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Notas:
1. Neste
ditado, o vocábulo cadilho é usado com o sentido de preocupações
e/ou de aborrecimentos causados pelos filhos. Mas, desde quando os filhos
produzem cadilhos? Só se forem mal-educados ou mal orientados. Fui
pai duas vezes e nunca tive qualquer tipo de cadilho por causa dos meus
filhos. Eles foram educados para que não fossem motivo de cadilhos
para si e para os outros. Pais que estruturam e ancoram a educação
de seus filhos em opiniões ou sentimentos desfavoráveis formados
a priori, manias e bobagens que vêm de longe, particularmente
preconceitos de natureza religiosa, transformam seus filhos em cadilhos
vivo-ambulantes, e acabarão tendo mesmo, tanto eles quanto seus filhos,
todos os cadilhos do mundo. Cadilhos? Ora! Como foi dito no soneto, basta
estar vivo para ter uns cadilhos. Mas isso é outra coisa, e os filhos
nada têm a ver com isso. O fato é que somos nós que
parimos todos os nossos cadilhos, mas achamos que são os outros que
são os responsáveis por eles. E quando não são
os outros, são os demônios. Arre, quanta bobice!
2. É
chamado de limpa-trilhos aquele que, ao terminar sua refeição,
limpa o prato com um naquinho de pão para aproveitar o finalzinho.
Entre os chiques e os esnobes isso é tido como falta de educação.
Mas, quem está dando bola pra isso? Quem pode desperdiçar
um bom molho de uma macarronada, que só presta mesmo se estiver al
dente? Eu, como bom filho de italiano, só aprecio massa al
dente; e não desperdiço nada de nada: sempre limpei,
limpo e limparei meus trilhos. Ora bolas, tudo preconceito! Mas cortar o
macarrão não é preconceito; estraga o paladar da massa.
Mas, se você gosta de cortar seu macarrão, corte-o, e dane-se
quem o criticar. Quem vai consumi-lo é você. Ponto final. Eu
não corto porque não gosto. Mas eu não dou a mínima
para quem gosta de cortar macarrão. Há coisas mais importantes
na vida. Ficar observando se os outros ficam cortando seu macarrão
é coisa de quem não tem o que fazer. Como também é
coisa de quem não tem o que fazer ficar criticando e comentando que
não sei quem engordou, emagreceu, envelheceu, remoçou, fez
plástica, botou silicone, está mal vestido, está bem
vestido, ficou pobre, ficou rico, divorciou de novo, casou de novo... E
por aí vai. Isso é coisa de novela da pior qualidade.
3.
Galicisimo = Modo de falar ou de escrever próprio da língua
francesa. Palavra, construção ou locução da
língua francesa tomada de empréstimo. Robe foi considerado
galicismo pelos puristas, que sugeriram em seu lugar o vocábulo roupão.
En passant, lembrei-me d'une petite chose: só
que eles – os puristas – esqueceram de combinar isso com os
ricos,
os chiques e os esnobes, que sempre usaram essa indumentária larga
e comprida (geralmente de mangas longas e própria para ser usada
em casa) e continuam a chamá-la de robe (ou de robe
de chambre). Agora, na
França, no
âmbito da culinária, batatas cozidas com casca são simpaticamente
chamadas de pommes
de terre en robe de chambre à
la vapeur. Eu não uso nem robe
nem roupão, mas gosto de batata vestidinha com robe de chambre,
que pode ser à la vapeur ou
sem ser à
la vapeur.
Bem,
isso tudo é uma tremenda frescura; mas batata com casca é
mais saborosa e mais nutritiva.
4.
Um dos meus pratos favoritos, que eu geralmente faço de madrugada,
é preparado com miojo, ovo frito (feito com duas claras e uma gema)
e duas bananas. Mas não vou me fazer de rogado: o que eu gosto mesmo
é de uma pasta asciutta – a velha e boa macarronada
clássica condimentada com molho de tomates ou com funghi.
Música
de fundo:
Funiculi
Funicula (Peppino Turco & Luigi Denza)
Fonte:
http://www.castelodossonhos.com/italianas.htm
Páginas
da Internet consultadas:
http://www.alfredo-roma.it/home.htm
http://www.renatovello.blogger.com.br/abismo.jpg