Serei  ontem  o  que  eu  era  amanhã.    (Vicente  Velado).

CAOS 21

Rodolfo Domenico Pizzinga

Música de fundo: Crush
Fonte: http://www.dhyan.it/ricmidi/searchm.asp?dir=1

 

 

O Ilimitado Caleidoscópio Cósmico

É o cenário no qual tudo está em transformação.

E, aquilo que aparentemente é acósmico,

É um inevitável Ponto-de-Mutação.

 

Recriar de formas, seres, interações,

Eventos, karma, deterioração,

Abolição, ressurgimento, destruições,

Reorganização, crescimento, estratificação.

 

Hierarquização, objetivação, realização,

Preenchimento de egos e mais egos

Caminhamdo para uma inevitável sucção,

É tambem parte do processo de conversão.

 

Circunvolução no redemoinho da antimatéria,

Explosão, implosão, autoaniquilação.

Esse é o peregrinar da matéria

Para no summum bonum sofrer cristalização.

 

Condensações sucessivas e sintetização,

— E também o desaparecimento —

São inerenhtes ao Caos-Mutação.

Existir-não existir: um perene seguimento.

 

 

A oscilação cíclica que nunca termina

Promove perpétuos reagrupamentos.

A Lei não envelhece – é sempre menina,

Gerando sempre novos ajustamentos.

 

E assim...

 

Os efeitos parecem ser estroboscópicos.

Um verdadeiro quebra-cabeças sem-fim.

Mas, sejam micro ou macroscópicos,

Os ajustes jamais poderão ter um fim.

 

 

______

Nota:

Este ensaio foi produzido com base no texto Segundo Estudo Sobre o (K)Caos de autoria do Frater +Vicente Velado, Illuminatus FRC, 7PhD e Abade Especial para o Terceiro Mundo da Ordo Svmmvm Bonvm (OS+B). Considerando que o Autor autorizou a reprodução do texto, ele está disponibilizado abaixo de forma integral. Informo, por último, que as animações não constam do ensaio original do Autor, sendo, portanto, tais acréscimos didáticos de minha única e inteira responsabilidade. Esta é uma das formas a que tenho me dedicado, para colaborar com o gigantesco trabalho em que estão empenhados o Frater +Velado e a OS+B e suas diversas Divisões, no sentido de esclarecer mentes e corações no alvorecer desta Nova Era.

 


SEGUNDO ESTUDO SOBRE O (K)CAOS


pelo Frater Velado, 7Ph.D. (*)

 


Mestre Apis
Venerável Fundador de Khem
Hierofante da
Ordo Svmmvm Bonvm


O estudo metafísico-científico do Caos é necessário para que se possa compreender, pelo menos superficialmente, o mecanismo do Caleidoscópio Cósmico. Essa compreensão, por sua vez, é a base que poderá ser usada pelo Adepto para plasmar sua continuidade de vida ad infinitum, prescindindo de invólucro perecível como o corpo mortal usado em encarnações e reencarnações. O Caleidoscópio Cósmico é o cenário no qual tudo está em perene e contínua transformação, um incessante recriar de formas, seres, interações, eventos, karma, deterioração, destruição, abolição, ressurgimento, reorganização, crescimento, estratificação, hierarquização, objetivação, realização, preenchimento de egos, sucção destes para o vazio, circunvolução no redemoinho da antimatéria, evolação, apuração do substrato, cristalização do summum bonum, explosão, implosão, autoaniquilação, condensação, sintetização e desaparecimento de todas as manifestações, que logo em seguida ressurgem espantosamente, para se reprocessar mutuamente num emaranhado de parâmetros novos que vão criando novos mundos, novas maneiras de ser. No âmago - e também na perfiferia - desse frenético processo de existir-não existir, ressucitar e reverter ao nada tudo vai sendo inexoravelmente reciclado sob a batuta do Caos, que é ao mesmo tempo maestro e palco desse indescritível drama-comédia, trágico e épico, dramático e altamente artístico, cruel e impiedoso como o fio da navalha usada como instrumento de seleção de partes de um corpo.

Farei a seguir um discurso sobre esse apanhado geral sobre o Caos:

Brux calfax betrax crazoks, vitrux mandrax oorks - ermeps bitaps lolips uups?! Unkhs!! Arf, erfats prebex novikz busials epnerts? Ooork...

Considero que tal discurso é importante, porém não tem, significado compreensível de imediato. É preciso que se aponha a cada uma daquelas palavras um significado consensual para um grupo. O discurso, então, passará a ter sentido amplo e contundente para numerosos seres - e devido ao seu conteúdo explícito, em razão também do seu simbolismo, de suas raízes no inconsciente coletivo e de sua expressão profética, passarão a viver por ele, até o dia em que venham a morrer, sendo remanejados no Caleidoscópio Cósmico, como ex-seres, como algum extrato e mesmo como matéria totalmente amorfa.

Em uma nova fase de uma oscilação cíclica que não acaba nunca, suponhamos que todas as letras de todas aquelas palavras sejam embaralhadas e depois destruídas, para a produção de novas formas simbólicas que sirvam para composição de códigos. Tais sinais terão de ser reagrupados para um novo pronunciamento às criaturas, pelo qual elas novamente viverão - até o dia em que venham a morrer, sendo recicladas da maneira já descrita.

Verificamos que durante algum tempo os símbolos e sinais pelos quais os seres encontram motivos para existir permanecem também viventes, podendo mesmo ser transpostos para uma espécie de sobrevida metafísica, independente de estarem ou não na mente de criaturas dotadas de consciência capaz de os perceber. Uns tornam-se arquivos akásicos, outros pedaços de Leis Cósmicas e outros fragmentos formadores da Tradição, mesmo que dela não se tenha memória,

Assim vão sendo construídos os mundos, os seres, as crenças, os rituais e as egrégoras, e sobre todo esse conjunto de acontecimentos e revelações permanentemente varrido pela foice do Caos prevalece uma espécie de memória, muito sutil e inconsútil - e é esta que vai, pouco a pouco, formando o tecido de uma teia que parece tudo controlar. Então, pouco a pouco, a ordem é restabelecida, os pedaços são juntados, os quebra-cabeças são concluídos e ficam criadas as condições para que um novo ciclo comece.

Novamente o Caos entra em ação e desorganiza tudo, em mais uma das infindáveis voltas do Caleidoscópio Cósmico, onde todos os cenários e todas as figuras estão em permanente mutação. Então direi:

Serei ontem o que eu era amanhã
Antes que um novo Sol nasça
Dentro e fora da minha mente,
Além, muito além da minha compreensão.

Então devo matar-me agora mesmo
Com tudo aquilo que mais prezo;
Devo renegar tudo o que aprendi
Devo negar tudo o que andei afirmando.

Oh! Diante de meus olhos estupefatos
O sangue gelado dos desgraçados
Que morreram tantas vezes
Tantas e tantas vezes
Para louvar algum tipo de Deus!

E agora, para onde irei?
Realmente não há alguém a me esperar
Em lugar algum,
E vejo nitidamente que o novo Sol está nascendo
Na anunciação de uma Nova Era!

 


Assim se sente o ser humano diante do Caos, com sua potência extraordinária e incompreensível - porém manipulável pelo Adepto. O Grande Magus não pode dar ordens (ou sequer instruções ao Caos) mas pode influenciar sua essência, no sentido de que modificações se façam de uma forma ou de outra. Esta, na verdade, parece-me ser a mais alta e sofisticada forma de Magia como Arte - que é quando se propicia aos pensamentos mais simples a oportunidade de assumirem formas complexas em situações inteiramente novas, em cenários sequer até então imaginados. Por exemplo: você cria dois mundos etéreos e depois pula para dentro deles, antes que sejam destruídos; em um você coloca seu corpo mental, no outro a sua mente propriamente dita; no momento da destruição desses dois mundos a sua consciência poderá ser a única coisa a realmente sobrar, e você verificará, então, entre assustado e cauteloso, que apenas usou criações mentais para criar um novo tipo de consciência (aparentemente imune à morte) e que, agora, você finalmente está no controle. Ao ter esta sensação, ao estar certo dela, pode-se dizer que você foi finalmente iniciado e ficou apto a usar essa nova consciência para criar algo, talvez um mundo, quem sabe uma galáxia inteira. É assim que os Deuses agem na criação dos Universos - que como se sabe são vários.

Em ensaios anteriores procurei explicar como e porquê os Universos são tubulares, possuindo verso e reverso, contendo várias verdades e diversos aspectos de uma mesma verdade.

Tudo isso é formado, deformado e depois destruído pela Energia, que condensada produz a matéria e comprimida contra o Tempo cria novos espaços, produzindo a antimatéria. O Caos funciona dentro desse esquema como um divisor de águas entre o Ser e o Não-Ser, produzindo a desorganização de tudo o que havia sido hierarquizado para um novo embaralhamento do qual sairá algo recém-nascido e totalmente diferente.

Quando um Adepto parte para construção de seu Mestre Interior, no qual se tornará, no Dia da Transformação, como descrevi em um ensaio anterior, ele precisa ter condições de lidar com o Caos. Ele não terá como dominar ou se sobrepor ao Caos, mas deverá saber como se movimentar dentro dele. É nisso que se constitui o exercício da Alta Magia, que independe de invocações e fórmulas e ainda menos de grimórios, mesmo porque tais elementos simplesmente perdem seu significado quando imersos no Caos. (Grifo meu). Apenas dentro de algo ordenado, perfeitamente definido, planificado e codificado é que esses elementos tornam-se capazes de funcionar - ficando, portanto, limitados a uma situação de continuidade desse stablishment. Compreende-se daí a alta importância da Magia do Caos, onde novos instrumentos de persuasão das circunstâncias são requeridos a cada instante, ficando todos os anteriores imediatamente obsoletos. Uma enorme velocidade é requerida do Mago em que está convertido o Adepto em busca da manutenção contínua de sua individualidade.

Mas o Caos é como um redemoinho, uma lâmina de mutações, que representa um dos aspectos alegoricamente "visuais" do Caleidoscópio Cósmico. Quando o Adepto consegue se manter intacto - e podendo evoluir, na direção desejada - dentro do Caos (que está sempre em ação) há esperanças de realmente poder atingir a imortalidade, em um Plano no qual não existe tédio. Este Plano é o objetivo do Adepto, que para atingi-lo tem primeiro de se tornar Mago, porque somente por um ato de pura magia é que a "imortalidade" pode ser alcançada. Estou certo de que todos os membros realmente assumidos dos Círculos Internos de Organizações Iniciáticas efetivamente funcionais terão entendido tudo o que procurei expor aqui, principalmente neste parágrafo, especificamente.

 

 

Passemos a examinar agora, de forma mais ortodoxa, um aspecto do Caos, que é o decorrente da Lei da Entropia, não exatamente como efeito desta, mas como seqüência, dentro de um jogo muito dinâmico e essencialmente dialético:


Decomposição Elementar
da Vibração na Matéria


Muitos de vocês talvez não conheçam a palavra entropia, em torno da qual se apresenta este estudo. Entropia, de acordo com o Aurélio, é a função termodinâmica de estado, associada à organização espacial e energética das partículas de um sistema, e cuja variação, numa transformação desse sistema, é medida pela integral do quociente da quantidade infinitesimal do calor trocado reversivelmente entre o sistema e o exterior pela temperatura absoluta do sistema. Entropia é, também, a medida da quantidade de desordem em um sistema. Finalmente, em Metafísica aplicada à Astrofísica pelos místicos devotados ao estudo da composição dos Planos de Compreensão, significa, especificamente, o fenômeno pelo qual os Universos se degradam continuamente, para que a constante regeneração possa ser promovida. Entropia, dentro desse contexto, tal e qual é estudado pelos Membros da Ordem de Maat, processa-se sob a ação de duas Leis Cósmicas projetadas pela Força para os mundos visíveis: Cronos e Caos.

 

 

Todos sabem, mesmo que não se interessem pelas causas verdadeiras do fenômeno, que tudo aquilo que está manifestado materialmente se decompõe ao longo do tempo e, assim, a vida do homem é em boa parte devotada à manutenção constante de coisas, como os seus bens, a sua saúde, a integridade de sua família, a consistência de suas crenças e à sua própria personalidade (a maneira pela qual se expressa neste Plano Material, a Terra), que ele julga ser o seu verdadeiro eu e que ele deseja ardentemente que sobreviva à morte e se eternize em um contínuo, mesmo que isso seja através do processo da reencarnação.

E assim vai a Humanidade caminhando ao longo das eras, construindo impérios de poder que se esvaem na poeira cósmica de Cronos e monumentos atestadores da capacidade humana, como as pirâmides, que o Caos pouco-a-pouco, inexoravelmente, vai roendo, até que a destruição final se consuma. É assim que acontece também com as religiões, que, lenta porém implacavelmente, vão sendo desfiguradas por seus próprios seguidores encarregados de preservá-las, em um processo de adaptação que nada mais é senão a tentativa de escapar a Leis Cósmicas inflexíveis. Na cauda desse cometa, para usar uma metáfora exemplificadora, viajam a moral - que é a aplicação da Ética segundo a cultura - e os costumes - que são a rotinização da moral para as massas, conduzidas como gado nesse processo sempre em andamento.

A entropia foi profundamente estudada pela Ordem de Maat, que se devota ao exame de certos fenômenos sob o enfoque da Astrofísica e da Física Quântica. Através de muitos exames, testes, análises, simulações, experimentos e emprego da poderosa ferramenta que é a inteligência artificial, a Ordem de Maat conseguiu estudar o fenômeno da decomposição elementar da vibração no Plano da Matéria. O que foi constado, e que pode ser exposto publicamente em uma página de Internet como esta, acessível a qualquer um, é que, quando a matéria entra em deterioração a vibração que a faz ser manifesta se decompõe em vários elementos isolados e ocorre um processo de transmutação dentro da estrutura atômica. Esse processo está sob o controle permanente de uma Lei que a Ordem de Maat entendeu de chamar de Lei do Reflexo. E é com base no conhecimento dessa Lei que se tornou possível a utilização, sob controle, das vibrações permanentemente produzidas pela Ankh, a Sagrada Chave da Vida, que abre as portas da Imortalidade para os Adeptos. Este é o estudo do Elementar, ou seja, do processo de desagregação, mutação e reaglutinação dos elementos da vibração o que não deve ser confundido de forma alguma com os chamados elementais, ou seja, a personalidade consciente de entes do fogo, da água, da terra, do ar, do éter, quer como unidades individuais manifestadas ou como um todo imanente.

 

ANKH

 

Os estudos mostraram que a Força utiliza os Planos de Manifestação como um espelho, criando a matéria inanimada e a matéria animada como um reflexo que tem duração definida. Esse reflexo é projetado continuamente nos Planos de Compreensão, que são as dimensões esferoidais nas quais a Mente criada pelo movimento da Espiral da Força se instala. Desses Planos de Compreensão a mente devolve o reflexo como consciência total e consciência individual, criando a ilusão, para cada unidade autoconsciente, de que ela é o ponto central da Vida. (Grifo meu). A mente do homem (a mente cerebral) tem dificuldade para visualizar esse processo como um tudo e, assim, o homem procura se agarrar a símbolos por ele mesmo criados, na tentativa de não se perder em tão difícil tentativa de compreensão. Um desses símbolos é Deus, tanto como figura única para a proclamação do monoteísmo como em multiplicidade de apresentação para a geração de um panteão hierarquizado e interativo. Até onde se tem conhecimento historicamente — e sem se aprofundar em temas como Atlântida etc. — pode-se dizer que a primeira religião a produzir essa tentativa de normatização da Vida foi a religião Yorubá, da qual descende a religião Khemetica. Nessa constituição ancestral vemos a figura da primeira emanação do Mestre Apis (Hierofante da Ordo Svmmmvm Bonvm) voltada para o Plano Terra como Ptah. Ele gera o Panteão Sagrado do Antigo Egito e institui o Cânon. Surgem figuras como a de Ausar (Osiris), que na realidade é uma transladação do velho Omolu yorubá para a civilização que se instala e floresce no Vale do Nilo. Tal a força do Panteão emanado por Ptah que hoje, apesar de a civilização dos faraós estar reduzida a museus, a Religião Khemetica Otodoxa se reproduziu na Modernidade, em vários ramos, principalmente nos Estados Unidos e Inglaterra, países nos quais os estudos acadêmicos de Egiptologia despertaram ancestralidades latentes nos genes de pessoas. Foi assim que foram constituídos novos ramos da Religião Khemetica, com a injunção da monolatria (não confundir com monoteísmo). Os que se interessarem pela Religião Khemetica poderão visitar a seção de "Documentos Especiais, Ensaios & Artigos" da Ordem de Maat, na qual há um pronunciamento da 196ª Nisut, Hekatawy I, com um link para o site de sua religião.

Se você se detiver a observar o quadro das religiões, verificará que umas sofrem mais decomposição que outras. Assim, a religião Cristã é a que mais diversificações e decomposições apresentou, com o surgimento de numerosas seitas nascidas de cismas. Em comparação com o Budismo e com o Islamismo, a religião Cristã foi a que mais alterações sofreu, resultando, inclusive, na apresentação de uma série incalculável de versões para a figura do Cristo Jesus através das recentes organizações esotéricas, que datam, no máximo, da Renascença para cá. Tudo isso resulta do esforço que místicos fizeram para desatrelar a pessoa de Jesus da Igreja de Pedro, por motivos óbvios. Muitos, com esse empenho, acabaram separando de forma marcante as figuras de Jesus e do Cristo, que passa a ser nomeado Cristo Cósmico, ou Maytrea (uma expressão do Budha). Da mesma forma no Islamismo vemos a religião constituída em torno do Corão se diversificar em ramos, uns com forte conotação política, outros fundamentalmente esotéricos (na acepção literal do termo), como Ordens Sufis. Pode-se ver, também, que no espaço de tempo em que essas decomposições ocorreram, outras religiões — como o Judaísmo e a Religião Khemetica — permaneceram praticamente as mesmas, ou seja, se houve mutações/adaptações, estas simplesmente não foram significativas. Da mesma forma no Hinduísmo, com toda a miríade de nuances, a essência dos Vedas permanece intocada. Ou seja, não houve versões do cerne, como aconteceu no Cristianismo, em que dois aspectos básicos encabeçam uma infinidade de correntes: o Deus Morto (Jesus na Cruz) e o Deus Vivo (Jesus ressucitado).

Outro fenômeno a ser abordado aqui é a sincretização, o qual exerce efeitos muito semelhantes aos da miscigenação. A miscigenação destrói os valores culturais originais mesclando-os em uma nova forma de expressão, e a sincretização funde várias religiões e crenças em uma nova realidade religiosa. Tomemos como exemplo a antiga Religião Yorubá, da qual sou sacerdote ordenado. Seu panteão foi trazido para o Novo Mundo pelos escravos. Veja-se o caso específico do Brasil: os negros são impedidos de professar a Religião dos Orixás, porque os capatazes, instruídos pelos senhores das terras, os grandes fazendeiros, temem que os negros encontrem nos seus deuses forças para lutar contra a escravidão. Os escravos, então, disfarçam suas práticas, camuflando os orixás sob a aparência de santos católicos: imagens de São Lázaro e São Roque são usadas para representar Omolu e Obaluaye (os aspectos velho e moço de Sanponam ou Sapatá, o senhor da varíola e da transformação pela putrefação); Nossa Senhora, a Mãe de Jesus, vira Iemanjá; Santo Antônio, na Bahia, representa Ogum, o orixá do ferro, que no Rio de Janeiro é representado por São Jorge. Santa Bárbara é Yansan (Oiá), São Gerônimo é Xangô e Jesus Cristo é Oxalá. Os negros apresentam seus altares como sendo uma devoção aos santos da Igreja. Mas mal o feitor vira as costas eles correm para depositar pipocas aos pés de São Lázaro, que na verdade está ali representando Omolu. A ordem é destruída pela ação do Caos, para o surgimento de uma nova ordem, mais adequada aos novos tempos.

Continuando do parágrafo anterior, vê-se que as bases da mutação estão lançadas: de um lado a autêntica religião Yorubá é preservada nos quilombos e irá dar origem às roças tradicionais como a Casa das Minas (ritual Gege, no Maranhão), ao Ilê Axé Opô Afonjá e a várias outras na Bahia; de outro lado, negros buscando a redenção social pela assunção de valores dos brancos, puxam para dentro do culto o espiritismo kardecista, a magia européia (notadamente da Inglaterra) — ícones do catolicismo, símbolos do esoterismo — e nasce a Umbanda, na década de 1930, no bairro do Fonseca, em Niterói, e dali se espalhou para todo o Brasil, atravessando posteriormente fronteiras e se instalando na Argentina e em regiões dos Estados Unidos como Miami. Agora a nova religião já agrega outros valores, extraídos da tentativa de redenção social: a prostituta e o cafetão são entronizados nos altares como Pomba-Gira e Zé Pelintra, imagens deturpadas de Exu (Esù), o dinamizador do Universo Yorubá, o Mensageiro, que detém o controle sobre todos os elementais, cada qual manifestado neste Plano como o escravo de um Vodun (Orisa). O negro escravizado passa a ser o Mestre, como Preto Velho. Também o índio, marginalizado pela sociedade dos brancos é incorporado ao staff de entes superiores, como Caboclo. No Haiti, fenômeno semelhante dá origem à santeria, que ficaria estigmatizada como Voodoo, a seita dos zumbis.

Dentro dessa espiral de transformações que permeia os Universos como um todo e que está aqui sendo analisada do ponto-de-vista do Plano Terra, e na qual as religiões são tão profundamente modificadas, percebe-se a interação entre miscigenação e o sincretismo religioso. Mas, se o outro aspecto for examinado, verifica-se que quando religião, cultura e raça são fechadas em um mesmo compartimento estanque - como é o caso do Judaísmo - o que se está fazendo, na realidade, é colocar Deus em uma caixa, como um produto de consumo exclusivo de uma etnia. Esse deus passa a ser a Egrégora do povo que o imaginou. No caso específico dos judeus, o fechamento para autoproteção gerou casamentos consangüíneos, enfraquecimento e degeneração da raça, como se pode verificar com um simples exame sobre os judeus ortodoxos nos Estados Unidos. Como filho de pai judeu, mas sem ser judeu, pois minha mãe não era judia, mesmo assim considero absolutamente isenta a visão que aqui expresso, e que nada tem de anti-semita.

Por outro lado, percebe-se claramente na modernidade a ânsia de liberalização exaltando a degradação dos costumes, justamente por já não existir o necessário (?) freio religioso, o jugo que segura a besta-humana, o arrogante, pretensioso e idiota animal homem, um tubo cheio de merda, com a boca de um lado e o cu do outro. (Grifo meu). Esse mesmo tubo que pode ascender às alturas do Nirvana, penetrando na Vacuidade e deixando de ser o que é, pode, igualmente, pelo livre-arbítrio, voltar-se para sentido oposto, e tem-se aí a exaltação da ida à merda em sentido literal, na plena acepção da palavra. Uma dessas formas de deterioração é o incentivo da substituição da vagina pelo ânus para a obtenção de prazer sexual.

A Ordem de Maat, da qual participo, não tem uma posição puritana, conservadora ou ortodoxa em relação a esses modismos; não pretende traçar parâmetros de moralidade para a condução dos povos, mas luta para que o ser humano não sucumba sob os escombros de uma Ética que desmorona dia-a-dia, em um processo acelerado pela globalização e do qual a Internet é parte integrante. Como Rosacruz, não poderia deixar de mencionar aqui a posição de Max Heindel a respeito da conduta sexual: ele preconiza que o sexo seja usado apenas como instrumento de reprodução e, assim, o místico que não for casado não deverá fazer sexo. Max Heindel tem razão, porque se você ainda usa o sexo você não está preparado para a assunção de Planos Superiores, já que neles, na Região dos Mestres, o sexo pura e simplesmente não existe. Quando o sexo é degradado, na Terra, o que está sendo feito, na realidade, é a degradação da Humanidade pelo aviltamento do reflexo da Sagrada Ankh no Plano material. A Ankh, como já foi explicado, em ensaio à parte, disponível neste site, é a representação simbólica do organismo reprodutor feminino e do organismo fecundador masculino, em uma junção que forma o Símbolo da Vida, a Chave da Eternidade. Da conspurcação do símbolo sagrado de Maat decorrem penalidades, como a AIDS, que pode se estender a não-conspurcadores.

 

Vírus da AIDS

 

Para maior abrangência deste superficial trabalho, que se destina a todos - místicos e profanos - não poderia deixar de ser feita uma ressalva no que diz respeito à Tantra Yoga, que compreende a Meditação de Kalachakra, a qual só pode ser praticada pelos que tiveram autorização concedida iniciaticamente pelo Dalai Lama (que a tem conferido coletivamente, através de uma mandala de areia colorida). A Tantra é um conjunto de ensinamentos e práticas voltado para ascensão da consciência mediante o controle da Serpente Kundalini. Essa pática pode transformar o praticante em Mestre ou em louco, dependendo de como é conduzida. Assim, nessa matéria é absolutamente necessário um grande poder de discernimento por parte do místico e muita atenção por parte dos buscadores, para que não venham a cair nas garras de vigaristas do esoterismo moderno. (Grifo meu). Muitos alertas a esse respeito já foram feitos através da Internet e aqui vai mais um.

O que se deixa aqui é uma pergunta: O que o homem vai fazer de agora em diante face à crescente exacerbação dos efeitos colaterais daninhos da entropia? Permitir os avanços, na progressão em que estão se evidenciando, sem que haja qualquer controle, é criar as condições para a consubstanciação de um caldo de cultura no qual as bactérias da merda destruirão os germes de ascensão da consciência existentes em todas as criaturas, e que o homem, de uma forma ou de outra, tem procurado preservar e dinamizar, voltando-os para a germinação. Os exemplos aqui mencionados, notadamente os de religião, foram escolhidos por serem os mais demonstrativos e os mais compreensíveis para os habitantes da América Latina, parte do Terceiro Mundo no qual a Ordo Svmmvm Bonvm está particularmente interessada, através da Ordem de Maat. Nós queremos dinamizar esses estudos em nível mais abrangente, e se você, místico de qualquer ordem ou fraternidade, tem idéias as respeito, se você tem uma tese, nós pedimos que você dê a sua contribuição a essa nobre causa - a elevação da Humanidade através da proposição de soluções efetivas - enviando-a. Seu trabalho será lido atentamente poderá ser aproveitado. Tenha em mente que assumir o controle da entropia para moderar conseqüências nefastas da decomposição elementar da vibração no Plano Material é uma das metas a serem perseguidas nesta Nova Era, que agora mesmo pode estar se iniciando dentro de você. Passemos agora a uma parte mais metafísica deste trabalho, no qual procuro fornecer elementos para a perfeita viagem dentro Caos, visando a reconstruções em harmonização com a Spira Legis. Falarei a seguir da Construção do Mestre Interior, um processo sagrado.

 


O Estudo Rosacruz, entendido como instrução mística não-acadêmica e não-convencional, visa vários objetivos, e um deles - talvez o principal para este Plano, a Terra - é a Construção do Mestre Interior. Trata-se de um processo sagrado, lento, gradual e sistemático, que exige do construtor não só perseverança infinita como certeza absoluta e inabalável de saber exatamente o que está fazendo e com que finalidade. É um processo alquímico-transpositor sob controle e que exige nada mais nada menos que o domínio da vida.

"Quando o discípulo está pronto o Mestre aparece" diz um antigo adágio místico. Na verdade, quando o estudante está pronto ele constrói o Mestre, porque - prestem atenção! - assim como é embaixo não é em cima. Tradução: o Mestre não pode construir o discípulo, mas este pode construir o Mestre. (Grifo meu). Obviamente, surgirá a pergunta: "Mas como poderei consruir o Mestre?"

A Sagrada Construção do Mestre Interior não é uma tarefa fácil nem difícil. É uma tarefa para quem está pronto para ela. É claro, perguntarão: "Como poderei estar pronto para essa tarefa?"

Ninguém poderá se preparar sozinho para a tarefa da Sagrada Construção do Mestre Interior sem que antes tenha sido devidamente instruído. Essa instrução é feita por várias Ordens e Fraternidades Rosacruzes, de diversas maneiras, porque cada instituição utiliza um método próprio. Isso acontece porque há vários níveis de compreensão e diversas tonalidades vibratórias, havendo uma que é aquela que mais se adequa ao tipo de personalidade que o candidato a estudante apresenta.

 

 

Assim, o buscador deve, de início, procurar. Talvez ele seja misticamente encaminhado a uma determinada Ordem ou Fraternidade e ali faça os seus estudos, partindo dali mesmo para a Sagrada Construção do Mestre Interior. Talvez após o encaminhamento ele sinta que "falta algo" naquela instituição e procure a complementação em outra. Na realidade, todas as organizações Rosacruzes são completas, e cada uma delas, sozinha, basta para iniciar o estudante nos mistérios da Sagrada Construção do Mestre Interior. O que acontece é que nem todos os estudantes conseguem enxergar a totalidade dos ensinamentos apresentados por uma dessas organizações e vão buscar a "complementação" em outra. É por isso que existem estudantes Rosacruzes filiados a mais de uma Ordem ou Fraternidade.

A Instrução Rosacruz que prepara o estudante para a Sagrada Construção do Mestre Interior não é ortodoxa. Ela é velada: geralmente está nas entrelinhas simbólicas de palavras ditas em uma Loja ou Centro Rosacruz, e nas entrelinhas virtuais de monografias, discursos e opúsculos fornecidos ao estudante, para que os estude misticamente, em ambiente adequado (o Sanctum), paralelamente à realização de uma série de experimentos. Por isso de nada adianta ler academicamente dezenas de livros e fazer a mesma coisa com monografias. O verdadeiro conteúdo está velado e somente se desvela mediante a sinceridade irradiada no clima propício. Essa irradiação gera a Esfera da Compreensão, a qual passa a encerrar o estudante durante o período de estudo místico, reverberando para os recônditos do seu Eu Interior, como um eco místico, o "som" mental da leitura das "entrelinhas", em uma onda magnética modulada pela realização dos experimentos. Assim, é muito importante que o estudante, além de estudar, freqüente uma Loja ou Centro, sempre sem deixar se perder pelo desvirtuamento ou pelo desencanto; ou seja: que ele não vivencie experiências apenas como se estivesse em um clube.

Instrução dessa natureza, evidentemente, não poderia estar contida explicitamente em livros ao alcance do público em geral, nem poderia ser encontrada em uma página da Internet. Nessas mídias o máximo que o buscador poderá encontrar será a indicação de que uma certa coisa existe, ou seja, uma mera referência. Porque a coisa propriamente dita nunca estará ali. Ela sempre está velada. Dessa forma, quem deseja construir seu Mestre Interior, quem recebe a intuição de que deve partir para isso, deverá como primeiro passo ingressar em uma Ordem ou Fraternidade Rosacruz. A Sagrada Construção do Mestre Interior é uma exclusividade do Estudo Rosacruz, é um Ato Rosacruz que jamais será encontrado em outro tipo de organização esotérica, porque é baseado no princípio quântico da Rosa na Cruz. Ou seja: não se trata "apenas" de uma alquimia; não é a transformação da personalidade através da sua lapidação místico-ritualística. Tampouco vem a ser a assunção de uma "entidade" criada mentalmente no astral. Trata-se da algo muito mais transcendental e sofisticado. Trata-se da projeção de um holograma místico em um lugar sagrado, fora do tempo e do espaço, imune à morte e à entropia.

Depois de construído pelo discípulo, o Mestre Interior passa a ser o discípulo, embora este não possa ser o Mestre. Isto porquê o estudante é finito e o Mestre é infinito. Quando ocorre a transição (a morte física do estudante no Plano Terra), nem a personalidade mais elaborada que ele conseguiu lapidar no esmeril da vida sobra. Tudo isso simplesmente deixa de existir de forma animada, passando a ser um mero registro akásico acessível a qualquer iniciado - um trecho, digamos assim, da "memória" das Experiências do Ser no Espelho da Ilusão. Mas o discípulo, na verdade, não morre, porque o Mestre que ele construiu passou a ser ele e o Mestre é eterno.

Mas antes que essa Suma Metamorfose se consuma completamente, com a total assunção do discípulo pelo Mestre, há uma etapa muito importante a ser vivenciada: é a fase durante a qual o Mestre que o discípulo construiu passa a instruir pessoalmente o discípulo. Essa é a Iniciação Maior do Espelho Simbólico, na qual a criatura inicia o criador nos mistérios da Sagrada Estrutura dessa construção mística que pode levar (e geralmente leva) vários anos, às vezes dezenas de anos.

Então tem-se: 1) O estudante Rosacruz se prepara e passa a ser Discípulo; 2) como Discípulo ele constrói o Mestre Interior; 3) o Mestre Interior passa a instruir o Discípulo e pouco-a-pouco o vai assumindo; 4) o Mestre assume totalmente o Discípulo, que deixa de existir no Plano Material; 5) o Mestre permanece após a morte física do Discípulo.

Nessa última etapa, as Portas da Eternidade foram escancaradas mais uma vez pela Ordem Rosacruz Eterna e Invisível, que emana Ordens e Fraternidade para o Plano Terra e para outros Planos.

Por aí se vê quão gigantesca e portentosa é a dimensão verdadeira do Estudo Rosacruz, que possibilita a Sagrada Construção do Mestre Interior. Este, depois de instalado na Eternidade, empenha-se em um outro aspecto - muito mais magnífico e glorioso - do Trabalho Rosacruz, que não pode aqui ser descrito e que, se o fosse, simplesmente não seria entendido pela imensa maioria dos leitores de uma página como esta. colocada ao alcance de todos que queiram lê-la. Trata-se da "Intrerpretação do Cristo Cósmico Para Uma Esfera Específica".

 


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NOTAS:

(*) O Illuminatus Frater Vicente Velado é Abade da Ordo Svmmvm Bonvm para o Terceiro Mundo e Irmão Leigo da Ordem Rosacruz Verdadeira, Eterna e Invisível. Foi instruído pela Loja da Grande Fraternidade Branca para construir a Interface Web do Rosacrucianismo na Nova Era. Filósofo, pintor místico, músico e experimentador científico, o Frater Velado, como é conhecido, foi eremita Beneditino durante oito anos. Um livro digital contendo sua biografia oficial, pela Ordo Svmmvm Bonvm, está disponível online e para download na Biblioteca Digital OS+B:

http://svmmvmbonvm.org/livrariaos+b/

Seu website oficial é o Prophet Jehosu:

http://svmmvmbonvm.org/jehosu/

A Galeria de Arte do Frater Velado, que expõe fotos de cerca de 750 de suas telas, criados pelo processo de sua invenção denominado Digital-Matrix, pode ser visitada através de Digital-Matrix R+C:

http://digital-matrix.org/


Reprodução permitida, citando-se a fonte:

Discursos dos Iluminados de Khem

http://svmmvmbonvm.org/aum_muh.html

 

CONCLUSÃO

 

Nos(s) Universo(s) nada é contingente; tudo é necessário. Inclusive o caos. Sigamos as recomendações do Frater +Velado: construamos nosso MESTRE INTERIOR. Agora!!!