Este
estudo é a segunda e última parte de um resumo fragmentário
e incompleto de alguns conceitos fundamentais apresentados na obra A
Chave da Teosofia, de autoria de Helena Petrovna Blavatsky,
a última obra eminentemente didática, que tem como núcleo
a Metafísica,1
desta Grande Iniciada, escrita no ano de sua Grande Iniciação,
em 1891. Resumidamente, A
Chave da Teosofia é uma tentativa de tornar a Metafísica
acessível ao postulante habituado a tatear outros caminhos, e foi
dedicada pela autora a todos os seus discípulos, para que pudessem
aprender, e para que pudessem, por sua vez, ensinar.
Fragmentos
da Obra
O
que reencarna é o Eu Espiritual pensante, o Princípio Permanente
no homem, aquilo que é o centro de Manas.
Atma
é o Todo Universal, e se converte no Eu Supremo do homem somente
em conjunção com Buddhi. É o Princípio Divino
universalmente difundido, inseparável de seu meta-espírito
uno e absoluto.
Sendo
a alma um termo genérico, há nos homens três aspectos
de alma: o terrestre ou animal, o humano e o Espiritual. Todos são
um só – uma única alma sob três aspectos. Do primeiro
aspecto, nada sobra depois da morte; do segundo (Nous ou Manas), somente
sobrevive sua Essência Divina, se esta ficou sem mancha; enquanto
que o terceiro, além de ser imortal, se converte conscientemente
em Divino, pela assimilação do Manas Superior.
A
reminiscência é a memória da alma. É a reminiscência
que dá a quase todos os seres humanos, compreendendo
ou não, a certeza de haver vivido anteriormente e de ter que viver
de novo. Para se convencer do fato da reencarnação e das vidas
passadas, é necessário se colocar em relação
com o próprio Eu Real permanente, e não com a memória
que é passageira. O Eu que reencarna é o Eu Individual e Imortal,
não o pessoal. Em uma palavra: o veículo da Mônada Atma-Búddhica.
O
Eu Espiritual só poderá se manifestar se o ego pessoal limitado
e escravo da memória física estiver paralisado. Se o Eu
Espiritual pudesse se manifestar sem interrupção
nem impedimento algum, já não haveria homens na Terra, pois,
seríamos todos deuses.
O
Devachan é a continuação idealizada da vida terrestre
que se acaba de abandonar – período de ajustamento pelos danos
e sofrimentos imerecidamente experimentados naquela vida particular.
Lei
de Retribuição [Compensação]
Karma
Encadeamento natural de causas, de
resultados e de conseqüências inevitáveis.
Fora
da Verdade Eterna1
– que não tem nem forma, nem cor, nem limites –
tudo é ilusão (mâya).
Devachan
Lei misericordiosa
da Natureza que favorece uma existência de felicidade sem sombras.
Os
Nirmânâkâyas são aqueles seres que, embora tenham
adquirido o direito ao Nirvana e ao repouso cíclico, renunciaram,
por compaixão à Humanidade e aos que deixaram na Terra, ao
estado nirvânico. Consideram um ato de egoísmo o repouso na
bem-aventurança, enquanto a Humanidade geme sob o peso dos sofrimentos
e da miséria produzidos pela ignorância, e, assim, renunciaram
ao Nirvana e resolveram permanecer invisíveis em espírito
nesta Terra. Os Nirmânâkâyas
abandonaram o corpo material, mas, de resto, continuam na posse de todos
os seus Princípios, até na vida astral de nossa esfera. Eles
podem se comunicar – e realmente o fazem –
com alguns eleitos, embora seguramente não com os
médiuns comuns. Todavia, uma vez que não têm o direito
de intervir no karma, só podem aconselhar e inspirar os mortais para
o bem geral.
O
destino
de todo Eu é se converter em seu próprio Salvador [Mestre
e Iniciador] em cada mundo e em
cada encarnação
[até se tornar um Deus consciente – o Übermensch
(Além-homem) descrito no livro Assim Falou Zaratustra de
Friedrich Wilhelm Nietzsche].
Nos
princípios fundamentais do mundo espiritual não é possível
haver nenhuma exceção.
Depois
da morte, a imortalidade e a consciência se convertem, para a personalidade
terrestre do homem, simplesmente em atributos condicionados, já que
dependem completamente das condições e das crenças
criadas pela alma humana durante a vida de seu corpo. Karma trabalha incessantemente;
depois de nossa vida, recolhemos somente o fruto daquilo que nós
mesmos semeamos nela.
No
momento solene da morte, todo homem – mesmo quando a morte é
repentina –
vê sua vida passada traçada inteira ante seus
olhos, em seus menores detalhes. E, em casos especiais, é possível
ver até várias vidas anteriores, nas quais se produziram as
causas responsáveis pela vida que neste momento está sendo
abandonada. Por outro lado, assim como o homem na hora da morte tem uma
visão retrospectiva profunda da vida que levou, assim também
o Eu reencarnante, no momento de renascer na Terra, despertando do estado
de Devachan, tem uma visão previsora da vida que o espera, e considera
todas as causas que a ela o levaram.
Os
renascimentos repetidos são comparáveis à vida de um
mortal, que oscila periodicamente entre o sono e a vigília.
A
morte é um sono. Depois da morte, começa a se desenrolar frente
aos olhos espirituais da alma uma representação correspondente
ao programa aprendido, e que, com muita freqüência, foi composto
por nós mesmos, isto é: a realização prática
das crenças corretas ou das ilusões que nós criamos.
Quem
não esperou vida futura alguma encontrará um vazio absoluto,
semelhante ao aniquilamento, no intervalo entre dois renascimentos.
Um
homem egoísta e perverso que jamais verteu uma lágrima por
ninguém – nem por si mesmo
– somando à sua incredulidade uma completa indiferença
pelo mundo inteiro, às portas da morte deverá perder para
sempre sua personalidade. Se esta personalidade carece de laços de
simpatia que a unissem ao mundo que a rodeava, e, portanto, sem nada que
dar ao Sutratma, resulta que toda relação entre ambos fica
rota com o último suspiro. Como não existe nenhum Devachan
para essa espécie de materialista, o Sutratma se reencarnará
quase imediatamente. Mas, os materialistas que, com exceção
de sua incredulidade em nada mais faltaram
– apenas deixaram passar uma estação em
seu sono –
verão um tempo em que se reconhecerão a si mesmos
na eternidade, e em que talvez até se arrependam de ter perdido um
só dia, uma só estação da vida eterna.2
Há
nascimentos de seres que morrem ao nascer e que são fracassos da
Natureza.
A
vida da alma desencarnada, embora possuindo toda a lucidez do real, como
sucede em certos sonhos, carece de toda forma grosseira objetiva da vida
terrestre.
O
Eu Supremo é Atma, o raio inseparável do Eu Uno e Universal.
É o Deus que está dentro de nós. Feliz o homem que
consegue impregnar dele seu Eu Interno!
O
Eu Espiritual Divino é a Alma Espiritual ou Buddhi, intimamente unida
com Manas, o princípio da mente, sem o qual não é Eu
algum, e, sim, puramente o veículo átmico.
O
Eu Interno ou Eu Superior é Manas, o Quinto Princípio, assim
chamado independentemente de Buddhi. O princípio da mente só
é o Eu Espiritual quando se fez um com Buddhi, e não se supõe
que nenhum materialista possua semelhante Eu, por maiores que sejam suas
capacidades intelectuais. É a Individualidade permanente, o Eu que
se reencarna.
O
Ego
Inferior ou Ego Pessoal é o homem físico em união com
seu inferior, isto é, os instintos animais, as paixões, os
desejos etc. É chamado falsa personalidade, e se compõe de
Manas Inferior combinado com Kama-rupa, que age por meio do corpo físico
e seu fantasma ou duplo.
O
Princípio que reencarna ou o Homem Divino é indestrutível
através da vida do ciclo: indestrutível como entidade que
pensa e até como forma etérea.
Fora
da Única Realidade, tudo o mais não passa de uma ilusão
transitória, inclusive o Universo.
O
que
é a vida? Um conjunto de experiências variadíssimas
– idéias, emoções e opiniões –
que se modificam e mudam diariamente.
A
consciência de nossa mente é dupla,
e também é dupla a natureza do Princípio Mental. Existe
uma consciência espiritual, a mente manásica Illuminada pela
Luz de Buddhi, que percebe subjetivamente as abstrações, e
há uma consciência sensível (a luz manásica inferior),
inseparável de nosso cérebro e sentidos físicos. Esta
última consciência é dominada pelo cérebro e
pelos sentidos físicos, e como depende deles, deverá se desvanecer
e morrer, como é natural, quando desaparecem o cérebro e os
sentidos físicos. Somente a primeira classe de consciência,
cuja raiz nasce na eternidade, é a que sobrevive e vive eternamente,
e, por conseguinte, é a que pode ser considerada imortal. Todo o
resto são ilusões passageiras.
A
Raiz da Consciência se acha fora de toda ilusão e vive na eternidade.
No
plano das ilusões, a
heterogeneidade sempre vencerá a Homogeneidade.
E, quanto mais
uma essência se aproxima da Homogeneidade
Primordial – que é o seu Princípio-base –
mais difícil lhe é se impor na Terra. Portanto, quanto mais
ampla for a visão espiritual da essência,
mais poderoso será seu Deus Interno.
Nosso
Eu que encarna foi um Deus em sua origem, como o foram todas as emanações
primitivas do Princípio Uno Desconhecido. Mas, desde sua "caída
na matéria", necessitando encarnar através do ciclo,
desde seu princípio a seu fim, já não é um Deus
livre e feliz, mas, sim, um peregrino que tenta recuperar aquilo que perdeu.3
O
fatalismo
inexiste, porque, se existisse, implicaria em uma conduta cega de um poder
ainda mais cego.
Destino
preestabelecido? Só há um destino: aquele forjado pelo próprio
homem [Somos responsáveis por tudo].
O
Eu
é Divino em sua natureza essencial, mas, não bastante puro
para ser ou se tornar uno com o Todo[-desde-sempre-Um],
necessitando, por isto, purificar sua natureza, para conseguir alcançar
este objetivo. Esta Unidade só poderá ser alcançada
passando o Eu, individual e pessoalmente, isto é, espiritual e fisicamente,
por todas as experiências e sensações existentes no
Universo diferenciado. Por conseguinte, depois de haver adquirido a experiência
nos reinos inferiores
[mineral, vegetal e animal], havendo evoluído
progressiva e ascensionalmente na Escala do Ser, terá que passar
por todas as experiências do plano humano.4
Manasaputra
Filhos da Mente Universal
Humanidade.
"Eu
sou a videira verdadeira, e meu Pai é o agricultor. Toda vara que
não der fruto em mim Ele a cortará... Como a vara, de si mesma,
não pode dar fruto, se não permanecer na videira, assim também
vós, se não permanecerdes em mim. Eu sou a videira e vós
as varas. Se alguém não permanecer em mim, será lançado
fora como a vara, e secará. Esse será lançado no fogo
e arderá."
(Versículos 1 a 6 do capítulo XV do Evangelho de São
João). O fogo do inferno, que a Teologia descobriu na ameaça
dirigida às varas, nós teósofos dizemos que o agricultor
significa Atma, o símbolo do Princípio Impessoal Ilimitado,
enquanto a videira
representa a Alma Espiritual, Christos, e cada vara
é uma nova encarnação.
O
Universo e tudo quanto encerra – moral, mental, físico, psíquico
ou espiritual –
está baseado em uma lei perfeita de equilíbrio
e de harmonia. A força centrípeta não poderia se manifestar
nas harmoniosas revoluções das esferas sem a força
centrífuga; e todas as formas e seu progresso são produtos
desta força dual em a Natureza.
Depois
da morte, é que chega o momento crítico e supremo para os
absolutamente depravados, para
os antiespirituais e
para os criminosos que se encontram fora
de qualquer redenção. Se durante a vida, o último e
desesperado esforço feito pelo Eu Interno (Manas), para ligar algo
da personalidade a ele e ao raio superior e resplandecente do Divino Buddhi
foi em vão; se o cérebro físico se distanciou mais
e mais deste raio, o Eu Espiritual ou Manas, uma vez livre dos laços
da matéria, fica inteiramente separado da relíquia etérea
da personalidade; e esta última, ou Kama-rupa, seguindo suas atrações
terrestres, se vê precipitada em Hades, que nós chamamos de
Kama-Loka. Estas são as varas
secas que deveriam ser arrancadas da vida,
a que se referiu Jesus. Sem dúvida, o aniquilamento nunca é
instantâneo, e, às vezes, pode necessitar de séculos
para se verificar. A personalidade permanece ali com os resíduos
de outros Eus pessoais mais afortunados; e, como eles, se converte em uma
casca ou em um elemental. Estas duas classes de "espíritos"
– as cascas e os elementais –
são as principais "estrelas" no grande teatro
espírita das "materializações". Mas, você
pode estar seguro de que não são elas que encarnam; e, por
isto, tão poucos entre os "queridos ausentes" sabem uma
palavra sobre reencarnação, levando assim os espíritas
a tantos erros.
Os
"espíritos" humanos desencarnados são, em sua maioria,
cascas kamalókicas.
De
maneira geral, consciente ou inconscientemente, todas as comunicações
com os mortos são necromancia e práticas perigosíssimas.
A sabedoria coletiva dos séculos passados sempre denunciou terminantemente
tais práticas.
O
ciclo da vida (ou melhor, o ciclo da vida consciente) começou com
a separação em sexos do homem animal mortal, e terminará
com o fim da última geração de homens, na sétima
ronda e na sétima raça da Humanidade. Atualmente, nos encontramos
na quarta ronda e na quinta raça.
Cada
vida é composta de dias de atividade, separados por noites de sono
ou inação. Semelhantemente, em um ciclo de encarnação,
cada vida ativa é seguida de um descanso devachânico.5
O
que regula a duração e as qualidades especiais das encarnações
é o Karma – a Lei Operativa Universal de Justiça Retributiva
[ou Compensativa].
O Karma
é impessoal, imparcial e educacional, e não se deixa mitigar
nem modificar por meio da oração.
'Cada
pensamento,
cada palavra e cada ato
produzem conseqüências, que, mais cedo ou mais
tarde, se manifestarão, seja nesta vida, seja em um estado futuro.'
(Roda
da Lei, apud Helena Blavatsky).6
O Karma
é eqüidade absoluta.7
'Com
a mesma medida com que medirdes sereis medidos.' (Evangelho de Mateus, VII,
2).
O
Infalível Regulador assinala em cada encarnação a qualidade
da que lhe sucede; e a soma de mérito ou de demérito das anteriores
encarnações determina o renascimento seguinte.8
O
Karma [Lei
de Causa e Efeito]
é a fonte e a origem de todas as demais leis que existem em a Natureza.
Karma é a Lei infalível que ajusta o efeito à causa,
nos planos físico, mental e espiritual do ser. Como nenhuma causa
deixa de produzir seu devido efeito – desde a maior até a menor
–
desde a perturbação
cósmica até o movimento de nossas mãos, e, como o semelhante
produz o semelhante, Karma é aquela lei invisível e desconhecida
que ajusta sábia, inteligente e eqüitativamente cada efeito
à sua causa, fazendo esta remontar até seu produtor.
O
meio
ambiente individual e as condições particulares de vida em
que cada pessoa se encontra não são outra coisa senão
Karma retributivo, gerado pelo indivíduo em uma vida anterior [somado
ao Karma produzido nesta vida].
O
agregado do Karma individual se converte no Karma
da nação a que os indivíduos pertencem,
e a soma total de Karma nacional é o Karma do mundo.
A
solidariedade e a mútua dependência da Humanidade
é a causa do Karma distributivo; e esta Lei é a que oferece
a solução da grande questão do sofrimento coletivo
e de seu alívio.
O
Karma é
uma Lei de Ajuste, que tende sempre a restabelecer o equilíbrio no
mundo físico e a turbada harmonia no mundo moral. O Karma não
age sempre neste ou naquele sentido particular, mas, sim, sempre o faz de
maneira a restabelecer a harmonia e o equilíbrio da balança,
em virtude dos quais existe o Universo.
Claro
que a Lei de Ajuste
não funciona assim, mas,
a animação ficou porreta!
Agora,
pense em um lago. Cai uma pedra na água, e produz ondas que perturbam
sua tranqüilidade. Estas ondas oscilam para frente e para trás,
até que, ao fim, graças à operação que
os físicos chamam de Lei de Dissipação da Energia,
se acalmam e as
águas voltam a seu estado de tranqüilidade.
De maneira idêntica procede toda ação em cada plano.
Uma perturbação na harmonia do Universo, e as vibrações
produzidas deste modo continuarão oscilando para frente e para trás,
se sua área é limitada, até que se restabeleça
o equilíbrio. Mas, como cada uma destas perturbações
parte de um ponto determinado, está claro que somente se pode restabelecer
o equilíbrio e a harmonia, voltando a convergir até àquele
mesmo ponto todas as forças postas em movimento a partir dele. Esta
é a prova de que as conseqüências dos atos de um homem,
assim como as de seus pensamentos, devem reagir todas sobre ele mesmo, com
a mesma força com que foram postos em ação.
Bem
Harmonia; Mal
Falta
de harmonia [Desarmonia].
Injustiça
injustificada: só os "eleitos" serão salvos, e o
resto está condenado à eterna perdição.9
Somos
nossa própria obra, e apenas temos o que merecemos. Nenhum homem
pode receber mais ou menos do que merece.
Uma
vez que criamos causas que geram efeitos, a Lei da Retribuição
se administra a si própria.
A
Humanidade é uma emanação do Divino em vias de regresso
até sua origem.
Para
o homem comum, o Adeptado é longínquo, impróprio como
objetivo e inteiramente ineficaz como motivo.10
Sendo
o homem uma emanação da Essência Divina Desconhecida
e Sempre Ilimitada e Presente, o corpo, como tudo o mais, é passageiro,
e, portanto, ilusório. A única substância permanente
nele é o Espírito, este mesmo perdendo sua individualidade
separada no momento de sua completa reunião com o Espírito
Universal.11
A
fé
é credulidade e superstição, portanto, é uma
enfermidade mental; a Fé Verdadeira, isto é, a 'Pistis' dos
gregos, é crença baseada no conhecimento derivado da evidência,
assim como dos sentidos físicos e dos espirituais.12
'A
ignorância é o que conduz à profanação.'
(Alexandre
Wilder, in: Introdução aos Mistérios Eleusianos,
apud Helena Blavatsky).
Expiação
por procuração: dogma absurdo e perigoso que admite que, por
maiores que sejam nossos crimes contra as Leis de Deus e do homem, basta
crer no sacrifício de Jesus pela salvação da Humanidade,
para que Seu Sangue nos livre de toda mancha. Crer que o derramamento de
um Sangue possa lavar outro é um absurdo. Os efeitos de uma causa
jamais se circunscrevem aos limites dela mesma, nem podem os resultados
do crime se reduzirem ao ofensor e à vítima. Cada ação
– boa ou má –
tem seus efeitos, tão palpáveis como o de uma
pedra atirada em água tranqüila. Enfim, crer na expiação
por procuração não
é sequer um sonho de egoísmo, mas, sim, um pesadelo da ignorância
humana.
Nenhuma
Deidade – nem sequer a mais Suprema das Supremas
– poderá delir ou destruir
o Registro Imperecível [Registros
Akáshicos].
Toda
dívida [retribuição]
que não é devidamente satisfeita durante a vida nos torna
espiritualmente insolventes, e cria um estado de quebra moral, que será
devidamente compensado em nossa próxima encarnação.13
Ascetismo
cego e não-inteligente é loucura.
Um
grande sábio alemão demonstrou que toda carne animal, seja
qual for a maneira de cozinhá-la, sempre conserva certas propriedades
características do corpo de que fez parte, e que podem ser reconhecidas.
Além disto, todos sabemos, pelo gosto, que tipo de carne estamos
comendo. Nós vamos mais longe e provamos que, quando a carne dos
animais é assimilada como alimento pelo homem, transmite-lhe –
fisiologicamente –
algumas das propriedades características do animal
a que pertencia. E mais: a Ciência Oculta ensina e prova a seus estudantes,
pela demonstração ocular, fazendo ver igualmente que este
efeito de "animalização" no homem é mais
acentuado provindo da carne de animais maiores, menor se se trata de aves,
ainda menor sendo de pescado e de outros animais de sangue frio, e mínimo
quando só se alimenta de vegetais. Assim sendo, devemos escolher
o alimento que tenha influência menos pesada sobre o cérebro
e sobre
o corpo, e cujo efeito de atrapalhar ou de atrasar o desenvolvimento
da intuição, das faculdades internas e dos poderes espirituais
seja o menor possível.
As
bebidas alcoólicas são piores para o desenvolvimento moral
e para
a evolução espiritual do que a carne, porque
o álcool tem uma influência direta, marcante e muito deletéria
na condição psíquica do homem. Como destruidor do desenvolvimento
dos poderes internos, o
uso do vinho e dos licores só é inferior
ao uso habitual do haxixe [maconha],
do ópio e de outras drogas semelhantes [cocaína,
crack, ecstasy, GHB (ácido gama hidroxibutirato
– ecstasy líquido), LSD (lysergsäurediethylamid
– dietilamida do ácido lisérgico), inalantes, heroína,
barbitúricos, morfina, skank, cogumelos mágicos, anfetaminas,
benzodiazepinas, clorofórmio, mescalina, cetamina, buprenorfina,
esteróides, anabolizantes, ópio etc.].
Milagre
supõe alguma operação sobrenatural, e na realidade
não existe nada superior ou fora da Natureza e de suas Leis.
Resumidamente,
Magia Negra é o abuso dos poderes psíquicos ou de qualquer
segredo da Natureza. É o ato de aplicar os poderes do Ocultismo a
fins egoístas e pecaminosos.
'Errare
humanum est.' Errar é humano. Todo
erro cometido é experiência e conhecimento acumulados para
o porvir.
A
Sabedoria [ShOPhIa]
só poderá ser adquirida por experiência individual e
mérito pessoal.
Última
transformação: conversão do Eu em um Ser Divino.
Tantos...
Zil
e Um...
Tantos
nomes... Zil
e um conceitos...
Para
nos libertarmos dos imperfeitos,
uma
prática é profícua e antipoluente:
redestilar14
o roscofe da churda mente.
E,
se for necessário, até tridestilar,15
Cada
ser-aí, sendo seu Alquimista,
sabe
se a coisa ainda está permista.
Destilar
a temperança da futilidade,
a condescendência
da perversidade,
o autodomínio
do abastardamento,
o Svmmvm
Bonvm do
envultamento.
Isto
é só o ABC; mais deve ser feito.
Como
num trem, defeito puxa defeito.16
É
necessário ter à mão já uma retorta
ou permanecerá
inacessível a Porta.
______
Notas:
1.
Que, para nós, só pode ser percebida relativamente.
2. Há
uma diferença entre sutratma
(o fio da vida ou cordão prateado) e antahkarana
(o fio da consciência). Um fio é a base da imortalidade e o
outro é a base da continuidade. O sutratma
une e vivifica todas as formas em um todo funcionante, e incorpora em si
mesmo a vontade e o propósito da entidade em expressão, seja
um homem, seja um Deus, seja um cristal. O antahkarana
incorpora a resposta da consciência dentro da forma, em uma série
sempre em expansão, em contato com o todo circundante. O sutratma
está ancorado no coração; o antahkarana
está ancorado na cabeça. Pode-se dizer que o sutratma
age de cima para baixo, pois, o impulso que o fortalece vem da Mônada
e independe de nós. já o antahkarana
age de baixo para cima, pois, sua construção e fortalecimento
dependem de nós. É por isto que antes
que um homem possa trilhar o Caminho, ele próprio tem que se tornar
o Caminho. No
momento em que o antahkarana estiver plenamente ativo, o homem se tornará
monadicamente consciente...
Desenho
Ilustrativo de Mauricio Medeiros
3. Por
isto, a Máxima Esotérico-iniciática Homo
est Deus (o Homem é Deus) deve ser entendida da seguinte
forma: o Homem foi um Deus e voltará a ser um Deus, porque,
in potentia, nunca deixou de ser um Deus. Cumprido o tempo,
quando todas as ilusões tiverem sido dissolvidas e transformadas,
então, o fiat
voluntas mea terá sido transmutado em Fiat
Voluntas Tua. Assim seja!
4. Este
é o sentido da queda
do homem e a justificativa para os ciclos das encarnações.
5. Renovo
o dejúrio, e afirmo, solenemente, que renuncio peremptoriamente ao
descanso devachânico.
Desejo reencarnar imediatamente ou o mais rápido que possa ser possível,
para servir à Humanidade. Como eu poderei ficar desfadigando, enquanto
a Humanidade padece e se espoja na mais abjeta ignorância? Não.
Se depender apenas de mim, eu não descansarei nem me ilusionarei
no Devachan.
Em um certo sentido, considero isto – o descanso
devachânico – uma forma desfigurada de egoísmo.
Humildemente, rogo Àqueles-que-podem
que me auxiliem a cumprir este desideratum.
6. Logo,
o perdão e a remissão dos pecados são impossibilidades
cósmicas. Desta forma, ou apre(e)ndemos agora a lição
ou teremos que a apre(e)nder no futuro. E apre(e)nder não é
apenas se arrepender e mudar; mais do que isto, é ressarcir e fraterna
e misericordiosamente compartilhar. Maldito Shylock que especula e acumula!
7. Isto
não significa olho por olho, dente por dente. Significa, sim, que
a ignorância deverá ser Illustrada
pela Sabedoria. Mas, se a ilustração tiver que doer, ela doerá.
8. Nunca
é demais repetir: somos o que fomos, e seremos o que somos.
9. As
grandes questões são: 1ª) Quem escolheu os "eleitos"?
2ª) Por quê? 3ª) Com base em quê? 4ª) E os que
não são "eleitos",
fizeram o que para não ser "eleitos"?
Tudo bobagem! Bem, eu como acho que o céu católico deve ser
um ramerrame sesquipedal, se puder escolher, depois de morto, quero dar
um bordejinho lá no inferno, só para ver como andam as modas.
10.
Aí está mais um motivo para não forçarmos ninguém
a nada. Qualquer forçação de barra, por insistência
impertinente, acabará dando em água de barrela ou em águas
de bacalhau podre. O pior é que também teremos que compensar
a forçação. Esse treco de fazer proselitismo religioso
ou mesmo iniciático é uma total inutilidade. Se é verdade
que quando o discípulo estiver pronto, o Mestre aparecerá,
é verdade também que quando a campainha disparar dentro da
cuca, o cara sairá desenfreado procurando até achar. Comigo
foi assim; não no caso do Mestre, mas, da campainha. E achei!
11.
Isto é, mais ou menos, o que sucede com os Mestres Ascensos da Grande
Loja Branca: cada um é cada um, mas, todos são Um. Há,
digamos assim, maneira de pensar, mas, não há divergência.
É sabido que a própria criação e instalação
da Sociedade Teosófica não foi consensual entre os Mestres
Ascensos, mas, depois de tomada a decisão de a estabelecer pelos
Mestres que a patrocinaram, não houve dissensão. Isto se resume
no seguinte: as individualidades estão mística e alquimicamente
convertidas em uma parte transmutada no Todo, e cada Mestre Ascenso per
se é a própria Grande Loja Branca. Em Alquimia,
por exemplo, quando o chumbo é transmutado, o leproso e o
Lapis Philosophorum se tornam uma coisa só: Aurum.
12.
Logo, a Fé Verdadeira só poderá derivar de uma experiência
pessoal, individual – que é intransferível, intransmissível.
13.
Para se obter vinho, o do sumo de uva precisa ser fermentado.
14.
Redestilar
Recordar —› Visualizar —› Dissolver.
15.
Tri(tetra, penta, hexa, hepta etc.)destilar
Recordar —› Visualizar —› Dissolver, tantas vezes
quantas forem necessárias.
16.
Mas, como disse o pensador e filósofo chinês do Período
das Primaveras e Outonos Confúcio (551 a.C. – 479 a.C.), o
sábio se envergonha dos seus defeitos, mas, não se envergonha
de os corrigir. E, examinando
os seus defeitos, cada um aprende a perdoar [compreender]
os dos outros, como disse o poeta e escritor italiano Pietro
Metastásio (1698 – 1782).
Música
de fundo:
Violin
Concerto In D, Op.35 - 1. Allegro Moderato
Compositor: Pyotr Ilyich Tchaikovsky
Fonte:
http://www.midiworld.com/tchaikovsky.htm
Páginas
da Internet consultadas:
http://www.citador.pt/frases/citacoes/t/defeito
http://www.netanimations.net/books.htm
http://ciencia-em-si.webnode.pt/
http://www.encontroespiritual.org/
antahkarana/4-antahkarana_construindo.html
http://www.pinterest.com/uklanor/iberian-symbols/
http://pt.best-wallpaper.net/Colorful-vector-circle_wallpapers.html
http://www.teosofico.com/artigo/o-antahkarana
http://www.digitalbusstop.com/cool-animated-gifs/
http://www.rf-da.com/fortress.html
http://www.merriam-webster.com/mw/art/dict/retort.htm
http://minhateca.com.br/atilamunizpa/Documentos/A+Chave+
da+Teosofia+-+Helena+Petrovna+Blavatsky(1),2883729.pdf
http://jorgebitencourt.blogspot.com.br/2010/03/
poderosa-medium-madame-blavatsky.html
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