COCÔ
MOLE NO BURACO
Rodolfo Domenico
Pizzinga
—
É
disidrose no pé.
É
chulezeira no chulé.
É
'Pthirus pubis'
no saco.
É
cocô mole no buraco.
—
Ora
é bufa de bêbado,
ora é
arroto de trêbado.
Ora é
comichão sedal,
ora é
queimura barrigal.
—
Terça –›
febre terçã.
Quarta –›
febre quartã.
E dói
aqui... E dói ali...
Dói
até para fazer xixi!
—
HDL: só um tiquinho.
LDL: um
baita montinho.
% de Linfócitos:
501,01.
% de Monócitos:
0,01.
—
Já meu PSA é 90 ng/ml.
Piócitos:
50 células/campo.
TGO: 103
unidades/l
de soro.
TGP: 105
unidades/l
de soro.
—
Comentei com o Dr. Ivo:
eu não
sei como estou vivo.
— É
a maior absurdeza;
—
Toda noite é pesadelo.
Acho que
estou doidelo:
vejo bruxa
e fantasma;
só
mal-estar e miasma!
—
Anos, meses, dias, horas...
Como cururu,
só de cócoras.
E, no chão,
como repolho,
para cima,
eu nunca olho.
—
Manipura-comandante:
ego-genuflexo,
delirante.
Minh'alma:
prisioneira.
Eu: sem
eira nem beira.
—
É
zina de perseguição.
É
paúra de assombração.
São
gemidos que escuto.
São
passos que reescuto.
—
Ora
é calor; ora é frio.
O tempo
todo me arrepio.
No bestunto,
ouço vozes,
que dizem
coisas atrozes.
—
Desarmonia:
desmedida.
Encarnação:
perdida.
Uma vida
sem Renascer.
Uma morte
sem Morrer.
e eu não
compro outro robe.
Sempre,
só contratempo.
Não
muda o espaço-tempo.
—
Entra a noite sai o dia...
E não
muda a rebeldia.
É
o gosto da contramão!
É
viver em escravidão!
—
Quando riem, lamento,
mas, mudar
eu não tento.
Se choram,
eu choro mais,
suspiroso,
nos penetrais!
—
Oh!, Deus! O que eu faço?
Enfastiei
de tanto cansaço!
— Fora
= zero; só dentro.
A cura está
no Centro.
—
Então,
segui o conselho.
E eu, que
me sentia revelho,
Renasci
em-mim-mesmo.
Já
não vivo mais a esmo!
—
Fundi-me com meu Deus,
e desterrei
meu Asmodeus.
Já
não sou
mais quem era!
Entrosei-me
na Nova Era!
Este
é o esforço que todos nós devemos fazer.
(Morrer —› Renascer —› Viver)