PERGUNTEI AO BABULINA
Rodolfo Domenico
Pizzinga
Babulina
— Perguntei
ao Babulina
por que ele
rogava tanto.
Ele agarrou
a concertina,
e, logo, cantou
este canto:
— De
joelhos, vou rezar,
para Deus, nosso
Senhor,
para a chuva
não molhar
o meu muito
amado amor...
— Sacundim...
Sacundém...
Oh!, chuvas
de março!
Não
molhem o meu neném!
Basta de tanto
camarço!
— Então,
eu argumentei:
a CHUVA não
pode parar,
nem por decreto-lei.
Ela vem e deve
MOLHAR!
— Como
o AR, que AREJA,
a CHUVA tem
que MOLHAR.
Nosso Eu ela
ALVEJA,
para podermos
AVANÇAR.
— Como
o AR, que ANIMA,
a CHUVA jamais
é ruim.
Ela ensina a
cada ANIMA
a trocar o não
pelo SIM.
— A
purgar os malfeitos,
a dirimir a
ignorância,
a corrigir os
defeitos,
a cancelar a
inconstância.
— Em
OURO o chumbo MUTAR,
a reencontrar
o CAMINHO,
a nos dar asas
para VOAR,
para retornar
ao NINHO.
— Não
se altera a Natureza;
não termina
a experiência.
para brotar
a CONSCIÊNCIA.
— Ou
compreendemos isto
ou não
nos ALFORRIAREMOS.
Ou desfazemos
o permisto
ou não
nos ILLUMINAREMOS.
— Continuando
agrilhoados,
como conheceremos
a LLUZ?
Continuando
masmorrados,
como mudaremos
de Cruz?
Parimos
nossas masmorras,
e não saímos de dentro delas!