O CAIPIRA

 

 

Rodolfo Domenico Pizzinga

 

 

 

 

 

 

 

 

Cinco amigos de 40 anos discutiam para escolher o restaurant onde iriam se encontrar para jantar. Finalmente, decidiram que a comezaina seria no restaurant O Caipira porque as garçonettes eram gostosíssimas e usavam minissaias e blusas muito decotadas. Oooops!

 

Dez anos mais tarde, aos 50 anos, o grupo se reuniu novamente, e mais uma vez entrou na maior discussão para escolher o restaurant. Finalmente, decidiram que seria de novo em O Caipira porque a comida era muito boa e havia uma ótima seleção de vinhos. Oooops!

 

Dez anos mais tarde, aos 60 anos, o grupo se reuniu novamente e mais uma vez os cinco amigos discutiram e discutiram para escolher o restaurant. Finalmente, decidiram-se pelo mesmo O Caipira porque ali podiam comer em paz e sossego e havia sala de fumantes. Oooo!

 

Dez anos mais tarde, já aos 70 anos, o grupo de amigos se reuniu novamente e, mais uma vez, discutiram, discutiram e discutiram para escolher o restaurant. Finalmente, para não arriscar, decidiram comemorar o encontro no restaurant de sempre: O Caipira. Reformado, o restaurant, agora, oferecia uma rampa para cadeiras de rodas, um pequeno elevador e até UTI móvel, socorristas e vários médicos de plantão. Ooooh!

 

Como sói acontecer com pessoas já entradas em anos, o tempo voou. Dez anos mais tarde, enfim, todos vivos, mas com 80 anos – uns de bengala, mas todos já de perereca – os velhos amigos se reuniram novamente, e, mais uma vez, discutiram, discutiram, discutiram, discutiram e discutiram para escolher o restaurant em que jantariam. Desta vez, precisavam ir a um restaurant chic e très joli, pois resolveram convidar o Oscar Niemeyer, que era amigo comum de todos deles, e – claro! – na altura dos seus quase 103 anos, o velho arquiteto não toparia ir a qualquer bodega espelunquenta e mal freqüentada. Finalmente, depois de três horas de discussão, decidiram acatar a sugestão (recomendada) de um deles: o restaurant seria O Caipira. Todos acharam que a idéia era inusitadamente excelente, e o Oscar iria adorar. Afinal, nenhum deles havia estado naquele restaurant antes. Aaaah!

 

 

 

 

 

 

 

Jack Lemmon e Walter Matthau
(Out to Sea – Dois Parceiros em Apuros)

 

 

 

Pois é, estamos todos ficando assim:

— Meu bem, você prometeu que era sim.

— É mesmo? Juro que não me recordo;

mas, se você está dizendo, eu concordo.

 

 

Aprendemos, entendemos e 'forgetamos'.

É também por isso que (re)encarnamos.

O triste é confundir supositório com bengala

e não distinguir porta-bandeira de mestre-sala!

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Páginas da Internet consultadas:

http://www.animationlibrary.com/
sc/257/Dances-Fast/?page=5

http://virtusunitafortiusagit.blogspot.com

http://frozen.rightreading.com/culture/

http://ramonejessica.vilabol.uol.com.br/historia.htm

http://blig.ig.com.br/sergiopestana/2008/12/31/

 

Música de fundo:

Exaltação à Mangueira
Compositores: Enéas Brites da Silva & Aloísio Augusto da Costa
Intérprete: Jamelão

Fonte:

http://www.meucantinhodearte.com.br/midis_nacionais.htm