BOMBAS-RELÓGIO

 

 

 

Terra

 

 

 

Rodolfo Domenico Pizzinga

 

 

 

 

 

 

Na tarde de 5 de novembro de 2015, rompeu-se a Barragem de Rejeitos de Mineração de Fundão, controlada pela Samarco Mineração S.A., localizada no subdistrito de Bento Rodrigues, a 35 km do centro do Município Brasileiro de Mariana, Minas Gerais. O rompimento da Barragem de Fundão é considerado o desastre industrial que causou o maior impacto ambiental da história brasileira e o maior do mundo envolvendo barragens de rejeitos, com um volume total despejado de 62 milhões de metros cúbicos. Ambientalistas consideraram que o efeito dos rejeitos no mar continuará por pelo menos mais cem anos.

 

Outra barragem da Mineradora Vale rompeu no início da tarde desta última sexta-feira, 25 de janeiro de 2.019, em Brumadinho, Cidade da região metropolitana de Belo Horizonte, em Minas Gerais, causando uma avalanche de lama e rejeitos de minério de ferro que soterrou parte da comunidade da Vila Ferteco, área rural do Município. Segundo a Vale, ao menos 300 funcionários atuavam no local no momento quando ocorreu o rompimento da Barragem na Mina Feijão, que estava desativada desde 2015. O novo desastre ambiental com uma barragem da Mineradora Vale ocorre pouco mais de três anos após a tragédia de Mariana.

 

Disse André Trigueiro (Rio de Janeiro, 30 de julho de 1966), jornalista brasileiro especializado em jornalismo ambiental, que anda emputecidamente rouco de tanto repetir a mesma coisa: O Brasil não aprendeu a lição do episódio Mariana. Em três anos não ocorreram mudanças relevantes nos protocolos de segurança, nem de remediação de crise, nem de redução de risco de rompimento de barragem. Se não existisse um clima de impunidade, é de se pensar que não estaríamos testemunhando o que aconteceu hoje... E ainda tem gente que defende a flexibilização do licenciamento ambiental, o autolicenciamento das empresas, o enfraquecimento do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis, mais conhecido pelo acrônimo IBAMA etc... Existem 450 barragens de rejeitos de minério apenas em Minas Gerais. Qual a real situação delas hoje? Que riscos oferecem? Quem licencia? Quem fiscaliza? Quantas novas tragédias ainda acontecerão até que essas bombas-relógio sejam desarmadas? Enfim, o órgão responsável legal pela fiscalização é a Agência Nacional de Mineração ANM (ex-Departamento Nacional de Produção Mineral DNPM). Em 2017, este órgão tinha pouco mais de 12 técnicos em seus quadros para a fiscalização de cerca de 600 barragens no Brasil. O pior é que muitas das mais altas autoridades brasileiras levam essa coisa ambiental no vai-da-valsa! Proteção ao meio ambiente e lucro sem limites são incompatíveis. Talvez, o maior exemplo disto seja o lucro-aquecimento planetário-global degenerado e sem-vergonha, causado por massivas emissões de gases que intensificam o efeito estufa, todos originados de uma série de atividades humanas desregradas, especialmente a queima de combustíveis fósseis e mudanças irresponsáveis no uso da terra, como o desmatamento, bem como de várias outras fontes desarmonizadoras secundárias.

 

 

 

 

 

 

Bento Rodrigues: 5 de novembro de 2.015.

Uma bomba-relógio anunciada e esperada explodiu.

Vazamento de rejeitos. Impacto ambiental.

Impactos econômico-sociais. Lucro dos fominhas.

Negligência no monitoramento. Vidas foram ceifadas.

Quousque tandem irresponsabilidade?

Quousque tandem impunidade?

 

Brumadinho: 25 de janeiro de 2.019.

Repeteco: outra bomba-relógio anunciada e esperada explodiu.

Vazamento de rejeitos. Impacto ambiental.

Impactos econômico-sociais. Lucro dos fominhas.

Negligência no monitoramento. Vidas foram ceifadas.

Quousque tandem irresponsabilidade?

Quousque tandem impunidade?

 

Não-se-sabe-onde: xx de yy de 2.zzz.

Será que mais bombas-relógio explodirão? Quantas?

Vazamento de rejeitos? Impacto ambiental?

Impactos econômico-sociais? Eterno lucro dos fominhas?

Negligência no monitoramento? Vidas serão ceifadas?

Quousque tandem irresponsabilidade?

Quousque tandem impunidade?

 

É difícil de acreditar. É revoltante constatar.

Entrementes, não adianta chiar nem chorar.

O fato é que ou respeitamos o meio ambiente

ou tragédias piores e repetidas acontecerão.

É desconsideração ambiental global...

É exploração desenfreada dos recursos naturais...

É... É... É... É... É... É... É... É... É... É... É... É...

 

Mas, o que será da Terra?

O que acontecerá com tudo?

O que acontecerá com as florestas?

O que acontecerá com os oceanos?

O que acontecerá com a perereca da vizinha?

O que acontecerá com o Ursus maritimus?

O que será do homem sem os animais?1

 

 

 

 

 

 

A Terra fala, mas, nós não ouvimos.

A Terra chora, mas, nós não escutamos.

A Terra geme, mas, nós não ligamos.

A Terra pede, mas, nós não atendemos.

A Terra avisa, mas, nós não estamos nem aí.

A Terra educa, mas, nós não mudamos.

A Terra manda a conta. Aí, nós pagamos.

 

 

 

 

 

 

_____

Nota:

1. Excerto da carta do Chefe Seattle (1786 – 1866), líder das tribos Suquamish e Duwamish, que, em 1855, respondeu à proposta do Presidente dos Estados Unidos Franklin Pierce (Hillsborough, 23 de novembro de 1804 – Concord, 8 de outubro de 1869), de comprar a terra dos índios. E disse mais: Se todos os animais desaparecessem, o homem morreria de solidão espiritual. Porque tudo o que aconteça aos animais pode afetar os homens. Tudo está relacionado. Deveis ensinar a vossos filhos que o chão onde pisam simboliza as cinzas de nossos ancestrais. Para que eles respeitem a Terra, ensinai a eles que ela é rica pela vida dos seres de todas as espécies. Ensinai a eles o que ensinamos aos nossos: que a Terra é a nossa mãe. Quando o homem cospe sobre a Terra, está cuspindo sobre si mesmo. O que fere a Terra fere também os filhos da Terra. O homem não tece a teia da vida; é antes um de seus fios. O que quer que fizer a esta teia, fará a si próprio. O fim do viver e o início do sobreviver.

 

 

Chefe Seattle

Chefe Seattle
(Única fotografia conhecida – 1864)

 

 

Música de fundo:

Earth Song Sound (gravação da NASA – real)

Fonte:

https://www.youtube.com/watch?v=_bnU6K1y468

 

Páginas da Internet consultadas:

https://beartistbeart.wordpress.com/

https://en.wikipedia.org/wiki/Chief_Seattle

https://www.paivanetto.com/pt/
desenvolvimento-sustentavel/carta-do-chefe-seattle

https://gifer.com/en/Wew

https://pt.wikipedia.org/wiki/Rompimento_de_barragem_em_Mariana

http://oplanetaberra.blogspot.com/2016/06/
o-aquecimento-global-em-8-gifs-e-1.html

https://pt.wikipedia.org/wiki/Aquecimento_global

https://www.revistaw3.com.br/noticias/2019/01/25/tragedia-em-
brumadinho-bombeiros-catarinenses-se-deslocam-para-mg.html

http://www.esquerdadiario.com.br/Empresas-autoras-e-impunes-
pela-tragedia-em-Mariana-ainda-nao-tem-plano-de-recuperacao

https://twitter.com/AgamenonDantas/status/1088939991231840256

https://www.gazetaonline.com.br/noticias/cidades/2019/01/brasil-nao
-aprendeu-licao-com-mariana--diz-especialista-1014165195.html

 

Direitos autorais:

As animações, as fotografias digitais e as mídias digitais que reproduzo (por empréstimo) neste texto têm exclusivamente a finalidade de ilustrar e embelezar o trabalho. Neste sentido, os direitos de copyright são exclusivos de seus autores. Entretanto, como nem sempre sei a quem me dirigir para pedir autorização para utilizá-las, se você encontrar algo aqui postado que lhe pertença e desejar que seja removido, por favor, entre em contato e me avise, que retirarei do ar imediatamente.