A
austeridade do sacerdote e do monge é áspera. Eles repelem
alguns dos seus apetites, mas, não repelem outros que o costume sancionou.
O santo representa o triunfo da violência austera. Geralmente, a austeridade
é identificada como negação de si mesmo, à força
de brutal disciplinamento, de exercícios e de ajustamentos. Forceja
o santo por bater um recorde, tal como o atleta. A falsidade disto traz
a sua austeridade própria. O santo é um ente entorpecido e
pretensioso. Perceber isto é inteligência. Esta inteligência
nunca salta de um extremo ao outro. Inteligência é a sensibilidade
que compreende e, por conseguinte, evita os extremos. Mas, isto não
é a prudente mediocridade de permanecer no meio-termo. Perceber isto
claramente é Apre[e]nder.
E este Apre[e]nder
requer que estejamos livres de todas as conclusões e de todos preconceitos.
Tais conclusões e preconceitos resultam da observação
feita pelo Centro –
o Eu [Interior] –
que quer e que dirige. [In:
A Luz que Não se Apaga (em inglês: The
Urgency of Change), de autoria de Jiddu Krishnamurti.]
Em
todo o mundo, parece ser crença geral que a libertação
é o fruto de uma prolongada disciplina. Todavia, ver claramente as
coisas, isto sim, é disciplina. Para vermos claramente, necessitaremos
de liberdade interior, e não de disciplina. A liberdade, portanto,
não é o resultado final da disciplina; a própria compreensão
da liberdade é disciplina. Liberdade é disciplina são
duas coisas que andam sempre juntas, inseparavelmente; quando se separam,
há conflito. Para vencer este conflito, entra em ação
a vontade, que gera mais conflito. É uma cadeia sem fim. A liberdade,
portanto, está no começo e não no fim: o começo
é o fim e o fim é o começo. O Apre[e]nder
sobre tudo isto é, em si, disciplina. O Apre[e]nder
exige sensibilidade. Se não formos sensíveis a nós
mesmos, ao nosso ambiente, às nossas relações, enfim,
se não formos sensíveis ao que está se passando em
derredor de nós, seja na nossa cozinha, seja no mundo, então,
por mais que nos disciplinemos, iremos nos tornando cada vez mais insensíveis
e cada vez mais egocêntricos, e isto gera problemas sem conta. Apre[e]nder
é ser sensível a si mesmo e ao mundo exterior, porque nós
somos o mundo exterior e o mundo exterior é e está nós.
Então, se somos sensíveis a nós mesmos, não
podemos deixar de ser sensíveis ao mundo. Esta sensibilidade é
a mais alta forma da inteligência. Não é a sensibilidade
de um especialista –
do médico, do cientista, do pipoqueiro ou do artista –
pois, esta sensibilidade é fragmentada, e nenhuma fragmentação
produzirá sensibilidade. Neste sentido, como é possível
amar sem sensibilidade? O sentimentalismo e o emocionalismo negam a sensibilidade,
porque são terrivelmente cruéis: são os responsáveis
pelas guerras. Disciplina, pois, não é o adestramento ministrado
pelo sargento no campo de manobras ou pela vontade em nós mesmos
[fiat
voluntas mea]. O Apre[e]nder,
seja durante todo o dia, seja durante o sono, tem sua própria e extraordinária
disciplina, tão delicada como a folha primaveril e tão veloz
como a luz. Neste Apre[e]nder
há Amor. O Amor tem sua própria disciplina, cuja beleza escapa
à mente exercitada, moldada, controlada, torturada, preconceituosa
e egoísta. Sem esta disciplina, a mente não poderá
ir muito longe. [Ibidem.]
Disciplinamento
Inútil
Disciplinamento
Fútil
Disciplinamento
Sútil
—
Em nome da austeridade,
da
moral e da disciplina,
parei
de saracotear em tour,
à
tarde, atrás da Belle
de Jour.
—
Em nome da austeridade,
da
moral e da disciplina,
parei
de querer namorada
e
dexei de ir a Pasárgada.
—
Em nome da austeridade,
da
moral e da disciplina,
não
+ azarei rabo-de-saia
e
não fui + a Saramandaia.
—
Em nome da austeridade,
da
moral e da disciplina,
fiz
a opção de me ciliciar
e
de me autocrucificar.
Autocrucificação
—
Em nome da austeridade,
da
moral e da disciplina,
como
Orígenes, me castrei,
e,
como eunuco, perdurei.
—
Em nome da austeridade,
da
moral e da disciplina,
passei
a viver solitário
e
me tornei celibatário.
—
Em nome da austeridade,
da
moral e da disciplina,
durmo
em cama de pregos
e
desprezo os achegos.
Cama
de Pregos
—
Em nome da austeridade,
da
moral e da disciplina,
oro e jejuo todos os dias
e
menospreço as alegrias.
—
Em nome da austeridade,
da
moral e da disciplina,
não me regozijo nem sorrio.
Só
por Deus tenho tresvario.
—
Em nome da austeridade,
da
moral e da disciplina,
exorcizei os meus diabos
e
só tomo sopa de nabos.
—
Em nome da austeridade,
da
moral e da disciplina,
como faquir, decidi emagrar,
e,
ao meu guru, vassalar.
—
Em nome da austeridade,
da
moral e da disciplina,
para me livrar do aziago,
fiz
o Caminho de Santiago.
—
Em nome da austeridade,
da
moral e da disciplina,
–
inerme e acinético –
admiti
só o hipotético.
—
Em nome da austeridade,
da
moral e da disciplina,
sempre esperei recompensa
para
a minha mixa res extensa.
—
Em nome da austeridade,
da
moral e da disciplina,
pari meus próprios slogans
e
nunca topei a res cogitans.
—
Em nome da austeridade,
da
moral e da disciplina
–
como uma espécie de sina –
só
dei bola para a Res Divina.
—
Em nome da austeridade,
da
moral e da disciplina
–
de rapazola a corutes
–
dissociei
as
res
da Res.
René Descartes
—
Em nome da austeridade,
da
moral e da disciplina,
achei que o > dos ateus
era
o otnas
João de Deus.
João de Deus
—
Em nome da austeridade,
da
moral e da disciplina,
pedi azar pros arranjistas
e
pra todos os egolatristas.
—
Em nome da austeridade,
da
moral e da disciplina,
quis que o Assad e o Maduro
chegassem
ao fim no escuro.
Bashar Hafez al-Assad
Nicolás
Maduro Moros
(— ¡Puta
que parió todos esos buitres!)
—
Em nome da austeridade,
da
moral e da disciplina,
não me deleito + com meleca
nem
deliro + com
perereca.
—
Em nome da austeridade,
da
moral e da disciplina,
quero a volta da Inquisição,
com
El Martillo de los herejes
de plantão.
Tomás
de Torquemada
(El Martillo de los Herejes)
—
Em nome da austeridade,
da
moral e da disciplina,
hoje, moro numa caverna,
sem
bidé e sem cisterna.
—
Em nome da austeridade,
da
moral e da disciplina,
não escovo + os meus dentes
nem
aceito + presentes.
—
Em nome da austeridade,
da
moral e da disciplina,
resolvi não tomar +
banho
e sofrer um agror quamanho.
—
Em nome da austeridade,
da
moral e da disciplina,
me isolei de tudo e de todos
e
não ligo pros meus nodos.
—
Em nome da austeridade,
da
moral e da disciplina,
apedrejo os prostituídos
e
odeio os desescolhidos.
—
Em nome da austeridade,
da
moral e da disciplina,
requestei a São Longuinho
para
achar o bom caminho.
—
Em nome da austeridade,
da
moral e da disciplina,
pedi a S. Paulo e a S. Pedro
para
que abençoem o paredro.
—
Em nome da austeridade,
da
moral e da disciplina,
roguei para que o Cristo
bote em ordem tudo isto.
—
Em nome da austeridade,
da
moral e da disciplina,
sempre acompanhei a moda
e nunca me livrei da roda.
Roda
de Cocô
—
Em nome da austeridade,
da
moral e da disciplina,
sempre obedeci a tradição
e pospus a Voz da Livração.
—
Em nome da austeridade,
da
moral e da disciplina,
sempre fui um pau-mandado
e não atualizei o uadrado.
—
Em nome da austeridade,
da
moral e da disciplina,
sempre fui um inocente útil
e apaguei como um inútil.
—
Em nome da austeridade,
da
moral e da disciplina,
sempre fui um nefelibata
e um papagaio de pirata.
—
Em nome da austeridade,
da
moral e da disciplina,
sempre segui a procissão
e nunca saí da escuridão.
Música
de fundo:
La Belle
de Jour
Composição e interpretação: Alceu Valença
Fonte:
https://www.youtube.com/watch?v=K791ETW5YjQ
Páginas
da Internet consultadas:
https://twitter.com/torquemada_tom
https://istoe.com.br/
http://www.acervofilosofico.com.br/
https://imgur.com/
https://www.littleimages.org/
https://g1.globo.com/
https://www.magicamais.com.br/
https://tenor.com/
https://www.deviantart.com/
https://pt.dreamstime.com/
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