Rodolfo Domenico Pizzinga

 

 

 

 

 

 

 

Paz aos budistas e ao Budismo.

Paz aos judeus e ao Judaísmo.

Paz aos cristãos e ao Cristianismo.

Paz aos islamitas e ao Islamismo.

 

O Papa Bento XVI é um estadista?

Sim; é o Chefe do Estado do Vaticano.

O 14º Dalai Lama1 é um estadista?

Também; é o líder do Governo Tibetano.2

 

Paz aos judeus e ao Judaísmo.

Paz aos cristãos e ao Cristianismo.

Paz aos islamitas e ao Islamismo.

Paz aos budistas e ao Budismo.

 

Joseph Ratzinger virá ao Brasil;

megaoperação3 protegerá o Digno Prelado.

Tenzin Gyatso esteve no Brasil;

quantos secretas protegeram o Lama Exilado?

 

Paz aos cristãos e ao Cristianismo.

Paz aos islamitas e ao Islamismo.

Paz aos budistas e ao Budismo.

Paz aos judeus e ao Judaísmo.

 

Estratégia política? Marketing religioso?

Isso tudo, para mim, é por demais exagerado,

aparatoso, extravagante e dispendioso,4

e não combina com o Cristianismo acreditado.

 

Paz aos islamitas e ao Islamismo.

Paz aos budistas e ao Budismo.

Paz aos judeus e ao Judaísmo.

Paz aos cristãos e ao Cristianismo.

 

 

 

Rio de Janeiro, madrugada de 9 de maio de 2007.

 

 

 

 

 

 

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Notas:

1. O Dalai Lama é reconhecido por todas as Escolas do Budismo tibetano, mas mais comumente está associado à Escola Gelug, uma reforma da antiga escola Kadampa fundada por Tsongkhapa (1357-1419). Os Dalai Lamas são reconhecidos como a manifestação de Avalokiteshvara, o Bodhisattva da Compaixão, cujo nome em tibetano é Chenrezig.

2. Quando a China comunista invadiu o Tibete, Sua Santidade teve que deixar Lhasa (17 de março de 1959), cruzando em segurança a fronteira para a Índia em 31 de março de 1959, onde foi calorosamente recebido e recebeu asilo. Desde 1960, o 14º Dalai Lama (Jampel Ngawang Lobsang Yeshe Tenzin Gyatso) lidera o Governo Tibetano no Exílio em sua base temporária, em Dharamsala – a Pequena Lhasa – a noroeste da Índia.

3. O esquema de segurança para a visita do Papa Bento XVI a São Paulo, entre os dias 9 e 13 de maio de 2007, reunirá mais de 10.000 homens na chamada Operação Arcanjo (3.200 do Exército, 5.000 policiais civis e militares, 400 policiais federais e 2.000 agentes da Companhia de Engenharia de Tráfego – CET). O efetivo será o dobro do utilizado na visita do presidente americano George W. Bush. Para a Operação Arcanjo, o Exército montou o Centro de Operações de Segurança Integrada – COSI, que contará com grupos de logística, inteligência, operações, comunicações e, ainda, com uma equipe para evitar qualquer tipo de ataque. São especialistas treinados em guerra química, guerra biológica e guerra nuclear que estarão a postos para impedir qualquer tipo de problema. A segurança do Sumo Pontífice prevê também, em todos os trajetos por onde passará o papamóvel, uma escolta composta de 15 carros da polícia e quatro helicópteros do Exército, além de 25 homens e soldados da Guarda Suíça, que vieram do Vaticano especialmente para proteger Sua Santidade. Pelo porte da Operação, ela deveria ter um nome mais adequado; latino talvez. Operatio Archangelus seria, quem sabe, mais concertado.

4. Mundo afora, milhões de pessoas morrem à míngua de doenças, de fome e de sede! Kiril Pablovich Lakota, Arcebispo Metropolitano de Lviv (Ucrânia), que acabaria se tornando o Papa Kiril I – o Papa que não existiu* – não concordaria com a auxese dessas homenagens e não aceitaria jamais esse aparato protetor-desmedido-pirobológico. Tudo isso me enfastia muito, me preocupa muito, me entristece muito e me faz suspirar muito. O mundo passa fome: somos todos irmãos, somos todos famintos!

* Da obra de Morris West, The Shoes of the Fisherman (As Sandálias do Pescador).

 

 

 

 

Música de fundo:

Dona Nobis Pacem

Fonte:

http://www.kardecnet.org.br/cvl/portal/dmdocuments/