BARBATANAS DE
TUBARÃO
Rodolfo Domenico
Pizzinga
ala-se
tanto de fraternidade!
Aconselha-se tanto a
solidariedade!
Mas, dos nossos irmãos
tubarões,
crudelissimamente, cortamos
as babatanas,
para fazer sopinha com
legumes!
ala-se
tanto de fraternidade!
Aconselha-se tanto a
magnanimidade!
Mas, dos nossos irmãos
elefantes,
crudelissimamente, arrancamos
o marfim,
para fazer berloques e
penduricalhos!
ala-se
tanto de fraternidade!
Aconselha-se tanto a
generosidade!
Mas, dos nossos irmãos
rinocerontes,
crudelissimamente, arrebatamos
o chifre,
para fazer pó-que-não-cura-xongas!
ala-se
tanto de fraternidade!
Aconselha-se tanto a
dadivosidade!
Mas, nos nossos irmãos
animais,
crudelissimamente, fazemos
vivissecções,
usando descabimentos demagógico-alógicos!
ala-se
tanto de fraternidade!
Aconselha-se tanto a
longanimidade!
crudelissimamente, matamos
tigres,
leões, leopardos,
raposas, marlins, veados...
ala-se
tanto de fraternidade!
Aconselha-se tanto a
benignidade!
crudelissimamente, extirpamos
a pele,
para confeccionar zil
sei-lá-o-quês!
ala-se
tanto de fraternidade!
Aconselha-se tanto a
liberalidade!
Mas, com a nossa ignorância
e a nossa imensa despiedade,
somos, sim, fazedores
de dolores...
orque,
se o Kosmos
é um,
te(re)mos que cheirar
o mesmo pum.
E assim, o pum que o regalão
der,
o enrolão haverá
de cheirar, e vice-versa.
Feda o que feder, cause
o que causar!
epois,
não adianta se queixar.
É agora que o enema
terá que limpar.
Essa porra de deixar tudo-para-amanhã
só serve para arrumar
calo na alma
e hemorróidas de
grau IV no cérebro!
or
quê? Porque dois + três = cinco
e três2
+ quatro2 = vinte e cinco.
Não há marreco
que possa ab-rogar
– mãe da
Lei da Necessidade!
eja
aqui ou na casa do cacete,
como poderá falhar
o balancete?
Príncipe encantado
não existe.
O que existia se casou
com a Cinderela.
Escreveu não leu
o pau comeu!