Fui
bastante cumprimentado, em minha chegada [à
prisão], pelo sentinela da entrada, que tinha de tomar
meus dados pessoais. Ele perguntou qual era minha religião e eu respondi:
— agnóstico. Ele perguntou como se soletra, e comentou com
um suspiro: — Bem, existem muitas religiões, mas eu acho que
todas adoram o mesmo Deus. Este comentário me manteve animado por
cerca de uma semana.
O
homem é parte da Natureza, não algo que contrasta com a Natureza.
Não
possuir algumas das coisas que desejamos é parte indispensável
da felicidade.
O
gênero de aborrecimento de que sofre a população das
cidades modernas está intimamente ligado à sua separação
da vida da Terra. Esta separação torna o seu viver ardente,
poeirento e ansioso, tal como uma peregrinação no deserto.
Nos que são suficientemente ricos para escolher o seu gênero
de vida, o estigma peculiar de insuportável aborrecimento que os
distingue é devido, por muito paradoxal que isto possa parecer, ao
seu medo do aborrecimento. Ao fugirem do aborrecimento que é fecundo,
são vítimas de outro de natureza pior.
A
liberdade é algo maravilhoso, mas não quando o preço
que se paga por ela tem de ser a solidão.
Disseram-me
que os chineses me enterrariam próximo ao Lago Ocidental e construiriam
um tempo em memória a mim. Tenho um leve arrependimento de que isto
não tenha acontecido, pois eu poderia ter me tornado um deus, o que
teria sido muito chique para um ateu.
A Terra é um pequeníssimo
ponto no Universo. É um pequeno fragmento do sistema solar. O sistema
solar é um pequeno fragmento da Via Láctea. E a Via Láctea
é um pequeno fragmento dos muitos milhões de galáxias
reveladas pelos telescópios modernos. Neste insignificante ponto
do cosmos há um breve interlúdio entre dois longos períodos
estéreis em vida. Neste breve interlúdio, há outro
ainda mais curto que contém o homem. Se o homem é realmente
o objetivo do Universo, o prefácio parece um pouco longo demais.
Superestimar
a importância de nosso planeta sempre foi um dos defeitos dos teólogos
de todos os tempos.
Há
um tipo de gente presunçosa que gosta de afirmar que ‘tudo
é relativo’. Isto é claramente um absurdo, pois se tudo
fosse relativo, seria relativo em relação a quê? É
possível, porém, sem incorrer em absurdos metafísicos,
sustentar que tudo no mundo físico é relativo a um observador.
Mas esta idéia, quer ela seja verdadeira ou não, não
é a que a ‘Teoria da Relatividade’ adota. Talvez o nome
‘Teoria da Relatividade’ seja infeliz; não há
dúvida de que ele levou filósofos e pessoas pouco instruídas
a confusões. Eles imaginam que a nova Teoria prova que tudo no mundo
físico é relativo, quando, ao contrário, ela está
inteiramente empenhada em excluir o que é relativo e chegar a uma
formulação das leis físicas que não dependa
de maneira alguma das circunstâncias do observador. É verdade
que se descobriu que estas circunstâncias têm mais efeito sobre
o que aparece para o observador do que outrora se pensava, mas, ao mesmo
tempo, a ‘Teoria da Relatividade’ mostra como desconsiderar
esse efeito por completo. Essa é a fonte de quase tudo que ela tem
de surpreendente.
O
objetivo da Física é informar sobre o que realmente acontece
no mundo físico, e não apenas sobre as percepções
pessoais de observadores distintos. A Física deve, portanto, considerar
aquelas características que um processo físico tem para todos
os observadores, pois somente estas podem ser consideradas pertencentes
à própria ocorrência física. Isto requer que
as leis relativas aos fenômenos sejam as mesmas, quer os fenômenos
sejam descritos tal como aparecem para um ou para outro observador. Este
único princípio é o motivo gerador de toda a ‘Teoria
da Relatividade’.
Relatividade
da Simultaneidade
Animação editada da fonte:
http://commons.wikimedia.org/
Para uma mente de capacidade intelectual
suficiente, temo que a totalidade da Matemática possa parecer trivial,
tão trivial quanto o enunciado de que um animal de quatro patas é
um animal.
A
Matemática, vista corretamente, possui não apenas verdade,
mas também uma beleza fria e austera, como a da escultura, sem recurso
a qualquer parte da nossa fraca natureza, sem a linda pompa da pintura ou
da música, mas sublimemente pura e capaz de uma perfeição
rigorosa, como apenas a grande arte pode mostrar.
O
tempo que você gosta de perder não é tempo perdido.
Uma
das causas da infelicidade, da fadiga e da tensão nervosa é
a incapacidade para tomar interesse por tudo o que não tenha uma
importância prática na vida. Daí resulta que o consciente
está sempre ocupado com um número restrito de problemas, cada
um dos quais comporta certamente algumas inquietações e cuidados.
A não ser no sono, o consciente nunca repousa para o subconsciente
amadurecer gradualmente os problemas inquietantes. Sobrevém, assim,
a excitabilidade, a falta de prudência, a irritabilidade e a perda
do sentido das proporções. Tudo isto tanto são causas
como efeitos da fadiga. À medida que aumenta a fadiga no homem, diminuem
os seus interesses exteriores, e à medida que estes diminuem perde
o descanso que eles lhe proporcionavam... e se fatiga ainda mais.
Inveja
é a base da Democracia.
Cristo
disse: — Ama a teu próximo como a ti mesmo. E quando é
perguntado sobre quem é o seu próximo ensinou a Parábola
do Bom Samaritano. Se você deseja entender essa parábola como
foi entendida por seus ouvintes, você deve substituir 'alemães
e japoneses' por samaritano. Eu temo que os cristãos modernos ficariam
irritados com tal substituição, porque isto os incentivaria
a refletir quão longe eles ficaram dos ensinamentos do Fundador1
de sua religião.
O
trabalho é desejável, primeiro e antes de tudo como um preventivo
contra o aborrecimento, pois o aborrecimento que um homem sente ao executar
um trabalho necessário embora monótono, não se compara
ao que sente quando nada tem o que fazer.
O Wittgenstein2
tardio... parece ter se tornado cansado do pensamento sério e ter
inventado uma doutrina que faria uma tal atividade desnecessária.
Eu não acredito por um momento que a doutrina que tem estas conseqüências
preguiçosas seja verdade. Compreendo, no entanto, que tenho um preconceito
intensamente forte contra ele, pois se é certo, Filosofia é,
na melhor das hipóteses, uma pequena ajuda para lexicógrafos
e, na pior das hipóteses, um chá ocioso em mesa de diversão.
As
pessoas dirão que, sem os consolos da religião, elas seriam
intoleravelmente infelizes. Tanto quanto este argumento é verdadeiro,
também é covarde. Ninguém, senão um covarde,
escolheria conscientemente viver no paraíso dos tolos. Quando um
homem suspeita da infidelidade de sua esposa, não lhe dizem que é
melhor fechar os olhos à evidência. Não consigo ver
a razão pela qual ignorar as evidências deveria ser desprezível
em um caso e admirável no outro.
Afirma-se
– não sei com quanta veracidade – que um certo pensador
hindu acreditava que a Terra estava apoiada em um elefante. Quando lhe perguntaram
no que o elefante se sustentava, respondeu que se sustentava numa tartaruga.
Quando lhe perguntaram sobre o que a tartaruga se sustentava, ele disse:
— Estou cansado disso. Vamos mudar de assunto. Isso ilustra o caráter
insatisfatório do argumento da Causa Primeira.
Os
nossos pais nos amam porque somos seus filhos – este é um fato
inalterável. Nos momentos de sucesso, isto pode parecer irrelevante,
mas nas ocasiões de fracasso, oferecem um consolo e uma segurança
que não se encontram em qualquer outro lugar.
O
segredo da felicidade é o seguinte: deixar que os nossos interesses
sejam tão amplos quanto possível, e deixar que as nossas reações,
em relação às coisas e às pessoas, sejam tão
amistosas quanto possam ser.
Quantos
mais motivos de interesse um homem tem, mais ocasiões tem também
de ser feliz, e menos está à mercê do destino, pois
se perder um pode recorrer logo a outro.
A
vida é demasiado curta para nos permitir interessar-nos por todas
as coisas; mas é bom que nos interessemos por tantas quantas forem
necessárias para preencher os nossos dias.
Se
a todos nós fosse concedido o poder, como em num passe de mágica,
de ler a mente uns dos outros, suponho que o primeiro efeito seria que quase
todas as amizades se desfariam. O segundo efeito, entretanto, poderia ser
excelente, pois um mundo sem amigos seria sentido como intolerável,
e nós teríamos de aprender a gostar uns dos outros sem a necessidade
de um véu de ilusão para esconder de nós mesmos que
não nos consideramos uns aos outros pessoas absolutamente perfeitas.
Sabemos que os nossos amigos têm as suas falhas, e que, apesar disso,
são pessoas de um modo geral aprazíveis das quais gostamos.
Consideramos intolerável, no entanto, que tenham a mesma atitude
conosco. Esperamos que pensem que, ao contrário do resto da Humanidade,
nós não temos falhas. Quando somos compelidos a reconhecer
que temos falhas, tomamos esse fato óbvio com demasiada seriedade.
A
Humanidade transformou-se em uma grande família, tanto que não
podemos garantir a nossa própria prosperidade se não garantirmos
a prosperidade de todos. Se você quer ser feliz, precisa resignar-se
a ver os outros também felizes.
Se
você acha que sua crença é baseada na razão,
você a defenderá com argumentos e não pela força,
e renunciará a ela se seus argumentos se mostrarem inválidos.
Mas se sua crença se baseia na fé, você perceberá
que a discussão é inútil e, portanto, recorrerá
à força, ou na forma de perseguição ou anestesiando
e distorcendo as mentes das crianças no que é chamado 'educação'.
Todas as ciências exatas são
dominadas pela idéia da aproximação.
O
espírito é uma máquina estranha que pode realizar as
combinações mais extraordinárias com os materiais que
lhe são oferecidos, mas sem esses materiais do mundo exterior é
impotente; ao contrário da máquina de salsichas, é
ele que os tem de colher, pois os acontecimentos só se tornam experiências
graças ao interesse que por eles tomamos: se não nos interessam,
não nos dão nada deles. Por isto, o homem cuja atenção
se desvia para dentro de si nada encontra digno de observação,
ao passo que o homem atento a tudo o que o rodeia pode encontrar em si próprio,
nos raros momentos em que contempla a sua alma, um conjunto de elementos,
os mais variados e interessantes, para serem examinados e reunidos em motivos
belos ou instrutivos.
O
homem não é um animal solitário, e enquanto perdura
a vida em sociedade, a realização de si mesmo não pode
ser o supremo princípio moral.
Temer
o amor é temer a vida e os que temem a vida já estão
três partes mortos.
Uma das formas mais universais de
irracionalidade é a atitude tomada por quase toda a gente em relação
às conversas maldizentes. Muito poucas pessoas sabem resistir à
tentação de dizer mal dos seus conhecimentos e mesmo, se a
ocasião se proporciona, dos seus amigos; no entanto, quando sabem
que alguma coisa foi dita em seu desabono, enchem-se de espanto e indignação.
Certamente nunca lhes ocorreu ao espírito que da mesma forma que
dizem mal de não importa quem, alguém possa dizer mal deles.
Esta é uma forma atenuada da atitude que, quando exagerada, conduz
à mania da perseguição... Quando alguém ouve
dizer que alguém disse qualquer coisa desprimorosa a seu respeito,
lembra-se logo das noventa e nove vezes que reprimiu o desejo de exprimir,
sobre esse alguém, a crítica que considerava justa e merecida,
e se esquece da centésima vez em que, em um momento de desatenção,
afirmou a respeito dele o que julgava ser a verdade. Esta é a recompensa,
perguntará a si próprio, de toda a minha longa indulgência?
O problema, visto do lado oposto, apresenta-se de uma forma diferente: ele
nada sabe das noventa e nove vezes em que você se calou; conhece apenas
a centésima vez em que você falou.
Uma
vida feliz deve ser, em grande parte, uma vida tranqüila, pois só
em uma atmosfera calma pode existir o verdadeiro prazer.3
Aquilo
que os homens de fato querem não é o conhecimento, mas a certeza.
Há a idéia de que quando
se concede à razão inteira liberdade ela destrói todas
as emoções profundas. Esta opinião me parece devida
à uma concepção inteiramente errada da função
da razão na vida humana. Não é objetivo da razão
gerar emoções, embora possa ser parte da sua função
descobrir os meios de impedir que tais emoções sejam um obstáculo
ao bem-estar. Descobrir os meios de diminuir o ódio e a inveja é,
sem dúvida, parte da função da psicologia racional.
Mas é um erro supor que diminuindo essas paixões, diminuiremos
ao mesmo tempo a intensidade das paixões que a razão não
condena. No amor apaixonado, na afeição dos pais, na amizade,
na benevolência, na devoção às ciências
ou às artes, nada há que a razão deseje diminuir. O
homem racional, quando sente essas emoções, ficará
contente por as sentir, e nada deve fazer para diminuir a sua intensidade,
pois todas elas fazem parte da verdadeira vida, isto é, da vida cujo
objetivo é a felicidade, a própria e a dos outros. Nada há
de irracional nas paixões como paixões e muitas pessoas irracionais
sentem somente as paixões mais triviais. Ninguém deve recear
que ao optar pela razão torne triste a vida. Ao contrário;
pois a razão consiste, em geral, na harmonia interior. O homem que
a realiza sente-se mais livre na contemplação do mundo e no
emprego da sua energia para conseguir os seus propósitos exteriores,
do que o homem que é continuamente embaraçado por conflitos
íntimos. Nada é tão deprimente como estar fechado em
si mesmo, nada é tão consolador como ter a sua atenção
e a sua energia dirigidas para o mundo exterior.
Mais
do que qualquer outra coisa, é a ambição de possuir
que impede os homens de viverem de uma maneira livre e nobre.
O
truque da Filosofia é começar por algo tão simples
que ninguém ache digno de nota e terminar por algo tão complexo
que ninguém entenda.4
Na
vida, nunca se deveria cometer duas vezes o mesmo erro. Há bastante
por onde escolher.
O
ódio à razão, tão freqüente nos nossos
dias, é devido, em grande parte, ao fato de os movimentos da razão
não serem concebidos de uma forma suficientemente fundamental. O
homem dividido contra si mesmo procura estímulos e distrações;
ama as paixões fortes, não por razões profundas, mas
porque, momentaneamente, elas lhe permitem evadir-se de si próprio
e afastam dele a dolorosa necessidade de pensar. Toda a paixão é
para ele uma forma de intoxicação, e desde que não
pode conceber uma felicidade fundamental, a intoxicação parece-lhe
o único alívio para o seu sofrimento. Isto, no entanto, é
o sintoma de uma doença de raízes profundas. Quando não
há tal doença, a felicidade provém da plena posse das
suas faculdades. É nos momentos em que o espírito está
mais ativo, em que menos coisas são esquecidas que se sentem alegrias
mais intensas. Esta é, sem dúvida, uma das melhores pedras
de toque da felicidade. A felicidade que exige intoxicação
de não importa que espécie, é falsa e não dá
qualquer satisfação. A felicidade que satisfaz verdadeiramente
é acompanhada pelo completo exercício das nossas faculdades
e pela compreensão plena do mundo em que vivemos.
A
indução propõe, talvez, o mais difícil
problema em toda a teoria do conhecimento. Toda lei científica é
estabelecida por seu intermédio, e, no entanto, é difícil
ver porque a julgaríamos um processo lógico válido.
A indução, em seu fundamento, consiste do seguinte argumento:
já que A e B têm sido encontrados juntos muitas vezes, e jamais
separados, quando A for encontrado outra vez, B provavelmente o será
também. Isto ocorre, primeiro, como 'inferência fisiológica',
e, como tal, é praticado por animais. Quando começamos a refletir,
nós nos descobrimos a fazer induções no sentido fisiológico;
por exemplo, à espera de que o alimento que vemos possua um certo
gosto. Com freqüência, só nos damos conta desta expectativa
quando ela nos desaponta, isto é, se provamos sal julgando ser açúcar.
A felicidade solitária não
é felicidade.
Uma
vida demasiado repleta de agitação é uma vida esgotante
que continuamente exige estímulos mais fortes para provocar as emoções
que acabam por ser consideradas parte essencial do prazer. Uma pessoa habituada
a demasiada agitação é comparável à que
tem um desejo mórbido de pimenta e acaba por ser incapaz de lhe apreciar
o sabor numa quantidade que sufocaria qualquer outra pessoa. Há sempre
um certo aborrecimento quando se evita em demasia a agitação,
mas, por sua vez, a agitação demasiada não só
enfraquece a saúde como embota o gosto para toda a espécie
de prazeres, substituindo titilações por profundas satisfações
orgânicas, habilidade por inteligência e impressões fugidias
por beleza. Não pretendo exagerar os perigos da agitação.
Uma certa quantidade talvez seja saudável; mas como em quase todas
as outras coisas, o problema é de ordem quantitativa. Uma dose demasiado
pequena pode gerar desejos mórbidos e o abuso pode produzir o esgotamento.
Certa capacidade para suportar o aborrecimento é, pois, essencial
a uma vida feliz, e isso era uma das coisas que deviam ser ensinadas aos
jovens.
Um
dos paradoxos dolorosos do nosso tempo reside no fato de serem os estúpidos
os que têm a certeza, enquanto os que possuem imaginação
e inteligência se debatem em dúvidas e indecisões.
Nada
pode ser criado em um lado senão à custa da dissolução
no outro.
Os
interesses comuns do gênero humano são enumeráveis e
ponderáveis, porém a maquinaria política existente
obscurece-os por causa da luta em torno do poder entre diferentes nações
e partidos. Máquina diferente – que não exigisse modificações
legislativas ou constitucionais e que não fosse muito difícil
de criar – minaria a fortaleza da paixão nacional e partidária
e focalizaria a atenção sobre medidas benfazejas a todos,
em vez de concentrá-la em prejudicar o inimigo. No meu entender,
é por esta diretriz, e não pelo governo nacionalmente partidário,
que se encontrará a saída dos perigos que atualmente ameaçam
a civilização. O saber e a boa vontade existem; ambos, porém,
continuarão impotentes enquanto não possuírem órgãos
próprios para se fazerem ouvir.
O
fato de uma opinião ser amplamente compartilhada não é
nenhuma evidência de que não seja completamente absurda; de
fato, tendo-se em vista a maioria da Humanidade, é mais provável
que uma opinião difundida seja mais tola do que sensata.
A maior parte das pessoas prefere
morrer a pensar; na verdade, é isso que fazem.
A
respeitabilidade, a regularidade, a rotina – toda a disciplina de
ferro forjada na moderna sociedade industrial – atrofiaram o impulso
artístico e aprisionaram o amor de forma tal que não mais
pode ser generoso, livre e criador, tendo de ser ou furtivo ou pedante.
Aplicou-se controle às coisas que mais deveriam ser livres, enquanto
a inveja, a crueldade e o ódio se espraiam à vontade com as
bênçãos de quase toda a bisparia. O nosso equipamento
instintivo consiste em duas partes – uma que tende a beneficiar a
nossa própria vida e a dos nossos descendentes, e outra que tende
a atrapalhar a vida dos supostos rivais. Na primeira, incluem-se a alegria
de viver, o amor e a arte, que psicologicamente é uma conseqüência
do amor. A segunda, inclui competição, patriotismo e guerra.
A moral convencional tudo faz para suprimir a primeira e incentivar a segunda.
A moral verdadeira faria exatamente o contrário. As nossas relações
com os que amamos podem ser perfeitamente confiadas ao instinto; são
as nossas relações com aqueles que detestamos que deveriam
ser postas sob o controle da razão. No mundo moderno, aqueles que
de fato detestamos são grupos distantes, especialmente nações
estrangeiras. Concebêmo-las no abstrato e engodamo-nos para crer que
os nossos atos (na verdade manifestações de ódio) são
cometidos por amor à justiça ou outro motivo elevado. Apenas
uma forte dose de cepticismo pode rasgar os véus que nos ocultam
essa verdade. Uma vez que o consigamos, poderíamos começar
a construir uma nova moral, não baseada na inveja e na restrição,
mas no desejo de uma vida pródiga e a percepção de
que outros seres humanos são um auxílio e não um obstáculo,
uma vez curada a loucura da inveja. Não é uma esperança
utópica; foi parcialmente realizada na Inglaterra isabelina. Poderia
ser realizada amanhã se os homens aprendessem a procurar a própria
felicidade em lugar de provocar a desgraça alheia. Não se
trata de moral impossivelmente austera, e, no entanto, a sua adoção
transformaria o Planeta em um paraíso.
O
homem, hoje, para ser salvo, só tem necessidade de uma coisa: abrir
o coração à alegria.5
As
equações não explodem.6
A
experiência não permite nunca atingir a certeza
absoluta. Não devemos procurar obter mais do que uma probabilidade.7
O
nosso mundo vive demasiado sob a tirania do medo, e insistir
em mostrar os perigos que o ameaçam só pode conduzi-lo à
apatia da desesperança. O contrário é que é
preciso: criar motivos racionais de esperança, razões positivas
de viver. Precisamos mais de sentimentos afirmativos do que de negativos.
Se os afirmativos tomarem toda a amplitude que justifique um exame estritamente
objetivo da nossa situação, os negativos desagregar-se-ão,
perdendo a sua razão de ser. Mas se insistirmos em demasia nos negativos,
nunca sairemos do desespero.
Pedir
demasiado é a maneira mais segura de receber ainda menos do que é
possível.8
As
crenças comuns são convencidas, incertas e, em si mesmas,
contraditórias.
A
essência do fanatismo consiste em considerar determinado problema
como tão importante que ultrapasse qualquer outro. Os bizantinos,
nos dias que precederam a conquista turca, entendiam ser mais importante
evitar o uso do pão ázimo na comunhão do que salvar
Constantinopla para a cristandade. Muitos habitantes da península
indiana estão dispostos a precipitar o seu País na ruína
por divergirem numa questão importante: saber se o pecado mais detestável
consiste em comer carne de porco ou de vaca. Os reacionários amercianos
prefiririam perder a próxima guerra do que empregar nas investigações
atômicas qualquer indivíduo cujo primo em segundo grau tivesse
encontrado um comunista em alguma região. Durante a Primeira Guerra
Mundial, os escoceses sabatários, a despeito da escassez de víveres
provocada pela atividade dos submarinos alemães, protestavam contra
a plantação de batatas ao domingo e diziam que a cólera
divina, devido a este pecado, explicava os nossos malogros militares. Os
que opõem objeções teológicas à limitação
dos nascimentos, consentem que a fome, a miséria e a guerra persistam
até ao fim dos tempos porque não podem esquecer um texto,
mal interpretado – o Gênese. Os partidários entusiastas
do Comunismo, tal como os seus maiores inimigos, preferem ver a raça
humana exterminada pela radioatividade do que chegar a um compromisso com
o mal – Capitalismo ou Comunismo, segundo o caso. Tudo isto são
exemplos de fanatismo. Em cada comunidade há um certo número
de fanáticos por temperamento. Alguns desses fanáticos são
essencialmente inofensivos e os outros não fazem mal enquanto os
seus partidários forem pouco numerosos ou estiverem afastados do
poder. Os «amish» na Pensilvânia pensam que é mau
usar botões; isto é completamente inofensivo, salvo na medida
em que revela um estado de espírito absurdo. Alguns protestantes
extremistas gostariam de ressuscitar a persguição aos católicos;
essas pessoas só serão inofensivas enquanto forem em pequeno
número. Para que o fanatismo se torne uma ameaça séria
é preciso que possua bastantes partidários para pôr
a paz em perigo, internamente por meio de uma guerra civil ou externamente
por uma cruzada, ou quando, sem guerra civil, estabeleça uma Lei
dos Santos que implique na perseguição e na estagnação
mental. No passado, o melhor exemplo da história é o reinado
da Igreja desde o século IV ao século XVI. Para curar o fanatismo
– salvo nas aberrações raras dos indivíduos excêntricos
– são necessárias três condições:
segurança, prosperidade e educação liberal.
Um
pensamento e uma percepção não são muito diferentes
em sua própria natureza. Se a Física está correta,
eles divergem em suas correlações: quando vejo uma cadeira,
outros têm percepções mais ou menos idênticas,
e acredita-se que estas percepções estão associadas
às ondas de luz provenientes da cadeira, enquanto que, quando eu
formulo um pensamento, outros talvez não estejam pensando em algo
idêntico. Mas isto se aplica também a uma sensação
de dor de dente, o que normalmente não seria considerado um caso
de introspecção. Em resumo, portanto, parece não haver
razão para considerarmos a introspecção um gênero
diferente de conhecimento em relação à percepção
externa.
Para
sermos felizes, devemos deixar de lado a certeza da nossa breve existência.
Precisamos nos considerar como parte de uma corrente contínua que
corre desde o primeiro germe até um futuro remoto e desconhecido.
Se
a paz não puder ser mantida com honra, deixa de ser paz.
O
elemento puramente instintivo não constitui senão uma pequena
parte do ódio racial, e não é difícil de vencer.
O medo do que é estrangeiro, que é a sua principal essência,
desaparece com a familiaridade. Se nenhum outro elemento o formasse, toda
a perturbação desapareceria logo que pessoas de raças
diferentes se habituassem umas às outras. Mas há sempre pretextos
para se odiarem os grupos estrangeiros. Os seus hábitos são
diferentes dos nossos e portanto (em nossa opinião) piores. Se triunfam,
é porque nos roubam as oportunidades; se não triunfam, é
porque são miseráveis vagabundos. A atual população
do mundo descende dos sobreviventes de longos séculos de guerras
e, por instinto, está à espreita de ocasiões de hostilidade
coletiva.
É
importante aprender a não se aborrecer com opiniões diferentes
das suas, mas se dispor a trabalhar para entender como elas surgiram. Se
depois de entendê-las ainda lhe parecerem falsas, então, poderá
combatê-las com mais eficiência do que se você tivesse
se mantido simplesmente chocado.
Quão
frágil e inerme é a razão! No entanto, é nosso
único instrumento.
Pode
se evitar a guerra por algum tempo por meio de paliativos, expedientes ou
uma diplomacia sutil, mas tudo isto é precário, e enquanto
durar o nosso sistema político atual, pode ser considerado como quase
certo de que grandes conflitos haverão de surgir de vez em quando.
Isto acontecerá inevitavelmente enquanto houver diferentes Estados
soberanos, cada um com as suas forças armadas e juiz supremo dos
seus próprios direitos em qualquer disputa. Há somente um
meio de o mundo poder se libertar da guerra: é a criação
de uma autoridade mundial única, que possua o monopólio de
todas as armas mais perigosas. Para que um governo mundial pudesse evitar
graves conflitos, seria indispensável possuir um mínimo de
poderes. Em primeiro lugar precisava de ter o monopólio de todas
as principais armas de guerra e as forças armadas necessárias
para o seu emprego. Deveria também tomar as precauções
indispensáveis, quaisquer que fossem, para assegurar, em todas as
circunstâncias, a lealdade dessas forças ao governo central.
O
governo mundial teria de formular, portanto, certas regras relativas ao
emprego das suas forças armadas. A mais importante determinaria que,
em qualquer conflito entre dois Estados, cada um teria de se submeter às
decisões da autoridade mundial. Todo o emprego da força, de
um Estado contra o outro tornaria o agressor um inimigo público e
implicaria o emprego, contra ele, das forças armadas do governo mundial.
Estes seriam os poderes essenciais para salvaguardar a paz. Uma vez conseguidos,
outros se lhes seguiriam. Haveria necessidade de corpos constituídos
para desempenhar as funções legislativas e judiciais; mas
tais corpos desenvolver-se-iam naturalmente se as condições
militares fossem realizadas. O que é difícil e vital é
dotar de uma força irresistível a autoridade central. O
governo mundial pode ser democrático ou totalitário; pode
ter a sua origem no consentimento ou na conquista; pode ser o governo nacional
de um Estado que conseguiu conquistar o mundo ou, pelo contrário,
uma autoridade em que cada Estado, ou cada ser humano, tenha iguais direitos.
Por minha parte creio que se tal governo se constituir um dia será
à base do consentimento nalgumas regiões e à base da
conquista noutras. Em uma guerra mundial entre dois grupos de nações,
pode suceder que os vencedores desarmem os vencidos e comecem a governar
o mundo por meio de instituições unificadoras desenvolvidas
durante o conflito. Gradualmente, à medida que se desvaneça
a hostilidade provocada pela guerra, as nações vencidas poderão
ser admitidas como associadas. Não creio que a espécie humana
tenha suficiente habilidade política ou um elevado espírito
de tolerância para estabelecer um governo mundial somente à
base do consentimento. Por isto, penso que um elemento de força deve
ser necessário, tanto para o seu estabelecimento como para a sua
proteção durante os primeiros anos.
Medo
coletivo estimula o instinto de rebanho e tende a produzir ferocidade contra
aqueles que não são considerados como membros do rebanho.
O
maior desafio para qualquer pensador é enunciar o problema de tal
modo que possa permitir uma solução.9
Há
duas épocas na vida – infância e velhice – em que
a felicidade está em uma caixa de bombons.
Os
cientistas se esforçam por fazer possível o imposível;
os políticos por fazer o possível impossível.
O
espírito de competição, considerado como a principal
razão da vida, é demasiado inflexível, demasiado tenaz,
demasiado composto de músculos tensos e de vontade decidida para
servir de base possível à existência durante mais de
uma ou duas gerações. Depois desse espaço de tempo,
deve produzir-se uma fadiga nervosa, vários fenômenos de evasão,
uma procura de prazeres tão tensa e tão penosa como o trabalho
(pois o afrouxamento se tornou impossível) e, finalmente, a desaparição
da raça devido à esterilidade. Não somente o trabalho
é envenenado pela filosofia que exalta o espírito de competição,
mas os ócios o são na mesma medida. O gênero de descanso
que acalma e restaura os nervos chega a ser aborrecimento. Produz-se fatalmente
uma aceleração contínua cujo fim normal são
as drogas e a ruína. O remédio consiste na aceitação
de uma alegria sã e serena como elemento indispensável ao
equilíbrio ideal da vida.
Existe
um artista aprisionado em cada um de nós. Deixe-o solto para espalhar
alegria por toda parte.
Os
homens nascem ignorantes, não estúpidos. Eles se tornam estúpidos
pela [falta de]
educação.
Muitos
indivíduos ortodoxos dão a entender que é papel dos
céticos refutar os dogmas apresentados – em vez de os dogmáticos
terem de prová-los. Esta idéia, obviamente, é um erro.
De minha parte, poderia sugerir que entre a Terra e Marte há um pote
de chá chinês girando em torno do Sol em uma órbita
elíptica, e ninguém seria capaz de refutar minha asserção,
tendo em vista que teria o cuidado de acrescentar que o pote de chá
é pequeno demais para ser observado mesmo pelos nossos telescópios
mais poderosos. Mas se afirmasse que, devido à minha asserção
não poder ser refutada, seria uma presunção intolerável
da razão humana duvidar dela, com razão pensariam que estou
falando uma tolice. Entretanto, se a existência de tal pote de chá
fosse afirmada em livros antigos, ensinada como a verdade sagrada todo domingo
e instilada nas mentes das crianças na escola, a hesitação
de crer em sua existência seria sinal de excentricidade.10
As
vantagens do aumento da amplitude das unidades sociais são principalmente
evidentes em caso de guerra. De resto, em todos os tempos, a guerra foi
a causa principal desse crescimento, da transformação das
famílias em tribos, das tribos em nações e das nações
em coligações. Mas, muito embora seja grande o interesse das
nações poderosas em triunfar, algumas começam a compreender
que há qualquer coisa preferível à própria vitória,
que é evitar a guerra. No passado, a guerra era às vezes uma
empresa proveitosa. A Guerra dos Sete Anos, por exemplo, proporcionou aos
ingleses excelente rendimento em relação ao capital nela empregado,
e os lucros conseguidos pelos vencedores nas guerras primitivas foram ainda
mais evidentes. Mas o mesmo não sucede nos conflitos modernos, por
duas razões principais: primeiro, porque os armamentos se tornaram
extremamente caros; segundo, porque os grupos sociais envolvidos em uma
guerra moderna são muito importantes. É um erro pensar que
a guerra moderna é mais destruidora de vidas do que o foram os conflitos
menos importantes de outrora. Antigamente, a percentagem das perdas em relação
aos efetivos envolvidos na luta era, por vezes, tão elevada como
hoje; e além das perdas em combate, as mortes causadas pelas epidemias
eram em geral numerosas. Repetidamente se encontra, na história antiga
e medieval, notícia de exércitos inteiros praticamente exterminados
pela peste. A bomba atômica,11
evidentemente, é mais espetacular; mas mesmo onde ela foi
empregada, a taxa de mortalidade não foi tão forte como em
muitas outras guerras anteriores. A população do Japão
aumentou cerca de cinco milhões durante a Segunda Guerra Mundial,
ao passo que se calcula que a população da Alemanha, durante
a Guerra dos Trinta Anos, ficou reduzida à metade. De um modo geral,
não é verdade que a mortalidade causada pela guerra aumente
com o aumento de eficiência das armas empregadas.
Se
o Universo tivesse um criador, não seria muito razoável supor
que estaria especialmente preocupado com o pequeno grão em que vivemos.
E, se não estivesse, seus valores deveriam ser diferentes dos nossos,
visto que na imensa maioria das regiões a vida é impossível.
Há um argumento moral para a crença em Deus, que foi popularizado
por William James.11
De acordo com este argumento, devemos crer em Deus porque, caso contrário,
não nos comportaríamos bem. A primeira e maior objeção
a esse argumento é que, no melhor dos casos, não pode provar
que há um Deus, mas apenas que políticos e educadores devem
tentar fazer as pessoas pensarem que há um. Se isto deve ser feito
ou não, é uma questão política e não
teológica. Este argumento é do mesmo gênero daqueles
que sustentam que as crianças devem ser ensinadas a respeitar a bandeira
nacional. Um homem com um mínimo de religiosidade genuína
não ficará satisfeito com a idéia de que a crença
em Deus é útil; ele desejará saber se, de fato, existe
um Deus. É absurdo pensar que as duas questões são
a mesma coisa. Nas escolas infantis, a crença no papai Noel é
útil, mas homens adultos não pensam que isto prova a real
existência do papai Noel. Visto que não estamos discutindo
política, podemos considerar suficiente esta refutação
do argumento moral, mas talvez valha a pena ir um pouco mais a fundo. Primeiramente,
é muito duvidoso se a crença em Deus implica todos os efeitos
morais benéficos que lhe são atribuídos. Muitos dos
melhores homens da história foram descrentes; John Stuart Mill talvez
sirva como exemplo. E muitos dos piores homens da história foram
crentes; disso temos inúmeros exemplos – talvez Henrique VIII
sirva como um.
Não
há fundamentação para a idéia de que as crenças
teológicas devem ser sustentadas por sua utilidade, sem consideração
à veracidade.
A
todo o homem, cedo ou tarde, chega a grande renúncia. Para o jovem
não existe nada inalcançável. Que algo bom e desejado
com toda a força de uma vontade apaixonada seja impossível,
não lhe parece crível. Mas, ou por meio da morte ou da doença,
da pobreza ou da voz do dever, cada um de nós é forçado
a aprender que o mundo não foi feito para nós, e que, não
importa quão belas sejam as coisas que almejamos, o destino pode,
não obstante, proibi-las. É parte da coragem, quando a adversidade
vem, suportá-la sem lamentar a derrocada das nossas esperanças,
afastando os nossos pensamentos de vãos arrependimentos. Esse grau
de submissão não é somente justo e correto: ele é
o Portal da Sabedoria.
Devemos apoiar-nos em nossos próprios
pés e olhar o mundo honestamente – as coisas boas, as coisas
más, suas belezas e suas fealdades; ver o mundo como ele é,
e não temê-lo. Conquistar o mundo por meio da inteligência,
e não apenas abjetamente, subjugados pelo terror que ele nos desperta.
Toda a concepção de Deus é uma concepção
derivada dos antigos despotismos orientais. É uma concepção
inteiramente indigna de homens livres. Quando vemos na igreja pessoas a
depreciar a si próprias e a dizer que são miseráveis
pecadores e tudo o mais, tal coisa nos parece desprezível e indigna
de criaturas humanas que se respeitem. Devemos levantar-nos e encarar o
mundo de frente, honestamente. Devemos fazer do mundo o melhor que nos seja
possível, e se o mesmo não é tão bom quanto
desejamos, será, afinal de contas, ainda melhor do que esses outros
fizeram dele durante todos estes séculos. Um mundo bom necessita
de conhecimento, bondade e coragem; não precisa de nenhum anseio
saudoso pelo passado, nem do encarceramento das inteligências livres
por meio de palavras proferidas há muito tempo por homens ignorantes.
Necessita de uma perspectiva intemente e de uma inteligência livre.
Necessita de esperança para o futuro, e não passar o tempo
todo voltado para trás, para um passado morto, que, assim o confiamos,
será ultrapassado de muito pelo futuro que a nossa inteligência
pode criar.12
Código
de Conduta
Bertrand
Russell
1.
Não tenhas certeza absoluta de nada.
2.
Não consideres que valha a pena proceder escondendo evidências,
pois as evidências inevitavelmente virão à
luz.
3.
Nunca tentes desencorajar o pensamento, pois, com certeza, tu
terás sucesso.
4.
Quando encontrares oposição, mesmo que seja de teu
cônjuge ou de tuas crianças, esforça-te para
superá-la pelo argumento, e não pela autoridade,
pois uma vitória dependente da autoridade é irreal
e ilusória.
5.
Não tenhas respeito pela autoridade dos outros, pois há
sempre autoridades contrárias a serem achadas.
6. Não uses o poder para suprimir opiniões que consideres
perniciosas, pois as opiniões irão suprimir-te.
7.
Não tenhas medo de possuir opiniões excêntricas,
pois todas as opiniões hoje aceitas foram um dia consideradas
excêntricas.
8.
Encontres mais prazer em desacordo inteligente do que em concordância
passiva, pois, se valorizares a inteligência como deverias,
o primeiro será um acordo mais profundo que a segunda.
9.
Sê escrupulosamente verdadeiro, mesmo que a verdade seja
inconveniente, pois será mais inconveniente se tentares
escondê-la.
10.
Não tenhas inveja daqueles que vivem em um paraíso
de tolos, pois apenas um tolo o consideraria um paraíso.
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