Rodolfo
Domenico Pizzinga
Ignoro
quem ainda dance o saltarello,
mas o
Dezoito
continua festejado
por quem,
por ele, se mantém fanatizado.
Assim
continua sendo, mas até quando?
Ignoro
quem ainda dance a
pavana,
mas o
brandalhão continua determinado
a passar
a perna no pobre apombocado.
Assim
continua sendo, mas até quando?
Ignoro
quem ainda dance o cha-cha-cha,
mas o
soldado continua armado
Assim
continua sendo, mas até quando?
Ignoro
quem ainda dance o charleston,
mas o
zé-godes continua preso ao passado,
utopizando
em um tempo agora afumaçado.
Assim
continua sendo, mas até quando?
Ignoro
quem ainda dance o foxtrot,
mas o
sem-humor persiste emburrado
a imanar
negrume e miasma para o seu lado.
Assim
continua sendo, mas até quando?
Ignoro
quem ainda dance o hully-gully,
mas o
pai-mané persevera ajoelhado,
como se
isto pudesse dar algum resultado.
Assim
continua sendo, mas até quando?
Ignoro
quem ainda dance a zarabanda,
mas o
seco, às vezes, fica molhado,
deixando
o sem-defesa aterrorizado.
Assim
continua sendo, mas até quando?
Ignoro
quem ainda dance a
gallarda,
mas o
obcecado insiste em ficar ensombrado,
recusando
o ascenso que lhe é ofertado.
Assim
continua sendo, mas até quando?
Ignoro
quem ainda dance o
minueto,
mas –
silente e sempre disponível – o Iniciado
Assim
foi, assim é, sem até quando!