(25 de Janeiro de 2006)

 

 

 

 

Rodolfo Domenico Pizzinga

 

 

Disseram hoje: O Brasil [está] virando onça!

Eu não acredito nem em homem nem em país cabra-onça

E – muito menos – em pirobologias político-econômicas.

Também não creio em decisões monetárias randômicas.

 

Acredito, sim, em trabalho e honestidade,

E em impersonalidade e eqüidade.

Mas, quem acredita em decisões monetárias randômicas

E em 'pirobolotecnias'1 político-econômicas?

 

Repeti, 'invertariando'2, para dar um certo destaque

À esse onomatopaico paico-paico-tique-taque.

E – ora onças! – também para poder rimar.

 

Com a taxa de rolha (e outras taxas) vigente,

Ninguém precisa ser vidente

Pra saber que essa onça vai miar!3

 

 

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Notas que não servem para absolutamente nada e que não valem a pena ser lidas:

1. 'Pirobolotecnia' = pirobologia + pirotecnia ou pirobologia2 ou pirotecnia2 (matematicamente não é a mesma coisa, mas finjamos que é). Explicando um pouco mais didaticamente: bololôpirobolotécnico. Não é a mesma coisa, mas finjamos que é.

2. 'Invertariando' = 'pirobolotécnica' de inverter + inventar + variar ao mesmo tempo sem nenhuma finalidade. O presente deste verbo é:

Eu 'invertario'

Tu 'invertarias'

Ele 'invertaria'

Nós 'invertariamos'

Vós 'invertariais'

Eles 'invertariam'

Exemplo de uma 'invertariação': O Brasil virando onça! (A frase original é assim!).

3. Uma outra frase com oito palavras define o meu desconsolado e contrafeito pensamento-desencanto a respeito de tudo isso: Urgentemente precisamos aprender a ter vergonha na fuça! Afinal, muitos brasileiros não são nefelibatas, e também não estão preocupados em levar sua bebida alcoólica predileta para restaurantes de luxo (pagando um determinado percentual do preço cobrado pela casa)! E tem mais: se essa onça não miar este ano (que é ano de eleição!), miará no ano que vem, que será um ano ótimo para miar! Só não miará se... Se... Se... Se... Se... Se... Se... Se... Se... Se... Se... Se... Se... Se... Se... Se... Se... Se... ... ... Bem, há uma remota possibilidade de a onça não miar. Para a 'bronça' (onça-BR) não miar (o que, no fundo, eu espero) precisa parar de mamar já já (stricto sensu e lato sensu) e trabalhar muito muito para competir de igual para igual com os Tigres Asiáticos — Coréia do Sul, Formosa (Taiwan), Hong Kong, Cingapura, Malásia, Tailândia e Indonésia. E com a China, que não é tigre, mas é mais do que tigre! Mas os tigres só são tigres porque dispõem de mão-de-obra barata (o que é um tremendo handicap), coisa-escravidão que no Brasil está acabando (o salário médio do trabalhador brasileiro em 2005 chegou a quase R$ 1.000,00 – ainda que o salário-mínimo continue escorchador). Lá, nas terras dos tigres, a cultura é conformista, há uma supervalorização da disciplina e da ordem e a intervenção do Estado em diversos setores econômicos é tolerada (no peito e na raça). Esse confortável e escravizante triângulo às avessas força a submissão dos trabalhadores tigrados produzindo como conseqüência uma das mais baratas mãos-de-obra do Planeta. Acorda Brasil!!! Não mia Brasil!!! Mas, por favor: não vire tigre. Ser onça é muito melhor!!!

 

 

 

 

 

 

 

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