Rodolfo Domenico Pizzinga

 

 

 

 

 

 


(Aqui, o tolerante é o Felis catus)

 

 

Se um cãozinho é tolerante

com um gatinho moinante,

por que agir como insultante

e injuriar um molibdomante?1

 

Se um au-au é boa-praça

com um miauzinho chalaça,

por que achar uma desgraça

 

Os bichos vivem a nos ensinar

que o supernal é confraternizar.

Se maisqueremos não enxergar...

 

Por que esperar o lado de lá?3

Por que não se instruir já e ?3a

Por que só viver ao deus-dará

 

Por que tanta impaciência?

Por que tanta incongruência?

Por que tanta impertinência?

Por que tanta incontinência?

 

o ingênuo que insiste em delir

não se alforriará do ir e vir.4

 

 

 

 

 

 

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Notas:

1. Molibdomante é o indivíduo que exerce a molibdomancia, isto é, que pratica adivinhação por meio das figuras que se formam ao se deitar chumbo derretido em água ou em uma superfície lisa. O que pode interessar a um Místico se alguém diz que advinha com chumbo, com cartas, com bola de cristal, com bola-de-berlim, com bola-de-milho, com bola-de-neve, com bola-de-ouro, com bola-de-sabão, com bola de cuspe, com bola de meleca, com bola imaginária, sem qualquer bola et cetera? Não interessa absolutamente nada; mas, o que ninguém deve é agir como insultante ou injuriar quem quer que seja. Particularmente um místico.

2. Elizabeth Alexandra Mary (Elizabeth II), digníssima Queen e Chefe de Estado do United Kingdom, bem como Sua Majestade Real do Canada, da Australia, de New Zealand, da Jamaica, de Barbados, das Bahamas, de Grenada, de Papua New Guinea, das Solomon Islands, de Tuvalu, de Saint Lucia, de Saint Vincent e das Grenadines, de Antigua e Barbuda, de Belize e de Saint Kitts e Nevis e, adicionalmente, chefe da Commonwealth of Nations, governante suprema da Church of England, comandante-em-chefe das Forças Armadas do Reino Unido e Lorde de Mann educada e regiamente eructa e, se convier, flatula... O Papa Benedictus PP. XVI eclesiasticamente eructa e flatula... O Lula presidencialmente eructa e flatula... Usama bin Muhammad bin Awad bin Ladin 'esconderijamente' eructa e flatula... George Walker Bush 'WhiteHousemente' eructa e flatula... A Secretária de Estado Condoleezza "Condy" Rice ministerialmente eructa e flatula... O ex-diretor para assuntos externos da KGB da antiga URSS, ex-diretor de políticas externas no governo do então Presidente Boris Yeltsin e atual Presidente da Rússia Vladímir Vladímirovitch Putin 'Kremlincamente' eructa e flatula... Anthony Charles Lynton "Tony" Blair, apesar de ter largado o osso do 'primeiro-ministério' do United Kingdom, continua eructando e flatulando britanicamente à francesa... Eu eructo e flatulo... Você eructa e flatula... Ora sus! Então, por que achar uma desgraça alguém que eructa e flatula na praça? Bofadas na boca alheia e ventosidades que saem ruidosamente pelo ânus alheio são consideradas falta de educação; quando esses mesmos gases (ainda que possam ter composições químicas ligeiramente diferentes) sem pelos nossos orifícios são considerados necessidades fisiológicas. Por quê?

 

 

3 e 3a. Haverá lado de lá? Haverá lado de cá? Haverá, efetivamente, Norte, Sul, Leste e Oeste? Ou tudo se desenha e tudo conspira para nos ensinar que existe tão-somente um único lado (que é lado e não é lado)? Em realidade, penso que esperar o lado de lá (qualquer que possa ser o motivo e qualquer que possa ser esse presumido e festejado lado) seja um triste e estupidificantíssimo apedeutismo pra lá de inócuo! Tudo que represente ou que simbolize aquilo que costumamos denominar de dualidade (por exemplo, lado de lá e lado de cá) nada mais é do que duas faces de uma mesma moeda – a (desde sempre) sempiterno–dual Moeda–Unidade. Mesmo que, ab absurdo, pudéssemos separar ou dividir essa Moeda–Unidade em lado de lá e lado de cá, se fosse possível apreender as coisas (em parte ou apenas) do lado de lá, pergunto: qual foi, qual é e qual (supostamente) será a finalidade dos processos encarnativos e o propósito de existir o lado de cá? O incompreendido e denominado lado de lá é meio que uma desproporcionada mistura de relativo silêncio, relativa compreensão pelos equívocos praticados, relativo livramento da ilusão encasquetada e relativo aguardamento; do lado de lá nada se aprende de eficaz e de eficiente. E se, por último, nada existe além desta vida, por que nós – místicos – dedicamos, do lado de cá, esta conjecturada única vida ao Bem e à Beleza universais?

 

 

Bem, ou somos, nós místicos, esquizofrênicos, ou há algo no ar que não são apenas os aviões de carreira, mas que, ao cabo de contas, tanto o ar quanto os aviões de carreira são, em termos cósmicos, uma só e a mesma coisa, diferindo apenas em suas freqüências vibratórias de manifestação. Então, se, possivelmente, isto ocorre física e objetivamente desta forma, entre tantas outras, cabem as seguintes perguntas: 1ª) por acaso, um grande mamífero cetáceo marinho da família dos balenopterídeos será menos ou mais importante do que um inseto himenóptero da família dos formicídeos? 2ª) quem é mais importante: um Canis familiaris ou um Felis catus? 3ª) por acaso, um muçulmano será menos ou mais importante do que um americano? 4ª) ou, inseto e mamífero, gato e cão, americano e muçulmano, perante a Consciência Cósmica, serão, todos, igualmente importantes? 5ª) considerando o fulcro teológico das diversas doutrinas religiosas tradicionais – que defendem a existência de uma única Divindade – se, condescendendo, Deus existe, poderão existir dois ou mais Deuses? 6ª) Se, por outro lado, em alguma época longínqua, pressupondo que tenham existido dois ou mais Deuses, Eles acabaram se anulando mutuamente e sumiram do mapa ou se consorciaram e se amalgamaram em um só Deus? 7ª) Para concluir, admitindo, monoteisticamente, a existência de um Deus supremo (ilimitado, imperecível, inalterável, extranatural, todo-poderoso, existente por si só, causa necessária e suficiente de Si e de tudo, fim último insubstituível de tudo que existiu, de tudo que existe e de tudo que poderá vir a existir), sem qualquer preferência por Este ou por Aquele Deus compreendido pela Humanidade, indago: poderá esse Deus supremo 'onitudo' (onicriador, onicompetente, oniparente, onipalrante, onipresente, onisciente, onissapiente, onividente e, acima de tudo, onipotente) ter algum tipo de preferência por um artrópode pequenininho, por um vertebrado endotermo desmesurado, por um gatinho moinante, por um cãozinho tolerante, por um americano belicoso ou por um muçulmano desrespeitado? O fato é que, quando atribuímos a um Deus qualquer uma preferência ou o que seja, não estamos fazendo nada mais nada menos do que transferir para essa hipotetizada Divindade Absoluta (que admitimos que exista) nossas compreensões, nossos desejos, nossos gostos, nossas escolhas, nossas manias, nossas benignidades, nossos preconceitos et cetera. Admitindo outra vez, especulativamente e monoteisticamente, a existência de um Deus supremo, quem somos nós – humanus et mortalis – para escolher e dizer o que esse Deus gosta ou escolhe, isto, absurdamente, imaginando que esse Deus possa ter quaisquer gostos semelhantes aos gostos humanos e fazer escolhas semelhantes às escolhas humanas? Essa coisa teológica de o homem ter sido criado à imagem e semelhança de Deus, de ser um reflexus mais ou menos defectuosus do seu Criador, é que gera todas essas irracionalidades e todas essas desponderações. Enfim, presunção e água benta cada qual toma a que quer. Arre!

O que escreverei a seguir tem e não tem relação com este tema, mas é interessante que se reflita, ao menos rapidamente, sobre o assunto. Estudos demonstram que o número de pessoas que se atrasa para o check-in (e não embarca) e o número de pessoas que, por algum motivo, desiste de embarcar (equivalente, portanto, ao número daquelas que acaba embarcando devido ao overbooking ou que está em alguma lista de espera tentando transferência para vôos de outras companhias) é maior em vôos em que inusitadamente acabam acontecendo acidentes aéreos catastróficos, exatamente do tipo daquele que ocorreu recentemente no Aeroporto de Congonhas, na Zona Sul de São Paulo, na última terça-feira, 17 de julho de 2007. Nessa matéria, pode-se especular sobre tudo, mas não se pode deixar de incluir nessa especulação a possível hipótese de uma espécie de martírio coletivo subconsciente educativo e catalisador de mudanças (martírio para os que partem e martírio para os que ficam). Seja como for, depois da dor, depois do sofrimento, depois da catástrofe, depois de tanta arrogância, depois de tanta negligência, depois de arrombada a porta, às pressas, encomenda-se o aloquete. Somos todos responsáveis!

 

 

4. Isto, se o ingênuo puder e cosmicamente merecer ir e vir, para, quem sabe, um dia, poder se alforriar do ir e do vir (e do vir e do ir) neste Plano! Precisamos ter em mente que, para além de nossos hábitos extravagantes, queiramos ou não queiramos, gostemos ou não gostemos, compreendamos ou não compreendamos, as coisas, no Kosmos (), funcionam apenas em função do Trabalho e do Mérito. Trabalho... Trabalho... Trabalho... Trabalho... Trabalho... Trabalho... Trabalho... Mérito... Mérito... Mérito... Mérito... Mérito... Mérito... Mérito...

 

 

Fundo musical:

Caravan

Fonte:

http://midi.1.tripod.com/

 

Página da Internet consultada:

http://a3wp.ucdavis.edu/summeropen.htm