AUTOMEDICAÇÃO

 

 

 

Rodolfo Domenico Pizzinga

 

 

 

 

Nada é mais fácil do que se iludir, pois, todo homem acredita que aquilo que deseja seja também verdadeiro. (Demóstenes).

 

Perder uma ilusão nos torna mais sábios do que encontrar uma verdade. (Karl Ludwig Börne). [Mais sábios não sei, mas, menos estúpidos certamente.]

 

E se tudo for uma ilusão e nada existir? Neste caso, não há dúvida de que paguei demais por aquele tapete novo. (Woody Allen).

 

O homem morre como nasce: sem cabelo, sem dentes e sem ilusões. (Voltaire).

 

Os homens se agarram às ilusões quando não têm mais nada a que se agarrar. (Czeslaw Milosz).

 

É barato construir castelos no ar e bem cara a sua destruição. (François Charles Mauriac).

 

A distinção entre passado, presente e futuro é apenas uma ilusão teimosamente persistente. (Albert Einstein).

 

A ilusão nos engana justamente porque nos faz passar por uma percepção autêntica. (Maurice Merleau-Ponty).

 

A Ilusão é o combustível dos perdedores. (Roberto Shinyashiki).

 

O tempo é uma ilusão produzida pelos nossos estados de consciência, à medida em que caminhamos através da duração eterna. (Isaac Newton). [É por isto que, quando me refiro ao tempo, costumo chamá-lo de tempo que não é Tempo. E por quê? Porque o tempo (objetivo) tem começo, meio e fim, e o Tempo (Cósmico) não tem nada disto, pois, nunca teve princípio (não foi criado) nem terá fim (não será anulado). Resumindo: o tempo objetivo não-é-sendo; o Tempo Cósmico é-não-sendo.]

 

O sábado é uma ilusão. (Nelson Falcão Rodrigues).

 

 

 

 

 

 

O Boneco de Ventríloquo

 

 

 

ismei de me automedicar,

e tomei lactobacilos do Esculápio Shirota.

Bolas! Não adiantou;

e a porra da caganeira só piorou!

 

Cismei de me 'despecadizar',

e parei de ficar paquerando cocota.

Bolas! Não adiantou;

de me tentar o dragão não parou!

 

Cismei de sair voando por aí,

como Fernão Capelo Gaivota.

Bolas! Não adiantou;

a falta de ar quase me sufocou!

 

Cismei de maximizar,

e dei um jeito de ser 'amicus curiæ'.

Bolas! Não adiantou;

e como estava a bodega ficou.

 

Cismei que eu iria me salvar,

e a um padre me confessei.

Bolas! Não adiantou;

e a pecadaria só aumentou.

 

Cismei que eu iria zerar o karma,

e a um templo budista dizimei.

Bolas! Não adiantou;

e meu débito só incrementou.

 

Cismei de me transfigurar,

e decidi para uma caverna me mudar.

Bolas! Não adiantou;

o tempo passou e nada se alterou.

 

Cismei de me purificar,

e decidi um bom celibatário virar.

Bolas! Não adiantou;

e a auto-estimulação continuou.

 

Cismei de me desentediar,

e decidi partir para o 'all or nothing at all'.

Bolas! Não adiantou;

e a ambigüidade me torturou.

 

Parei de plexo-solarizar,

e decidi olhar para o meu interior.

Aí, sim, adiantou;

e o forrobodó todinho mudou.

 

E descobri uma coisa:

eu era um boneco de ventríloquo

sem direção

de cada amamentada ilusão!

 

e ouvi a Voz do Silêncio.

Deixei de ser manco,

e troquei o negro pelo branco!

 

E, na Hora da Grande Aventura,

foi uma sesquipedal moleza:

não doeu nem deu cagaço,

pois, eu havia me libertado do laço!

 

Esta historinha se efetivará,

para quem mudançar agora.

O amanhã é hoje!

Não adianta pedir penico a moloje.1

 

 

 

 

 

 

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Nota:

1. Mologe é feiticeiro, benzedeiro, mandingueiro, mandraqueiro, abracadabrista etc. Mas, mutatis mutandis, você também pode pensar em padres, rabinos, pastores, monges, aiatolás, xamãs, pajés, mães-de-santo, pais-de-santo, mestres de fraternidades iniciáticas e espiritualistas em geral. Não há penico de ouro nem poder no mundo que deletem o karma. Por isto, por exemplo, a confissão auricular é um desastre espiritual. Quem pode perdoar pecado de quem? A confissão auricular foi uma invencionice criada apenas para o exercício macabro do poder temporal. Não vale nada. Karma é para ser compensado, mas, mais do que isso, é para ser compreendido. Quando não compreendemos o porquê de uma experiência encarnativa, ela, relativamente, foi inútil. Daí, os repetecos mais ou menos sucessivos. Precisamos nos alforriar dos lactobacilos!

 

 

Escada de Três Degraus

Escada de Três Degraus

 

 

Música de fundo:

All or Nothing at All
Composição: Arthur Altman (música) & Jack Lawrence (letra)
Interpretação: Frank Sinatra

Fonte:

https://www.youtube.com/watch?v=D7nb1bgicME

 

Páginas da Internet consultadas:

https://www.publicdomainpictures.net/en/

http://candlefind.com/

https://www.pensador.com/

http://www.citador.pt/

http://www.espada.eti.br/rc123.asp

https://br.pinterest.com/

https://www.fg-a.com/faces-4.shtml

https://yandex.ru/

http://recordsofsamael.tumblr.com/

 

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