Eu
não tenho nenhum plano, a não ser ver se eu alcanço
o centenário. Se alcançar, será uma surpresa para mim,
mesmo porque, depois dos noventa, cada ano representa uma vida...
O
que é nacionalismo? A pergunta é freqüente, as respostas
difíceis e nem sempre concordantes. Nacionalismo pode ser uma atitude
de extrema direita, como o Fascismo, o Nazismo e o Integralismo. E há
quem o confunda com o próprio Comunismo, cercando-o de aspas, como
quem recorre a exorcismos, para afugentar demônios recalcitrantes...
O nacionalismo integral inclui o elemento espiritual. Valoriza as manifestações
religiosas. Exalta os sentimentos do povo e as tradições,
que lhe foram marcando o destino, através do tempo. Já o nacionalismo
de fundo econômico se vale das contradições de interesses,
aceitando, ou não, as tendências espirituais que podem servir
para dar maior ênfase às reivindicações materiais...
Uma pesquisa dessa espécie mostrará que o nacionalismo responde
a perguntas precisas, a necessidades definidas, a circunstâncias,
que podem ser transitórias ou duradouras, obstinadas ou efêmeras.
Não é uma tese vaga ou uma aspiração indefinida,
uma dessas fórmulas confusas, que servem para tudo, por isso mesmo
que não dizem nada. O nacionalismo pode ser um programa sem conteúdo,
mas pode ser também um objetivo preciso. Há momentos em que
soa como uma palavra quase inútil; e ocasiões, em que vale
como uma clarinada de alerta ou uma flâmula de revolução...
O nacionalismo não é um conceito estático, não
é um letreiro de rodovia marcando o número de quilômetros
percorridos ou a percorrer. É, antes, um conceito dinâmico,
a soma ou o conhecimento de todos os letreiros, uma doutrina, uma experiência
e uma política.
O Brasil
é o único país do mundo em que ser nacionalista é
considerado manifestação de debilidade mental.
O
maior perigo do Brasil é voltar a ser colônia, desistir de
ser metrópole.
A
convicção fundamental que guiou minha vida é o nacionalismo.
O Brasil não deve se dobrar a potências estrangeiras. Enquanto
eu tiver capacidade para escrever, esta será minha luta.
O
povo tem uma liberdade maior do que parece. Tem, também, seus instintos.
Sua capacidade de reagir a favor de seus objetivos e ideais é notada
logo quando lhe fazem imposições.
A
política internacional está se desenvolvendo em favor dos
EUA. Globalização e outras palavras que inventaram têm
o intuito de nos fazer dependentes dos EUA. Chegaram a um nível de
poder jamais alcançado por outra nação. É a
defesa dos interesses deles através dessa globalização,
que é um regime em que só os mais fortes predominam.
Se
pudesse dar algum conselho, recomendaria que não se quisesse viver
além dos 100 anos. É um sofrimento por tudo o que a gente
não pode mas que gostaria de fazer.
Alguns
viajam com os pés, outros com a cabeça.
Ainda
que pequenos e nem sempre bem acabados, esses jornais e essas revistas prestam
relevante serviço ao jornalismo, sem contar que, quem hoje é
pequeno, amanhã poderá ser um gigante.
Não
temas envelhecer, meu jovem amigo, desde que envelheçam contigo as
tuas paixões de hoje. A velhice não é má, nem
martirizante. Tu poderás descobrir, na tua ancianidade, prazeres
que ignoravas e que te declinarão mais que os teus gozos de hoje,
porque nesse tempo a tua alma será muito mais sensível e muito
mais meiga.
Quando
me tirarem a capacidade de luta, tiram
também a capacidade de viver.
Quando
fez 100 anos, confessou: —
Vejo que todos me tratam com muita deferência, mas só tenho
a dizer que é gratificante levar uma vida digna do ideal de quem
ama o Brasil.
Às
vezes, um adversário é mais útil do que um correligionário.
Segundo
Barbosa Lima Sobrinho, existiriam no Brasil apenas dois partidos:
o de Tiradentes e o de Joaquim Silvério Dos Reis.
Não
há linguagem mais brasileira do que a de Machado de Assis nem escritor
que se haja inspirado mais nos modelos clássicos, o que vale dizer
na tradição portuguesa.
O
Brasil tem duas cartas de descobrimento: a primeira é a de Pero Vaz
de Caminha; a segunda é Geografia da Fome, de Josué de Castro.
Pouco
a pouco, a vida se encarrega de atrair os díscolos1
e de reduzir os rebeldes. Não há outra fórmula para
a existência que a da renúncia ao heroísmo, ao heroísmo
de que fala Carlyle, misto de ideal e de capacidade de sacrifício.
Dissimulamos com o título favorável de 'experiência'
o que não passa de uma domesticação, a destruição
de qualidades magníficas, para que todos vivam dentro de normas comuns,
perdidas as arestas, sopitados os ímpetos, aniquiladas as revoltas.
Quando
Ulysses Guimarães e ele lançaram-se anticandidatos à
Presidência da República, disse: — Como dois
dom Quixotes sem o Sancho Pança.
O
Capital se faz em casa. Nacionalismo é a política destinada
ao desenvolvimento da Economia do país sob seu controle direto, o
que vale dizer sob a influência de seus próprios capitais e
do seu próprio empresariado.
Quando pediu a mão de Maria
José ao
sogro, ouviu uma explicação:
— Escute, ela não sabe cozinhar,
não sabe
lavar e não
sabe passar roupa.
Barbosa
retrucou:
— Seu Pereira, eu sou diretor
do jornal que tem o maior número de classificados no Rio. Se quisesse
uma empregada doméstica, botava um anúncio.
Ninguém
consegue ser subversivo após uma feijoada.
Como
os donos da casa gostam das palavras sonoras, que disfarcem a servidão,
valeram-se do título de `Liberalismo', que tinha a bênção
de dois séculos de publicação do livro clássico
de Adam Smith. E que, com o tempo, mudaria de rótulo, passando a
ser o de Neoliberalismo, para dar a impressão de novidade. Nada mais
do que uma troca de cartazes para dar uma idéia de mudança
e de novidade, e dissimular a servidão, que continua inalterável.
O
Liberalismo de dois séculos atrás virou agora o Neoliberalismo;
tudo isso para dar a impressão de modernidade, tentando dissimular
a servidão, que continua a mesma.
O
segredo para aliviar o peso do passar dos anos é ter sempre a consciência
tranqüila.
Quem
é o dono efetivo do patrimônio público? É o Estado
ou o povo que contribuiu com seus recursos para pagar na forma de impostos?
Se
nós não confiarmos na mocidade, estamos perdidos porque, de
fato, vão depender dela os destinos do Brasil.
A
igualdade é pressuposto básico da Democracia, que, sem ela,
não tem condições de sobreviver.
A
verdade é que não se pode simplesmente esquecer o passado.
Desde o golpe de 64, o país vem sofrendo alternâncias de crises,
de confiscos e desilusões. Depois de toda a opressão imposta
pelo regime militar, os brasileiros sofreram uma série de golpes
frustrantes na Economia, desde a crise do México, a moratória,
os planos Cruzado, Bresser, Verão, Collor, fechando o ciclo com a
desvalorização cambial do ano passado. E tudo isso dentro
de duas décadas de atraso, onde o PIB cresceu apenas pouco mais de
0,2% ao ano. Nossa distribuição de renda agravou-se ainda
mais, a ponto de ser considerada uma das piores do mundo.
A
perda do sentimento de nacionalidade tem muito a ver com a desnacionalização
da nossa Economia, com a invasão de empresas estrangeiras, numa espécie
de demonstração prática de que o brasileiro é
incapaz de gerenciar e produzir, devendo se restringir apenas à função
de rentista,2
como se dizia no século XIX.
Não
posso renegar o sacrifício de lutar e defender os ideais de toda
a minha vida.
A
notícia, depois de apurada, tem de se conhecer a sua origem para
saber se o fato é real ou se é apenas uma fantasia.
Não
posso conceber um repórter veiculando uma notícia falsa; e
se apurou que é, realmente falsa, o jornalista deve noticiar qual
é a verdade.
A Ética,
antes de tudo, é uma obrigação individual.
A pátria
é a alma da nação e a finalidade do Estado é
garantir o direito sagrado do povo de decidir, soberanamente, o seu destino.
Getúlio
foi o presidente que mais lutou em defesa do nacionalismo.
Eu
pratiquei todos os esportes que podia até os 22 anos, inclusive andar
a pé. Eu fiz marchas que ficaram assinaladas na época, como
uma marcha de um dia de Olinda até Goiânia, numa distância
de cerca de 60 km...
Quando
eu morrer, não me enterrem com o fardão. Senão nem
os vermes vão querer me comer.
Eu
era muito amigo do Múcio Leão e muito amigo do Ribeiro Couto,
de forma que eu achei que dentro da Academia era a melhor maneira para a
gente envelhecer, formando um grupo de amigos que poderia continuar se vendo
ali...
Já
falei da sacada de palácios e até de altares ecumênicos,
mas nunca me senti mais honrado do que quando fui guindado a um estrado
de caminhão, quase numa cena de surrealismo, para falar a eleitores
que não iam votar, em nome de candidatos que não eram candidatos,
mas tão-somente pessoas que protestavam contra a marginalização
do povo na escolha do supremo mandatário da nação.
A política
surgiu em minha vida pelo exercício do jornalismo. Uma atividade
me levou à outra.
Essa
coisa de longevidade é curiosa. Meu pai morreu com 53 anos, minha
mãe não passou dos 64 e eu tive uma irmã que chegou
aos 97 anos. É um mistério...
As
águas de nossos rios parecem ameaçadas de correr para os bolsos
estrangeiros, indo de encontro à Constituição, que
as considera bens da União.
A
fidelidade é uma virtude que enobrece a própria servidão.
Tomei
todas as atitudes que deveria tomar em todas as idades.
Nunca
fui comunista. Mesmo na mocidade, quando aceitava as idéias do Partido
Socialista alemão, eu me considerava partidário do Socialismo
contra o Comunismo.
A liberdade
de imprensa não existe sem a liberdade de informação,
que não é um direito do jornalista, mas do público.
Sou
pequeno demais para me pronunciar diante de um problema tão grande
como o da existência de Deus.
O
ÚLTIMO ARTIGO
Barbosa Lima Sobrinho
A
Exclusão da Classe Média
(copyright Jornal do Brasil, 16/7/00)
A
igualdade é pressuposto básico da Democracia, que,
sem ela, não tem condições de sobreviver. Parece
primário, mas a tese é ampla e, com oportunidade,
pode ser colocada na atualidade do Brasil. Segundo estudo recente
do Bird (Banco Mundial), existe entre nós uma espécie
de desesperança crônica que prejudica o desenvolvimento
sustentável e, de certa forma, enfraquece a Democracia.
Na
última edição da revista Veja, o colunista
Sérgio Abranches, em artigo intitulado 'Pessimismo Econômico',
traz números que deveriam contradizer essa desesperança.
Mas ele mesmo reconhece que existe um sentimento de mal-estar econômico
tão real quanto a queda da inflação. Que esse
desconforto vem do medo do desemprego, das dificuldades para saldar
compromissos, da frustração de planos de consumo.
Seu artigo finaliza com algum otimismo, dizendo que aos poucos os
brasileiros voltarão a ter melhores perspectivas. Uma conclusão
com a qual não posso concordar integralmente, sobretudo diante
de um governo atual tão distante e indiferente à opinião
pública. A longo prazo, números podem resolver e apenas
parte da questão. Para a reversão de expectativas
para um futuro melhor são necessárias algumas mudanças
fundamentais na condução da política econômica.
A desesperança não é gratuita e remonta a várias
turbulências em que se jogou a nação.
A
verdade é que não se pode simplesmente esquecer o
passado. Desde o golpe de 64, o País vem sofrendo alternâncias
de crises, de confiscos e desilusões. Depois de toda a opressão
imposta pelo regime militar, os brasileiros sofreram uma série
de golpes frustrantes na Economia, desde a crise do México,
a moratória, os planos Cruzado, Bresser, Verão, Collor,
fechando o ciclo com a desvalorização cambial do ano
passado. E tudo isso dentro de duas décadas de atraso, onde
o PIB cresceu apenas pouco mais de 0,2% ao ano. Nossa distribuição
de renda agravou-se ainda mais, a ponto de ser considerada uma das
piores do mundo. Serão explicações razoáveis?
A
meu ver, como já escrevi em artigo do mês passado,
ocorreu uma espécie de deterioração do sentimento
de nacionalidade. Admito também, agravada por uma ruptura
nas regras do jogo cooperativo entre os três parceiros da
Economia: os trabalhadores, os empresários e o Governo. É
nesse sentido o artigo do deputado Delfim Netto, publicado no jornal
Valor (11.07.00), que afirma: ‘É preciso construir
instituições que, sem prejudicar a eficiência,
garantam aos trabalhadores uma realidade participativa, uma faceta
fundamental da aspiração por ‘igualdade’
que persegue o homem. A sobrevivência da Democracia exige
que eles se percebam parte integrante e respeitada do processo de
crescimento da sociedade, e não seres alienados para os quais
o desenvolvimento material e a liberdade são irrelevantes.’
A seguir afirma ser preciso dar ao cidadão perspectivas de
cooperação como parceiros, de liberdade criativa e
de relativa igualdade. Essas funções seriam das empresas,
mas cabe ao Governo criar o ambiente estimulador para esse novo
conjunto de regras, o que permitiria a competição
sem a perda da perspectiva. E termina seu artigo com um alerta:
‘Crescimento pela competição num regime democrático
é o nome do jogo. Mas é preciso cuidado e sensibilidade,
porque o fundamentalismo mercadista pode fazer muita coisa, mas
não pode garantir a relativa igualdade entre os indivíduos,
um valor que eles jamais deixarão de perseguir.’
Vou
além e acrescento que para essa tarefa de administração
do jogo não se pode contar com o atual Governo, não
só pela sua falta de sensibilidade, como também pelo
fato de ser ele, o Governo, o principal foco de desestabilização
econômico-social. O que concorre para tanta desilusão
não são só os espetáculos a que estamos
assistindo de corrupção, impunidade, irresponsabilidade
generalizada. A perda do sentimento de nacionalidade tem muito a
ver com a desnacionalização da nossa Economia, com
a invasão de empresas estrangeiras, numa espécie de
demonstração prática de que o brasileiro é
incapaz de gerenciar e produzir, devendo se restringir apenas à
função de rentista, como se dizia no século
19.
Todo
esse processo provocou a exclusão da classe média
do debate e do cenário econômico. Mandaram-na deixar
suas empresas para mãos mais eficientes e que fosse viver
de aluguel. O Governo atual, com essa política, sinalizou
com clareza que o Brasil não terá grandes empresas
de expressão internacional, não terá suas multinacionais.
Não estará aí, justamente nessa política
de alienação patrimonial, uma das principais razões
da desesperança e do pessimismo atual do brasileiro?
Por
tudo isso, quando leio ou ouço esses apanágios antigos
do Liberalismo como o do Estado fraco, da globalização,
da mão invisível, fico imaginando qual será
a reação da opinião pública quando,
afinal, acordar e perceber que lhe tiraram tudo e sequer restou
o aluguel. Será que teremos de esperar e pagar para ver chegar
esse momento trágico? Não será melhor que,
sobretudo como obrigação da maior parte dos formadores
de opinião, se comece logo a reagir e a defender os legítimos
interesses nacionais?
Fonte:
http://www.observatoriodaimprensa.com.br
/artigos/mem18072000.htm
|
______
Notas:
1.
Díscolo: que ou quem é mal-educado, sem polidez; que ou quem
é agressivo, brigão, desordeiro.
2. Rentista:
que ou aquele que vive exclusivamente de rendas, de rendimentos; pessoa
que vive de rendimentos; aquele que recebe rendas provenientes de títulos
públicos.
Páginas
da Internet consultadas:
http://pt.wikipedia.org/wiki/
Barbosa_Lima_Sobrinho
http://www.portaldoenvelhecimento.net/
acervo/artieop/Geral/artigo35.htm
http://www.pousadadascores.com.br/leitura_
virtual/entrevistas/barbosa_lima_sobrinho.htm
http://academiadosamba.com.br/
passarela/uniaodailha/ficha-1999.htm
http://brasil.iwarp.com/barbosa.html
http://www.fgmconsultoria.com.br/
marialucia/diario.htm
http://www.terra.com.br/
istoe/politica/142417.htm
http://www2.uol.com.br/
JC/_2000/0408/el2807h.htm
http://www.observatoriodaimprensa.com.br/
artigos/mem18072000.htm
http://www.globoonliners.com.br/icox.php?mdl
=pagina&op=listar&usuario=9668&post=36900
http://www.memorialdobrasil.com.br/
biografias_barbosa_lima_sobrinho.htm
http://www.terra.com.br/istoegente/
15/reportagens/testem_15.htm
http://www.fundaj.gov.br/
docs/tropico/desat/barbosa.html
http://www.almacarioca.com.br/cro34.htm
http://br.geocities.com/
profpito/barbosacomparato.html
http://www.academia.org.br/abl/cgi/
cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=6867&sid=121
http://www.abi.org.br/
paginaindividual.asp?id=203
http://www.terra.com.br/istoe/biblioteca/
brasileiro/comunicacao/comunicacao13.htm
http://www.academia.org.br/
abl/outros/rachel/barbosa5.htm
Fundo
musical:
O Guarani
(Antônio Carlos Gomes)
Fonte:
http://portalsaofrancisco.com.br/
alfa/gomes-antonio-carlos/mid-1.php