Definição:
De forma geral, o conceito de cascata trófica pode ser definido
como o efeito indireto que um nível trófico exerce
em demais níveis tróficos através do efeito
direto em níveis tróficos intermediários. Esta
definição contempla tanto o mecanismo de cascata trófica
ascendente (Bottom-Up),
ou seja, quando um nível trófico na base da cadeia
trófica afeta de forma indireta um nível trófico
superior, ou o mecanismo descendente (Top-Down),
quando um predador afeta um nível trófico basal através
do consumo direto de um nível trófico intermediário.
O conceito de cascata trófica
está intimamente ligado à teoria trófica de comunidades,
que, por sua vez, recebe influências tanto de perspectivas populacionais
como de perspectivas evolutivas. Desta forma, por mais que a ocorrência
de cascatas tróficas seja aceita de forma inquestionável,
a natureza pela qual ela se manifesta, seja pela redução
ou pelo aumento na densidade de níveis tróficos intermediários
(perspectiva populacional), seja pela alteração no fenótipo
(por exemplo, comportamental, fisiológico ou morfológico)
dos indivíduos que compõem o nível trófico
intermediário (perspectiva evolutiva) permanece um tema de
debate na literatura vigente.
Origem:
A Teoria da Cascata
Trófica foi
proposta por Hairnston, Smith e Slobdkin em 1960, mas, apenas foi
definida com o atual termo em 1985 por Carpenter et
alii.
Infere-se do trabalho de Hairnston que carnívoros, ao
reduzirem a abundância de herbívoros, favorecem o crescimento
de produtores e como a retirada destes predadores interfere severamente
nos níveis inferiores. Tal teoria defende que as interações
tróficas são também controladas por forças
top down.
A teoria precedente supunha que a dinâmica do ecossistema seria
controlada apenas por forças bottom-up
que interfeririam na estrutura das comunidades ecológicas.
Hoje, se
sabe que a atuação destas forças sobre a população
de herbívoros não acontece isoladamente.
As
relações predador-presa podem ser divididas em duas:
letais (morte do indivíduo e retirada do sistema); e não-letais
(na qual a presença do predador irá proporcionar mudanças
fenotípicas ou comportamentais na presa, como forma de diminuir
a predação). As relações letais são
denominadas interações mediadas pela intensidade,
enquanto que as relações não-letais são
conhecidas como interações mediadas por caracteres.
Estas relações
também irão caracterizar os efeitos de cascata trófica.
Exemplos:
a)
Em lagos dos Estados Unidos, peixes piscívoros reduziram abruptamente
as populações de peixes que se alimentavam do zooplâncton.
O zooplâncton herbívoro, por sua vez, influenciou no
crescimento do fitoplâncton. A retirada dos peixes piscívoros
permitiu o desenvolvimento do fitoplâncton.
b) Em um rio no Norte da Califórnia, peixes maiores predavam
desovas de peixes que consumiam larvas de insetos, que, por fim, se
alimentavam de algas. A retirada destes peixes maiores favoreceu o
aumento na quantidade de algas.
c)
A Nordeste do Estado de Connecticut, em uma reserva florestal, o aumento
na população de aranhas interferiu na comunidade de
gafanhotos e, conseqüentemente, favoreceu a abundância
de gramíneas.
d) No estado de Montana, EUA, perceberam que durante os setenta anos
de ausência de lobos na área, houve uma influência
no aumento da população de alces que trafegavam livremente,
interferindo no processo de germinação do salgueiro.
A volta dos lobos limitou o trânsito de alces entre às
árvores, diminuindo o impacto sobre os salgueiros.
e)
Estudo realizado no reservatório de Itaipu, demonstrou que
o tamanho dos peixes consumidores de zooplâncton, interfere
no tamanho da população deste zooplâncton: peixes
menores se alimentam de zooplâncton de grande porte, permanecendo
o zooplâncton de pequeno porte, que não consegue controlar
o crescimento do fitoplâncton por serem detritívoros.
f) Interferência da larva de Chaoborus, predador voraz do zooplâncton,
interferiu no processo de produção primária da
Lagoa do Nado, em Belo Horizonte, levando à eutrofização
do sistema.
Exemplos
de Cadeias Alimentares:
Ecossistema
Aquático: Alga (Produtor) —› Peixe Herbívoro
(Consumidor Primário) —› Peixe Carnívoro
(Consumidor Secundário) —› Ave Aquática
(Consumidor Terciário) —› Bactérias e Fungos
(Decompositores).
Ecossistema
Terrestre: Árvore (Produtor) —› Gafanhoto (Consumidor
Primário) —› Ave (Consumidor Secundário)
—› Jaguatirica (Consumidor Terciário) —›
Bactérias e Fungos (Decompositores).