A CHAVE DA TEOSOFIA
(2ª Parte)

 

Rodolfo Domenico Pizzinga

 

 

 

Objetivo do Estudo

 

 

 

Helena Blavatsky

Helena Blavatsky

 

 

 

Este estudo é a segunda e última parte de um resumo fragmentário e incompleto de alguns conceitos fundamentais apresentados na obra A Chave da Teosofia, de autoria de Helena Petrovna Blavatsky, a última obra eminentemente didática, que tem como núcleo a Metafísica,1 desta Grande Iniciada, escrita no ano de sua Grande Iniciação, em 1891. Resumidamente, A Chave da Teosofia é uma tentativa de tornar a Metafísica acessível ao postulante habituado a tatear outros caminhos, e foi dedicada pela autora a todos os seus discípulos, para que pudessem aprender, e para que pudessem, por sua vez, ensinar.

 

 

 

Fragmentos da Obra

 

 

 

O que reencarna é o Eu Espiritual pensante, o Princípio Permanente no homem, aquilo que é o centro de Manas.

 

 

 

 

Atma é o Todo Universal, e se converte no Eu Supremo do homem somente em conjunção com Buddhi. É o Princípio Divino universalmente difundido, inseparável de seu meta-espírito uno e absoluto.

Sendo a alma um termo genérico, há nos homens três aspectos de alma: o terrestre ou animal, o humano e o Espiritual. Todos são um só – uma única alma sob três aspectos. Do primeiro aspecto, nada sobra depois da morte; do segundo (Nous ou Manas), somente sobrevive sua Essência Divina, se esta ficou sem mancha; enquanto
que o terceiro, além de ser imortal, se converte conscientemente em Divino, pela assimilação do Manas Superior.

A reminiscência é a memória da alma. É a reminiscência que dá a quase todos os seres humanos, compreendendo ou não, a certeza de haver vivido anteriormente e de ter que viver de novo. Para se convencer do fato da reencarnação e das vidas passadas, é necessário se colocar em relação com o próprio Eu Real permanente, e não com a memória que é passageira. O Eu que reencarna é o Eu Individual e Imortal, não o pessoal. Em uma palavra: o veículo da Mônada Atma-Búddhica.

O Eu Espiritual só poderá se manifestar se o ego pessoal limitado e escravo da memória física estiver paralisado. Se o Eu Espiritual pudesse se manifestar sem interrupção nem impedimento algum, já não haveria homens na Terra, pois, seríamos todos deuses.

O Devachan é a continuação idealizada da vida terrestre que se acaba de abandonar – período de ajustamento pelos danos e sofrimentos imerecidamente experimentados naquela vida particular.

Lei de Retribuição [Compensação] Karma Encadeamento natural de causas, de resultados e de conseqüências inevitáveis.

Fora da Verdade Eterna1 – que não tem nem forma, nem cor, nem limites tudo é ilusão (mâya).

Devachan Lei misericordiosa da Natureza que favorece uma existência de felicidade sem sombras.

Os Nirmânâkâyas são aqueles seres que, embora tenham adquirido o direito ao Nirvana e ao repouso cíclico, renunciaram, por compaixão à Humanidade e aos que deixaram na Terra, ao estado nirvânico. Consideram um ato de egoísmo o repouso na bem-aventurança, enquanto a Humanidade geme sob o peso dos sofrimentos e da miséria produzidos pela ignorância, e, assim, renunciaram ao Nirvana e resolveram permanecer invisíveis em espírito nesta Terra. Os Nirmânâkâyas abandonaram o corpo material, mas, de resto, continuam na posse de todos os seus Princípios, até na vida astral de nossa esfera. Eles podem se comunicar – e realmente o fazem com alguns eleitos, embora seguramente não com os médiuns comuns. Todavia, uma vez que não têm o direito de intervir no karma, só podem aconselhar e inspirar os mortais para o bem geral.

O destino de todo Eu é se converter em seu próprio Salvador [Mestre e Iniciador] em cada mundo e em cada encarnação [até se tornar um Deus consciente – o Übermensch (Além-homem) descrito no livro Assim Falou Zaratustra de Friedrich Wilhelm Nietzsche].

Nos princípios fundamentais do mundo espiritual não é possível haver nenhuma exceção.

Depois da morte, a imortalidade e a consciência se convertem, para a personalidade terrestre do homem, simplesmente em atributos condicionados, já que dependem completamente das condições e das crenças criadas pela alma humana durante a vida de seu corpo. Karma trabalha incessantemente; depois de nossa vida, recolhemos somente o fruto daquilo que nós mesmos semeamos nela.

No momento solene da morte, todo homem – mesmo quando a morte é repentina vê sua vida passada traçada inteira ante seus olhos, em seus menores detalhes. E, em casos especiais, é possível ver até várias vidas anteriores, nas quais se produziram as causas responsáveis pela vida que neste momento está sendo abandonada. Por outro lado, assim como o homem na hora da morte tem uma visão retrospectiva profunda da vida que levou, assim também o Eu reencarnante, no momento de renascer na Terra, despertando do estado de Devachan, tem uma visão previsora da vida que o espera, e considera todas as causas que a ela o levaram.

Os renascimentos repetidos são comparáveis à vida de um mortal, que oscila periodicamente entre o sono e a vigília.

A morte é um sono. Depois da morte, começa a se desenrolar frente aos olhos espirituais da alma uma representação correspondente ao programa aprendido, e que, com muita freqüência, foi composto por nós mesmos, isto é: a realização prática das crenças corretas ou das ilusões que nós criamos.

Quem não esperou vida futura alguma encontrará um vazio absoluto, semelhante ao aniquilamento, no intervalo entre dois renascimentos.

 

 

 

 

Um homem egoísta e perverso que jamais verteu uma lágrima por ninguém – nem por si mesmo somando à sua incredulidade uma completa indiferença pelo mundo inteiro, às portas da morte deverá perder para sempre sua personalidade. Se esta personalidade carece de laços de simpatia que a unissem ao mundo que a rodeava, e, portanto, sem nada que dar ao Sutratma, resulta que toda relação entre ambos fica rota com o último suspiro. Como não existe nenhum Devachan para essa espécie de materialista, o Sutratma se reencarnará quase imediatamente. Mas, os materialistas que, com exceção de sua incredulidade em nada mais faltaram apenas deixaram passar uma estação em seu sono verão um tempo em que se reconhecerão a si mesmos na eternidade, e em que talvez até se arrependam de ter perdido um só dia, uma só estação da vida eterna.2

Há nascimentos de seres que morrem ao nascer e que são fracassos da Natureza.

A vida da alma desencarnada, embora possuindo toda a lucidez do real, como sucede em certos sonhos, carece de toda forma grosseira objetiva da vida terrestre.

O Eu Supremo é Atma, o raio inseparável do Eu Uno e Universal. É o Deus que está dentro de nós. Feliz o homem que consegue impregnar dele seu Eu Interno!

O Eu Espiritual Divino é a Alma Espiritual ou Buddhi, intimamente unida com Manas, o princípio da mente, sem o qual não é Eu algum, e, sim, puramente o veículo átmico.

O Eu Interno ou Eu Superior é Manas, o Quinto Princípio, assim chamado independentemente de Buddhi. O princípio da mente só é o Eu Espiritual quando se fez um com Buddhi, e não se supõe que nenhum materialista possua semelhante Eu, por maiores que sejam suas capacidades intelectuais. É a Individualidade permanente, o Eu que se reencarna.

O Ego Inferior ou Ego Pessoal é o homem físico em união com seu inferior, isto é, os instintos animais, as paixões, os desejos etc. É chamado falsa personalidade, e se compõe de Manas Inferior combinado com Kama-rupa, que age por meio do corpo físico e seu fantasma ou duplo.

O Princípio que reencarna ou o Homem Divino é indestrutível através da vida do ciclo: indestrutível como entidade que pensa e até como forma etérea.

Fora da Única Realidade, tudo o mais não passa de uma ilusão transitória, inclusive o Universo.

 

 

 

 

O que é a vida? Um conjunto de experiências variadíssimas – idéias, emoções e opiniões que se modificam e mudam diariamente.

A consciência de nossa mente é dupla, e também é dupla a natureza do Princípio Mental. Existe uma consciência espiritual, a mente manásica Illuminada pela Luz de Buddhi, que percebe subjetivamente as abstrações, e há uma consciência sensível (a luz manásica inferior), inseparável de nosso cérebro e sentidos físicos. Esta última consciência é dominada pelo cérebro e pelos sentidos físicos, e como depende deles, deverá se desvanecer e morrer, como é natural, quando desaparecem o cérebro e os sentidos físicos. Somente a primeira classe de consciência, cuja raiz nasce na eternidade, é a que sobrevive e vive eternamente, e, por conseguinte, é a que pode ser considerada imortal. Todo o resto são ilusões passageiras.

A Raiz da Consciência se acha fora de toda ilusão e vive na eternidade.

No plano das ilusões, a heterogeneidade sempre vencerá a Homogeneidade. E, quanto mais uma essência se aproxima da Homogeneidade Primordial – que é o seu Princípio-base mais difícil lhe é se impor na Terra. Portanto, quanto mais ampla for a visão espiritual da essência, mais poderoso será seu Deus Interno.

 

 

 

 

Nosso Eu que encarna foi um Deus em sua origem, como o foram todas as emanações primitivas do Princípio Uno Desconhecido. Mas, desde sua "caída na matéria", necessitando encarnar através do ciclo, desde seu princípio a seu fim, já não é um Deus livre e feliz, mas, sim, um peregrino que tenta recuperar aquilo que perdeu.3

O fatalismo inexiste, porque, se existisse, implicaria em uma conduta cega de um poder ainda mais cego.

Destino preestabelecido? Só há um destino: aquele forjado pelo próprio homem [Somos responsáveis por tudo].

O Eu é Divino em sua natureza essencial, mas, não bastante puro para ser ou se tornar uno com o Todo[-desde-sempre-Um], necessitando, por isto, purificar sua natureza, para conseguir alcançar este objetivo. Esta Unidade só poderá ser alcançada passando o Eu, individual e pessoalmente, isto é, espiritual e fisicamente, por todas as experiências e sensações existentes no Universo diferenciado. Por conseguinte, depois de haver adquirido a experiência nos reinos inferiores [mineral, vegetal e animal], havendo evoluído progressiva e ascensionalmente na Escala do Ser, terá que passar por todas as experiências do plano humano.4

 

 

 

Manasaputra Filhos da Mente Universal Humanidade.

"Eu sou a videira verdadeira, e meu Pai é o agricultor. Toda vara que não der fruto em mim Ele a cortará... Como a vara, de si mesma, não pode dar fruto, se não permanecer na videira, assim também vós, se não permanecerdes em mim. Eu sou a videira e vós as varas. Se alguém não permanecer em mim, será lançado fora como a vara, e secará. Esse será lançado no fogo e arderá." (Versículos 1 a 6 do capítulo XV do Evangelho de São João). O fogo do inferno, que a Teologia descobriu na ameaça dirigida às varas, nós teósofos dizemos que o agricultor significa Atma, o símbolo do Princípio Impessoal Ilimitado, enquanto a videira representa a Alma Espiritual, Christos, e cada vara é uma nova encarnação.

O Universo e tudo quanto encerra – moral, mental, físico, psíquico ou espiritual está baseado em uma lei perfeita de equilíbrio e de harmonia. A força centrípeta não poderia se manifestar nas harmoniosas revoluções das esferas sem a força centrífuga; e todas as formas e seu progresso são produtos desta força dual em a Natureza.

 

 

 

 

Depois da morte, é que chega o momento crítico e supremo para os absolutamente depravados, para os antiespirituais e para os criminosos que se encontram fora de qualquer redenção. Se durante a vida, o último e desesperado esforço feito pelo Eu Interno (Manas), para ligar algo da personalidade a ele e ao raio superior e resplandecente do Divino Buddhi foi em vão; se o cérebro físico se distanciou mais e mais deste raio, o Eu Espiritual ou Manas, uma vez livre dos laços da matéria, fica inteiramente separado da relíquia etérea da personalidade; e esta última, ou Kama-rupa, seguindo suas atrações terrestres, se vê precipitada em Hades, que nós chamamos de Kama-Loka. Estas são as varas secas que deveriam ser arrancadas da vida, a que se referiu Jesus. Sem dúvida, o aniquilamento nunca é instantâneo, e, às vezes, pode necessitar de séculos para se verificar. A personalidade permanece ali com os resíduos de outros Eus pessoais mais afortunados; e, como eles, se converte em uma casca ou em um elemental. Estas duas classes de "espíritos" – as cascas e os elementais são as principais "estrelas" no grande teatro espírita das "materializações". Mas, você pode estar seguro de que não são elas que encarnam; e, por isto, tão poucos entre os "queridos ausentes" sabem uma palavra sobre reencarnação, levando assim os espíritas a tantos erros.

Os "espíritos" humanos desencarnados são, em sua maioria, cascas kamalókicas.

De maneira geral, consciente ou inconscientemente, todas as comunicações com os mortos são necromancia e práticas perigosíssimas. A sabedoria coletiva dos séculos passados sempre denunciou terminantemente tais práticas.

O ciclo da vida (ou melhor, o ciclo da vida consciente) começou com a separação em sexos do homem animal mortal, e terminará com o fim da última geração de homens, na sétima ronda e na sétima raça da Humanidade. Atualmente, nos encontramos na quarta ronda e na quinta raça.

Cada vida é composta de dias de atividade, separados por noites de sono ou inação. Semelhantemente, em um ciclo de encarnação, cada vida ativa é seguida de um descanso devachânico.5

O que regula a duração e as qualidades especiais das encarnações é o Karma – a Lei Operativa Universal de Justiça Retributiva [ou Compensativa].

O Karma é impessoal, imparcial e educacional, e não se deixa mitigar nem modificar por meio da oração.

'Cada pensamento, cada palavra e cada ato produzem conseqüências, que, mais cedo ou mais tarde, se manifestarão, seja nesta vida, seja em um estado futuro.' (Roda da Lei, apud Helena Blavatsky).6

O Karma é eqüidade absoluta.7

'Com a mesma medida com que medirdes sereis medidos.' (Evangelho de Mateus, VII, 2).

O Infalível Regulador assinala em cada encarnação a qualidade da que lhe sucede; e a soma de mérito ou de demérito das anteriores encarnações determina o renascimento seguinte.8

O Karma [Lei de Causa e Efeito] é a fonte e a origem de todas as demais leis que existem em a Natureza. Karma é a Lei infalível que ajusta o efeito à causa, nos planos físico, mental e espiritual do ser. Como nenhuma causa deixa de produzir seu devido efeito – desde a maior até a menor desde a perturbação cósmica até o movimento de nossas mãos, e, como o semelhante produz o semelhante, Karma é aquela lei invisível e desconhecida que ajusta sábia, inteligente e eqüitativamente cada efeito à sua causa, fazendo esta remontar até seu produtor.

O meio ambiente individual e as condições particulares de vida em que cada pessoa se encontra não são outra coisa senão Karma retributivo, gerado pelo indivíduo em uma vida anterior [somado ao Karma produzido nesta vida].

 

 

 

 

O agregado do Karma individual se converte no Karma da nação a que os indivíduos pertencem, e a soma total de Karma nacional é o Karma do mundo.

A solidariedade e a mútua dependência da Humanidade é a causa do Karma distributivo; e esta Lei é a que oferece a solução da grande questão do sofrimento coletivo e de seu alívio.

O Karma é uma Lei de Ajuste, que tende sempre a restabelecer o equilíbrio no mundo físico e a turbada harmonia no mundo moral. O Karma não age sempre neste ou naquele sentido particular, mas, sim, sempre o faz de maneira a restabelecer a harmonia e o equilíbrio da balança, em virtude dos quais existe o Universo.

 

Claro que a Lei de Ajuste
não funciona assim, mas,
a animação ficou porreta!

 

 

Agora, pense em um lago. Cai uma pedra na água, e produz ondas que perturbam sua tranqüilidade. Estas ondas oscilam para frente e para trás, até que, ao fim, graças à operação que os físicos chamam de Lei de Dissipação da Energia, se acalmam e as águas voltam a seu estado de tranqüilidade. De maneira idêntica procede toda ação em cada plano. Uma perturbação na harmonia do Universo, e as vibrações produzidas deste modo continuarão oscilando para frente e para trás, se sua área é limitada, até que se restabeleça o equilíbrio. Mas, como cada uma destas perturbações parte de um ponto determinado, está claro que somente se pode restabelecer o equilíbrio e a harmonia, voltando a convergir até àquele mesmo ponto todas as forças postas em movimento a partir dele. Esta é a prova de que as conseqüências dos atos de um homem, assim como as de seus pensamentos, devem reagir todas sobre ele mesmo, com a mesma força com que foram postos em ação.

Bem Harmonia; Mal Falta de harmonia [Desarmonia].

Injustiça injustificada: só os "eleitos" serão salvos, e o resto está condenado à eterna perdição.9

Somos nossa própria obra, e apenas temos o que merecemos. Nenhum homem pode receber mais ou menos do que merece.

Uma vez que criamos causas que geram efeitos, a Lei da Retribuição se administra a si própria.

A Humanidade é uma emanação do Divino em vias de regresso até sua origem.

Para o homem comum, o Adeptado é longínquo, impróprio como objetivo e inteiramente ineficaz como motivo.10

Sendo o homem uma emanação da Essência Divina Desconhecida e Sempre Ilimitada e Presente, o corpo, como tudo o mais, é passageiro, e, portanto, ilusório. A única substância permanente nele é o Espírito, este mesmo perdendo sua individualidade separada no momento de sua completa reunião com o Espírito Universal.11

A fé é credulidade e superstição, portanto, é uma enfermidade mental; a Fé Verdadeira, isto é, a 'Pistis' dos gregos, é crença baseada no conhecimento derivado da evidência, assim como dos sentidos físicos e dos espirituais.12

'A ignorância é o que conduz à profanação.' (Alexandre Wilder, in: Introdução aos Mistérios Eleusianos, apud Helena Blavatsky).

Expiação por procuração: dogma absurdo e perigoso que admite que, por maiores que sejam nossos crimes contra as Leis de Deus e do homem, basta crer no sacrifício de Jesus pela salvação da Humanidade, para que Seu Sangue nos livre de toda mancha. Crer que o derramamento de um Sangue possa lavar outro é um absurdo. Os efeitos de uma causa jamais se circunscrevem aos limites dela mesma, nem podem os resultados do crime se reduzirem ao ofensor e à vítima. Cada ação – boa ou má tem seus efeitos, tão palpáveis como o de uma pedra atirada em água tranqüila. Enfim, crer na expiação por procuração não é sequer um sonho de egoísmo, mas, sim, um pesadelo da ignorância humana.

Nenhuma Deidade – nem sequer a mais Suprema das Supremas poderá delir ou destruir o Registro Imperecível [Registros Akáshicos].

 

 

 

Toda dívida [retribuição] que não é devidamente satisfeita durante a vida nos torna espiritualmente insolventes, e cria um estado de quebra moral, que será devidamente compensado em nossa próxima encarnação.13

Ascetismo cego e não-inteligente é loucura.

Um grande sábio alemão demonstrou que toda carne animal, seja qual for a maneira de cozinhá-la, sempre conserva certas propriedades características do corpo de que fez parte, e que podem ser reconhecidas. Além disto, todos sabemos, pelo gosto, que tipo de carne estamos comendo. Nós vamos mais longe e provamos que, quando a carne dos animais é assimilada como alimento pelo homem, transmite-lhe – fisiologicamente algumas das propriedades características do animal a que pertencia. E mais: a Ciência Oculta ensina e prova a seus estudantes, pela demonstração ocular, fazendo ver igualmente que este efeito de "animalização" no homem é mais acentuado provindo da carne de animais maiores, menor se se trata de aves, ainda menor sendo de pescado e de outros animais de sangue frio, e mínimo quando só se alimenta de vegetais. Assim sendo, devemos escolher o alimento que tenha influência menos pesada sobre o cérebro e sobre o corpo, e cujo efeito de atrapalhar ou de atrasar o desenvolvimento da intuição, das faculdades internas e dos poderes espirituais seja o menor possível.

As bebidas alcoólicas são piores para o desenvolvimento moral e para a evolução espiritual do que a carne, porque o álcool tem uma influência direta, marcante e muito deletéria na condição psíquica do homem. Como destruidor do desenvolvimento dos poderes internos, o uso do vinho e dos licores só é inferior ao uso habitual do haxixe [maconha], do ópio e de outras drogas semelhantes [cocaína, crack, ecstasy, GHB (ácido gama hidroxibutirato – ecstasy líquido), LSD (lysergsäurediethylamid – dietilamida do ácido lisérgico), inalantes, heroína, barbitúricos, morfina, skank, cogumelos mágicos, anfetaminas, benzodiazepinas, clorofórmio, mescalina, cetamina, buprenorfina, esteróides, anabolizantes, ópio etc.].

Milagre supõe alguma operação sobrenatural, e na realidade não existe nada superior ou fora da Natureza e de suas Leis.

Resumidamente, Magia Negra é o abuso dos poderes psíquicos ou de qualquer segredo da Natureza. É o ato de aplicar os poderes do Ocultismo a fins egoístas e pecaminosos.

'Errare humanum est.' Errar é humano. Todo erro cometido é experiência e conhecimento acumulados para o porvir.

A Sabedoria [ShOPhIa] só poderá ser adquirida por experiência individual e mérito pessoal.

Última transformação: conversão do Eu em um Ser Divino.

 

 

 

Tantos... Zil e Um...

 

 

 

Tantos nomes... Zil e um conceitos...

Para nos libertarmos dos imperfeitos,

uma prática é profícua e antipoluente:

redestilar14 o roscofe da churda mente.

 

E, se for necessário, até tridestilar,15

Cada ser-aí, sendo seu Alquimista,

sabe se a coisa ainda está permista.

 

Destilar a temperança da futilidade,

a condescendência da perversidade,

o autodomínio do abastardamento,

o Svmmvm Bonvm do envultamento.

 

Isto é só o ABC; mais deve ser feito.

Como num trem, defeito puxa defeito.16

É necessário ter à mão já uma retorta

ou permanecerá inacessível a Porta.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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Notas:

1. Que, para nós, só pode ser percebida relativamente.

2. Há uma diferença entre sutratma (o fio da vida ou cordão prateado) e antahkarana (o fio da consciência). Um fio é a base da imortalidade e o outro é a base da continuidade. O sutratma une e vivifica todas as formas em um todo funcionante, e incorpora em si mesmo a vontade e o propósito da entidade em expressão, seja um homem, seja um Deus, seja um cristal. O antahkarana incorpora a resposta da consciência dentro da forma, em uma série sempre em expansão, em contato com o todo circundante. O sutratma está ancorado no coração; o antahkarana está ancorado na cabeça. Pode-se dizer que o sutratma age de cima para baixo, pois, o impulso que o fortalece vem da Mônada e independe de nós. já o antahkarana age de baixo para cima, pois, sua construção e fortalecimento dependem de nós. É por isto que antes que um homem possa trilhar o Caminho, ele próprio tem que se tornar o Caminho. No momento em que o antahkarana estiver plenamente ativo, o homem se tornará monadicamente consciente...

 

 

Desenho Ilustrativo de Mauricio Medeiros

 

 

3. Por isto, a Máxima Esotérico-iniciática Homo est Deus (o Homem é Deus) deve ser entendida da seguinte forma: o Homem foi um Deus e voltará a ser um Deus, porque, in potentia, nunca deixou de ser um Deus. Cumprido o tempo, quando todas as ilusões tiverem sido dissolvidas e transformadas, então, o fiat voluntas mea terá sido transmutado em Fiat Voluntas Tua. Assim seja!

4. Este é o sentido da queda do homem e a justificativa para os ciclos das encarnações.

5. Renovo o dejúrio, e afirmo, solenemente, que renuncio peremptoriamente ao descanso devachânico. Desejo reencarnar imediatamente ou o mais rápido que possa ser possível, para servir à Humanidade. Como eu poderei ficar desfadigando, enquanto a Humanidade padece e se espoja na mais abjeta ignorância? Não. Se depender apenas de mim, eu não descansarei nem me ilusionarei no Devachan. Em um certo sentido, considero isto – o descanso devachânico – uma forma desfigurada de egoísmo. Humildemente, rogo Àqueles-que-podem que me auxiliem a cumprir este desideratum.

6. Logo, o perdão e a remissão dos pecados são impossibilidades cósmicas. Desta forma, ou apre(e)ndemos agora a lição ou teremos que a apre(e)nder no futuro. E apre(e)nder não é apenas se arrepender e mudar; mais do que isto, é ressarcir e fraterna e misericordiosamente compartilhar. Maldito Shylock que especula e acumula!

7. Isto não significa olho por olho, dente por dente. Significa, sim, que a ignorância deverá ser Illustrada pela Sabedoria. Mas, se a ilustração tiver que doer, ela doerá.

8. Nunca é demais repetir: somos o que fomos, e seremos o que somos.

9. As grandes questões são: 1ª) Quem escolheu os "eleitos"? 2ª) Por quê? 3ª) Com base em quê? 4ª) E os que não são "eleitos", fizeram o que para não ser "eleitos"? Tudo bobagem! Bem, eu como acho que o céu católico deve ser um ramerrame sesquipedal, se puder escolher, depois de morto, quero dar um bordejinho lá no inferno, só para ver como andam as modas.

10. Aí está mais um motivo para não forçarmos ninguém a nada. Qualquer forçação de barra, por insistência impertinente, acabará dando em água de barrela ou em águas de bacalhau podre. O pior é que também teremos que compensar a forçação. Esse treco de fazer proselitismo religioso ou mesmo iniciático é uma total inutilidade. Se é verdade que quando o discípulo estiver pronto, o Mestre aparecerá, é verdade também que quando a campainha disparar dentro da cuca, o cara sairá desenfreado procurando até achar. Comigo foi assim; não no caso do Mestre, mas, da campainha. E achei!

11. Isto é, mais ou menos, o que sucede com os Mestres Ascensos da Grande Loja Branca: cada um é cada um, mas, todos são Um. Há, digamos assim, maneira de pensar, mas, não há divergência. É sabido que a própria criação e instalação da Sociedade Teosófica não foi consensual entre os Mestres Ascensos, mas, depois de tomada a decisão de a estabelecer pelos Mestres que a patrocinaram, não houve dissensão. Isto se resume no seguinte: as individualidades estão mística e alquimicamente convertidas em uma parte transmutada no Todo, e cada Mestre Ascenso per se é a própria Grande Loja Branca. Em Alquimia, por exemplo, quando o chumbo é transmutado, o leproso e o Lapis Philosophorum se tornam uma coisa só: Aurum.

12. Logo, a Fé Verdadeira só poderá derivar de uma experiência pessoal, individual – que é intransferível, intransmissível.

13. Para se obter vinho, o do sumo de uva precisa ser fermentado.

14. Redestilar Recordar —› Visualizar —› Dissolver.

15. Tri(tetra, penta, hexa, hepta etc.)destilar Recordar —› Visualizar —› Dissolver, tantas vezes quantas forem necessárias.

16. Mas, como disse o pensador e filósofo chinês do Período das Primaveras e Outonos Confúcio (551 a.C. – 479 a.C.), o sábio se envergonha dos seus defeitos, mas, não se envergonha de os corrigir. E, examinando os seus defeitos, cada um aprende a perdoar [compreender] os dos outros, como disse o poeta e escritor italiano Pietro Metastásio (1698 – 1782).

 

Música de fundo:

Violin Concerto In D, Op.35 - 1. Allegro Moderato
Compositor: Pyotr Ilyich Tchaikovsky

Fonte:

http://www.midiworld.com/tchaikovsky.htm

 

Páginas da Internet consultadas:

http://www.citador.pt/frases/citacoes/t/defeito

http://www.netanimations.net/books.htm

http://ciencia-em-si.webnode.pt/

http://www.encontroespiritual.org/
antahkarana/4-antahkarana_construindo.html

http://www.pinterest.com/uklanor/iberian-symbols/

http://pt.best-wallpaper.net/Colorful-vector-circle_wallpapers.html

http://www.teosofico.com/artigo/o-antahkarana

http://www.digitalbusstop.com/cool-animated-gifs/

http://www.rf-da.com/fortress.html

http://www.merriam-webster.com/mw/art/dict/retort.htm

http://minhateca.com.br/atilamunizpa/Documentos/A+Chave+
da+Teosofia+-+Helena+Petrovna+Blavatsky(1),2883729.pdf

http://jorgebitencourt.blogspot.com.br/2010/03/
poderosa-medium-madame-blavatsky.html

 

Direitos autorais:

As animações, as fotografias digitais e as mídias digitais que reproduzo (por empréstimo) neste texto têm exclusivamente a finalidade de ilustrar e embelezar o trabalho. Neste sentido, os direitos de copyright são exclusivos de seus autores. Entretanto, como nem sempre sei a quem me dirigir para pedir autorização para utilizá-las, se você encontrar algo aqui postado que lhe pertença e desejar que seja removido, por favor, entre em contato e me avise, que retirarei do ar imediatamente.