Rodolfo Domenico Pizzinga

 

 

Charles de Gaulle1

 

 

 

 

Como se pode governar um país que tem 246 espécies de queijo?

 

Como os políticos nunca acreditam no que dizem, se surpreendem quando alguém acredita.

 

Os homens só serão grandes, se estiverem realmente decididos a sê-lo.

 

Os homens, tão enfadonhos quando se trata das manobras da ambição, são atraentes ao agirem por uma grande causa.

 

O fim da esperança é o começo da morte.

 

A velhice é um naufrágio.

 

A igreja é o único lugar onde alguém fala comigo e não tenho de responder.

 

Nada faz realçar mais a autoridade do que o silêncio – esplendor dos fortes e refúgio dos fracos.

 

O apetite do privilégio e o gosto da igualdade, eis as paixões dominantes e contraditórias dos franceses em todas as épocas.

 

Despendo mais energia em uma discussão com a minha mulher, do que em cinco conferências de imprensa.

 

É verdade que, por vezes, os militares, exagerando da impotência relativa da inteligência, descuram servir-se dela.

 

Por detrás das vitórias de Alexandre, encontramos sempre Aristóteles.

 

A ambição individual é uma paixão infantil.

 

A China é um país grande habitado por muitos chineses.

 

Para os homens, ter um guia é tão fundamental como comer, beber e dormir.

 

Não fazer nada é ser vencido.

 

O vôo até a Lua não é tão longe. As distâncias maiores que devemos percorrer estão dentro de nós mesmos.

 

O Brasil é um país que não deve ser levado à sério. [Pilhéria de mau gosto atribuída ao general De Gaulle, mas negada por historiadores sérios. Há quem afirme que a frase, provavelmente truncada, na realidade, é do embaixador brasileiro na França na época, Carlos Alves de Souza, fofocada ao jornalista Luiz Edgar de Andrade, na altura correspondente do Jornal do Brasil em Paris. O episódio se passou mais ou menos assim: o embaixador Carlos Alves de Souza, em 1962, depois de diplo(patropi)maticamente discutir com De Gaulle por causa de barcos franceses que pescavam na costa brasileira crustáceos decápodes bentônicos da família dos nefropídeos e da família dos palinurídeos (pescaria-pugilato que ficou conhecida como a Guerra da Lagosta – contencioso entre os Governos do Brasil e da França, que se desenvolveu entre 1961 e 1963 mas que tal e qual a Batalha de Itararé na Revolução Constitucionalista de 1932 entre as tropas fiéis a Washington Luís Pereira de Sousa e as da Aliança Liberal que estavam sob o comando de Getúlio Dornelles Vargas não ocorreu, e, conseqüentemente, não deixou nem mortos nem feridos, mas que, pelo menos, inspirou Aparício Torelli a adotar o apelido que o consagrou – Barão de Itararé), relatou a Luiz Edgar o encontro, dizendo-lhe que, depois dos temas diplomáticos, entre outras coisas, conversaram amenidades como o samba de breque de Moreira da Silva e Kiabo – A Lagosta é Nossa (música de fundo deste trabalho) e comentaram as caricaturas que os cartunistas brasileiros faziam do general-presidente, com De Gaulle dando por encerrada a conversa com o chiste: Le Brésil n'est pas un pays sérieux. Ou, quem sabe, na realidade a frase tenha sido pronunciada pelo embaixador brasileiro Carlos Alves de Souza, referindo-se à inabilidade com que o Governo Brasileiro conduzia este contencioso. O fato é que o jornalista, rapidinho, mandou o despacho para o jornal, e a frase acabou confusamente outorgada ao monsieur-général-président Charles André Joseph Pierre-Marie de Gaulle, com citações e traduções discordantes entre si.] Em resumo: fofo[sa]ca[na]gem-intrigalhada diplomático-jornalística da pior qualidade.

 

 

Charles de Gaulle

 

 

 

 

 

 

 

 

Le Brésil n'est pas un pays sérieux.

Será que De Gaulle disse esta pilhéria?

Por que creditar a monsieur Charles esta miséria?

Ragots: une maladie à prendre au sérieux!

 

 

Fofo[sa]ca[na]gem e mexerico

só intranqüilizam os seres-no-mundo.

Todo fofoqueiro é nauseabundo

e acaba provocando um aperta-chico.

 

 

Eu disse... Tu disseste... Ele disse...

Bolas! O Brasil é um país muitíssimo sério.

Mas, até hoje, esse fedorento despautério

 

 

Tudo o que é diz-que-me-diz-que

só serve para intranqüilizar e envenenar.

Raio! Por que continuar a esparramar

'fedenagens'2 do tipo Pierre-Marie disse que...

 

 

 

A Lagosta Não é de Ninguém

 

 

 

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Notas:

1. Charles André Joseph Pierre-Marie de Gaulle (22 de novembro de 1890, Lille – 9 de novembro de 1970, Colombey-les-Deux-Églises) foi um general e estadista francês. Antes da Segunda Guerra Mundial, era conhecido como um grande tático de batalhas de tanques e defensor do uso concentrado das forças blindadas e da aviação. Foi o líder das forças francesas livres durante a Segunda Guerra Mundial e chefe do governo provisório de 1944 a 1946. Durante Guerra, rivalizou com o general Henri Honoré Giraud (1879 – 1949) na liderança das forças militares e resistência francesas. Ao passo que o general Giraud tinha o apoio de Roosevelt e dos Estados Unidos, De Gaulle foi maisquisto pelos setores esquerdistas da resistência francesa, que preferiam a posição tão antiamericana quanto possível de De Gaulle, mesmo durante a Segunda Guerra Mundial. No pós-guerra, De Gaulle iria confirmar a sua atitude antiamericana, ao tentar dar à França um ar de potência mundial (por exemplo, com a construção da bomba de hidrogênio francesa, que a tornou uma potência nuclear). Chamado, em 1958, para formar um Governo, inspirou uma nova Constituição e foi o primeiro Presidente da Quinta República Francesa, de 1958 a 1969. Sua política ideológica é conhecida como Gaullismo (ou Degaullismo), tendo ainda muita influência na vida política francesa atual.

2. Fedenagens = fedentinas + sacanagens. Ou ainda: f de 'filhadaputice' + e de encravação + d de despautério + e de engodo + n de nefelibatice + a de aldrabice + g de gazopa + e de envenenamento + n de negativismo + s de solapamento.

 

Páginas da Internet consultadas:

http://risosecia.blogspot.com/2007/07/
mximas-e-mnimas-do-baro-de-itarar.html

http://www.pitoresco.com/
historia/republ311a.htm

http://www.linternaute.com/

http://pt.wikipedia.org/
wiki/Hino_nacional_da_Fran%C3%A7a

http://pt.wikipedia.org/
wiki/Charles_de_Gaulle

http://www.pensador.info/
autor/Charles_de_Gaulle/

http://pt.wikiquote.org/
wiki/Charles_de_Gaulle

 

Fundo musical: A Lagosta é Nossa
Compositores: Kiabo & Moreira da Silva
Intérprete: Moreira da Silva

Fonte: http://www.brasilemvinil.com/