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Notas:
1. Nada
nem nenhum de nós é; tudo e todos nós estamos. Temporariamente.
Se nós, seres humanos, estamos de uma determinada forma, é
porque queremos, é porque desconhecemos uma maneira melhor de ser.
Cabe a nós – e só a nós – mudar, conhecer.
E depois, mudar e conhecer de novo. E de novo... E de novo... E de novo...
Fomos... Estamos... Seremos... Em um perpétuo e ilimitado devenir.
2. Transformar-se.
3. Dialética,
em sentido bastante genérico, é uma oposição
ou um conflito originado pela contradição entre princípios
teóricos ou fenômenos empíricos. Na Grécia Antiga,
a Dialética era a arte do diálogo, da contraposição
e contradição de idéias que levam a outras idéias
presumidamente compossíveis. No platonismo, é o processo de
diálogo ou de debate entre interlocutores comprometidos profundamente
com a busca da verdade, através do qual a alma se eleva, gradativamente,
das aparências sensíveis às realidades inteligíveis
ou idéias. Em outras palavras: para Platão, Dialética
é sinônimo de Filosofia, o método mais eficaz de aproximação
entre as idéias particulares e as idéias universais ou puras.
É a técnica de perguntar, responder e refutar que ele teria
aprendido com Sócrates. Platão considerava que apenas através
do diálogo o filósofo deve procurar atingir o verdadeiro conhecimento,
partindo do mundo sensível e chegando ao Mundo das Idéias.
Pela decomposição e investigação racional de
um conceito, chega-se a uma síntese, que também deve ser examinada,
em um processo ilimitado de busca da verdade, pois a verdade mesma é
inalcançável. No
aristotelismo, a Dialética é o raciocínio
lógico que, embora coerente em seu encadeamento interno, está
fundamentado em idéias apenas prováveis, e, por esta razão,
traz sempre em seu âmago a possibilidade de sofrer uma refutação.
Avançando sobre o óbvio, isto é muito mais do que uma
simples possibilidade; é uma necessidade necessária. No kantismo,
a Dialética (definida por Kant como lógica
da aparência, pois se baseia em princípios que são subjetivos)
é o raciocínio fundado em uma ilusão natural e inevitável
da razão, que, por isto, permanece no pensamento, mesmo quando envolvido
em contradições ou submetido à refutação.
No hegelianismo, a Dialética é idealista,
sendo, neste sentido, a lei que caracteriza a realidade como um movimento
incessante e contraditório, condensável em três momentos
sucessivos (tese, antítese e síntese), que se manifestam simultaneamente
em todos os pensamentos humanos e em todos os fenômenos do mundo material.
A tese, assim, é uma afirmação ou situação
inicialmente dada. A antítese é uma oposição
à tese. Do conflito – necessário porque é evolucional
– entre tese e antítese, surge a síntese, que é
uma situação nova que carrega dentro de si elementos resultantes
deste inevitável embate. A síntese, então, torna-se
uma nova tese, que, contrastando com uma nova antítese, gerará
uma nova síntese, em um processo em cadeia ilimitado. No Marxismo,
surge a versão materialista da Dialética
hegeliana aplicada ao movimento e às contradições de
origem econômica na história da Humanidade. A Dialética
Ascendente, no platonismo, é o processo de elevação
da alma que parte da realidade concreta em direção ao mundo
inteligível e, finalmente, à idéia do Bem. Já
a Dialética Descendente é o movimento característico
do filósofo verdadeiro que, após haver contemplado o mundo
inteligível e a idéia do Bem, retorna à realidade cotidiana
com um intuito didático-auxiliador. A Dialética
Transcendental, no kantismo, é a crítica da ilusão
natural e inevitável através da qual a razão julga
poder ultrapassar a experiência sensível, determinando, a
priori, as idéias de alma, de mundo e de Deus. Misticamente,
dialetizar é enfrentar o delírio e corajosamente buscar dar
coerência às contradições, às ilusões
e às descensões. Isto tem início à medida que
o ser-no-mundo
começa a tomar vergonha na cara, permitindo que o Eu Interno rasgue
o açaimo, pois, de maneira geral, agimos e reagimos prisioneiros
do Corpo Astral, chutando para escanteio nossa Voz Interior. Enfim, quando
chegarmos a compreender, com Heráclito de Éfeso (540 a.C.
– 470 a.C.), que foi o pensador dialético mais radical da Grécia
Antiga, que a estabilidade é uma ilusão, que o ficar/estar/obrigar
e o fazer ficar/estar/obrigar são ambigüidades de percepção,
pois um homem não
toma banho duas vezes no mesmo rio e não respira o mesmo
ar, porque nem o homem nem o rio nem o ar s[er]ão os mesmos, é
bem possível que joguemos no lixo nossas vaidades e, meio envergonhados,
peçamos à nossa sempre presente – desde sempre! –
Voz Interior para falar. Nem que seja só de vez em quando; nem que
seja só um pouquinho!
(Esta nota foi ampliada e editada de diversas páginas da Internet).
Dialetizando!
Fundo
musical:
Greenfields
Compositores: Terry Gilkyson, Richard Dehr & Frank Miller
Interpretação: The Brothers Four
Fonte:
http://www.pcdon.com/
MitchMiller-BrothersFour.html