BOTEI MEU BLOCO
NA RUA
Rodolfo Domenico
Pizzinga
Mixórdia
Mental
i
coisas do arco-da-velha!
Botão maior que
aselha,
cigarra na formiga abraçada,
cobra na razão
enrolada.
Vi
tanta gente que se danou,
só porque não
cantou.
Gente que acabou buzinada,
por recusar a cantada.
Vi
muita gente que feneceu,
só porque não
cedeu.
Gente que foi estracinhada,
por adversar a espada.
Chumbo
longe de virar ouro,
bueiro que deu estouro,
infortúnio falsificado
de sorte,
amizade que virou corte.
Democracia
que virou ditadura,
liberal apoiando linha-dura,
honrado que perdeu a vergonha,
despachado com engonha.
Dar
um nó sem ter barbante
e até padre com
amante.
Um gol que foi feito com
a mão
Vi
coisas que nem eu acredito.
Juiz que não tinha
apito,
vaca mocha com um só
corno,
político com desadorno.
Mas,
se eu pudesse listar tudo,
diriam que sou bicancudo.
É cada coisa tão
impressionante,
que quelídeo viraria
alante.
Caminhando
por uma viela,
vi luciluzir uma estela!
Livrei-me do império
da Lua;
botei meu bloco na rua.
Quero
o amor mais intenso,
que
o bem fique imenso,
júbilo de um oblíquo sarando,
e
lábios paz anunciando...
A rosa
mais linda que houver,
flor
ao invés de revólver,
irmandade no lugar de
ameaço,
auso em vez de cansaço...
Quero
ver mãos se afagando,
a corrupção minguando,
os
direitos humanos atendidos
e
alívio para os desvalidos.
Quero
que haja compreensão
para haver libertação.
Quero
que haja misericórdia
e que cesse a discórdia.
Quero
tudo isto e muito mais.
Que tenham fim os ais,
que,
si vis pacem, para pacem,1
que fine a sacanagem.
Cansei
de chorar sentado
e de dormir acordado.
Voei alto, no Universo
azul:
este, oeste, norte, sul.
Lá
no alto, eu compreendi.
Mais do que isto, senti
que não há
efeito sem causa,
e que não existe
pausa.
Há
sempre uma razão de ser:
seja povo, seja kaiser.
Não há (maquin)ações
secretas:
O
que hoje vive na esquerda
entenderá cada
perda.
Aquele que está
mais à direita
repartirá sua colheita.
Acabará
por ser transmutado
o já cansado Quadrado.
E, em seqüência,
pentágono,
hexágono e heptágono.
Depois,
em outra Dimensão,
a Santa Voz do Coração
indicará o Caminho
comperto.
LLuz
cada vez mais perto!
E,
um dia, a fusão será total!
Será nosso ponto
final?
tudo é novo recomeço.
Não
há uma síntese definitiva.
Nossa alma2,
sempre ativa,
da síntese, fará
uma nova tese,
e, depois, nova antítese.
Tudo
é um infindo devenir!
Tudo é zênite
e nadir!
Não há parado
nem perdido!
Tudo tem um sentido!