Rodolfo
Domenico Pizzinga
Zé
Boca Torta
Para
ele, não havia porta.
—
É. Eu fui o Zé Boca Torta.
—
Comigo, ninguém podia:
nem
cafifa, nem vadia.
—
Eu
cagava mole pros intelectos;
fossem
jovens ou mais
provectos.
—
Se eu mandasse, tava mandado;
valia
pra padre e pra delegado.
—
Eu
era um cara muito mau;
bem
pior que o Bimba-Catatau.
—
Fazia grandalhão se ajoelhar
e
estátua de pedra chorar.
—
Até
a nefária borrega
—
Não
sei porque eu era assim;
não
sei o que será de mim.
—
Um
dia, espero entender,
e,
quem sabe, enternecer.
—
Eu
já fiz mesmo tanto mal!
Foi
Beretta... Foi punhal...
—
Mas,
pedófilo, não fui não;
putinho
não é pra passar a mão.
—
Este pecado eu não perpetrei;
juro
por Cristo-Jesus-meu-Rei.
—
Essa
coisa de padre pedófilo
é
pior do que pervertido zoófilo;
mas
o pioríssimo disso tudo
é
cardeal que sabe e fica mudo!