ou infeliz, sabei como o fez a direção de sua vontade. Tibério morria todos os dias em Capri, enquanto Jesus provava sua Imortalidade e sua Divindade no Calvário e na Cruz.

Toda palavra de Verdade é o começo de um ato de Justiça.

Enquanto a Humanidade não compreender as palavras Verdade, Razão e Justiça, e o que são o Dever, a Hierarquia e a Sociedade, a divisa revolucionária Liberdade, Igualdade e Fraternidade será apenas uma tríplice mentira.

Todos nós respiramos a vida dos outros, e, de algum modo, insuflamo-lhes uma parte da nossa existência.

Todo aquele que se liberta dos erros comuns deve pagar [compensar] um resgate proporcional à soma destes erros.

Quando uma besta governa bestas, quando um cego conduz cegos, quando um homem fatal governa massas fatais só se pode esperar terríveis catástrofes. E elas nunca faltarão.

Ser justo e bom é padecer por todos os que não o são, mas, isto é Viver. Ser injusto e mau é sofrer por si mesmo sem conquistar a Vida; é se enganar, agir mal e morrer eternamente.

O pecado mortal é uma apostasia [renúncia] da nossa liberdade.

A perda do sentido moral é uma verdadeira alienação. Um homem que não obedece à justiça, antes de tudo, não se pertence mais; caminha sem luz na noite de sua existência, e se agita, como em um sonho, vítima do pesadelo de suas paixões.

O espírito de perversidade sempre tem por móvel secreto a sede da destruição e, por fim, o suicídio.

O homem, com efeito, cria um Deus conforme à sua própria inteligência e acorde com a sua própria bondade, e, por isto, não pode elevar seu ideal mais alto do que lhe permite seu desenvolvimento moral.

O bem e o mal frutificam em uma mesma árvore e brotam de uma mesma raiz.

O homem que se liberta das más paixões e da servidão, de certo modo, cria-se a si-próprio uma segunda vez.

 

 

 

Entropização da Mente

 

 

 

Quem desaceita meditar

como logrará a compreensão?

Quem se furta de cogitar

como logrará a manumissão?

 

Mesmo pensando e estudando,

a Alforria será sempre parcial.

Navegando, sempre navegando...

Ad Æternum haverá um Portal!

 

Cada existência está interligada

com as existências já vividas.

Cada transição é acrescentada

às transições antes sentidas.

 

No Universo, nada se perde;

os Akáshicos não são delidos.

Absolutamente nada se disperde;

somos perenemente providos.

 

Entretanto, aquele que dorme

– de pesadelo em pesadelo –

haverá de se conservar abnorme,

e não poderá desselar o Selo.

 

O que haverá de mais dantesco

do que ter vivido sem Viver?

Só há algo mais burlesco:

ter morrido sem Morrer!

 

Todavia, o pior de tudo

é morrer definitivamente.

É a vitória do chavelhudo!

É a entropização da mente!

 

Mas, isto não acontecerá

para quem buscou o Caminho.

Para este, a Santa LLuz brilhará,

seja ou não Pequenininho!

 

 

 

O barco de quem fugiu do Caminho!

 

 

 

______

Notas:

1. O que, infelizmente, é o que ainda sói acontecer! Dificilmente, se vê um sacerdote, seja de qual religião for, que, de uma forma ou de outra, mais ou menos, não abuse e não se prevaleça da fé ignorante, mas, geralmente, bem-intencionada, dos seus confrades. Eu não conheço nem nunca ouvi falar que um eclesiástico passe ou tenha passado necessidades. Todos estão muito bem nutridinhos, e, semelhantemente aos donos do poder, vivem do bom e do melhor. Já os inspiradores das religiões, de maneira geral, comeram o pão que o diabo amassou.

2. Consumatum est!

3. O Triângulo de Pascal (em alguns países, nomeadamente na França, é conhecido como Triângulo de Tartaglia) é um triângulo numérico infinito formado por números binomiais, de tal sorte que cada número do Triângulo é igual à soma do número imediatamente acima e do antecessor do número de cima.

4. É aí que está o busílis. Ainda que o Ideal Divino seja somente um – porque não podem existir dois Ideais Divinos – o Ideal Divino de A é diferente do Ideal Divino de B, que é diverso do de C, do de D, do de E e por aí vai. Supondo-se que a Escada de Ascensão à Absoluta Compreensão seja ilimitada, em cada degrau, para todos os seres, haverá um Ideal Divino distinto, o que permite concluir que todos os Ideais Divinos são equivalentes, ainda que sejam dessemelhantes entre si. Talvez, como exemplo, a diferença mais marcante de Ideais Divinos sejam as idéias de Deus existentes no Primeiro e no Segundo Testamentos, pois, se, no Primeiro, Deus chegava ao ponto de odiar e de punir, de destruir e de matar, no Segundo, Ele ama e se compadece. Esta radical mudança é devida exclusivamente à vinda bendita de Jesus a este Planeta. Todavia, ainda se mata em nome de Deus!

5. Quem tem acompanhado o que tenho escrito, já deve ter percebido que eu tenho uma dificuldade intransponível com este tipo de Dialética, essencialmente pueril, fideísta e irracional. Nesta oportunidade, não repetirei os argumentos que já utilizei em outros textos, mas, direi que, enquanto o ser-aí-no-mundo se perde em lucubrações se Deus existe ou se não existe, se é absolutamente onipotente, providente etc. ou se não é, se, enfim, é isto ou é aquilo, sempre estará fazendo comparações com o que ele conhece, e, portanto, em dependência direta de sua cultura e da sua experiência como indivíduo. Então, penso que isto seja mesmo uma grande perda de tempo e de energia. Portanto, conclusivamente, direi: a melhor forma de amarmos a Deus é, sem quaisquer reservas, amarmos a Humanidade e todos os seres existentes. Ponto final.

6. Na realidade, penso que seja exatamente o contrário, isto é: os deuses fabricados são semelhantes aos seus fabricadores. Por isto, o Deus do Primeiro Testamento é totalmente diferente do Deus do Segundo Testamento. Os textos dos autores dos livros do Primeiro Testamento, de maneira geral, estavam imersos em preconceitos, incoerências, despotismos, crendices e fantasias demoníacas, coisas que os autores do Segundo Testamento procuraram evitar, pois, compreenderam, enfim, que o Deus que admitiam como sendo o Deus Absoluto não poderia odiar, punir, destruir e matar, e muito menos se comportar, a depender da situação, como um demônio esclarecido – uma esfinge sem palavra, um enigma sem solução, um mistério sem verdade, um absoluto sem realidade e sem luz, como diria Éliphas. O próprio Apocalipse é um livro estritamente KaBaLístico, e nada tem de apocalíptico. Ler letra a letra o Apocalipse é transformar a Revelação Joanina em nevoeiro. Tenha sempre em mente que 666 6 + 6 + 6 = 18 1 + 8 = 9. Então, 666, mais do que besta, é Ouro! Ouro Alquímico! Ouro Alquímico que está em nosso Coração! Agora, se transformamos o nosso dia-a-dia em um armagedom-geenal, o problema é somente nosso. Mudar esse treco é preciso, porque ou mudamos ou morreremos irreversivelmente.

7. Observe que o Valor Secreto no Número 7 é 10.
7 1 + 2 + 3 + 4 + 5 + 6 + 7 = 28 2 + 8 = 10 1 + 0 = 1. Então, KaBaListicamente, sem erro, podemos admitir que 7 1. Ou, em outras palavras: a Unidade se mantém e se renova pelo Sete.

8. Pelo mesmo raciocínio KaBaLístico da nota anterior, observe que o o Valor Secreto no Número 8 é 36, e que, por sua vez, o o Valor Secreto no Número 36 é 666. 666 é o fiel da balança que separa o despotismo negro para a esquerda e o Ouro Alquímico da Sabedoria para a direita.

9. Já ponderei alhures que a fé, como pura e simplesmente fé, não pode nada contra a razão, ou seja, contra o pensamento dialético. A fé só tem cabimento quando está apoiada em uma experiência pessoal, individual, seja ela qual for. Fé, como pura e simplesmente fé, desemboca sempre em fanatismo e preconceito, em impedição que é a madrasta maldita da retardação. É por isto que muitos morreram e outros tantos continuam a morrer em nome de uma fé cegante, infamante, abastardante e retrogradante.

10. Sem querer corrigir Éliphas, vou acrescentar uma coisinha: A Unidade nunca diminui e não aumenta, não sofre multiplicação nem divisão; mas, se expande e se contrai em Si-mesma. O Ilimitado é finito, mas, não tem começo nem fim, nem passado nem futuro. O nada não cabe no Um. O Um é uma excelência sempre existente em Si-mesmo, e jamais poderá deixar de ser ou ser outra coisa.

 

 

O Eterno Um em Si-mesmo

 

 

11. O ser-aí-no-mundo é o ALeF e o TaV de si-mesmo e em si-mesmo.

12. Não erraríamos de pensássemos e disséssemos que a Lei Cósmica é a Natureza e a Natureza é a Lei Cósmica. Lei Cósmica, Natureza e ser-aí-no-mundo são uma coisa só.

13. Lembro que a noção exata do Ser que possamos ter ou que pudermos vir a ter será sempre relativa. Perceber a Coisa Absoluta é se fundir com e na Coisa Absoluta, e passar a ser a própria Coisa Absoluta.

14. Por isto, Simon Wiesenthal (Buczacz, 31 de dezembro de 1908 – Viena, 20 de setembro de 2005), um sobrevivente de campos de concentração durante a Segunda Guerra Mundial que dedicou sua vida a localizar, identificar e levar à justiça criminosos nazistas, disse: A justiça para os crimes contra a Humanidade não deve ter limites.

 

Música de fundo:

The Passion of the Christ
Compositor: John Debney

Fonte:

http://mp3monkey.net/mp3/Soundtrack_
The_Passion_Of_The_Christ_John_Debney.html

 

Páginas da Internet consultadas:

http://www.sabbathbible.com/fellowship/
archive/2009/20090912_faulkner_name.htm

http://www1.mans.edu.eg/facscim/arabic/chemistry/Default.htm

http://wifflegif.com/tags/39946-superstition-gifs

http://www.spiritualforums.com/vb/
showthread.php?t=17679&page=3

http://pt.wikipedia.org/wiki/Tri%C3%A2ngulo_de_Pascal

http://www.colorcube.com/articles/models/model.htm

http://www.aquarianradio.com/

 

Direitos autorais:

As animações, as fotografias digitais e as mídias digitais que reproduzo (por empréstimo) neste texto têm exclusivamente a finalidade de ilustrar e embelezar o trabalho. Neste sentido, os direitos de copyright são exclusivos de seus autores. Entretanto, como nem sempre sei a quem me dirigir para pedir autorização para utilizá-las, se você encontrar algo aqui postado que lhe pertença e desejar que seja removido, por favor, entre em contato e me avise, que retirarei do ar imediatamente.