Para
compreendermos e nos libertarmos de um problema, necessitaremos de abundante
energia, apaixonada e persistente, não só energia física
e intelectual, mas, também, uma energia independente de qualquer
motivo, de qualquer estímulo psicológico, de qualquer droga,
de qualquer coisa. Se dependermos de algum estímulo, esse próprio
estímulo tornará a mente embotada e insensível. Tomando
uma certa droga, poderemos até encontrar, temporariamente, energia
suficiente para vermos as coisas muito mais claramente, mas, teremos de
voltar ao estado anterior e, por conseguinte, nos tornaremos cada vez mais
dependentes desta droga. Assim, qualquer estímulo –
seja da religião, seja do álcool, seja das drogas, seja da
palavra escrita, seja da palavra falada, seja do que for – acarretará
inevitavelmente a dependência, e esta dependência nos impedirá
de ver claramente, por nós mesmos, e, por conseguinte, de ter a energia
vital. [In:
Liberte-se do Passado (Freedom
From the Known), de autoria de Jiddu Krishnamurti.]
Mas,
por que temos essas dependências? Por que somos dependentes? Porque,
interiormente, nada temos. Interiormente não existe em nós
uma fonte sempre cheia e abundante de vida e de movimento. Por isto, nós
dependemos e imitamos. [Ibidem.]
Dependente
Mas,
atenção, muita atenção: o descobrimento da causa
da dependência não nos livrará de ser dependentes. O
descobrimento da causa é puramente intelectual e, portanto, evidentemente,
não poderá libertar a mente da sua dependência. A mera
aceitação intelectual de uma idéia ou a aquiescência
emocional de uma ideologia não podem libertar a mente da dependência
daquilo que lhe dá estímulo. O que liberta a mente da dependência
é o percebimento da inteira estrutura e da inteira natureza do estímulo
e da dependência, e de como este estímulo e esta dependência
tornam a mente estúpida, embotada e inerte. Só o percebimento
desta totalidade libertará a mente. [Ibidem.]
—
Quem sou eu? Por
que sou dependente?
— Descobri
que eu era dependente
porque, por dentro, era chochinho,
porém, nunca dei a menor pelota pra isso,
e jamais mudei nem sequer um pedacinho.
Linda,
mas, chochinha por dentro!
— Descobri
que eu era intolerante
porque era baratinado e mijote,
porém, nunca dei a menor pelota pra isso,
e jamais mudei nem sequer um pedacinho.
— Descobri
que eu era terrorista
porque não entendi o Sagrado
Alcorão,
porém, nunca dei a menor pelota pra isso,
e jamais mudei nem sequer um pedacinho.
Sagrado Alcorão
— Descobri
que eu era preconceituoso
porque era ridículo e
ordinário,
porém, nunca dei a menor pelota pra isso,
e jamais mudei nem sequer um pedacinho.
— Descobri
que eu era belicista
porque tinha inclinação
pra tirano,
porém, nunca dei a menor pelota pra isso,
e jamais mudei nem sequer um pedacinho.
— Descobri
que eu era corrupto
porque era fanzoca da Lei de
Gérson,
porém, nunca dei a menor pelota pra isso,
e jamais mudei nem sequer um pedacinho.
— Descobri
que eu era sub-reptício
porque adorava praticar uma fraude,
porém, nunca dei a menor pelota pra isso,
e jamais mudei nem sequer um pedacinho.
Irmãos Metralha
— Descobri
que eu odiava os gays
porque, no fundo, gostaria de
ser gay
(mas, não tinha coragem pra sair do armário),
porém, nunca dei a menor pelota pra isso,
e jamais mudei nem sequer um pedacinho.
— Descobri
que eu odiava os judeus
porque era inumano e desfraterno,
porém, nunca dei a menor pelota pra isso,
e jamais mudei nem sequer um
pedacinho.
O Eterno Judeu
(Propaganda Nazista Contra os Judeus)
— Descobri
que eu odiava os muçulmanos
porque era vulgar e ultrachauvinista,
porém, nunca dei a menor pelota pra isso,
e jamais mudei nem sequer um
pedacinho.
Islamofobia
— Descobri
que eu odiava os refugiados
porque não queria bagunça
no meu país,
porém, nunca dei a menor pelota pra isso,
e jamais mudei nem sequer um
pedacinho.
Quando compreenderemos que somos
todos irmãos?
— Descobri
que eu odiava os deslocados
porque não eram meus parentes
de sangue,
porém, nunca dei a menor pelota pra isso,
e jamais mudei nem sequer um pedacinho.
— Descobri
que eu maltratava os animais
porque não sabia que deles
era guardião,
porém, nunca dei a menor pelota pra isso,
e jamais mudei nem sequer um pedacinho.
— Descobri
que eu devastava os vegetais
porque não sabia que deles
era protetor,
porém, nunca dei a menor pelota pra isso,
e jamais mudei nem sequer um pedacinho.
— Descobri
que eu continuava entremaduro
porque queria permanecer Maduro,
porém, nunca dei a menor pelota pra isso,
e jamais mudei nem sequer um pedacinho.
— Descobri
que eu amava Pasárgada
porque só me alimentava
de miralusões,1
porém, nunca dei a menor pelota pra isso,
e jamais mudei nem sequer um
pedacinho.
— Descobri
que eu continuava dormindo
porque não queria despertar
de jeito nenhum,
porém, nunca dei a menor pelota pra isso,
e jamais mudei nem sequer um
pedacinho.
— Descobri
que eu era fideísta e religioso
porque tinha medo de ir parar
no inferno,
porém, nunca dei a menor pelota pra isso,
e jamais mudei nem sequer um
pedacinho.
— Descobri
que eu era romanista
porque medrava do Barco do Caronte,
porém, nunca dei a menor pelota pra isso,
e jamais mudei nem sequer um pedacinho.
Caronte
(Ilustração de Gustave Doré, para a
Divina Comédia)
— Descobri
que eu era dizimista
porque cria que o dízimo
é sagrado
(e adorava fazer negócios com Deus),
porém, nunca dei a menor pelota pra isso,
e jamais mudei nem sequer um pedacinho.
— Descobri
que eu era apocaliptista
porque interpretei mal as Centúrias
de ,
porém, nunca dei a menor pelota pra isso,
e jamais mudei nem sequer um
pedacinho.
Centúrias
— Descobri
que eu repelia os infiéis
porque pensava que eram demônios,
porém, nunca dei a menor pelota pra isso,
e jamais mudei nem sequer um pedacinho.
— Descobri
que eu não amava as mulheres
porque minha mãe havia
sido paloma,
porém, nunca dei a menor pelota pra isso,
e jamais mudei nem sequer um pedacinho.
— Descobri
que eu era tracônico
porque não tinha vergonha
na cara,
porém, nunca dei a menor pelota pra isso,
e jamais mudei nem sequer um pedacinho.
— Descobri
que eu era patriota
porque era bocó, anano
e mesquinho,
porém, nunca dei a menor pelota pra isso,
e jamais mudei nem sequer um pedacinho.
— Descobri
que eu era avarento
porque tinha pavor de ficar pobre,
porém, nunca dei a menor pelota pra isso,
e jamais mudei nem sequer um pedacinho.
— Descobri
que eu era criticador
porque era titubeante e inseguro,
porém, nunca dei a menor pelota pra isso,
e jamais mudei nem sequer um
pedacinho.
O Criticador
— Descobri
que eu era maria-vai-com-as-outras
porque não possuía
determinação,
porém, nunca dei a menor pelota pra isso,
e jamais mudei nem sequer um pedacinho.
— Descobri
que eu detestava a maria-das-pernas-compridas
porque não queria me molhar,
porém, nunca dei a menor pelota pra isso,
e jamais mudei nem sequer um pedacinho.
— Descobri
que eu era inocente útil
porque era uma besta quadrada,
porém, nunca dei a menor pelota pra isso,
e jamais mudei nem sequer um pedacinho.
— Descobri
que eu era papagaio de pirata
porque era boboca e inconseqüente,
porém, nunca dei a menor pelota pra isso,
e jamais mudei nem sequer um pedacinho.
— Descobri
que eu admirava os canalhas
porque não me admirava
a mim mesmo,
porém, nunca dei a menor pelota pra isso,
e jamais mudei nem sequer um pedacinho.
— Descobri
que eu cheirava uma carreira
porque eu queria fugir de mim
mesmo,
porém, nunca dei a menor pelota pra isso,
e jamais mudei nem sequer um pedacinho.
— Descobri
que eu era alcoólatra
porque não queria enfrentar
os problemas,
porém, nunca dei a menor pelota pra isso,
e jamais mudei nem sequer um pedacinho.
— Descobri
que eu vivia agrilhoado
porque desconhecia o movimento
anti-horário,
porém, nunca dei a menor pelota pra isso,
e jamais mudei nem sequer um pedacinho.
— Descobri
que minha vida era um zero
porque não me dispunha
a abrir a Porta,
porém, nunca dei a menor pelota pra isso,
e jamais mudei nem sequer um pedacinho.
— Descobri
que eu não me enxergava como eu era
porque meu Olho Interior era
cego,
porém, nunca dei a menor pelota pra isso,
e jamais mudei nem sequer um pedacinho.
— Descobri
muitas outras coisas
que me mantinham chumbado na
Noite Negra,
porém, nunca dei a menor
pelota pra nenhuma delas,
e jamais mudei nem sequer um
pedacinho.
— E
assim, eu fui a esmo pela vida afora
–
de dor em dor e de desespero em desespero –
sem nunca dar a menor pelota
pra xongas,
e sem jamais mudar nem sequer
um pedacinho.
—
Entra tempo sai
tempo,
sempre o mesmo contratempo.
Entra segundo sai segundo,
sempre o mesmo vagamundo.
Entra minuto sai minuto,
sempre o mesmo irresoluto.
Entra hora sai hora,
sempre o mesmo agora.
Entra dia sai dia,
sempre a mesma desalegria!
Entra noite sai noite,
sempre o mesmo açoite!
Entra vida sai vida,
sempre a mesma ferida!
Entra encarnação sai encarnação,
sempre a mesma compensação!
Entra prâlâya sai prâlâya,
sempre a mesma Saramandaia!
Entra mânvântâra sai mânvântâra,
nunca construo a minha Alcântara!
Alcântara
_____
Nota:
1. Miralusões
= Miragens + Ilusões.
Música
de fundo:
Alma
Llanera
Composição: Pedro Elías Gutiérrez (música)
& Rafael Bolívar Coronado (letra)
Interpretação: Simóan Diaz
Fonte:
https://www.ivoox.com/alma-llanera-audios-mp3_rf_3921743_1.html
Páginas
da Internet consultadas:
https://medium.com/
https://pt.wikipedia.org/wiki/Cent%C3%BArias
https://www.politize.com.br/
https://jcdurbant.wordpress.com/
http://opiniaoenoticia.com.br/
http://www.ufrgs.br/ufrgs/inicial
https://www.vectorstock.com/
https://pt.dreamstime.com/
http://clipart-library.com/clipart/253270.htm
https://super.abril.com.br/
https://pausini.wordpress.com/
http://despertardegaia.blogspot.com/
http://mensagens.culturamix.com/
frases/mensagens-sobre-patriotismo
https://pt.wikipedia.org/wiki/Caronte
http://alessandrouniclinicas.com.br/
https://br.pinterest.com/pin/46161964902128935/
http://blog.kanitz.com.br/nova-luta-de-classes/
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