A QUESTÃO DO BEM E DO MAL

 

 

 

Rodolfo Domenico Pizzinga

 

 

 

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A Filosofia Arcaica não reconhece o Bem e o Mal como poderes fundamentais ou independentes, mas, a partir do Todo Absoluto (Eterna Perfeição Universal), ambos derivam, seguindo o curso da evolução natural, da LLuz Pura que se condensa gradualmente na forma, e aqui se tornando matéria ou mal. Aos primeiros padres cristãos ignorantes coube degradar a idéia filosófica e altamente científica deste emblema, transformando-o na superstição absurda chamada "diabo". O símbolo primitivo da serpente sempre representou a Sabedoria e a Perfeição Divinas, e a serpente sempre foi considerada como equivalente à Regeneração Psíquica e à Imortalidade. O curioso é esses primeiros padres cristãos ignorantes esqueceram que Jesus aceitou a serpente como sinônimo de Sabedoria, e isto fazia parte de Seus Ensinamentos: Sejam tão perspicazes como a serpente, dizia Ele. [In: A Doutrina Secreta, de autoria de Helena Petrovna Blavatsky.]

 

 

 

Erro

 

 

les me disseram,

me doutrinaram,

me envenenaram,

me enfiaram goela abaixo

e me fizeram acreditar

que Deus existe,

que é Pai Onipotente,

que o Deus Verdadeiro é o católico,

que os outros Deuses são falsos,

que o Mestre Jesus é (filho de) Deus,

que Jesus Cristo e que Cristo Jesus,

que o diabo existe,

que o Sanguanel existe,

que Mamon existe,

que Azazel existe,

que Asmodeus existe,

que Leviatã existe,

que Belfegor existe,

que o céu existe,

que o purgatório existe,

que o limbo existia, mas, que não existe mais,

que Platão e Sócrates, que moravam no limbo,

foram promovidos, e, agora, moram no céu,

que as cruzadas foram necessárias,

que a casa em que se achar exposta e venerada

a imagem do Sagrado Coração está abençoada,

que os devotos do Sagrado Coração serão

consolados em todas as suas aflições,

que a todos os que comunguem

nas primeiras sextas-feiras de nove meses consecutivos

será dada a graça da salvação eterna,

que a inquisição foi necessária,

que as torturas inquisitoriais foram necessárias,

que as fogueiras inquisitoriais foram necessárias,

que Joana D’Arc morreu assada porque mereceu,

que Giordano Bruno morreu torrado porque mereceu,

que o Malleus Maleficarum foi necessário,

que Tomás de Torquemada foi necessário,

que D. Diogo da Silva foi necessário,

que a queima das bruxas foi necessária,

que a calcinação dos hereges foi necessária,

que a perseguição aos judeus foi necessária,

que a extinção da Ordem dos Templários foi necessária,

que o massacre dos cátaros foi necessário,

que o tesouro do Vaticano é necessário,

que o envenenamento de João Paulo I foi necessário,

que o inferno existe,

que os pecados (veniais, mortais e capitais) existem,

que o Pecado Original existe,

que a cobra paradisíaca tentadora existe,

que a História da Maçã é verdadeiríssima

(Maçã que o Haroldo Lobo disse que comeria,

Maçã que o Milton de Oliveira disse que comeria,

Maçã que o Jorge Veiga disse que comeria

e Maçã que eu, hoje, também, comeria),

que a automortificação é necessária,

que a antropomorfização é necessária,

que o celibato é necessário,

que o eremitismo é necessário,

que o dízimo é necessário,

que quem não dizima está 'jodido y mal pagado',

que ajoelhar é necessário,

que a abstinência de alimentos é necessária,

que, em certas datas especiais preestabelecidas,

fazer apenas uma refeição diária é necessário,

que se persignar é necessário,

que beijar a mão de padre é necessário,

que o apoio às ditaduras foi necessário,

que as concordatas vaticanas foram necessárias,

que se confessar é necessário,

que comungar é necessário,

que a invenção dos milagres foi necessária,

que a censura à Teologia da Libertação1 foi necessária,

que participar das procissões é necessário,

que participar das feiras paroquiais é necessário,

que dar aos pobres para emprestar a Deus é necessário,

que emprestar a Deus para não ficar pobre é necessário,

que a fé e a esperança são necessárias,

que acreditar na infalibilidade papal é necessário,

que acreditar na santidade dos santos é necessário,

que acreditar nos tridentes dos diabos é necessário,

que a punição divina existe,

que a excomunhão existe,

que a condenação eterna existe,

que o perdão existe,

que a venda de indulgências foi útil e necessária,

que indulgência parcial existe,

que indulgência plenária existe,

que a salvação eterna existe,

que o prêmio celestial existe,

que São Longuinho faz achar trecos perdidos,

que Santo António arruma casamento,

que São Fiacro cura hemorróidas,

que Santa Apolônia protege os dentistas,

que Santa Edwiges protege os endividados,

que Santa Paula protege as viúvas,

que Santo Afonso de Ligório cura reumatismo,

que Santo Urbano protege os vinicultores,

que São Dimas protege os agentes funerários,

que São Gil protege os pasteleiros,

que São Luiz Gonzaga protege os soropositivos,

que santa cloroquina cura COVID,

que flexibilizar não é pecado,

que comer sonho em padaria não é pecado,

que...

Que...

Que...

Que...

Que...

Que...

Que...

Que...

Que...

Que...

Que...

Que...

Que...

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E eu, delirante e desconexo,

piedoso e genuflexo,

estremunhado e perplexo,

vivi acreditando que côncavo pode virar convexo,

que é pecado mortal ficar fazendo sexo,

que não ser católico é um desnexo

e em mil outros anexos que até já me esqueci.

E vivi, teológica e dogmaticamente, aprisionado,

com cagaço até da minha sombra,

que, por sua vez, tinha cagaço dela mesma

e de todas as outras sombras e penumbras.

Pode um antibalacobaco destes?

'Cruz-credo! Pé-de-pato mangalô três veis!'

Vade-retro cultos, dogmas e terrores religiosos!

 

 

Pecado

 

 

Quando parti para a minha Grande Aventura

e cheguei do lado de lá, não encontrei nada disso.

Nada disso = Picas de picas.

Picas de picas = Porra nenhuma.

Porra nenhuma = Zerolhufas.

Zerolhufas = Conjunto Vazio = { }.

Era tudo completamente diferente,

e eu tomei o maior susto da paróquia.

Fizeram-me acreditar

em dogmas...

Em absurdos...

Em mentiras...

Em inconsistências...

Em incoerências...

Em invencionices...

Em adulterações...

Em interpolações...

Em superstições...

Em falsificações...

Em miralusões...

Em padrices e papagaiadas de todo tipo...

Mas, não demorou muito,

e eu compreendi que

o ignorante-responsável por tudo era eu.

Eu era o engenheiro e o morador

das minhas alegrias e das minhas dores,

da minha Noite Negra e da minha Aurora,

das minhas crendeirices e das minhas ajoelhices.

O que eu causasse eu compensaria,

fosse consciente ou inconscientemente.

E gostei de ter aprendido isto!

E me livrei de todas essas b...

ba...

bab...

babu...

babug...

babuge...

babugei...

babugeir...

babugeira...

babugeiras!

 

 

 

VITRIOL

 

 

 

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Nota:

1. Um exemplo medíocre e mesquinho disto foi o processo sofrido por Leonardo Boff, pseudônimo de Genézio Darci Boff (Concórdia, 14 de dezembro de 1938), junto à Congregação para a Doutrina da Fé – que substituiu a Suprema e Sacra Congregação do Santo Ofício, que anteriormente se chamava Suprema e Sacra Congregação da Inquisição Universal da Idade Moderna, e que era responsável pela criação da Inquisição em si – então dirigida por Joseph Ratzinger, depois, Papa Bento XVI, hoje, ex-Papa. O documento final deste processo foi assinado pelo próprio Cardeal Ratzinger, que concluiu: As opções aqui analisadas de Frei Leonardo Boff são de tal natureza que põem em perigo a sã doutrina da fé, que esta mesma Congregação tem o dever de promover e tutelar. Já o documento Libertatis Nuntius, da Santa Sé, de 1984, assinado pelo então Cardeal Ratzinger (Prefeito da Congregação para Doutrina da Fé de 1981 a 2005) sobre a Teologia da Libertação aponta como motivações da Teologia da Libertação:

1. A impaciência e o desejo de ser eficazes de alguns cristãos que, perdida a confiança em qualquer outro método, voltaram-se para a análise marxista;

2. Pensavam que uma situação intolerável exige uma ação eficaz que não pode mais ser adiada. Uma ação eficaz supõe uma análise científica das causas estruturais da miséria. O Marxismo seria o instrumental para semelhante análise. Bastaria aplicá-lo à situação da América Latina; e

3. Uma concepção totalizante impõe a sua lógica e leva as teologias da libertação a aceitar um conjunto de posições incompatíveis com a visão cristã do homem. Com efeito, o núcleo ideológico, tomado do Marxismo e, que serve de ponto de referência, exerce a função de princípio determinante.

Isto tudo me fez lembrar da líder política e filósofa Rosa Luxemburgo, em polonês: Róza Luksemburg (5 de março de 1870 – 15 de janeiro de 1919), que afirmou: A liberdade apenas para os partidários do Governo, apenas para os membros do Partido, por muitos que sejam, não é liberdade. A liberdade é sempre a liberdade para o que pensa diferente. Joseph Ratzinger, que já não é mais Papa e deve ter muito tempo livre, deveria refletir um pouquinho sobre o pensamento de Rosa Luxemburgo, que não é tão difícil assim de ser compreendido. Pôr em prática suas reflexões, aí, são outros quinhentos, particularmente no caso do ex-Papa, que já está muito velhinho (93 anos) para mudar no que quer que seja, pois, o seu pensamento teológico está petrificado e cheio de concreções calcárias.

 

Leonardo Boff e Joseph Ratzinger

 

Música de fundo:

A História da Maçã
Compositores: Haroldo Lobo & Milton de Oliveira
Intérprete: Jorge Veiga

Fonte:

https://mixmuz.ru/mp3/jorge%20veiga

 

Páginas da Internet consultadas:

https://www.sementesdapalavra.com.br/

https://br.123rf.com/

https://pt.wikiquote.org/wiki/Rosa_Luxemburgo

https://www.paulopes.com.br/

https://pt.wikipedia.org/wiki/Leonardo_Boff

https://pt.wikipedia.org/wiki/
Teologia_da_liberta%C3%A7%C3%A3o

http://proezasalquimicas.blogspot.com

https://www.geu.ac.in

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