Rodolfo Domenico Pizzinga

 

 

 

 

 

O Mistério do Quarto 311
(Um Caso Verídico)

 

 

Durante alguns meses acreditou-se que o quarto 311 de um hospital municipal de um país da Europa tinha uma espécie de terrível maldição.

Todas as sextas-feiras de manhã, os enfermeiros descobriam um paciente morto nesse quarto da unidade de terapia intensiva do hospital. Claro que os pacientes tinham sido alvo de tratamentos de risco, mas, no entanto, já não se encontravam mais em perigo de morte. Porém morriam sem uma causa aparente que justificasse o episódio. A coisa era tetricamente tenebrosa! O quarto 311 parecia ser mesmo mal-assombrado.

A equipe médica, perplexa, pensou que existisse algum tipo de contaminação bacteriológica no ar do quarto. Aventaram inclusive a hipótese que, talvez, o filtro do aparelho de ar condicionado pudesse estar contaminado. Testes foram feitos, mas nada foi encontrado. Nada justificava as mortes que aconteciam infalivelmente todas as sextas-feiras no quarto 311.

Alertadas pelos familiares das vítimas, as autoridades policiais, em colaboração com a administração do hospital, deram início a uma minuciosa investigação.

No entanto, os pacientes do quarto 311 continuavam a morrer em um ritmo semanal infalível. Era sempre às sextas-feiras. Não falhava. Paciente que se hospedasse naquele quarto podia fazer as malas porque embarcaria, sem qualquer atraso, na sexta-feira próxima vindoura. Mas o fato é que aquele quarto parecia ser mesmo uma tremenda caveira-de-burro.

Por fim, foi colocada uma câmera no quarto, e o mistério foi resolvido. Todas as sextas-feiras de manhã, por volta das 6 horas, a funcionária encarregada da limpeza daquele quarto desligava o respirador artificial do doente para ligar o aspirador de pó!

Maldição? Mal-assombramento? Não. 'Apenasmente' – como diria Odorico Paraguassu, prefeito da imaginária cidade de Sucupira (na ficção de Dias Gomes) – ignorância. Faltou Training Within Industry; no caso, Training Within Hospital.

 

 

 

 

ão há maldição orientada.

Não há mau-olhado industriado.

Não há bruxaria encomendada.

Não há sortilégio que dê resultado.

 

ontudo, quem paga pedágio ao mal

passa a ser um inconsciente canal

para toda espécie de vendaval

tal e qual um boçal semi-racional.

 

que podem dar origem a atos criminosos.

É por isso que os malditos ardilosos

algumas vezes aparentam ser vitoriosos.

 

as quem no Coração construiu seu Sanctum

não precisa temer qualquer mau momentum.

E quem está a Serviço do Summum Bonum

jamais será instrumentalizado pelo malum.

 

 

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Música de fundo:

Witchcraft (Carolyn Leigh & Cy Coleman)

Fonte:

http://www.artemotore.com/midi/midi41001.htm