Um ano depois de milhares
de manifestantes terem saído às ruas da Síria,
pela primeira vez, exigindo a renúncia do Presidente Bashar
al-Assad, o futuro da revolta popular no País ainda é
incerto e desapoiado por alguns países, que têm interesses
estratégicos e econômicos na manutenção
do Governo assadista.
Com
um saldo de mortos estimado em mais de oito mil pessoas e crescentes
temores de que a guerra civil entre grupos religiosos rivais se
instale, a crise síria ainda divide as potências na
ONU, onde Rússia e China têm vetado resoluções
contra o regime tiranizador de Bashar al-Assad. Pequim, particularmente,
é contra qualquer intervenção nos assuntos
internos sírios com o pretexto de atuação humanitária.
Ao
menos 27 pessoas morreram e 97 ficaram feridas em um duplo atentado
na manhã deste sábado, 16 de março de 2012,
em Damasco, a capital da Síria, contra órgãos
do serviço de segurança do Estado Sírio. O
número das baixas, informado pelo Ministério da Saúde,
deve aumentar. A maioria das vítimas confirmadas até
o momento é civil. As explosões de ontem aconteceram
também um dia depois de o enviado especial da ONU e da Liga
Árabe para a Síria, Kofi Annan, ter declarado sua
intenção de enviar nos próximos dias uma missão
técnica à Síria para continuar as conversas
com as partes em conflito e encontrar uma solução
para a crise.
A
guerra civil na Síria completou um ano nesta semana e não
há sinais de que o conflito vá arrefecer.
Segundo
a ONU, o conflito na Síria não vem poupando nem mesmo
crianças. O confronto entre forças rebeldes que lutam
contra o regime de Bashar al Assad já matou centenas de menores
de idade. Grupos de direitos humanos relatam que muitas crianças
foram presas e até torturadas, como é o caso, por
exemplo, do jovem de 13 anos Hamza al Khatib, que teria sofrido
torturas terríveis antes de ter sido morto. O garoto se tornou
um dos símbolos da revolta.
O
enviado especial da ONU e da Liga Árabe à Síria,
Kofi Annan, disse ontem que a
situação no País precisa ser tratada com cuidado
para evitar uma escalada que possa vir a desestabilizar toda a região.
Annan apresentou um relato da situação ao Conselho
de Segurança da ONU, falando por videoconferência do
seu gabinete em Genebra. Depois, disse a jornalistas que recomendou
ao Conselho que fale a uma
só voz contra a violência, de preferência
pelo acesso de agências humanitárias ao País,
e pela instauração de um processo político
que leve à democracia na Síria.
Acho
que precisamos lidar de forma muitíssimo cuidadosa com a
situação na Síria, disse Annan
aos jornalistas. Qualquer
erro de cálculo poderá levar a uma grande escalada
e terá impacto na região, o que seria extremamente
difícil de administrar. Algumas pessoas têm a tendência
a compará-la à Líbia e a outras situações,
mas acredito que a situação na Síria está
provando ser muito mais complexa, e, por isto, todos estão
se movendo muito cautelosamente. Entre outras possibilidades,
o que Annan quis dizer é que ninguém quer confrontar
abertamente a Rússia e a China.
Segundo
Lynn Pascoe, secretário-geral adjunto da ONU para Assuntos
Políticos, admitiu que há
informes confiáveis de que o número de mortos excede
os 100 civis por dia, incluindo muitas mulheres e crianças.
Pascoe afirmou ainda que o
fracasso da comunidade internacional para deter o massacre incentiva
o Governo Sírio a acreditar que pode agir com impunidade.
O
Secretário-geral da Liga Árabe, Nabil el-Araby, pediu
na última terça-feira a abertura de uma investigação
internacional imparcial para verificar os últimos
massacres de civis cometidos na Síria e punir os culpados.
As terríveis
imagens divulgadas sobre crimes cometidos contra civis inocentes
nas cidades de Homs, Idleb e outras regiões da Síria,
especialmente os assassinatos brutais de famílias completas,
inclusive crianças, mulheres e idosos, devem ser investigados
de maneira internacional, ressaltou el-Araby. Em comunicado,
a autoridade máxima da Liga Árabe considerou que estas
ações podem ser classificadas como crimes
contra a Humanidade e, por isto, em sua opinião,
seria imoral
e desumano não castigar aos culpados.
Quanto
a tudo isto, eu só tenho um comentário a fazer: tudo
será devida e dolorosamente compensado. Isto, se houver chance
para futuras compensações!