O CAGAROLANTA
(O que será? Como será?)

 

Rodolfo Domenico Pizzinga

 

 

 

 

O que uma geração considera como o máximo de saber é freqüentemente considerado como absurdo em gerações seguintes; e o que, em um século, é considerado como superstição ou ilusão pode formar a base da ciência nos séculos vindouros.

 

Tudo está interligado. O céu e a Terra, o ar e a água. Tudo é uma só coisa, não quatro, não três, não duas, mas uma. Se tudo não estivesse unido, haveria apenas uma peça incompleta.

 

Todas as substâncias são venenos; não existe uma que não seja veneno. A dose certa diferencia um veneno de um remédio.

Paracelso (1493 – 1541)

 

 

 

 

 

 

 

O que será? Como será?

O que virá? Como virá?

O ente bem-intencionado

não deve ficar encafifado.

 

Será acinzado? Colorido?

Será desolado? Florido?

O ente bem-comportado

reverá célere1 o passado.2

 

Medrar e se desesperar

não levanta nem adianta.

 

Antecipadamente baratinar

é coisa só de cagarolanta.3

 

 

 

 

 

 

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Notas:

1. Nada, absolutamente nada, poderá ser mais auspicioso para quem morre do que, em todos os sentidos, ter vivido uma vida digna. Isto também vale (talvez, valha até mais) para quem, até um certo momento, foi canalha, mas que, tenha sido pelo motivo que for, mudou súbita e radicalmente seu comportamento, e colocou o pé no Caminho. Enfim, o fato é que, a depender de como vivermos, quando morrermos, a retrospecção necessária de nossa vida poderá ser rápida ou lenta, alvissareira ou dolorosa, regozijante ou envergonhadora. Tudo depende só de nós.

2. Como ensina a Fraternidade Rosacruz de Max Heindel, depois da morte (ou transição), as forças inerentes ao Átomo-semente e aos veículos superiores, como o Corpo Vital, o Corpo de Desejos e a Mente, abandonam o Corpo Denso, pelo alto da cabeça. Contudo, o Espírito (personalidade-alma) e os veículos superiores permanecem em contato com o Corpo Físico, por meio do Cordão Prateado, durante uns três dias e meio aproximadamente (84 horas). Entre a morte clínica e a ruptura definitiva do Cordão Prateado, efetua-se um processo importante: a retrospecção em ordem inversa do panorama da vida recém-concluída e a conseqüente gravação no Corpo de Desejos das imagens contidas neste panorama. Depois de três dias e meio, a cremação é aconselhável porque desintegra o Corpo Físico, e permite que o Espírito, em liberdade completa, possa seguir sua jornada rumo aos mundos suprafísicos. No caso de sepultamento, o magnetismo do corpo e os éteres inferiores ligam o Espírito à Terra, durante um tempo variável, geralmente até que a decomposição chegue a um estado avançado ou se complete. Isto retarda o progresso do Espírito por anos ou décadas. Seja em que circunstância for, depois da morte, o corpo sem vida não deve ser perturbado de nenhuma forma por três dias e meio. Embalsamação imediata, cremação prematura, emoções, desesperações, lágrimas, lamentações de parentes etc. são absolutamente contra-indicadas e, até, ruinosas. Devemos ter o máximo cuidado de cercar o recém-desencarnado de um ambiente de tranqüilidade, de maneira que não se perturbe a retrospecção do panorama de sua vida, uma vez que dela dependerão o desenvolvimento da consciência e o incentivo para uma boa conduta nas vidas futuras.

 


A MORTE NÃO EXISTE
John Mc Creery


Não existe a morte. Os astros se vão
Para surgirem em outras terras, e,
Sempre brilhando no diadema celeste,
Espalham seu fulgor incessantemente.

Não existe a morte. As folhas do bosque
Convertem em vida o ar invisível;
As rochas se desintegram para alimentar
O faminto musgo que nelas se agarrou.

Não existe a morte. O chão que pisamos
Converter-se-á, pelas chuvas estivais,
Em grãos dourados, em doces frutos
E em flores que luzem suas policromias.

Não existe a morte. As folhas caem
E as flores murcham e desaparecem;
Esperam apenas durante as horas hibernais
O retorno do suave alento da Primavera.

Não existe a morte. Embora lamentemos
Quando o corpo denso de seres queridos,
Que aprendemos a amar, sejam levados
De nossos amorosos braços, agora vazios.

Embora, com o coração despedaçado,
Coberto com as negras vestes de luto,
Levemos seus restos à obscura morada,
E digamos que eles morreram.

Eles não morreram. Apenas partiram,
Rompendo as névoas que nos cegam aqui,
Para nova vida, mais ampla, mais livre,
De esferas serenas, de brilhante Luz.

Apenas despiram suas vestes de barro
Para se revestirem com trajes cintilantes.
Não foram para longe nem nos deixaram;
Não se perderam nem mesmo partiram.

Embora invisíveis aos nossos olhos,
Continuam nos amando. Estão conosco.
Nunca esquecem os seres queridos,
Que pelo mundo, atrás deixaram.

Por vezes, sentimos, na fronte febril,
Suave carícia ou balsâmico alento;
É que o nosso espírito ainda os vê,
E o nosso Coração se conforta e tranqüiliza.

Sempre juntos a nós, embora invisíveis,
Continuam esses queridos espíritos imortais.
Pois, em todo o infinito Universo de Deus,
Só existe Vida - não existe morte!

 

 

Nota editada da fonte:

http://www.fraternidaderosacruz.org/cienciadamorte.pdf

3. Cagarolanta = filhote de cagarola com anta.

 

Música de fundo:

O Que Será
Composição: Chico Buarque
Interpretação: Chico Buarque & Milton Nascimento

Fonte:

http://www.mp3chief.com/music/o-que-sera-chico-buarque/

 

Páginas da Internet consultadas:

http://www.imkeepingup.com/2009_03_01_archive.html

http://bestanimations.com/Nature/
Flora/Roses/Roses2.html

http://www.animated-gifs.eu/time-alarm-clocks/004.htm

 

Direitos autorais:

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