Rodolfo Domenico Pizzinga

 

 

 

 

 

Por que embirrar em só olhar
para o passado-do-presente?

 

 

 

 

O futuro-do-presente1

não pára de enflorar.

O passado-do-presente

insiste em assombrar.

 

 

Temos que nos libertar

do passado-do-presente,

e viver, para ascensionar,

no presente-do-presente.

 

 

Vira-e-mexe, mexe-e-vira,

esta idéia me é recorrente.

Por que o não, por que a ira,

se tudo é eterno presente?

 

 

Fantasmas e sombrações

festejam nossa inaptidão.

Ouçamos nossos Corações!

Façamos do rival um irmão!

 

 

 

 

 

 

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Nota:

1. Santo Agostinho (354 - 430) – que viveu segundo o lema Deum et animam scire cupio (Quero conhecer a Deus e à alma) nihil aliud (nada mais, absolutamente nada mais) – referindo-se às três divisões do tempo usualmente procedida pelo homem, rechaça passado e futuro dizendo: O passado já não existe e o futuro ainda não existe. Entretanto, sobre o futuro – compreensão que o Santo diz estar acima de sua inteligência – complementa: ... as coisas futuras ainda não existem; e se ainda não existem, não existem presentemente. De modo algum podem ser vistas, se não existem. Mas podem ser prognosticadas pelas coisas presentes que já existem e se deixam observar. Pode-se, então, aplicar ao tempo uma terminologia diferente, sendo, por isto, impróprio falar em passado, presente e futuro. Tal terminologia, proposta pelo Santo patrístico, relativa aos tempos, é: presente das coisas passadas, presente das coisas presentes e presente das coisas futuras. Então, passado-do-presente e futuro-do-presente equivalem, respectivamente, a presente-do-passado e presente-do-futuro. Seja como for, só há o eterno presente-do-presente.

 

Fundo musical:
Secret Love
Música: Sammy Fain
Letra: Paul Francis Webster

Fonte:
http://home.wanadoo.nl/dougmckenzie/