AVANT LA LETTRE1

 

 

Rodolfo Domenico Pizzinga

 

 

 

 

 

 

 

Haverá um tempo-espaço avant la lettre?

Haverá um conhecimento avant la lettre?

Ou tempo e espaço são uma só existência?

 

 

Avant la lettre, sim, objetivamente.

Avant la lettre, sim, desprevenidamente.

Avant la lettre, não, subconscientemente.

Avant la lettre, não, universalmente.

 

 

As coisas atualizam-se e progridem,

mas também adormecem e regridem.

Assim são o mânvântâra e o prâlâya2,

nos quais vascolejam atualidade e mâyâ.3

 

 

 

 

 

 

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Notas:

1. A expressão francesa «avant la lettre» significa «antes do estado definitivo», «antes do seu inteiro desenvolvimento» ou «antes de o termo existir». Assim, cabem muito bem as idéias equivocadas, esquisitas, extravagantes e excêntricas «antes de o Universo existir» e «antes de o Universo ter sido criado por...». Bolas! Nunca houve, não há e jamais poderá haver a criação de um grão de poeira ou de um Universo, seja «avant la lettre», seja «après la lettre»!

Nota editada da fonte: Ciberdúvidas da Língua Portuguesa

http://ciberduvidas.sapo.pt/pergunta.php?id=20535

2. Mânvântâra (ou Kalpa), segundo a Teosofia, é o período de tempo do ciclo de existência dos planetas em que ocorre atividade. Ele dura, segundo o cômputo dos Brâmanes, 4.320.000.000 de anos. O período de inatividade, chamado Prâlâya, tem a mesma duração. Tomando 360 Mânvântâras e igual número de Prâlâyas, obtém-se um Ano de Brahman. A duração de 100 Anos de Brahman forma uma Vida de Brahman, também chamado de Mahamânvântâra, durando, no total, 311.040.000.000.000 anos. Este é, segundo Helena Petrovna Blavatsky (1831 – 1891), o período de atividade do cosmo, seguindo-se um período de inatividade, chamado Mahaprâlâya, de igual duração.

Fonte:

http://pt.wikipedia.org/wiki/Manvantara

3. O conceito de mâyâ é geralmente traduzido como ilusão, ou seja, a existência fenomênica e as percepções dessa mesma existência. De acordo com a filosofia hindu, tudo o que está sujeito à mudança é considerado mâyâ. Nesse sentido, talvez, melhor seria considerar as diferentes mâyâs como realidades secundárias, terciárias, quaternárias et cetera, pois, conceitualmente, não há negação do mundo da existência; mas, sim, mâyâ procura alertar para a natureza das múltiplas realidades existentes. Um exemplo interessante é o conceito de Universo apresentado e proposto pela física einsteiniana, ainda que a realidade sensorial e perceptiva seja, para nós, ainda, a da física newtoniana. Mas, haverá uma Física mais avançada do que a física einsteiniana? A Teoria das Cordas (ou Teoria das Supercordas) é um exemplo disto. O interesse na Teoria das Cordas é dirigido pela grande esperança de que ela possa vir a ser uma teoria de tudo, isto é, uma teoria que unifique toda a Física e que amalgame a Teoria da Relatividade e a Teoria Quântica em uma única estrutura físico-matemática. O que é indiscutível é que um sólido, na verdade, não é uma coisa estática, sem vida; antes, é um campo de energia vibratória em incessante movimento, vivo. Entretanto, mesmo que saibamos a verdade sobre os átomos, sem supercordas ou com supercordas, sem teoria de tudo ou com teoria de tudo, nós, peregrinos desta Terceira Dimensão, ainda sentimos e percebemos os objetos como coisas sólidas, como sempre fizemos. E é disto que trata mâyâ – o conhecimento de que existem realidades para além de nossas rotinas mentais e cotidianas. Mâyâ não nega o mundo – como poderia negá-lo? – mas nos adverte que o nosso mundo e o Universo não são tudo o que parecem ser. Mâyâ, portanto, é uma incitação para que sejam buscadas compreensões mais elevadas; para que persigamos, enfim, dimensões e planos vibratórios mais elevados e mais refinados. Tenhamos sempre em mente a advertência de Ovídio, em Metamorphoses 15.177: Nihil est toto quod perstet in orbe. Não há nada no mundo inteiro que se mantenha imutável. Isto é: Nihil firmum constansque est. Nada é firme e permanente.

Para um exame mais minucioso sobre estes temas, dirija-se a:

http://pt.wikipedia.org/wiki/Teoria_das_cordas

http://pt.shvoong.com/humanities/
religious-studies/1099886-ilus%C3%A3o-maya/

 

 

 

 

 

Fundo musical:

Fly Me To The Moon
Compositor: Bart Howard

Fonte:

http://www.eadcentral.com/go/1/1/0/http://
www.xs4all.nl/~geerligs/Songlist%20Demeter.htm