The Bucket List

 

 

Rodolfo Domenico Pizzinga

 

 

 

 

 

 

 

Sábado à noite, 22 de novembro de 2008, eu e minha mulher assistimos ao filme The Bucket List (Antes de Partir), com Jack Nicholson no papel do magnata Edward Cole e Morgan Freeman interpretando o mecânico Carter Chambers, dirigido por Rob Reiner e com roteiro de Justin Zackham. Algumas curiosidades sobre o filme: 1ª) Justin Zackham concluiu o roteiro de Antes de Partir em apenas duas semanas. Na época, ele já tinha Morgan Freeman em mente para interpretar Carter Chambers; 2ª) tanto Rob Reiner quanto Morgan Freeman, separadamente, sugeriram que Jack Nicholson fosse contratado para interpretar Edward Cole; 3ª) Jack Nicholson e Morgan Freeman rasparam a cabeça para atuar no filme; e 4ª) Jack Nicholson utilizou sua própria experiência no hospital em alguns diálogos e situações do filme. Os óculos escuros usados em cena por Jack Nicholson, por exemplo, foi uma sugestão do ator aceita pelo diretor Rob Reiner.

 

No filme, Carter Chambers (Morgan Freeman) é um homem casado, que há 46 anos trabalha como mecânico. Submetido a um tratamento experimental para combater o câncer, ele se sente mal no trabalho e com isso é internado em um hospital. Logo passa a ter como companheiro de quarto Edward Cole (Jack Nicholson), um rico empresário que é dono do próprio hospital. Edward deseja ter um quarto só para si, mas, como sempre pregou que em seus hospitais todo quarto precisa ter dois leitos para que sejam financeiramente viáveis, não pôde ter seu desejo atendido, pois isto afetaria sua reputação e a imagem de seus negócios. Edward também está com câncer e, após ser operado, descobre que tem poucos meses de vida. O mesmo acontece com Carter, que decide escrever uma lista da bota, algo que, muitas décadas atrás, seu professor de Filosofia na faculdade passou como trabalho. A lista consiste em desejos que Carter gostaria de realizar antes de bater as botas (to kick the bucket). Ao tomar conhecimento dela, Edward propõe que eles a realizem, o que faz com que ambos acabem por viajar pelo mundo para aproveitar seus últimos meses de vida. Entre outras peripécias, os dois foram conhecer o Taj Mahal, as pirâmides do Egito e a Muralha da China. Dinheiro não faltou para isto, pois Edward era riquíssimo. Se eu tivesse que resumir o filme em uma única frase eu diria que ele mostra que nunca é tarde demais para operarmos, consciente e volitivamente, uma transformação interior. Jack Nicholson (Edward Cole), no final do filme, diz que Morgan Freeman (Carter Chambers) havia salvo (mudado) sua vida. É mesmo impossível assistir ao filme e ficar indiferente ao comovente enredo.

 

Este filme me emocionou e, de certa forma, funcionou como uma espécie de catalisador para que eu relatasse, muito rapidamente, o que se seguirá, que é absolutamente verídico, e que sugerisse um exercício místico ao final, que eu mesmo pratico diariamente.

 

 

 

 

 

 

 

 

Eu devia ter uns dezoito anos quando tomei conhecimento da existência da Ordem Rosacruz - AMORC. Não dei a menor pelota. Na época, eu andava desencantado – na verdade, irritadíssimo – com as religiões que conhecera, e achei que a Ordem era mais um desses aglomerado de malucos religiosos atrás dos favores de um deus qualquer. Mas, em 1969, com vinte e três anos incompletos, passei por uma experiência emocional dolorosíssima – um namoro que não deu certo. No auge do meu desespero, certo dia, uma senhora me falou que havia entrado para uma fraternidade mística, e fez referência à AMORC. Eu só me lembro de ter dito algo mais ou menos assim: — É essa fraternidade que estou procurando. Aliás, eu já ouvi falar dela. Por favor, como eu faço contato? Confesso que eu devo ter sido mais um que pediu afiliação à Ordem por estar desanimado, desencorajado e desiludido. Lugar-comum que só é incomum para os raríssimos que merecem mesmo; não foi o meu caso. E assim, fui admitido na AMORC no comecinho de 1969, e nela permaneço até hoje, ainda que, no passado, com certos altos e baixos, isto porque jamais li uma monografia ou fiz um experimento místico sem me sentir confortável, harmonizado e honestamente preparado. Estar em dia é uma coisa inteiramente relativa. E, com isso, acabei de me lembrar de Omar Khayyam (1048 – 1131), que escreveu em uma de suas rubais: O que vale mais? Meditar em uma taverna ou implorar o Céu prosternado em uma mesquita? Eu nunca implorei o céu, mas também jamais fiz um exame de consciência quando minha vontade era de cair na borga ou de pecar. Portanto, cumprir obrigações, místicas ou quaisquer outras, apenas por cumprir ou para estar em dia, jamais esteve na minha agenda. Rapidinho e mal feito nunca fizeram a minha cabeça. E, por isto, meus sinceros altos e baixos místicos.

 

Mas, o que interessa é que a maioria das pessoas que se filia a uma organização mística, geralmente, tem (ou acaba tendo, mais cedo ou mais tarde) o desejo de curar os enfermos ou de ser um humilde instrumento de cura. Eu não fui exceção, tanto que decidi que em minha próxima encarnação serei médico e... Os Rosacruzes dos Graus Superiores sabem o que eu quis dizer com isto.

 

Este desejo de ajudar as pessoas doentes aflorou logo que eu entrei para Ordem. Para encurtar a narração, em uma certa época dos meus estudos Rosacruzes, ainda que isto tenha durado menos de um ano, eu andei envolvido com a escrita automática (psicografia). Como eu era absolutamente consciente ao psicografar, e como também minha natureza sempre tendeu para a mais absoluta liberdade, esta fase se esgotou rapidamente. Mas por que estou relatando isto? Por que, já quase no final desse breve período psicográfico, recebi, digamos assim, uma mensagem que me informava que nesta encarnação eu não deveria me envolver com qualquer tipo de cura. Portanto, definitivamente, curar as pessoas não seria a minha tarefa nesta encarnação. Minha humilde e despretensiosa missão era outra, mas eu só a conheceria bem mais tarde. Desta forma, tirei da cabeça a idéia generosa de curar as pessoas. Hoje, compreendo perfeitamente o teor da tal mensagem recebida, assunto que já discuti ligeira e circunstancialmente em textos anteriores, e que envolve, ao mesmo tempo, a sujeição humana à causalidade moral e a compensação adequada e educativa dos atos (bons e maus) praticados. As passagens do Evangelho de São Lucas XXI, 18 – mas não se perderá um cabelo da vossa cabeça – e do Evangelho de São Mateus X, 30 – Até os próprios cabelos da vossa cabeça estão todos contados – querem dizer exatamente isto.

 

 

Fonte da animação:
http://www.drs.ch/www/de/drs.html

 

 

 

 

 

 

 

O filme The Bucket List me trouxe à lembrança o sofrimento das pessoas. E sempre que penso nisto, me aparece, entre outras, por exemplo, a imagem de Ariel Scheinermann, mais conhecido como Ariel Sharon, que foi primeiro-ministro de Israel entre 7 de março de 2001 e 2006, tendo sido membro fundador dos partidos políticos Likud (que congrega a direita liberal, nacionalista e conservadora) e Kadima (atualmente o maior partido político israelense de ideologia centrista). No início de 2006, em pleno exercício do cargo de primeiro-ministro, Sharon sofreu um acidente vascular cerebral (AVC) e encontra-se em estado vegetativo permanente desde aí. Poder e dor! Sinceramente, do imo do meu Coração, desejo a Ariel Sharon e a todos os sofrentes paz e compreensão.

 

Algumas pessoas pensam que são eternas; que vão ficar para semente. Outras acham que têm o paraíso garantido por este ou por aquele motivo. Há um grupo, no qual se insere Edward Cole, o personagem interpretado por Jack Nicholson no filme The Bucket List, que vive na base do vai-da-valsa, cagando e andando para tudo, vivendo mais para rosetar do que para qualquer outra coisa. Há outros segmentos piores, mas não vêm ao caso agora. Mas, de maneira geral, ninguém admite que poderá dar com o rabo na cerca no segundo seguinte. E, por isto, comprometem a existência exagerando e desgastando o corpo físico como se ele fosse mulher de malandro, que como diz a música, quanto mais apanha, a ele (o malandro) tem amizade. Não existe essa de que pancada de amor não dói. Diabetes mellitus não dá em poste e AVC não dá em pedra. E assim, as ignorâncias e particularmente as maldades (que ignorâncias são) acabam desembocando em compensações educativas mais ou menos dolorosas. É como diz o ditado: Pau que dá em Chico também dá em Francisco. Impunidade é coisa que não viceja no Cósmico.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Nos meus vinte e dois anos, eu já tinha um entendimento razoável, ainda que preliminar, a respeito da Lei da Retribuição. Mas eu, teimosamente, queria ajudar as pessoas de qualquer jeito. Hoje, sei que uma interferência aleatória e voluntariosa na vida de alguém, principalmente nessa questão das doenças, é um erro emocional e grosseiro de avaliação. De uma maneira geral, pode-se dizer que absolutamente ninguém tem o direito de interferir no karma de ninguém. Quem interfere à bangu na vida alheia, seja lá de que forma for, acaba pagando o preço da interferência. Então, é impossível ajudar uma pessoa que está padecendo? Não. E é isto que pretendo comentar a seguir para concluir este documento.

 

Dependendo da forma como interferimos na vida de alguém, a interferência poderá se transformar em um dano irreparável ou na interrupção momentânea de um aprendizado necessário. Se não temos absoluta certeza de que nosso auxílio poderá ser efetivado de maneira espiritualmente concertada, o melhor é não fazer nada objetivamente. Isto pode até parecer cruel; todavia, psiquicamente, (quase) tudo poderá ser feito. Há diversas formas de auxiliarmos as pessoas em termos psíquicos, mas só farei referência a uma, pois tem caráter geral, é impessoal, silenciosa e não compromete o auxiliador.

 

Antes de dormir, depois de fazer suas orações habituais, coloque o que você entende como o seu Ser Espiritual em disponibilidade durante o sono, para que sirva aos propósitos benéficos e curativos do Cósmico. Evite, no geral, fazer um direcionamento deste voluntariado espiritual. Apenas se entregue impessoalmente como um instrumento do Deus do seu Coração e da Consciência Cósmica para servir à Humanidade onde sua presença psíquica for necessária. Não tenha a menor dúvida de que você será usado.

 

Um fato é incontestável: nossos últimos pensamentos, antes de dormir, imantarão e direcionarão, por assim dizer, nosso Espírito, Alma, Eu Interno ou o que seja exatamente para o plano vibratório destes mesmos pensamentos. Assim, portanto, se o desejo e o comando mental forem determinados no sentido de servir impessoalmente a uma causa meritória, repito: não tenha a menor dúvida de que você será usado. O que as Forças Cósmicas aliadas ao Summum Bonum mais necessitam, digamos assim, é de soldados do bem dispostos a servir em prol do Bem, da Beleza e do do Amor universais.

 

Finalmente, devo dizer que, provavelmente, você não se lembrará de nada. Isto é muito bom, por dois motivos: evita a germinação da vaidade e impede qualquer tipo de envolvimento emocional. Mas, com o tempo, pode ser que você acorde sabendo que algum ato meritório foi praticado enquanto dormiu. No mínimo, sentirá algo como que uma espécie de alegria decorrente de um dever cumprido.

 

 

 

 

 

 

 

Fundo musical:

Epilogue

Fonte:

http://br.geocities.com/mimifantasy01/midi.htm