É
difícil para a nossa mente ficar livre dos trastes imprestáveis
que acumulou [ao longo de
milênios]. E por isto e assim, vivemos de memórias
e das murmurações de ontem. O fato é que, para ficarmos
Sozinhos, teremos de morrer para o passado. [Isto,
é mais ou menos como disse Caetano Veloso: Caminhando
contra o vento/Sem lenço e sem documento...]
Levamos conosco
a carga de tudo o que disseram milhares de pessoas, e as lembranças
de todos os nossos infortúnios. Entretanto, o ser-humano-aí-no-mundo
que aprendeu a estar completamente Só é inocente, juvenil,
puro e está Vivo, e essa inocência, juventude, pureza e Vivacidade
libertam a mente do sofrimento. Isto é Viver. Só
assim poderemos Conhecer e Ver o que é a Verdade, e aquilo que as
palavras não podem ensinar nem medir. Apenas nesta Solidão
[Iniciática] compreenderemos a necessidade de Vivermos
com nós mesmos, tal como de fato somos, e não como pensamos
que deveríamos ou gostaríamos de ser ou como [pensamos
que] fomos. Só assim poderemos nos olhar sem nenhum estremecimento,
sem falsa modéstia, sem medo, sem justificação e sem
condenação. [In:
Liberte-se do Passado (Freedom
From the Known), de autoria de Jiddu Krishnamurti.]
Caminhando a Barlavento
—
Por milênios, eu caminhei alegrinho,
egolátrico e autocentrado.
Só queria flautear e sair de fininho,
sem dar bola pro Quadrado.
—
Caminhei fissurado tão-só
em mim...
E melequei no lodaçal.
Caminhei e troquei o não pelo Sim...
Aí, amainou o vendaval.
Lodaçal
—
Cabeçudo, caminhei a sotavento...
Só arenga... Apenas deserto...
Então, decidi caminhar a barlavento...
Aí, cheguei um tico mais perto.
—
Idolatrei o esquizofrênico ,
e
quase pifei em Jonestown.
Tomei
tenência, parei de ser arlequim
e
deixei de ser um clown.
—
Caminhei de boina, bengala e fraque...
E não saí da contramão.
Caminhei sem
lenço e sem babilaque...
E mitiguei a tentação.
—
Caminhei, tudo
nas mãos,
tudo nos
bolsos...
Continuei zura e apegado.
Caminhei, bulhufas
nas mãos, xongas nos bolsos...1
Tornei-me veraz e elevado.
—
Caminhei com o meu passado de lembranças...
E só vivia abichornado.
Caminhei sem
quereres
e sem esperanças...
E não vivi mais torturado.
—
Caminhei nas miralusões2
do exterior...
E esquentei o mesmo lugar.
Caminhei ao lado do meu Deus Interior...
E pude Ver um Outro
Lugar.
—
Caminhei com meu Deus neste Outro
Lugar...
E senti o Amor do Universo.
Ensinei a todos que há este Outro
Lugar...
E foi mudando o ambiverso.
—
O fato é que,
quando açaimarmos o dragão,
manjaremos
que este Outro
Lugar
sempre esteve-está-estará em nosso Coração,
e
que foi-é-será nosso Lídimo
Lar!
—
Todavia, quem não
Lutar o Bom Combate
jamais
O
poderá encontrar.
Sem
Luta, não terá fim o bate-que-bate:
(re)voltar
até se ilustrar!
______
Notas:
1. Na
obra autobiográfica Les
Mots (As Palavras),
o filósofo, escritor e crítico francês, conhecido como
um dos representantes do Existencialismo, Jean-Paul Charles Aymard Sartre
(Paris, 21 de junho de 1905 – Paris, 15 de abril de 1980) escreveu:
O que eu amo em
minha loucura é que ela me protegeu, desde o primeiro dia, contra
as seduções da elite. Nunca me julguei feliz proprietário
de um talento: minha única preocupação era me salvar
– nada nas
mãos, nada nos bolsos – pelo
trabalho e pela fé. Claro, fé, aqui, não
é fé religiosa, acachapante e dogmática, que nunca
salvou, não salva e jamais salvará alguém nem ninguém
de necas de pitibiribas, até porque salvação fideísta
nunca existiu, não existe e jamais existirá. O que existe
é Transcompreensão. Enfim, sartrianamente, fé é
a convicção na dignidade dos pensamentos, das palavras e das
ações, pois, para Sartre, o
Existencialismo é um Humanismo, baseado
nas potencialidades e nas faculdades do ser-humano-aí-no-mundo,
sublinhando sua capacidade para a criação efetiva e a transformação
concertada das realidades natural e social. Coerente com esta
linha de ação-pensamento, Sartre viria a recusar, em 1964,
o Prêmio Nobel de Literatura. O filósofo Søren Kierkegaard
(Copenhague, 5 de maio de 1813 – Copenhague, 11 de novembro de 1855),
geralmente, considerado o Pai do Existencialismo, sustentava a idéia
de que o indivíduo é o único responsável em
dar significado à sua vida e em vivê-la de maneira sincera,
coerente e apaixonada, apesar da existência de muitos obstáculos,
empecilhos e distrações, como, por exemplo, as perdas, as
decepções, o desespero, a ansiedade, o absurdo, a alienação
[desejos, cobiças, paixões, manias, TOCs (obsessões
e compulsões), coisismos, achismos etc.] e o tédio, coisas
que só a Transcompreensão explicará e libertará.
Alguns
Existencialistas Históricos
Manuscrito
da Carta de Sartre à Academia Sueca
Recusando o Prêmio Nobel de Literatura de 1964
Eu
não quero o Nobel
de vento, como pastel.
Peço LLuz,
mais LLuz,
para permutar de Cruz.
Eu
não quero galardão,
que apatiza o Coração.
Quero tão-só ShOPhIa,
a Generatriz da Alforria.
2. Miralusões
= Miragens + Ilusões.
Música
de fundo:
Alegria,
Alegria
Composição e interpretação: Caetano Veloso
Fonte:
https://ycapi.org/button/?v=WL8l8olaMmI
Páginas
da Internet consultadas:
http://diendisrogers.blogspot.com/
https://pt.wikipedia.org/wiki/Barlavento_e_sotavento
http://www.blogletras.com/2015/01/
sartre-e-recusa-do-premio-nobel-de.html
https://revistaforum.com.br/sartre-resiste-ao-seculo/
https://giphy.com/
https://giphy.com/explore/wind
https://www.canstockphoto.ca/
https://br.freepik.com/
https://dribbble.com/shots/3654334-Banana
https://www.presentermedia.com/index.php?
target=closeup&maincat=animsp&id=7124
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