—
Que
idiotas, meu Deus! Idiotas e poltrões! —
disse a fada. Então vocês preferem
continuar a viver em suas miseráveis caixinhas, em
seus alçapões, em
suas torneiras, a acompanhar os meninos que vão
procurar o Pássaro?
Todos
aqui presentes – animais, coisas e elementos –
possuímos uma alma que o homem não conhece
ainda. É por isto que conservamos um resto de independência.
Esta
é a chave que abre todas as portas do salão. Se algumas dessas
portas se abrirem, sairão todos os males, todos os flagelos, todas
as doenças, todos os terrores, todas as catástrofes
e todos os mistérios que,
desde o começo do mundo,
atormentam a vida.
Não provoque o Destino!
Vão
se refugiar em Casa das Infelicidades, e receio muito que fiquem lá
para sempre.
Vamos
nos esconder atrás das colunas. Não convém que o tempo
nos descubra.
O tempo une e separa.
Toda
separação é apenas aparente.
—
Lembrem-se de mim! —
disse a LLuz.
Lembrem-se de mim em cada raio de luar, em cada estrela, em cada aurora,
em cada pensamento bom de suas almas.
Não
é o meu propósito discutir aqui a questão
do vegetarianismo ou encontrar objeções que podem ser incitadas
contra esta prática; no entanto, tem que ser admitido que, destas
objeções, nem uma delas consegue resistir a uma investigação
leal e escrupulosa. Eu, da minha parte, posso afirmar que aqueles que sei
que se submeteram a este regime notaram que os resultados foram a saúde
melhorada ou restabelecida, um notável aumento de resistência
e a aquisição de uma nitidez, claridade e bem-estar da mente,
como a que, provavelmente, se seguirá à libertação
de uma masmorra secular, repulsiva e detestável.
O silêncio é o elemento
no qual se formam as grandes coisas.
O
silêncio é o Sol que amadurece os frutos da alma.
Não há vidas pequenas;
quando a encaramos de perto, toda vida é grande.
Se
eu fosse Deus, teria piedade do Coração dos homens.
A
inteligência é a faculdade com o auxílio da qual compreendemos,
por fim, que tudo é incompreensível.2
A
palavra é tempo; o silêncio é eternidade.
Se
é incerto que a verdade que vais dizer seja compreendida, cala-a.3
A
felicidade raras vezes está ausente. Nós é que não
damos pela sua presença.
A
felicidade nunca será maior do que a idéia que temos dela.
A
vida é a perda lenta de tudo o que amamos.4
Um
pensamento pode ser uma coisa excelente, mas a realidade começa com
a ação.
Os
pensamentos mais belos e as idéias mais baixas não alteram
o aspecto eterno da nossa alma, como os Himalaias ou os precipícios
não modificam, no meio das estrelas do céu, o aspecto da nossa
Terra.
O
primeiro dos nossos deveres é pôr a descoberto a nossa idéia
de dever.
A
sabedoria não requer forma. Sua beleza precisa variar, assim como
é variável a beleza das flamas do fogo.
O
destino, às
vezes, fecha os olhos, mas bem sabe que
para ele voltaremos depois, e que é ele que terá a última
palavra.5
É
sempre um erro não fechar os olhos, tanto para perdoar
como para olhar melhor para dentro de si mesmo.
Enquanto
a desgraça não ataca o orgulho íntimo
do homem, ele
conserva a força para continuar a luta e cumprir a
sua missão essencial, que é a de viver com todo o ardor de
que é capaz, como se a sua vida fosse mais importante do que qualquer
outra coisa para os destinos da Humanidade.
As
mulheres nunca se cansam de ser mães, e acalentariam a própria
morte, se ela viesse dormir-lhes no regaço.6
Aprendamos
a esperar sempre sem esperança; este é o segredo do heroísmo.
Por
vezes, é melhor procurar ser feliz na desgraça, aceitando-a
ao invés de combatê-la.
Os
vivos são os mortos de férias.
Podemos
conceber o que a Humanidade seria se não conhecesse as flores?
Para
o sábio, não há verdade amarga.
O passado sempre está presente.
Todo
o nosso conhecimento apenas nos ajuda a ter uma morte mais dolorosa do que
os animais que não sabem nada.7
Por si só,
um
ato de bondade é um ato de felicidade.
Nenhuma recompensa que vier depois poderá ser comparada com a doce
satisfação de termos praticado um ato justo, bom e concertado.
A
cada encruzilhada no caminho que leva ao futuro, a tradição
colocou dez mil homens para guardar o passado.
O
passado sempre est[ar]á
presente no futuro.
Para ser feliz, é preciso
libertar a alma da agitação da miséria.
Os
felizes são os que são capazes de compreender.
Quando perdemos alguém que
amamos, nossas lágrimas amargas são convocadas pela memória
dos momentos em que não amávamos o suficiente.
Sempre
diminuímos estranhamente uma coisa quando tentamos expressá-la
em palavras.
Nós
todos não passamos a maior parte de nossas vidas sob a sombra de
um evento que ainda não chegou a acontecer?
Na vida, muitas
felicidades como
muitos desastres podem ser devidos ao
acaso, mas, a paz em nosso interior não pode ser governada pelo acaso.8
Nenhum
grande evento acontecerá em nosso interior se não for convocado
por nós.
Lembre-se
de que a felicidade é tão contagiosa quanto a melancolia.
O primeiro dever de quem está feliz é deixar que os outros
saibam e sintam a sua alegria.
Muitas
pessoas acreditam que nada poderá lhes acontecer porque têm
mantido fechadas as suas portas.
Nós nunca somos os mesmos
na presença dos outros. Nós somos diferentes, mesmo quando
estamos no escuro com eles.
Quando
a beleza não pode se juntar à virtude, forjamos a aparência
de uma forma divina.
Uma
verdade que desanima porque é verdade é mais valiosa e mais
estimulante do que uma falsidade.
A
bondade nasce da sabedoria.
Eles
nunca me viram... Sou apenas um passante; sou um estrangeiro.
É
melhor não estar sozinho. Uma desgraça que não se traz
sozinho é menos nítida e menos pesada...
É
preciso que se fale um pouco à volta dos desgraçados e que
eles sejam amparados.
Tomem cuidado; não se sabe
até onde a alma se espraia em torno dos homens...
Não se sabe com anterioridade
a rota da dor.
Algo de Hamlet9
morreu no dia em que o vimos morrer no palco. O espectro de um ator lhe
roubou o trono, e não podemos mais afastar o usurpador de nossos
sonhos! Abram as portas, abram o livro, o príncipe anterior não
volta mais. Sua sombra, por vezes, ainda passa pela soleira, mas ele não
ousa avançar, não pode mais entrar, e quase todas as vozes
que o aclamavam dentro de nós estão mortas.
Assim
que ele [o ator]
entra em um poema, o imenso poema de sua presença apaga tudo o que
está ao seu redor.
Um
poema que eu vejo recitado é sempre uma mentira. Na vida comum, devo
ver o homem que fala comigo porque a maioria de suas palavras não
tem significado algum sem sua presença. Mas, um poema, ao contrário,
é um conjunto de palavras tão extraordinárias, que
a presença do poeta está amarrada para sempre. E ele não
tem permissão para se livrar de seu cárcere voluntário,
uma alma preciosa dentre tantas, para substituí-la pelas manifestações
quase sempre insignificantes de uma outra alma, porque, neste momento, estas
manifestações não são tão compreensíveis.
O
poema era uma obra de arte e levava consigo essas admiráveis marcas
oblíquas. Mas, a representação veio contradizê-lo:
ela faz com que os cisnes do lago voem; ela atira as pérolas ao abismo.
Recoloca as coisas exatamente onde estavam antes da chegada do poeta.
O
poema se retira à medida que o homem avança. Se o
homem entra em cena com todos os seus poderes e livre como se entrasse em
uma floresta, se sua voz, seus gestos e sua atitude não são
cobertos por um grande véu de convenções sintéticas,
se percebemos por um só instante o ser humano que ele é, não
há poema que não se retire diante dele.
É
possível, enfim, que a alma do poeta, não encontrando mais
o lugar que lhe era destinado agora ocupado por uma alma mais poderosa que
a sua – já que todas as almas possuem exatamente as mesmas
forças – é possível, então, que a alma
do poeta ou do herói não se recuse a descer, por um momento,
em um ser, cuja alma ciumenta não lhe impeça a entrada.
Toda
obra de arte é um símbolo,10
e o símbolo não suporta a presença ativa do homem.
O
homem não pode falar senão em seu nome; ele não tem
o direito de falar em nome de uma multidão de mortos.
Os
homens são engraçados. Depois que as fadas começam
a morrer, eles não vêem mais nada, não desconfiam de
nada.
Eu
espero ver suas mãos aparecerem cheias de rosas brancas nessas cavernas
profundas.
Meu
Coração é inexpugnável à mentira.
Verdes
como o mar, as tentações fluem pelas sombras da mente.
As
fraquezas dos homens, muitas
vezes, são necessárias para
os fins da vida.
Qualquer
hesitação é tola e criminosa...
Às
vezes, só nos interessa o que interessa
àqueles a quem mais amamos.
Concede-me,
Senhor, o meu único desejo: deixa cair as folhas sobre a neve, deixa
cair a chuva sobre o fogo.
Nada
no mundo tem tanta sede de beleza como a alma, nem há qualquer coisa
que se apegue mais à beleza tão facilmente.
A
dor é o alimento essencial do amor;11
qualquer amor que não tiver se nutrido de um pouco de pura dor morrerá.
De
todos as questões da vida, só há uma conclusão
a tirar: enquanto não houver nada melhor, é
necessário que reine o desejo intenso
de conhecer em nossos Corações.
O
Tesouro brilha constantemente na escuridão.12
Há muito tempo, não
olho para nada neste mundo mais belo ou mais interessante do que a verdade.
Eu
só conto as horas que são serenas.
Cada
vez que cometo um erro me parece descobrir uma verdade que não conhecia.
Não
é a morte, mas a vida que devemos pôr em ação.
Não é a morte que atenta contra a vida; é a vida que
resiste injustamente à morte.
Tem
misericórdia da minha ausência... Minha
alma é impotente e pálida...
Se
você foi enganado, não é o engano que importa, mas,
o perdão; pois, o perdão iluminará a sua alma.
Não
há alma não responda ao Amor.